terça-feira, 7 de julho de 2009

O último show de Michael Jackson




A última imagem que se tem de Michael Jackson em vida, é sobre um palco. Os vídeos de seu ensaio no Staples Center, dois dias antes de sua morte, são simbólicos em certo ponto. O homem que viu sua vida se transformar em um grande tablóide nos últimos vinte anos se despede do mundo fazendo aquilo que sabia fazer melhor que qualquer um: dançando e cantando.

Em entrevista dada a Opra Winfrey, em 1993, Michael admitiu que não sentia-se muito confortável perto de outras pessoas. Por toda sua vida, o convívio público era sinônimo de fotógrafos e fãs o perseguindo. O único lugar que ele se sentia bem era no palco. Dormiria lá se pudesse.

A despedida de Michael Jackson será como sua vida sempre foi, um evento, um espetáculo. Com todos os pontos positivos e negativos que eles trazem. O homem que jamais encontrou a privacidade em vida, não o fará nem mesmo em sua morte. 17 mil pessoas acompanharam seu funeral no Staples Center. O número de pessoas que verão de suas casas, seja pela tv ou internet, é incalculável. Estima-se em mais de 1 bilhão. Audiência maior que muitos jogos de Copa do Mundo e a entrega dos Oscars.

Existe algo além de uma simples curiosidade mórbida em tudo isso. Existe a prova do tamanho que um mito pode chegar. Sim, digo mito, pois de forma alguma a adoração que vemos não é relação ao homem. Nada a ver com sua personalidade ou com as acusações (que nunca foram provadas), mas sim, tudo a ver com limitação de um homem.

A arte de Michael Jackson atingiu um alcance que ninguém mais conseguiu, nem mesmo os outros dois grandes ícones pop mortos precocemente: Elvis Presley e John Lennon. Michael Jackson conseguiu, talvez sem nem perceber, se tornar maior que eles. E o motivo foi ter transformado, voluntária e involuntariamente, toda sua vida em um show. Muito mais pelo talento do que pela sua excentricidade.

Existiu um momento na vida de Elvis que ele não foi famoso, que era apenas um homem com uma grande voz cantando em bares. Existiu um momento na vida de Lennon que ele resolveu se afastar de tudo e viver com sua família – curiosamente no momento em que foi assassinado. Mas Michael Jackson não teve isso. Durante 45 dos seus 50 anos, sua vida foi o maior espetáculo da Terra, e é assim que ela se encerrará, com o maior encore de todos os tempos.

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