sábado, 29 de novembro de 2008

A situação do "Aguaceiro" em Santa Catarina



Estudante de Letras do Centro Federal Universitário de Jaraguá do Sul (UNERJ), Guilherme Prestes Mendes é poeta, professor e testemunhou nos últimos meses desastres totalmente incomuns em seu município, interior de Santa Catarina. Em entrevista exclusiva ontem ao BOLA DA FOCA, ele falou o que aconteceu nos dias em que a natureza derrubou montanhas e casas, sem piedade.

Por Pedro Zambarda

Bola da Foca: Há relatos de chuvas desde o mês de outubro, até os desastres que soubemos nesse último mês. Quando a situação começou a agravar em Jaraguá do Sul? Quando foi que você viu situações críticas para moradia de famílias em sua cidade? Você os ajudou de alguma forma?

Guilherme: Bom, na realidade está chovendo desde o mês de agosto... Choveu dia sim, dia não. Basicamente, choveu todos os dias desde agosto. Em uma quarta-feira de outubro, acho, houve um aguaceiro muito forte que inundou o centro. O pessoal fez a limpeza. Então eu percebi que podia vir coisa pior por aí se não parasse de chover. Uma semana atrás, na sexta feira [21/11], começou a cair muita água e no sábado [22/11] não parou. Nunca havia visto coisa semelhante. No domingo a situação foi a mesma. Eu praticamente passei em casa todos aqueles dias. Minha familia acompanhou o rádio a situação, e na segunda-feira eu li o jornal e me inteirei do caos em Santa Catarina. No meu bairro não ocorreu muita coisa, exceto uma enxurrada grotesca em um morro vizinho. Ajudei a entregar alguns mantimentos na Arena Jaraguá, roupas e outras coisas.

Bola: Alguma cena te marcou?

Guilherme: Eu vi uma árvore deslizando o morro de acesso ao centro... em pé.

Bola: Além do deslizamento da árvore, teve alguma outra cena que o chocou mais?
Guilherme: Não cheguei a presenciar, mas vi o estrago feito na Rua Feliciano Bortolini e na Angelo Rubini. Um enorme deslizamento de terra encharcada, praticamente metade do morro desceu sobre 2 casas, 1 fabrica e 1 concessionaria de automoveis, matando todo mundo lá. Não sabia que tanta terra assim podia deslizar. Também fiquei sabendo, é claro, dos inumeros pontos de alagamento da cidade, pontes interditadas, caminhos interditados, caminhoes atolados, a comunidade do Rio Molha isolada, deslizamentos no bairro Tifa Martins matando 3 pessoas... mas eu sabia que a situação estava pior em um municipio vizinho.

Bola: Qual?

Guilherme: Pomerode e Rio dos Cedros estavam isolados. Os JASC (Jogos Abertos de Santa Catarina) foram cancelados em Rio dos Cedros. Ilhota, Blumenau, Itajai e Navegantes ficaram praticamente debaixo d'água.

Bola: Certo. E, considerando a imprensa catarinense como um todo, mesmo em uma adversidade como essa, a cobertura foi ampla?

Guilherme: A imprensa catarinense está de parabéns, principalmente as rádios locais que acompanharam nos dias subseqüentes a toda a movimentação do povo, no sentido de ajudar. Acho que agiram certo em divulgar amplamente a necessidade de doações. Assusta-me, entretanto, que se fosse enchentes no oeste de Santa Catarina, a situação podia ficar um pouco mais perigosa

Bola: Fundamental mesmo isso. E a ajuda externa? Você viu falhas nas organizações de doações? Faltaram mantimentos em Jaraguá do Sul?

Guilherme: Vi falhas sim. Teve gente pegando geladeira para botar na casa de praia. Houve abuso dessas pessoas, a meu ver. Mas não houve falta de mantimentos, acho eu. Houve excesso até. Pessoal gosta de ajudar. Os desabrigados ocupam-se com o trabalho da solidariedade
Bola: E, geralmente no começo do verão, essas chuvas têm sido frequentes no período? Você consegue se recordar como foi no ano passado?

Guilherme: Ah sim, isso foi incomum, pois geralmente no começo do verão as chuvas são mais freqüentes na parte da tarde e não em grande quantidade. O céu nao costuma ficar encoberto. Temos praticamente céu encoberto desde agosto Se chovesse assim em São Paulo, como choveu aqui, nossa, nem quero pensar no estrago que iria acontecer. Ano passado houve muita estiagem, o clima estava quente, e abafado.

A foto, no começo da matéria, é da situação, no dia 26/11, do Vale do Itajaí, Santa Catarina.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

E o dia chegou!

O dia 25 de novembro de 2008 acaba de entrar para a história do rock. Se esta data será lembrada como um renascimento ou uma das grandes frustrações que gênero já viveu, só o tempo dirá. Acontece que neste dia 25 chega às lojas do mundo (mais especificamente à Best Buy, loja virtual americana) Chinese Democracy, o álbum mais esperado da história do rock n'roll. Se você se escondeu em um buraco no últimos 17 anos, eu explico melhor.

O Guns n'Roses surgiu na cena Hard Rock underground do sul de Los Angeles por volta da metade da década de 80. Era algo muito diferente daquilo que o público estava acostumado a ver. Familiarizados com o Hard Rock farofa de bandas como Möthley Crue, Poison e Def Leppard (este último em menor escala), o Guns n'Roses surgia como uma explosão de fúria para aqueles que estavam cansados de acordes que se repetiam, entoados por homens que faziam de tudo para não se parecer mais com isso, e ainda com letras que raramente escapavam da tríade sagrada: sexo, mulheres e rock n'roll. Não estou dizendo que o Guns era uma alternativa intelectual dentro do hard rock, mas falava diretamente com jovens que viviam aquela mesma realidade de onde ascenderam Axl Rose, Slash, Izzy e cia.

Em paralelo à ascensão do Guns no underground, outra grande força se instalava no mercado musical americano: a MTV. A emissora ganhava cada vez mais poder em relação as produtoras, se tornando uma referência àquilo que fazia sucesso. Se tocava na MTV, pode ter certeza que venderia muito. Foi então que em meados de 85 a emissora resolveu abraçar o hard rock, mudando-o um pouquinho aqui e ali, tornando tudo menos espalhafatoso, mas ainda sim, provocativo. Em 1986, foi graças à emissora que Livin on a Prayer do Bon Jovi chegou ao primeiro lugar nas paradas. No começo de 1987 foi a vez do Def Leppard com Love Bite. E por fim estourou uma bomba chamada Appettite for Destruction, o primeiro álbum do Guns n'Roses. Era uma mistura até então nunca vista, com influências diretas do heavy metal, glam, punk, soul e até mesmo do reagee. Tudo isso movido pela fúria de um jovem com uma voz única e um talento criativo envolto em um ego megalomaníaco, capaz de explodir a qualquer momento. Axl Rose era o herói atormentado que a MTV tanto procurava e que os jovens dos EUA de Reagan e Bush finalmente se identificavam.

De 1987 até 2008 o “Appettite for Destruction” já vendeu cerca de 18 milhões de cópias só nos EUA. “Use your Illusion I e II” não ficam atrás. Gostando ou não, o Guns n'Roses marcou a história da música nos últimos 20 anos. Uma banda qualquer teria sido esquecida pelo mundo tendo lançado apenas 3 álbuns de músicas inéditas, uma releitura mal feita de músicas punks (Spaghetti Incident) e uma trilha sonora (Sympathy for the Devil, cover dos Rolling Stones para o filme Entrevista com o Vampiro, de 1996). Chinese Democracy foi anunciado oficialmente pela primeira vez em 1995, quando Slash, Duff McKagan e Matt Sorum ainda faziam parte da banda. Logo eles foram embora, e Axl se isolou do mundo. Sua personalidade extremista se acentuou, misturando megalomania com loucura, raiva com misantropismo e genialidade com experimentalismos desnecessários. E por fim em 2000, o mundo começou a ter as primeiras amostras do que viria a tornar o Chinese Democracy. Eram músicas tocadas do nada, em apresentações isoladas do que Axl ainda insistia em chamar de Guns n'Roses. O Brasil teve uma amostra deste monstro disforme Rock n'Rio III, uma apresentação que gerou elogios e críticas extremadas de uma imprensa que parecia deslumbrada pela presença do músico ermitão.

