segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Cadê o Pai dos Blogs?


Vídeo um pouco antigo, de maio deste ano, comemora 10 anos de existência oficial dos Blogs, retomando a história que falei neste outro post. Apresentado por Scott Rosenberg, o curta-metragem coloca em cheque a versão oficial de que o primeiro web log teria sido criado por Jorn Barger, blogueiro do Robot Wisdom que oficializou a prática de linkar páginas que lia e comentar assuntos do cotidiano, em dezembro de 1997.

Nada melhor do que conferir esse vídeo em pleno Blog Day, hoje. Entre outras personalidades que Rosenberg apresenta como possíveis pioneiros está o site Offhand Remark, de Harold Check do Six Apart, que começou em setembro de 1997. The Obvious Filter, de Michael Pachter, foi criado em maio do mesmo ano com atividades similares de leitura web. Steve Bogart fez outro blog anterior, pessoal, em fevereiro de 1997.

Desde abril de 1996, Dave Winer sustenta o Scripting News, um dos pioneiros ao abordar informática e internet em uma página de notícias, que inspirou pessoas a começarem seus blogs. Justin Hall, em janeiro de 1994, criou o Justin Links from the Underground, sendo provavelmente um dos blogueiros mais novos de sua geração. No entanto, Justin só começou a desenvolver material próprio em janeiro de 1995, inspirado por outro blogueiro, Ranjit Bhatnagar, que começou sua página em novembro de 1993.

Retornando ainda mais no tempo, Marc Andreessen, co-fundador da Netscape, foi autor do site, ou blog, What´s New?, em meados de 1992. Até mesmo Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web, que tornou a internet internacional, pode ter iniciado os blogs nas primeiras páginas que fez em sua criação.

Rosemberg dá ainda exemplos fora da internet de possíveis origens dos web logs, sem fechar com certeza absoluta um criador desse conceito. Mais detalhes podem ser conferidos em seu livro, Say Everything, que enaltece a tese, pelas origens incertas, que blog ainda vai evoluir muito justamente por esse começo incerto e imprevisto.

Blog Day 2009 e Bola da Vez #3


Com o intuito de comemorar a existência dos Blogs pela quinta vez consecutiva, anualmente, e divulgar novidades na internet, o Blog Day foi criado no final do mês de agosto. Para prestigiar o dia de forma bem apropriada, vamos fazer outra coluna, mas seguindo as regras da campanha:
1. Liste cinco novos Blogs que você ache interessantes.
2. Notifique por email esses cinco bloggers de que serão recomendados por você no BlogDay 2009.
3. Notifique por email esses cinco bloggers de que serão recomendados por você no BlogDay 2009.
4. Publique no BlogDay (no dia 31 de Agosto) esse post.
5. Junte a tag do BlogDay usando este link: http://technorati.com/tag/blogday2009 um link para o site do BlogDay: http://www.blogday.org

O Bola fará 5 recomendações em nome do Blog Day:

- OxenTI: geekangaceiros 2.0 (@ioxenti): Blog novato de tecnologia, com atualizações constantes, idealizado por Gustavo Ats, meu colega do Wii Are Nerds, e uma equipe de blogueiros recrutada nos melhores lugares da internet. Vale a pena pelo bom humor nordestino e por reflexões relevantes que ele sempre traz à tona

- Raposa na Quebrada (@cauefabiano): Com toda a desenvoltura da Zona Leste de São Paulo, aliada com a crítica na internet, o blog jovem do jornalista Cauê Fabiano reúne humor, bastante vídeo e material com personalidade. Vale a visita, o incentivo e o comentário.

- Wii Are Nerds (@wiiarenerds): Um blog de tecnologia que, ultimamente, está se expandindo até os confins da cultura geek. Tem podcast, uma mesa-redonda nerd repleta de humor sagaz, e, em breve, terá um videocast. Idealizado pelo Naftali Andrade e conduzido por inúmeros colaboradores, mas tendo na edição o Gustavo Ats e o Pedro Zambarda do Bola (embora eu escreva pouco por lá).

