segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Arte final

Entretenimento apenas por duas semanas, no cinemas. Um astro pop que contagiou os anos 80 até o começo dos 90 com sua dança irreverente, vindo de uma banda de garotos negros, o Jackson 5. Artista que também polemizou o mundo ao embranquecer completamente sua pele nos anos 1990, por complicações da doença vitiligo - perda de pigmentação -, além de acusações de abuso sexual, que se estenderam até sua morte. Seja de qual Michael Jackson que você esteja falando, o documentário This Is It não mostra nenhum deles, e todos, ao mesmo tempo. O produtor da última turnê de MJ, Kenny Ortega, detalha o monumental processo de montagem que daria um novo gás para a estrela do pop, se não fosse por sua morte em 25 de junho deste ano.

Por Pedro Zambarda

Michael Jackson tornou-se assunto único no twitter às 17h da tarde em que faleceu. O site TMZ, de fofoca de celebridades, deu o furo pela internet e jornais do mundo inteiro suspeitaram, dando a confirmação da morte somente às 19. Nos meses seguintes, julho e agosto, ele voltava a ser assunto, sobretudo depois do monumental enterro em 7 de julho, com a presença de milhares de pessoas.

This Is It, em suas duas horas de duração, não vai pelo caminho de lembrar Michael por sua morte, mas sim dar um relato comovente e, por que não, assustador de seus últimos dias. Documentário que busca mostrar os ensaios como se fosse um show ao vivo, dá conta de explicar o sucesso do astro, que ainda tinha uma voz perfeita para o canto, a disposição de repetir coreografias inteiras e o carinho com bailarinos e instrumentistas, vindos de locais remotos como Austrália, que iriam acompanhá-lo por 50 apresentações ininterruptas.

De Thriller até They Don´t Care About Us, as performances estão fiéis aos clipes originais, com a adição de efeitos 3D que deixariam fãs de U2 babando com o espetáculo visual. Smooth Criminal, do CD Bad, chegou a ter sua coreografia refilmada para os shows. Beat it contou com a guitarrista Orianthi Panagaris, que brilhou reproduzindo as proezas de Eddie Van Halen com ainda mais distorção e peso em seu instrumento. Bailarinos saltam pelo palco e se mostram dignos da seleção rigorosa que passaram para estar nos ensaios. Michael Jackson, com esse mesmo perfeccionismo, mostra em quais pontos cada música não está perfeita, e mostra uma sensibilidade sobrenatural com suas próprias criações, comentando sobre o som do contrabaixo, dos teclados, do retorno do som. A edição do filme mostra que toda a relação de artistas se dá com extrema educação, não acontecendo brigas de ego ou escândalos desnecessários.

No entanto, músicas como Billie Jean denunciam os 50 anos e o efeito das plásticas de Michael na época. A silhueta magra e as feições cadavéricas e pálidas mostram que ele não é o menino de antes. Alguns movimentos dele são duros, embora o esforço dele transpareça na voz ofegante quando ele conversava com a equipe. Ou seja, pra as pessoas que querem saber como ele se sairia num palco hoje em dia, o filme é indispensável. Para os curiosos, ou mesmo pra aqueles que não gostam de MJ, o longa-metragem ainda assim é recomendável.

Termino a resenha mostrando o empolgante trailer desse grande documentário, digno de ser arte final para qualquer artista. Se mais memórias fossem tão bem valorizadas como a dele, teríamos um mercado fonográfico mais rico e diversificado, assim como foram as influencias de Michael - do soul de raiz, passando por Bee Gees e até músicos de funk norte-americano, reunindo o que há de sucesso na música negra e branca dançante.

Não era tão fã da música de MJ e mergulhei na figura do filme. O que será que você vai sentir vendo isso na tela grande? Corra pro cinema mais próximo e confira, porque vai sair de cartaz dia 11 deste mês. Vale a pena.


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