Como disse anteriormente no texto, só o tempo julgará o Chinese Democracy e o resultado da loucura de Axl. Mas a questão que fica é o que de fato tal álbum significa após 17 anos de espera e mais de 13 milhões de dólares gastos em sua produção. Talvez a ansiosa espera pelo álbum seja apenas o resultado de um nostálgico desejo de que os Guns n'Roses surjam das trevas. Ou quem sabe apenas compartilhemos da obsessão de Axl Rose, ou ainda tenhamos crença em seu talento. Quem sabe uma curiosidade mórbida? Enfim, cada um deve responder essa pergunta por si só. Mas o Chinese Democracy finalmente chegou. Chegou em um mundo em que cada vez menos paramos para saber que álbum está sendo lançado, em um mundo que a MTV não passa mais videoclipes e heróis cheios de fúria ocupam o cinema vestidos com roupas de morcegos e ternos lustrados, e atrás dos microfones, jovens cantam com voz de choro seus problemas existenciais. Talvez não seja mais um mundo para Axl Rose.

Ato na Diretoria da Cásper

Dando seqüência às pequenas manifestações dos poucos estudantes que conseguem se livrar de trabalhos de fim de bimestre, o Centro Acadêmico Vladimir Herzog convida os alunos para uma assembléia nesta quinta-feira, às 9h30 da manhã, seguida de um ato na diretoria da Cásper Líbero, às 11h30.

Levem seus apitos e narizes de palhaço, caso tenham participado do pequeno apitaço na última segunda-feira.

sábado, 22 de novembro de 2008

O teatro da vida de Vilém Flusser

No espetáculo chamado Bodenlos: sem chão, a biografia e os fragmentos textuais do filosófo tcheco Vilém Flusser são a principal atração de uma peça formada tanto por amadores quanto profissionais.

Em 2008, quatro integrantes do GTP, Grupo de Teatro da Escola Politécnica da USP, resolvem aprofundar sua pesquisa em teatro, dedicando-se à criação de um espetáculo que ultrapassasse o meio universitário e pudesse ser apresentado no circuito profissional paulistano. Sob a coordenação de Bia Szvat, o grupo escolheu a performance e uma busca estética da palavra como linguagem cênica para criar um espetáculo que falasse da vida e da obra de Vilém Flusser.

Filósofo tcheco, naturalizado brasileiro após fugir do nazismo em Praga, Vilém Flusser viveu por 30 anos em São Paulo, sendo professor de filosofia na Universidade de São Paulo (na Poli, mais especificamente), e desenvolveu inúmeros textos e trabalhos sobre as possibilidades da comunicação humana e do desenraizamento do homem, cuja importância vem sendo reconhecida nos últimos anos.

O tema não só diz respeito aos imigrantes e descendentes que formaram a cidade de São Paulo, mas a todos aqueles que sentem o vazio do não-acolhimento no mundo em que vivem.

A peça busca explorar de forma bem humorada as possibilidades cênicas que unem partes de textos, fatos reais e lendas que circundam a obra polêmica desse pensador.

A direção é de Bia Szvat, coordenadora do GTP.

Elenco é composto por Amanda Freire, Isa Giuntini, Lu Pasquarelli e Maurício Dwek.

A peça ainda está em cartaz para os dias 29 e 30 de novembro no espaço b_arco, localizado na Galeria Virgílio - R. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 422 Pinheiros. O inicío é às 19h nos dois dias.

Ingressos: R$20,00 (inteira) / R$10,00 (meia-entrada para estudantes e pessoas acima de 60 anos)

Agradecimentos a aluna de jornalismo da ECA-USP, Aline Takei, pelas informações.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Apitaço na Cásper Líbero, nesta segunda-feira

Aos estudantes da Cásper...

Mesmo que vocês assistam todas as aulas de segunda-feira, dia 24, compareçam também ao apitaço que o Centro Acadêmico Vladmir Herzog fará contra o aumento de 9,6% nas mensalidades. Nos intervalos do período da manhã, entre 9h30 e 10h, e do período noturno, entre 20h30 e 21h, haverá uma convocação para o ato. Há pessoas que participaram das assembléias deliberativas e votaram, inclusive, em levar o movimento até a Avenida Paulista, no escadão do número 900.

Aos que não estudam na Cásper, mas simpatizam e/ou tem amigos nessa instituição, meus agradecimentos pessoais pelos comentários e críticas ao abuso cometido pela Fundação.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Uma mancha ENORME na Cásper Líbero

Eu, Pedro Zambarda, como editor desse blog, não falo pelos outros integrantes, mas manifesto aqui minha opinião e convido quem se interessar pelo assunto que o comente, logo abaixo, pelo menos.

Foi anunciado, aproximadamente às 15h de ontem e de FORMA NÃO OFICIAL, que a Fundação Cásper Líbero, entidade mantenedora da faculdade de jornalismo que muitos colaboradores do Bola da Foca fazem parte, decidiu aumentar sua mensalidade, que já estava na casa dos R$846,30, para o preço de aproximadamente R$930,00, ou seja, 9,6% de aumento. Isso me afeta, como estudante de tal instituição.

Todas as faculdades particulares fazem reajustes de contas baseados na taxa inflacionária no país, mas as ações da Fundação em questão se mostram muito acima das estimativas (a inflação ano passado foi de 3%, enquanto o aumento de mensalidade esteve na casa dos 6%). Fora essa polêmica, a Faculdade já enfrenta problemas de infra-estrutura, tanto pela falta de uma lanchonete que sirva os alunos (injustamente fechada pela mesma mantenedora assim que os estudantes questionaram sua qualidade), quanto pelos equipamentos que estão em falta e/ou demoram para serem substituídos.

O prédio da Gazeta, número 900, onde está a Cásper, infelizmente é mal gerido por uma organização que deveria ter uma clareza com seus funcionários, estudantes e professores. Mesmo com um house-organ exemplar como a revista A Imprensa, que conta com a participação dos próprios alunos, a Fundação parece tratar a Faculdade Cásper Líbero com um clientelismo que ela, certamente, não faz nem com os próprios empregados.

Agradeço publicamente o Centro Acadêmico Vladimir Herzog por conseguir, antecipadamente, esses dados de aumento das mensalidades, além de estar se esforçando em movimentar os estudantes contra esse abuso.

Guitarras "Envenenadas"

Depois criar Uma verdade incoveniente, documentário também dirigido e apresentado pelo político norte-americano Al Gore, o diretor Davis Guggenheim se aventura pelo universo musical. Escolhendo uma seleção de guitarristas como Jimmy Page, da banda de rock clássico Led Zeppelin; Jack White, do White Stripes; e The Edge, do U2 (uma escolha que inclusive causou controvérsias), o novo filme It Might Get Loud pretende traçar, através dessas três histórias, a trajetória da guitarra elétrica até os tempos atuais.

Exibido no Festival Internacional de Cinema em Toronto, Canadá, entre os dias 3 e 14 de setembro, o longa-metragem ainda não tem data comercial de estréia.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Entre o certo e o certo

Sem transformar um livro em um manual e sem, também, despejar conceitos diferentes de ética sem nenhuma ordenação, o jornalista e professor de jornalismo Eugênio Bucci lançou, em 2000, o livro Sobre Ética e Imprensa. É uma obra que faz análises de casos polêmicos na imprensa e aponta caminhos para o aperfeiçoamento da profissão. Durante sua análise das condutas do profissional, que pode ser ético ou incompatível com as premissas jornalísticas, Bucci aposta na consolidação da universidade como um espaço de desenvolvimento e integração da mídia as necessidade sociais.

Por Pedro Zambarda

“O jornalismo é conflito, e quando não há conflito no jornalismo, um alarme deve soar” explica o autor, que se tornou professor de Ética na Faculdade Cásper Líbero entre os anos 2001 e 2002. Sua afirmação vai contra a profissão como “etiqueta”, como atitudes que parecem educadas e de bom comportamento, mas não implicam em uma reflexão sobre o ofício, em uma formação crítica do jornalista.

Dividindo o livro em 5 capítulos – “Faz sentido falar de ética na imprensa”. “A síndrome da auto-suficiência ética”, “Independência e conflito de interesses”, “O vício e a virtude” e “O espetáculo não pode parar” – Bucci traça um perfil da imprensa Brasileira, que tolerou omissões e manipulação por parte da Rede Globo de Televisão na campanha das Diretas Já, em 1984, e nas eleições de 1989, que elegeram Fernando Collor de Mello com benefício de um debate editado desfavorecendo seu opositor, o candidato metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva, atual presidente. Comparando com o jornalismo norte-americano que, com Henry Luce, o fundador da revista Time, criou a divisão “estado” e “igreja” que, associando metaforicamente com publicidade e jornalismo, sugere uma divisão clara entre esses setores – comerciais e de imprensa - dentro da mídia e de seus órgãos de comunicação.

Empresas como a própria Time, de imprensa, sendo aglutinadas a produtoras como a Warner e formando a gigantesca Time-Warner, mostram que a teoria do próprio Luce está sendo destituída pela sobreposição dos interesses publicitários aos interesses jornalísticos. Eugênio Bucci não condena o comércio que sustenta os periódicos e os canais de televisões. No entanto, diz ele que apenas o marketing não garante jornalismo que é reconhecido pelo público, não garante o que ele especifica como credibilidade. Nesse campo de reconhecimento público e de obediência aos princípios da profissão, localiza-se a ética.