- Macaco de Fralda (@rafa_lacerda): Outro blog de humor, mas com um mascote bastante peculiar. Pensado nas dependências da Faculdade Cásper Líbero, o Macaco de Fralda tem potencial para marcar a mente de muitos leitores.

- Campinaremos (@Zanfa): Um blog de humor que pode ir da piada mais sútil e "limpa" para pegadinhas totalmente pornográficas. Inspirado em Worms Armageddon, o famoso videogame das minhoquinhas de guerra, esse espaço é um fenômeno.

E o Bola da Foca ainda recomenda mais dois probloggers - blogs profissionais - para que alguns visitantes conheçam nomes que geram discussões na internet.

- Contraditorium (@Cardoso): Famoso pelo avatar do personagem House em seu twitter e por ganhar dinheiro através de publicidade em seus blogs, Carlos Cardoso é um ex-publicitário que traz contribuições interessantes de tecnologia e curiosidades no Meio Bit. Contraditorium traz inúmeras polêmicas em seus posts, muitas vezes sendo paradoxais, mas sempre com a vantagem de promover a discussão, um assunto que deveria ser mais disseminado na blogosfera brasileira, sem muitas desavenças pessoais.

- Jovem Nerd (@jovem_nerd): A grande fama do Jovem Nerd está hoje, na verdade, em seu podcast, o Nerdcast. No entanto, reunindo o que há de melhor nas notícias do mundo geek/nerd, incluindo tecnologia, seriados e curiosidades, esse blog é uma referência de profissionalismo e pioneirismo nesse asusnto dentro da internet brasileira. Eles possuem, além de inúmeros patrocínios, a Nerdstore, uma loja virtual totalmente voltada para seu público.

Por fim, recomendamos uma das blogueiras de comunicação vencedoras do Certificado TOP100 do concurso TOP BLOGS deste ano: Ariane Fonseca e seu Diário de um Repórter (@arianef).

Dois lados do "fracasso da esquerda do século XX"

Uma história de amizade entre intelectuais, além do rompimento em si. Essa é a definição que traz o livro Camus e Sartre - O Fim De Uma Amizade No Pós-guerra do historiador Ronald Aronson, professor da Wayne State University e americano de Detroit, Michigan. Retomando os anos de 1943 até o lançamento do livro O Homem Revoltado e o singular ano de 1952, Aronson disseca as carreiras do escritor franco-argelino Albert Camus e de um dos intelectuais que melhor o recebeu na França, o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre. De maneira direta, sem separar muito as aspas e citações de seu raciocínio central, o autor busca compreender como esses expoentes se tornaram, dentro da esquerda política e na situação da Segunda Guerra Mundial, pensadores fora dos pólos Estados Unidos - União Soviética.

No material, não é possível concluir se Aronson toma mais partido de um ou do outro protagonista, mas é claro que ele considera pontos positivos de ambos os lados. O fato é: Camus causou uma transformação no engajamento político ao tornar-se jornalista do renomado jornal Combat, entre 1944 e 1947. No entanto, sua imagem pública ficou comprometida após o contato com o intelectual húngaro Arthur Koestler, autor de O Zero e o Infinito. A crítica de Koestler ao totalitarismo stalinista foi totalmente incorporada na abordagem filosófica e mítica de O Mito de Sísifo, ensaio contundente de Camus sobre o absurdo que legitima qualquer atitude, mesmo sob a justificativa histórica. Essas conclusões vieram de encontro às teorias que Sartre estava formando, primeiro criticando os socialistas comunistas para, enfim, depois, juntar-se a eles pela luta contra o capitalismo, legitimando a violência.