Respeitar apenas a adesão das massas, a popularidade de um jornal, é, segundo Bucci, se apoiar no sensacionalismo, numa sociedade de consumo criada pelo marketing e o utilitarismo que se criou diante da revolução tecnológica, principalmente no setor da informática. “Na sociedade contemporânea, é como consumidor que o cidadão se assenhora das informações que lhe dirão como votar. Numa certa perspectiva, é possível dizer que ele já não se engaja politicamente nas causas partidárias, mas “consome” propostas administrativas” explica o jornalista, mostrando que o mercado e os negócios empresariais afetaram inclusive decisões políticas.

Por essa expansão e manipulação juntamente com a perda de preceitos éticos, Eugênio Bucci coloca a faculdade como espaço de ampliação de discussões da carreira, enquanto a profissão de jornalista deve ser realmente aprendida nas redações. “A prática jornalística nunca dependeu tanto da reflexão e do estudo como agora. Uma redação não é um balcão onde notícias são empacotadas” enfatiza, em sua principal crítica aos profissionais de hoje, que, segundo sua própria análise, acham que discutir ética é como divagar sobre o “sexo dos anjos”, isto é, iniciar uma discussão interminável e sem conclusões. Mesmo com esse empecilho criado pelos profissionais que exercem o ofício, a falta de reflexão gera uma trabalho visivelmente sem parâmetros. Para exemplificar suas críticas, Eugênio Bucci ressalta: “chega a ser chocante constatar que a maioria dos jornalistas praticamente não estuda. Ao contrário, dão mostras de um sentimento antiacadêmico e antiintelectual quase sem precedentes. Nenhum deles levaria o filho a um dentista que se orgulhasse de não cursar pós-graduação”.

Dessa forma, mesmo trazendo nos anexos desse livro códigos como os de ética da Federação Nacional de Jornalistas do Brasil (a FENAJ), ou a declaração de princípios da American Society of Newspaper Editors (a norte-americana ASNE), Bucci traz uma mensagem final que está muito ligada a uma boa formação que gera as práticas de um jornalismo correto e ético. “Por isso, também, a ética está presente em toda a decisão que busque qualidade de informação” enfatiza o escritor e crítico que, dentro dessa busca, diz que não se trata apenas de escolher entre boas ou más opções, mas entre “o certo e... o certo”.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Flashmob contra Azeredo - Foto


Por Marcelo La Farina Cabrera.

domingo, 16 de novembro de 2008

Flashmob contra Azeredo

Em um protesto de dois minutos, à partir das 18hrs, alunos e professores da Faculdade Cásper Líbero, entre outros simpatizantes, promoveram um flashmob (manifestação "relâmpago") contra o projeto de lei do senador do PSDB de Minas Gerais Eduardo Azeredo na Avenida Paulista, em São Paulo (na altura do nº900). Esse recurso substitutivo (para mais detalhes, clique aqui) passou a configurar uma vigilância e punição maior sobre usuários que adquirem arquivos e informações na internet, entre outras ações categorizadas como "cibercrimes".

Com mais de cem pessoas presentes, a manifestação contou com a presença do professor especialista em sofware livre no Brasil, e docente na pós-graduação da Cásper, Sérgio Amadeu Silveira.

De maneira geral, o descontentamento está ligado a liberdade do usuário dentro da rede, dos usos que ele pode fazer, atualmente, com os dados adquiridos, mesmo que possuam direitos autorais.

Em breve, fotos do evento.

sábado, 15 de novembro de 2008

Eu sei o que você está pensando


Criado em agosto de 2007, na França, o site Akinator fez barulho na internet brasileira nesta semana, sendo originalmente de dois franceses, Jeff Deleau e um amigo identificado apenas pelo nome "Arnaud". Baseado na tecnologia 20Q do canadense Robin Burgerner, o site consiste em um jogo de 20 perguntas de um gênio que tenta adivinhar em que personagem, objeto ou animal você está pensando.

Com perguntas direcionadas, a tecnologia garante 90% de acertos e, caso erre, você ainda pode dar mais chances para a máquina, que pode fazer até 40 perguntas. Baseada em um banco de dados riquíssimo, que reúne desde dados da apresentadora Palmirinha, da Gazeta em São Paulo, até o histórico presidente norte-americano Abraham Lincoln, o programa Akinator só não acerta caso você pense/responda sobre personagens ou objetos muito pessoais, como algum parente seu ou algum pertence bem peculiar.

Desenvolvido desde 1988, como inteligência artificial, o programa "base" 20Q é hoje capaz de fazer cerca de 10 milhões de raciocínios lógicos, segundo seu criador canadense. Burgerner também desenvolve outros projetos temáticos utilizando essa mesma tecnologia de associações, por um jogo de perguntas.

Dessa forma, a dupla de franceses está fazendo sucesso em cima de uma tecnologia que já existia, mas com a inovação de incluir mais personagens na memória do "gênio" do jogo de adivinhação, conforme ele não consiga encontrar respostas. Com a sobrecarga de visitas e colaborações atualmente, o site, disponível em hebraico, alemão, inglês e francês, promete ocupar o tempo e atrair as atenções de muitos brasileiros por aqui.

Cuidado, Akinator sabe "o que você está pensando".

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sopa de Letras

Desenhava, nesses últimos dias, na Cásper e perguntei...

O que acontece quando a foca fica bolada?

Ela poderia estar brava com algo. Poderia estar aborrecida ou até feliz. Poderia estar como o ser humano: um turbilhão de emoções e pensamentos. Ela poderia ser a figuração perfeita para quem participa desse blog-jornal, desse mural que aparentemente é "mais um", dessa miscelânea de pessoas, textos, opiniões, contra-opiniões, espertezas e burrices.

Mas acho que vi um fato, e tenho visto este fato com freqüência, que esclarece a cisma da bola, ou da foca. Acho que o jornalista, tal como o animal, fica no dilema entre equilibrar seu objeto de diversão ou divertir o observador divertido. Nessa mistura de agrados, não há prazer suficiente em ser apenas equilibrista, nem cara-de-pau indiferente o tempo todo pra ser palhaço.

Sopa de Letrinhas são crônicas (que deveriam ser) publicadas às quintas-feiras.

Falam de comunicação, de protesto e contra-protesto.

ricos? chicos? mitos?

Quem é mais rico? O Brasil ou os EUA ?

Carta recebida por Alexandre Garcia (comentarista da rede Globo ) enviada por um amigo Americano.


“Caros amigos brasileiros e “ ricaços “ Voces brasileiros pagam o dobro do que os americanos pagam pela água que consomem Embora tenham água doce disponível , aproximadamente 25% da reserva mundial de água Doce está no Brasil. Voces brasileiros pagam 60% a mais nas tarifas de telefone e eletricidade . Embora 95% da produção de energia em seu país seja hidroelétrica ( mais barata e não poluente ) .

Enquanto nós, pobres americanos, somente podemos pagar pela energia altamente poluente, produzidas por usinas termelétricas à base de carvão e petróleo e as perigosas usinas Nucleares.E por falar em petróleo... Voces brasileiros pagam o dobro pela gasolina, que ainda por cima é de má qualidade, que acabam com os motores dos carros, misturas para beneficiar os usineiros de álcool . Não dá para entender, seu país é quase auto-suficiente em produção de petróleo (75% é produzido aí) e ainda assim tem preços tão elevados. Aqui nos EUA nós defendemos com unhas e dentes o preço do combustível que está estabilizado a vários anos US$ 0,30 ou seja R$ 0,90 Obs: gasolina pura, sem mistura.

E por falar em carro... Voces brasileiros pagam R$ 40 mil por um carro que nos nos EUA pagamos R$ 20 mil. Voces dão de presente para seu governo R$ 20 mil para gastar não se sabe com que e nem aonde, já que os serviços públicos no Brasil são um lixo perto dos serviços prestados pelo setor público nos EUA. Na Flórida, caros brasileiros, nós somos muito pobres; o governo estadual cobra apenas 2% de imposto sobre o valor agregado (equivalente ao ICMS no Brasil) , e mais 4% de imposto federal , o que dá um total de 6%. No Brasil voces são muito ricos, já que afinal concordam em pagar 18% só de ICMS. E já que falamos de impostos...Eu não entendo porque voces alegam serem pobres, se, afinal, voces não se importam em pagar, além desse absurdo ICMS, mais PIS, CONFINS, CPMF, ISS, IPTU, IR, ITR e outras dezenas de impostos, taxas e contribuições, em geral com efeito cascata, de imposto sobre imposto, e ainda assim fazem festa em estádios de futebol e nas passarelas de Carnaval . Sinal de que não se incomodam com esse confisco maligno que o governo promove, lhes tirando 4 meses por ano de seu suado trabalho. De acordo com estudos realizados, um brasileiro trabalha 4 meses por ano somente para pagar a carga tributária de impostos diretos e indiretos. Segue...

Nós americanos lembramos que somos extremamente pobres, tanto que o governo isenta de pagar imposto de renda todos que ganham menos de US$ 3 mil dólares por mês (equivalente a R$ 9.300,00), enquanto aí no Brasil os assalariados devem viver muito bem, pois pagam imposto de renda todos que ganham a partir de R$ 1.200,00. Além disso, voces tem desconto retido na fonte, ou seja, ainda antecipam o imposto para o governo, sem saber se vão ter renda até o final do ano. Aqui nos EUA nos declaramos o imposto de renda apenas no final do ano, e caso tenhamos tido renda, ai sim recolhemos o valor devido aos cofres públicos. Essa certeza nos bons resultados futuros torna o Brasil um país insuperável.


Aí no Brasil voces pagam escolas e livros para seus filhos, porque afinal, devem nadar em dinheiro, e aqui nos EUA, nós, pobres de país americano, como não temos toda essa fortuna, mandamos nossos filhos para as excelentes escolas públicas com livros gratuitos. Voces, ricaços do Brasil, quando tomam no banco um empréstimo pessoal, pagam POR MÊS o que nos pobres americanos pagamos POR ANO.

E por falar em pagamentos... Caro amigo brasileiro, quando voce me contou que pagou R$ 2,500.00 pelo seguro de seu carro, ai sim eu confirmei a minha tese: voces são podres de rico!!!!!!!! Nós nunca poderíamos pagar tudo isso por um simples seguro de automóvel. Por meu carro grande e luxuoso, eu pago US$ 345,00. Quando voce me disse que também paga R$ 1.700,00 de IPVA pelo seu carro, não tive mais dúvidas. Nós pagamos apenas US$ 15,00 de licenciamento anual, não importando qual tipo de veiculo seja. Afinal, quem é rico e quem é pobre ? Aí no Brasil 20% da população economicamente ativa não trabalha. Aqui, não podemos nos dar ao luxo de sustentar além de 4% da população que esta desempregada. Não é mais rico quem pode sustentar mais gente que não trabalha? CONCLUSÃO: “ Não se trata de sermos um país rico, mas sim de uma República de BANANAS.”

Bob Rabbit

Meu nome é Bourn..ops! Bond, James Bond!

Se existe um motivo pelo qual a franquia 007 chegou ao 22º filme em sua história é a capacidade de se reinventar e se adequar de acordo com seu tempo. Nenhuma outra franquia durou tanto tempo e com tanta receptividade. Só para se ter idéia, os filmes de James Bond batem sucessivamente os recordes próprios de bilheteria, desde 007 contra Goldeneye, de 1996. E, com a atual aventura, a coisa não foi diferente: 007 Quantum of Solace (título não traduzido no Brasil) bateu todos os recordes da franquia em sua estréia nos EUA, com efeitos ainda maiores no Reino Unido.

A série sofreu uma drástica quebra em sua aventura anterior, Cassino Royale. Saía de cena o elegante e refinado Pierce Brosnan e entrava Daniel Craig, um Bond loiro, violento, e, quem diria, humano. Quantum of Solace é a seqüência direta de Cassino Royale, tendo início apenas alguns minutos após o fim do primeiro filme. O roteiro conta a tentativa de Bond em descobrir os responsáveis pela morte de único amor, Vésper Lynd (Eva Green). No meio do caminho ele acaba se esbarrando com o pretenso filantropo Dominic Greene (Mathieu Almaric), um agente da organização secreta Quantum (ecos da lendária S.P.E.C.T.R.E?) e com a boliviana Camille (Olga Kurylenko), que planejava se vingar de um ditador na Bolívia, que mantém negócios com Greene.

Talvez o primeiro grande problema que Quantum of Solace enfrente seja o fato de que o filme é claramente o segundo episódio de uma trilogia, embora nada oficial tenha sido dito. O roteiro é consideravelmente menos denso que o de Cassino Royale, o que gera um filme de “apenas” uma hora e cinqüenta minutos, nada em comparação com as duas horas e meia do antecessor. No entanto essa falta de densidade não deve ser confundida com uma má qualidade no roteiro. Não existem pontas soltas aleatórias, e aquelas criadas são visivelmente feitas de propósito, com o intuito de serem respondidas em um terceiro filme. Em resumo, a produção faz com que você saia do cinema sensação de que viu um ótimo filme de ação, ligado por um enredo presente, embora não muito forte.

Na direção, Martin Campbell deu lugar ao alemão Marc Foster. A escolhe soou estranha no começo, já que Foster não tinha nenhuma experiência em filmes de ação, sendo conhecido apenas por ótimos dramas como Em Busca da Terra do Nunca e Mais estranho que a ficção. No entanto o “novato” não faz feio, e mescla uma ótima direção de atores com seqüências impecáveis e tensas de ação. No entanto, quem esperava uma revolução ou ao menos uma nova leitura do gênero pelo diretor, vai acabar se decepcionando. A única sombra de algo realmente novo é um tiroteio feito paralelamente à seqüência da opera Tosca. A montagem final da cena é de cair o queixo. Mas o grande ponto relevante de Quantum of Solace está mesmo na criação do mito de James Bond

Em Cassino Royale James Bond não lembrava em nada aquele que estávamos acostumados a ver. Não era sutil, não era elegante, e não era preciso. Era visivelmente um grande agente apenas em começo de carreira, que por um acaso do destino, acabou confrontando-se com o amor de sua vida, algo que lhe abriu feridas que antes estavam cobertas, como a infância órfã ou a falta de apresso pela própria vida. Neste filme Bond está inflado de ódio, e ao mesmo tempo, severamente marcado pelo fato de acreditar ter sido traído por Vésper. E é neste contexto que vemos claramente o agente aos poucos se tornando aquilo que Ian Flamming criou em sua obra inicial. Bond se torna uma máquina de matar fria e calculada. Seus sentimentos existem, mas são suprimidos graças a várias doses de Martini e noites com lindas mulheres. De fato é justamente esta frieza de Bond e sua falta de apresso por qualquer vida que lhe garantem tantas mulheres. Vale a pena lembrar que tal tema já foi levemente tratado em 007 contra Goldeneye (estréia de Pierce Brosnan), em sua relação com 006. No entanto os produtores se acovardaram diante de tanta profundidade. Em Quantum of Solace, nem mesmo M (Judi Dench) escapa de seu charme, mas não no sentido sexual, entenda bem.

Embora esta nova faceta de Bond tenha forte ligação com o personagem original escrito por Ian Flamming, ele encontra ecos recentes em outro espião com iniciais JB. A trilogia Bourne foi uma grande revolução na construção de heróis de ação, e é impossível deixar de notar suas influências no Bond de Daniel Craig. Embora tais influências desagradem aos mais puristas, e de certa forma desvirtuem de fato o personagem (algumas seqüências clássicas como “Bond, James Bond” ficaram de fora), nota-se que elas foram necessárias para a continuidade da série. O público de hoje não se interessa mais por foguetes da morte ou laboratórios em vulcões. A série se foca muito mais na construção de um personagem que foi se descaracterizando ao decorrer do tempo, e o talento de Daniel Craig nesta nova empreitada é fundamental. Vale dizer que o novo Bond não é uma cópia de Jason Bourne, mas sim uma remodelação muito eficiente que pegou carona em uma trilogia que, por que não, também não existiria sem o agente inglês.

Messias: Louve-o ou Mate-o

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Não é "só...", mas é "yeah..."


Uma coisa é o seu gosto por esportes não coincidir com os de Stacy Peralta, Jay Adams e Tony Alva, outra coisa é não notar que um filme como Reis de Dogtown (Lords of Dogtown) tem a sutileza que, talvez, não existisse se não tivesse sido dirigido por Catherine Hardwicke. Atualmente, a diretora está dirigindo o tão esperado filme Crepúsculo, adaptação cinematográfica do livro homônimo de Stephenie Meyer, mas já em 2003, dois anos antes do lançamento de Reis de Dogtown, Catherine dirigiu o polêmico Aos Treze.