Aronson traz trechos de conversas entre os dois intelectuais, discursos, relatos de outras personalidades como Simone de Beauvoir (esposa de Jean-Paul Sartre e uma grande existencialista feminista), além de trechos de diversas obras que explicam o período, as argumentações políticas e suas consequências sociais. Camus lança O Homem Revoltado em 1952 e arranca uma crítica negativa feita por Francis Jeanson no periódico Les Temps Modernes, editado por Sartre. Motivo: o livro condena toda e qualquer forma de revolução, acreditando que elas levam para a matança sistemática, que é usada pelos governos totalitários. Mesmo com essa lógica anti-revolucionária, Albert Camus continua comprometido com a esquerda francesa, mas tendendo mais para democracia, enquanto Sartre rompe definitivamente com seu amigo de guerra através de uma tréplica publicada em seu veículo.

Depois desse clímax, o livro penetra no período de recuperação de Camus, abalado pela exposição pública promovida por Jean-Paul Sartre. O lançamento de A queda mostra um Albert Camus revigorado, mas outras polêmicas incluindo seu envolvimento no jornal L´Express e seu silêncio diante das revoltas árabes da Argélia, sua terra natal, no final dos anos 1950 acabaram enaltecendo a figura de Sartre. Ambos são intelectuais reconhecidos, mas, no começo de 1960, Jean-Paul Sartre gozava de maior fama por ter apoiado as revoluções em países do chamado Terceiro Mundo, incluindo Che Guevara em Cuba e os próprios argelinos, transformando sua visão pró-soviética em anti-repressão a qualquer preço.

No entanto, com a queda do Muro de Berlim em 1989, novamente as obras de Albert Camus voltaram a ser valorizadas, tanto pela esquerda quanto pela direita política. Seu senso de humanismo e anti-violência sistemática está simbolizado em textos memoráveis, como sua reflexão sobre as bombas atômicas atiradas no Japão no jornal clandestino Combat ou o romance sobre resistência chamado A Peste.

Se você quer referências de leitura, Aronson fornece dados satisfatório de títulos tanto de Sartre quanto Camus, além de obras correlacionadas. De Jean-Paul Sartre, é importante ressaltar O Ser e o Nada, um de seus principais tratados filosóficos, além das peças As Moscas e Entre Quatro Paredes, que possuem personagens referenciais de seu pensamento e de suas críticas.

O ideal não é tomar partido do moralismo de Camus ou do engajamento comprometido de Sartre com a esquerda, mas enxergar os dois como lados distintos do "fracasso da esquerda do século XX", com alguns argumentos ainda válidos para a crítica atual da globalização. E não é qualquer tipo de socialismo, mas uma corrente que questionou o sonho comunista da União Soviética e que foi contra o capitalismo pelo caráter corrupto de muitas grandes corporações durante a Segunda Guerra Mundial, como a Renault e muitos jornais financiados por norte-americanos após o conflito.

Esse trecho final é esclarecedor sobre o valor de ambos os autores: "podemos imaginar alguém falando a verdade todo tempo, e se opondo à opressão em todo lugar, unindo a capacidade perspectiva característica de ambos sob um único padrão moral. Tal intelectual iluminaria a violência sistêmica de hoje aceitando o desafio de que a luta não deve criar novos males. Um Camus-Sartre?".

Agradecimento a Priscila Jordão pelo empréstimo do livro.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Crime sem passado ou futuro

O Sol, um revólver, a indiferença perante à perda da mãe e o subdesenvolvimento da Argélia. Em uma ficção breve, com frases secas e personagens enigmáticos, o escritor, jornalista e intelectual pied noir (argelino de origem francesa) Albert Camus marcou o século XX com o livro O Estrangeiro (nome original: L´Étranger), em 1942. Seu enredo aborda a vida do personagem Mersault, um homem que comete um cruel assassinato sem uma única justificativa. Essa história rendeu ao autor o Prêmio Nobel de Literatura de 1957, sendo o primeiro africano a receber tal reconhecimento.

Começando por um velório, que deveria supor um sentimento de angústia, somos apresentados ao protagonista que vê a situação de uma forma mais sistemática. "Tudo se passou, então, com tanta rapidez, certeza e naturalidade, que já não me lembro mais de nada" exclama Mersault, sem nenhuma forte afirmação de lamento ou perda. No desenvolvimento da história, ele possui uma relação supostamente sentimental com a namorada Marie, mas a descrição de seus encontros revela um interesse mais carnal do protagonista.