Talvez haja um titubeio quanto a um enredo, mesmo baseado em fatos reais, que trata de um trio de loiros californianos que, não contente em surfar nas grandes ondas de Venice Beach, promovem o caos com seus pés sobre outras pranchas, desta vez móveis sobre rodas, não água. Dentre um grande grupo de garotos skatistas, destacam-se Stacy (John Robinson), J.A. (Emile Hirsch) e Tony (Victor Rasuk), três amigos já previamente inseparáveis, que compartilham uma mesma paixão pelos esportes. Liderados por Skip Engblom (Heath Ledger), os Z-Boys carregam o nome de sua loja, a Zephyr Skate Shop, pelos concursos que participam.

Foi quando decidiram dar às caras ao mundo, que este os acolheu com grande fervor. Ainda que Tony tivesse recusado a primeira oferta – a mesma oferecida, então, para os três –, mais tarde ele cairia na conversa de Topper Burks (Johnny Knoxville). Stacy também é levado por outro empresário, enquanto Jay resolve largar o grupo de Skip. Acontece que, conforme vai passando o tempo e a fama deles, crescendo, o distanciamento acaba se tornando o motivo de, mais tarde, eles se verem como estranhos. Não somente Tony levava as competições contra Stacy muito a sério, como Jay permanecia em Venice, com os mesmos amigos, preso em sua vida desregrada.

Bastou um acidente durante um torneio – e um proposital soco no olho – para que Tony ficasse hospitalizado e Stacy ficasse sabendo que Sid (Michael Angarano), um dos velhos amigos, estava muito doente. E é visitando Sid que o trio se reúne, desconhecendo-se. Mas é nessa mesma parte que uma das mais belas cenas do filme acontece: Sid, de cadeira de rodas, assiste aos três andarem de skate na piscina vazia de sua casa, como costumavam fazer nos velhos tempos. Os garotos, não contentes em fazer de Sid somente um espectador, levam-no para dentro da piscina, circundam-no com suas manobras sobre o skate e fazem-no sentir as curvas da piscina mais uma vez, novamente sobre rodas.

O roteiro do filme foi escrito pelo próprio Stacy Peralta, que faz participação do filme, singelamente, como um diretor de TV. Não só ele foi posto no jogo, como também Tony Hawk, promovido por Stacy aos quatorze, quando ingressara na companhia de skate Powell Peralta, aparece como um astronauta que, ao tentar “brincar” com o skate de Peralta, escorrega e cai. Os verdadeiros Tony Alva e Jay Adams também têm uma curta aparição, na festa dada por Skip, apenas como convidados.

Às dicas:

Para as tietes de plantão que não curtem nem skate, nem surf, vale a pena ver outra vez o aclamado garotinho loiro de Elefante (filme de Gus Van Sant), agora de mega hair. Heath Ledger também não fica para trás, com o seu jeito junkie, como deixara transparecer com Coringa, em Batman, O Cavaleiro das Trevas, além do sex-symbol de Jackass, Jhonny Knoxville, agora loiro e a la pimp – mesmo fazendo festinhas particulares com um transsexual.

Para os marmanjos que preferem futebol ou simplesmente não se interessaram pelo filme, talvez se interessem pela caliente irmã de Tony, Kathy Alva, interpretada por Nikki Reed, a Sadie de The O.C. Já para os fãs de surf e skate que ainda não viram e não conhecem os Z-Boys... meus pêsames!

Mas então...

Ver um filme como Reis de Dogtown não só vale pelos atores, como também pela narrativa dinâmica, a fotografia de cores saturadas, o figurino retrô e a trilha sonora com o melhor do rock, desde Iron Man (Black Sabbath) até Voodoo Child (Jimmy Hendrix) – sem se esquecer de Cher, com Half Breed.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Criador da Wikipedia em São Paulo

Para discutir a versão nacional da Wikipedia, a enciclopédia interativa virtual mais visitada no mundo, Jimmy Wales, norte-americano criador desse fenômeno, compareceu para um debate físico e on-line no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo, às 19h30.

Na versão virtual das discussões, Wales utilizou o twitter, blog para mensagens de 150 caracteres, respondendo perguntas de internautas. Ainda é possível visualizar a discussão e as fotos pelo endereço desse "painel eletrônico": http://twitter.com/WikiBrasil

Entre os entrevistadores jornalistas e comunicadores estavam Renato Rovai, da Revista Fórum, Sérgio Amadeu, professor da pós-graduação na Faculdade Cásper Líbero, e Reinaldo Pamponet, fundador do Instituto Eletrocooperativa (de capacitação juvenil em música e tecnologia).

"Comunicação na Era Digital" segundo Marcelo Tas

Atualmente apresentador do Custe O Que Custar (CQC), na rede Bandeirantes, e famoso por atuações como o professor Tibúrcio, do programa Rá-Tim-Bum, e o repórter ficcional Ernesto Varela, Marcelo Tas promoveu uma palestra Comando Militar do Sudeste (II Exército), em São Paulo, sobre a realidade da comunicação digital hoje. Na palestra, Tas oscilou entre explicações teóricas e exemplos de sua experiência pessoal, principalmente o Blog do Tas (também disponível entre os links do Bola da Foca) e seu twitter (blog para mensagens curtas, de 150 caracteres).

Por Pedro Zambarda

Ex-estudante da Escola de Preparação para Cadetes do Ar (EPCAR), Marcelo Tas foi convidado por representantes do Comando Militar do Sudeste, com sede em São Paulo, para uma palestra durante o II Estágio de Comunicação Social entre os dias 10 e 18 de novembro de 2008. Com uma platéia formada essencialmente por estudantes de jornalismo e militares, o apresentador, que completou 49 anos ontem, trouxe temas sobre as novas mídias na atualidade, passando desde o choque de gerações que ocorre com sua implantação até a mudança das formas de educar crianças e jovens para esse novo universo.

Relatando sobre sua experiência como bolsista de estudos de comunicação em Rádio e TV da New York University, em 1988, Marcelo Tas se considera "primeiro internauta" no Brasil, pois teve acesso privilegiado aos primeiros Personal Computers (os populares PCs ou computadores pessoais) e a uma conexão internet, focada especialmente para estudos acadêmicos. Essa inovação só veio ao nosso país ao longo da década de 1990, principalmente após o governo de Fernando Collor.

Esse interesse por tecnologias, segundo o apresentador, vem também de sua experiência na Escola Politécnica da USP, única graduação universitária que obteu (os estudos de Rádio/TV na Escola de Comunicação e Artes, a ECA-USP, feitos depois, não foram concluídos). Fazendo uma brincadeira com a platéria, Tas perguntou qual invenção humana teria contribuído mais com a comunicação, dando como opções de resposta a roda, o computador, livros ou os números. "Normalmente falam dos livros, que foram fortemente propagandeados pela prensa inventada por Gutenberg e em seu primeiro exemplar produzido em série, a Bíblia, que é um best-seller até hoje como todos sabem" - alegou, falando sobre a resposta mais aceita. "No entanto, ele não as numerou. Então, a pessoa que deu número para cada página, que indexou o conteúdo, criou a primeira rede de comunicações apreensível por qualquer pessoa. O mundo digital é justamente isso" concluiu o apresentador.

Sobre a diferença entre o digital e as tecnologias antigas, como o sistema analógico que existia em celulares, Marcelo Tas fez uma explicação teórica utilizando os vídeos cassetes como exemplo. "O sistema analógico de uma fita, por exemplo, se faz pela leitura das ondas elétricas que ele propaga. No sinal digital, como muitas pessoas puderam ver na TV Brasil que tem essa tecnologia, as ondas elétricas se equivalem a um número e, se esse número não é reconhecido, o sinal simplesmente deixa de funcionar" explicou Tas. E complementando: "por isso, quando você fazia apenas uma cópia do VHS (fita cassete), havia comprometimento da imagem na leitura das ondas. Imagine na cópia da cópia? Com essa conversão numérica nas atuais tecnologias, a qualidade é mantida. Temos ai, senhores, a criação da pirataria".

"Era digital é da transparência, em todos os sentidos da palavra. É importante que possamos dialogar para entendê-la" disse Marcelo Tas, colocando as explicações técnicas em um contexto maior. Respondendo perguntas de alunos de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, ele deu destaque ao preconceito que existe contra blogueiros, sobre os materiais que existem na internet, chamados injustamente de "superficiais", e sobre qualquer tecnologia nova que apareça. "Muitos professores encaram a web como se fosse a televisão no começo do século XX. Taxam o aparelho como "instrumento do mal". Nem internet e nem televisão são maléficos. O que vale na comunicação são os usos que fazemos desses instrumentos".

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Várias vidas em uma só

Com uma narrativa fragmentada, Não estou lá, de Todd Haynes, traz uma maneira metafórica de contar uma única história. Entre os personagens que compõem um mito vivo da música folk norte-americana, a atriz Cate Blanchett ganha destaque no filme. Tanto por interpretar um homem drogado e desiludido com seu próprio protesto, quanto por empregar personalidade na interpretação, Cate sintetiza a idéia de vários intérpretes para uma única pessoa, o contexto da cultura beat e da contracultura do rock, assuntos que estão voltando em 2007 e 2008 (em filmes semi-ficcionais como Control, por exemplo).

Por Pedro Zambarda

Após o glitter e a bissexualidade glam dos protagonistas roqueiros de seu filme Velvet Goldmine, em 1998, nove anos atrás, o diretor Todd Haynes penetra nas paisagens interioranas norte-americanas para contar a história de uma figura franzina, de cabelo bagunçado e igualmente influente no mundo do rock.

Sem citá-lo em nenhuma passagem, Bob Dylan é descrito de maneira abrangente no filme. Para não deixar escapar a complexidade de seus comportamentos, desde a influência da literatura beat de Jack Kerounac até os protestos que promoveu com o poeta, também beatnik, Allen Geinsberg (que aparece no filme, interpretado pelo ator David Cross), o diretor optou por criar personagens que descrevessem as diferenças e semelhanças dos "vários Dylans".


O primeiro dessa seleção de criações é o menino negro e canhoto Woody Gunthrie, que é inspirado no cantor e violonista folk de mesmo nome e que inspirou Bob Dylan a empunhar um violão e tocar a música “de seu tempo”, sem estar preso ao blues de Robert Johnson e outros músicos negros das décadas de 1930 e 1940. Com o violão que tem os dizeres “esta máquina mata fascistas” (que eram do instrumento do Gunthrie verdadeiro), o garoto inspira velhos “blueseiros” e até homens brancos, além de andar escondido em trens de cargas. Interpretado por Marcus Carl Franklin, ele representa a passagem do tempo e as primeiras ousadias de Dylan sozinho pelos Estados Unidos.

O segundo, que na verdade é apresentado antes mesmo do garoto, é um personagem que não pertence a nenhum tempo e a nenhum espaço, representado apenas por uma tela branca por trás de seu corpo. Apesar de vestir roupas típicas do século XIX, o “Arthur Rimbaud” de Não estou lá, interpretado por Ben Whishaw, é um poeta que se resume ao seu cigarro e às constatações paradoxais de Dylan sobre sua própria vida. O verdadeiro Rimbaud reflete uma natureza tempestuosa em poemas que influenciaram toda uma geração de intérpretes folk e astros do rock, como a musicista e poetiza Patti Smith. Ela, por sua vez, era uma fã incondicional de Bob Dylan. Por essas relações diretas e indiretas, Rimbaud torna-se uma espécie de protagonista mais “distante” das histórias que se interligam.


O Jack Rollins do ator Christian Bale, que se transforma no personagem Pastor John na famosa “fase cristã” de Bob Dylan no final da década de 1970, é o típico superstar popular, especialmente dentro da música folk. Portando uma gaita junto com o tradicional violão, preso por ferros, Rollins não tem uma fala sequer no filme.

O que interessa em sua essência é a imagem que Bob Dylan consagrou dos astros folks, principalmente inspirado pela música de Woody Gunthrie. Rollins é mais bem descrito pela ex-namorada Alice Fabian, interpretada por Julianne Moore. Alice, por outro lado, é uma simulação perfeita de Joan Baez, uma das primeiras namoradas “públicas” de Dylan, e tão boa compositora no folk quanto ele próprio.

Eis que surge a interpretação mais controversa e a mais cativante do filme. Em takes entrecortados, Heath Ledger, consagrado esse ano pela interpretação do Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas, encarna Robbie Clark, um homem que não é músico, mas sim um ator que interpreta Rollins em novelas de televisão. Sua vida pessoal com sua mulher, Claire, uma representação de Sara Dylan, a esposa que permaneceu mais tempo com o músico, é um constante desastre. Com sotaque francês, a mulher é atraente apenas nos tempos de solteiro, tornando-se um empecilho para sua vida desregrada mesmo estando casado.

Simultânea a história de Clark, Jude Quinn traz a faceta mais polêmica de Bob Dylan: o abandono das músicas folk, a adoção da guitarra elétrica na composição de Like a Rolling Stone e o uso de drogas mais pesadas, como o LSD. Encarnando esse “Dylan polêmico”, os traços femininos de Cate Blanchett contrastam com seu linguajar agressivo. Acordado dias e dias, Quinn abusa de afetaminas, apresenta as drogas aos Beatles (que aparecem no filme entorpecidos e perseguidos por várias fãs mulheres, após o sucesso nos Estados Unidos, em 1965) e concede entrevistas polêmicas para a imprensa britânica, durante sua turnê. Marcante também é a atuação de Bruce Greenwood, que interpreta o repórter da BBC inglesa, Keenan Jones.


Ao fim do filme, ainda intercalando com a interpretação breve de Bale do “Dylan religioso”, Pastor John, que abandona as drogas, Richard Gere protagoniza o personagem mais fraco do filme, apelidado de “Billy The Kid". Diferente do criminoso das histórias norte-americanas, o personagem de Gere parece um homem passivo aos acontecimentos, vago e instável em seus comportamentos. Chega a ameaçar Patt Garrett, que é a representação do homem que matou o verdadeiro Billy e é interpretado também por Greenwood, mas ainda se reserva mais ao culto da observação e da vida marginal, totalmente alheia.

Todos esses “Dylans” – e nenhum deles, uma vez que seu nome sequer é mencionado – somam-se a trilha sonora do músico verdadeiro, como The Ballad of Thin Man, e também músicas de outras bandas, como I´m Not There (a música-título do filme), da banda Sonic Youth.

Uma imagem que ficará na cabeça de muitas pessoas ao verem esse filme será, muito provavelmente, a que Jude Quinn usa a guitarra elétrica pela primeira vez, revoltando os fãs do “Dylan folk” e esclarecendo, de vez, o caráter contestador interminável desse artista que é Bob Dylan.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Barack Obama é eleito presidente dos Estados Unidos

Segundo dados divulgados pela agência mundial AFP, Barack Obama já estava eleito após apuração em 48 estados (dos 50 norte-americanos) aproximadamente às 15h30 do horário de São Paulo de ontem (18h30 GMT).

Nas apurações do distrito de Columbia, Obama já acumulava 349 delegados no Colégio Eleitoral, contra 163 do republicano John McCain. Eram necessários apenas 270 delegados para a eleição do senador de Illinois, representante do partido Democrata.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"One Voice": o relato de um nova-iorquino sobre as eleições nos Estados Unidos da América

por Martin Cruz,
Voluntário na campanha de Obama em Nova Iorque
Exclusivamente para o Bola da Foca

The night before the 2008 U.S. Presidential Election, Barack Obama stood in front of a crowd of 80,000 in Manassas, Virginia and recounted a story he's told hundreds of times but that wouldn't have an ending till 24 hours later. The storyline for his "Fired Up, Ready to Go" chant is confirmation that one voice can change the world. The beginning of progress has humble beginnings but idealistic endings. It is the belief that a line of dominoes has the power to knock down walls.

Na noite anterior às eleições americanas para presidente de 2008, Barrack Obama esteve perante um público de 80.000 pessoas em Manassas, Virginia, e recontou uma história que ele disse centenas de vezes, mas que não poderia ter um fim até 24 horas depois. A linha histórica de seu Fired Up, Ready to Go clamou a confirmação que uma voz pode mudar o mundo. O começo do progresso tem um humilde começo, mas um ideal fim. É a crença que a linha de dominós tem o poder de segurar muralhas frágeis.

Most of us haven't lived through a revolution. That has now changed. Most of us haven't been part of something greater. That has now changed. Most of us believed governments were not of, for or by the people. That has now changed. A person with honorable ideas and the will to spread them can see them move avenues of people in native and foreign lands. The idea that we are not a strong nation unless we all have strength. That we are not a rich nation until the poor are fed. That we are not a democratic nation unless all our voices are heard is what the Obama movement is.

Muitos de nós não viveram durante uma revolução. Isso agora mudou. Muitos de nós não fizeram parte de algo maior. Isso agora mudou. Muitos de nós acreditamos que governantes não eram para, por ou pelas pessoas. Isso agora mudou. Uma pessoa com honráveis idéias e com o desejo de difundí-las pode ver elas moverem avenidas de pessoas nas terras nativas e estrangeiras. A idéia de que nós não somos uma nação grande a menos que nós todos tenhamos força. De que nós não seremos uma nação rica enquanto os pobres não forem alimentados. De que nós não somos uma nação democrática a menos que todas as nossas vozes sejam ouvidas. Esse é o movimento de Obama.


I knocked on doors till my knuckles were numb and bruised. Walked many miles of windowed landscapes in worn down sneakers. I talked to Americans who believed the time for change was now and who let me into their world from their doorstep. And I talked to Americans who threatened and followed me in their cars because our beliefs for the direction of this country were so different. I've seen parts of my country that were a American dream and those parts that live through daily nightmares. Hope has led me to the art of action and the canvas of community. That words should be measured by inspiration not by eloquence.

Eu bati nas portas até que meus braços estivessem dormentes e machucados. Andei muitas milhas de imensas paisagens em sapatilhas desgastadas. Falei com americanos que acreditaram que o tempo da mudança é agora, e que me deixaram entrar em seu mundo pela porta da frente. E eu falei com americanos que me ameaçaram e me seguiram em seus carros por causa de suas crenças tão diferentes a respeito da direção desse país. Vi partes de meu país que tiveram um "sonho americano" e outros locais que vivem em pesadelos diários. Espero que isso me leve até a arte da ação nas profundezas da comunidade. Essas palavras devem ser mensuradas por sua inspiração, não por sua eloqüência.

"Fired Up, Ready to Go" from one woman's voice changed a room, Obama said. He said if it could change a room it could change a city, and if it can change a city it can change a state, and if can change a state it can change a nation, and if it can change a nation it can change the world. Pessimism and politics have always been linked. That link is now broken and shall remain that way as long as we accept the power of our own voices. It has has the power of millions. November 4th 2008 has proven that.

"Fire Up, Ready to Go de uma voz feminina mudou a sala", disse Obama. Ele proclamou que se podemos mudar uma sala, pode-se mudar uma cidade. E se podemos mudar uma cidade, podemos mudar um estado. E se podemos mudar um estado, a nação pode ser mudada. E se a nação pode ser mudada, podemos mudar o mundo. Pessimismo e política sempre estiveram juntos. Agora esse "link" foi quebrado e deve permanecer assim enquanto nós aceitarmos o poder de nossas próprias vozes. Temos o poder de milhões. 4 de novembro já provou isso.

America feels like it can now make it's founding principles a current reality. That certainly will not be easy. We are responsible for two current wars, many innocent lives lost and the broken pieces of the world economy. These are the scars of inaction. The work of hope and change begins now.

A América sente que agora pode fazer de seus princípios uma realidade concreta. Isso certamente não será fácil. Somos responsáveis por duas guerras atuais (Afeganistão e Iraque, governo Bush), e muitas vidas inocentes foram perdidas, além da quebra da economia mundial. São cicatrizes da falta de ação. Esse trabalho de esperança e mudança começa agora.

Contato com a fonte: Luma Ramiro
Tradução do texto: Pedro Zambarda

Obrigado Bush!

No dia 5 de novembro de 2008, George W. Bush selou sua participação nos livros de história do mundo inteiro. Não, você não leu errado. Estou me referindo sim a Bush, e não ao presidente eleito, Barack Obama. Bush entrou pra história porque, graças a ele, boa parte do mundo, pela primeira em vez décadas, comemorou em uníssono. Obrigado Bush.

Bush entrou para a história porque permitiu que pela primeira vez na história dos EUA, brancos e negros comemorassem juntos, um ao lado do outro. Se abraçando, chorando, sorrindo, gritando. Claro que existiram as exceções, os resquícios da podridão humana representada pelo racismo. Mas graças a Bush, nesse 5 de novembro, eles perderam. Obrigado Bush.

Bush entrou para a história porque pela primeira vez, desde Martin Luther King, alguém possibilitou uma revolução comportamental nos EUA. E fez com que pessoas que nunca sonharam com dias melhores gritassem juntas: Nós podemos! Obrigado Bush.

Bush entrou para a história porque foi ele quem nos possibilitou viver 8 anos de trevas políticas. 8 anos de um governo que não se preocupou com os pobres do próprio país, e que se esforçou para deixar os outros países mais pobres ainda. Foi ele quem fez com que, depois destes anos, uma chama de esperança nascesse no coração do mundo inteiro. Afinal, grandes mudanças vêm depois de grandes percalços. Obrigado Bush.

Bush entrou para a história porque provou que a vitória pelo medo é um erro. Provou que os EUA elegeram alguém que queria simplesmente caçar seus terroristas, e não alguém que evitasse que os mesmos terroristas nascessem. A lição está aprendida. Obrigado Bush.

Tudo o que nos resta agora é torcer para que a esperança em Obama seja justificada. Que o Obama seja o presidente que manterá a união que foi feita em sua eleição. Que não seja apenas lembrado como o primeiro presidente negro da história, mas como o presidente que fez com que os EUA voltassem a ser vistos com bons olhos pelo mundo. Como o presidente que levou seu lema “Yes, we can!” a todos americanos, e porque não, a boa parte dos habitantes do planeta, provou que ele não é nada além da verdade. Você fez história hoje Obama. E o que esperamos é que seja apenas a primeira página, e não apenas um bom capitulo em um péssimo livro.

Trash de Qualidade

Já ouviu falar da Troma Entertainment? Ela surgiu da união de Lloyd Kaufman e Michael Herz, nos anos 70. Os dois já produziram cerca de 9 filmes, 2 séries e um documentário (All The Love You Cannes, uma crítica a la Troma sobre o Festival de Cannes e seu elitismo).

Um dos mais aclamados longas produzido pela dupla, em adição de Will Keenan, é Terror Firmer, uma adaptação cinematográfica do livro All I Need to Know about Filmmaking I Learned from the Toxic Avenger, autobiografia escrita por Lloyd e subsidiada por Penguin Putnam, em 1998. Trata-se de um livro sobre o cotidiano de uma produtora de filmes explotation (ou trash, como alguns críticos preferem), com várias histórias verídicas, outras fictícias - o que parece ser muito mais que constante, na versão das telas.

Se você procura sexo, nudez, excretos, vômito, pickles, hermafroditas, Lemmy (Motörhead), sangue, machados, bonecos de ventríloquo, alienígenas, obesos, bizarrices, punks, órgãos e Lunachicks, esse filme é o elo de seus desejos desconexos.

Will Keenan não só produziu o filme, mas também foi o protagonista, junto de Alice LaTourelle e Trent Haaga, formando o triângulo amoroso que liga toda a equipe de uma produtora de filmes de baixo orçamento, em que o diretor é cego e o elenco é um show de horrores. Definitavamente, tudo que acontece entre eles pode ser tratado como fait diver.

O vídeo abaixo não é o trailer original, mas um apanhado de algumas das melhores cenas. Por isso, atenção: o filme tem coisa muito "pior"!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Semana de Jornalismo - Escola de Comunicação e Artes, USP

Sediada pelo Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), um ciclo de palestras feitas desde essa segunda marca a Semana de Jornalismo 2008 - Jornalismo na Universidade Pública da Universidade de São Paulo.

As discussões trazem dilemas do curso e da profissão. Diversos palestrantes da USP e fora dela pretendem debater a importância das universidades públicas no jornalismo profissional. O evento é gratuito e aberto a todos, especialmente aos estudantes, sem necessidade de inscrição.

Data: de 3 a 7 de novembro, sempre às 19h30
Local: Auditório Freitas Nobre, no CJE

Programação abaixo:

Já ocorreu:

Segunda-feira
Abertura: Jornalismo e Universidade Pública

Terça-feira
Jornalismo e Sociedade: Com Manoel Chaparro (CJE), Sérgio Gomes (Oboré) e Maurício Hashizume (Carta Maior e Repórter Brasil)

Vai ocorrer:

Quarta-feira
Currículo: Com José Coelho Sobrinho (CJE), Hamilton Octavio de Souza (PUC-SP) e José Salvador Faro (PUC-SP e Umesp)

Quinta-feira
Obrigatoriedade do Diploma: Com Pedro Pomar (Revista Adusp), Maurício Tuffani (Oservatório da Imprensa) e Maria Elisabete Antonioli (Unib e Firb)

Sexta-feira
Encerramento: Um olhar sobre o jornalista
Apresentação do filme O Bandido da Luz Vermelha e confraternização

sábado, 1 de novembro de 2008

O "Muro de Senna" começa a ruir

O "Muro de Senna" começa aos poucos a cair no Brasil. Mas bem aos poucos. O Muro de Senna a que me refiro é a fronteira construída ao redor da maior personalidade esportiva que este país já teve, um verdadeiro mito criado ao decorrer de 10 anos de conquistas, sofrimentos, frases de efeito e uma morte trágica.

Quando Ayrton Senna morreu em 1994, o Brasil vivia uma verdadeira ovação ao piloto. Os motivos são diversos, e acabam resultando em uma soma não muito fácil de explicar nos dias de hoje, quando os brasileiros vêem com desconfiança e até com uma certa dose de repulsa a qualquer pretendente a ídolo. Aquele que conseguiu chegar mais próximo de um rompimento deste muro criado pela memória de Senna talvez tenha sido Ronaldo em seu(s) auge(s). Ou quem sabe Gustavo Kuerten, que conseguiu fazer uma parcela do país se interessar por um esporte que não tem nada a ver com a gente.
Mas quem aos poucos começa a quebrar esse muro é Felipe Massa. E justamente em seu lado mais forte, a Fórmula 1. Não vou aqui parar para explicar todos os motivos que tornaram Ayrton Senna um mito no Brasil, farei isso em outro post quem sabe, mas é um pouco mais simples explicar a relação da Fórmula 1 com o Brasil após a morte do piloto.

Senna morreu quando o Brasil vivia a expectativa de um tetracampeonato do piloto, que havia se transferido da McLaren para a Williams dos carros de “outro mundo”, como ele próprio chegou a dizer. O acidente em Ímola foi um choque, embora o mundo da Fórmula 1 já temesse uma morte como essa há algum tempo. Só que ninguém esperava que justamente sua maior estrela viria a falecer. Após o fatalidade com Roland Ratzenberge, morto nos treinos de sábado, jamais alguém poderia prever que o raio cairia duas vezes no mesmo lugar. São todos fatores que contribuíram para o efeito mítico ao redor da morte do piloto. De fato, para muito é até difícil acreditar que tudo que ocorreu naquele 1º de Maio era real. Dois anos se passaram, e os brasileiros precisavam achar um substituo de Senna no esporte que o país aprendeu a amar. E o então novato Rubens Barrichello foi o escolhido. Rubinho não correspondeu às expectativas, nem quando sentou no cock-pit da Ferrari entre 2000 e 2005. Então Felipe Massa entrou em cena.
Quando o jovem paulista surgiu, alguns o compararam precocemente a Senna, um erro natural da mídia. Massa passou o primeiro ano na Ferrari aprendendo com Schumacher. Ganhou somente duas provas, mas servindo como um escudeiro para o heptacampeão tentar o oitavo título. Massa então assumiu o posto de candidato ao título no ano passado, mas acabou fracassando, terminando a temporada em quarto, com seu companheiro Kimi Raikkonen campeão. Mas a hora do brasileiro chegou. Disputando o título no Brasil com Lewis Hamilton, que conseguiu como ninguém a antipatia do brasileiro ao se comparar a Ayrton Senna.
Felipe Massa sairá de Interlagos como o novo grande ídolo do país caso seja campeão (possibilidade remota devido a pontuação), e continuará tendo um lugar no coração dos brasileiros de qualquer modo. Aos poucos, o muro criado por Ayrton começa a ruir de um modo positivo, pelas pessoas abrindo a possibilidade de reconhecimento para alguém que também pode nos representar lá fora. Talvez não com o mesmo talento e brilho, mas com a mesma vontade. Alguém que “joga pra torcida” de forma honesta e sem demagogia. Embora ainda não comparável ao que foi o mito de Senna, ou à adoração de Pelé, Massa se coloca ao lado de Ronaldo e Guga como um ídolo de muitos, que mexe com a população e a faz acompanhar sua carreira, mesmo quem não seja fã do esporte em questão. Isso já é muita coisa para uma torcida que aprendeu a destruir brasileiros que ousaram pular o muro. Lentamente, Massa vai derrubando, pedra por pedra.

Orquestra e muita improvisação


Por Pedro Zambarda

Com uma iluminação que dava destaque às colunas gregas da Sala São Paulo, que fica no bairro da Luz, em São Paulo, a noite do dia 25 de outubro foi dedicada a música erudita e aos grandes músicos brasileiros. Regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) da cidade do Rio de Janeiro, Roberto Minczuk liderou um espetáculo com diferentes solistas e passando por peças clássicas desde Richard Strauss até Tchaikovsky em uma série chamada Safira, em curso desde o ano anterior. Em São Paulo desde o mês de abril, a série trouxe vários artistas como a cantora soprano australiana Elizabeth Whitehouse, Daniel Binelli, mestre argentino no bandoneón (um instrumento semelhante a concertina ou ao acordeão, mas que é usado em músicas religiosas alemães e no tango), além do chinês Peng Peng, pianista.

Para encerrar esse ciclo paulista e a série, o último convidado e solista foi o violonista Yamandú Costa, gaúcho de Passo Fundo. Antes da entrada do convidado, o maestro Minczuk executou Abertura Festiva, Opus 96, do compositor soviético Dimitri Shostakovich - música feita para o 37º aniversário Revolução Soviética, em 1954, tendo sido feita poucos dias antes de sua estréia. Ao fim dessa abertura estavam aquecidos todos os integrantes da orquestra, composta violinistas, violoncelistas, contrabaixistas, violeiros, flautistas, clarinetistas, flautistas, trompetistas, trombonistas e percussionistas.

Yamandú, vestido com roupas brancas e um típico lanço vermelho dos gaúchos no pescoço, subiu ao palco e mostrou, sem a presença do maestro Roberto Minczuk, uma peça totalmente autônoma e baseada em improvisações. Trata-se da Fantasia para Violão de Sete Cordas, uma composição feita com o músico e também violonista de sambas e choros Paulo Aragão, membro do Quarteto Maogani. A apresentação feita por Yamandú, repleta de suas influências de bossa nova e escalas feitas em velocidade rápida, marcou a estréia da peça, tocada pela primeira vez no espetáculo com a OSB no último dia 25.

Concentrado, ora de olhos fechados, ora com os dedos que desapareciam entre as 7 cordas de seu violão, Yamandú mostrou ao público porque é chamado pelo maestro alemão Kurt Masur de o “Paganini do violão”: assim como o violinista XIX, o movimento rápido e preciso do violonista, gerando sons de locais totalmente distintos, mas harmônicos, mostra que é um virtuose, um verdadeiro mestre de seu instrumento, provavelmente o melhor do Brasil. A orquestra, fazendo uma melodia de fundo distinta e mais clássica, deu ao musical regionalista e eclético de Yamandú um resultado cativante ao público, que bradou e bateu palmas quando encerrou sua Fantasia.

"Vocês não precisam nem pedir bis” proclamou o maestro Roberto Minczuk, dando mais tempo de apresentação ao solista, quando já passava de 1 hora de espetáculo. “Ai meu Deus do céu” disse Yamandú Costa, suando, mas ainda com energia para tocar seu violão. Em uma segunda improvisação, Yamandú não teve acompanhamento da orquestra e usou, para complementar seus acordes de bossa e várias passagens acústicas que lembravam músicas do Rio Grande do Sul, batidas fortes no corpo do violão e assobios. O que se presenciou nessa parte da apresentação foi uma peça agressiva, cujas cordas vibravam de acordo com o ímpeto do músico, como extensão natural de seu corpo e de sua alma múltipla e claramente caótica. Com apenas 28 anos, Yamandú Costa terminou sua parte no espetáculo de estréia de Fantasia para Violão de Sete Cordas e de encerramento da série Safira com 5 minutos ininterruptos de aplausos, mostrando-se, reconhecidamente, um dos melhores instrumentistas (e um dos mais jovens) do Brasil.

Após um breve intervalo, o maestro Roberto Minczuk subiu ao palco para a segunda apresentação exclusiva da orquestra, pois a primeira foi sua abertura. Em uma peça repleta de iluminação e espiritualidade, a Sétima Sinfonia em Lá Menor, Opus 92, do clássico compositor erudito Ludwig Van Beethoven, foi executada em quatro partes distintas. Poco sostenuto – Vivace abriu a composição alternando entre passagens extremamente pausadas para uma velocidade entre 150 e 170 batidas por minuto, repleta de melodia e harmonia musical (a velocidade “vivace”). Logo após essa entrada alternada, a segunda parte, Allegretto, igualou a velocidade total da música, situando-a pouco abaixo do chamado “allegro” (entre 120 e 170 batidas por minuto). Logo após essa parte, Presto surgiu para, acima da velocidade “vivace”, executar uma música muito rápida e até mesmo agressiva, elevando as batidas para entre 170 e 200 batidas por minutos. Por fim, Allegro con brio encerrou a composição em uma tonalidade digna da obra de Beethoven, mantendo uma velocidade alta, mas também com um “brilho” que foi constantemente resgatado em Poco sostenuto – Vivace.

Com essas duas performances distintas, tanto da Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro liderada por Minczuk quanto o violão de 7 cordas de Yamandú Costa, presenciou-se um espetáculo musical riquíssimo em repertório instrumental, sem coros ou letras cantadas. Seja nas cordas de náilon que Yamandú constantemente afinou e trocou (ele mudava principalmente o tom da sétima corda, para conseguir improvisações impossíveis com 6 cordas), seja nos ataques agressivos dos violinos e violoncelos coordenados pelo maestro Roberto Minczuk, o público pôde aproveitar uma noite rica em detalhes, subjetiva para a imaginação e inesquecível.

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