Com uma narrativa que parece retirar os fatos do cotidiano, como uma espécie de diário, a trama segue até uma praia argelina onde Mersault, Marie e os amigos Raymond e Masson são abordados por um grupo de árabes. O confronto na praia termina com o protagonista disparando cinco tiros de seu revólver contra uma vítima desarmada, sem ter aparentemente um motivo plausível para tal reação. Um tiro derruba o suposto inimigo e mais quatro são disparados contra um corpo inerte. "Compreendi que destruíra o equilíbrio do dia, o silêncio excepcional de uma praia onde havia sido feliz" narra Mersault, fazendo uma descrição que transforma o Sol, o calor e seu ato horrendo em um único retrato, com um significado que não está descrito nos tribunais que vão julgá-lo.

Essa mudança central no roteiro, que se torna fonte de todas as situações na prisão de Mersault, mostram que o personagem não se arrepende do que fez, mesmo diante da sociedade e da cobrança de uma ética em sua recuperação. E ele ainda teoriza sobre a vida na prisão, tendo um raciocínio totalmente fora da normalidade: "compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia, poderia sem dificuldade passar cem anos numa prisão".

O que Mersault revela, sendo uma criação distinta de Albert Camus, é que ele é um indivíduo que vive o chamado "estado de absurdo", explorado tanto na filosofia como nas artes, especialmente a dramaturgia. A pessoa absurda não está ligada ao passado histórico e cultural e, por isso, é livre de qualquer lógica e pode cometer qualquer ato impensado. Quando não há ligação com o futuro, essa pessoa também deixa de temer possíveis consequências de seus atos.

Do crime aos tribunais, Camus mostra nesse romance o retrato de seu tempo: ele foi um jornalista engajado na época da Segunda Guerra Mundial e das bombas atômicas. Mersault é a encarnação das aberrações que surgiram no século XX, fruto de um pensamento que rompeu com as tradições da modernidade, apesar do absurdo não ser um tema exclusivo de determino período histórico.

Pode-se condenar Mersault por seu assassinato, mas sua mente não sente culpa ou remorso. Ao transferir seu ponto de vista ao do personagem, porém, não podemos mais recriminá-lo, especialmente porque ele não acredita na justiça dos homens. "Durante as falas do promotor e do meu advogado, posso dizer que se falou muito de mim, e talvez até mais de mim do que do meu crime. Eram, aliás, assim tão diferentes os discursos?"

Um bom livro para ler em uma única tarde, tendo pouco mais do que 120 páginas em média, com frases e parágrafos curtos e diretos, embora o personagem seja fruto de análise profunda para muitos outros processos, situações ou mesmo épocas distintas.

O dia em que o twitter deu lição de jornalismo

Ou, traduzindo, o dia que eu fiz burrada como jornalista.

Tudo começou com um humilde tweet (mensagem de 140 caracteres no twitter) que meu colega jornalista Diego Cabral Camara enviou, sendo devidamente divulgado em minha página. Era uma informação bastante polêmica envolvendo a apresentadora Xuxa Meneghel, alvo de várias discussões no twitter, seja por escrever em caixa alta ou por permitir sua própria filha que atualizasse sua conta. Não vou dissecar essas outras histórias. Vamos diretamente ao tweet:

Justifico: cliquei sim no link, especialmente por abordar um processo contra essa rede social que está em expansão no Brasil. Li a matéria. Muito bem escrita, ela acabou sendo aceita por mim em uma leitura rápida. Quando você lê alguma coisa apenas para repassar informação no twitter, nessa grande rede que é vítima do atual momento da internet, muitas vezes se fere um mandamento fundamental no jornalismo, a checagem. Por isso:

Revise tudo o que você viu. Na dúvida, não poste. Teve certeza? Olhe de novo.


Meus dois erros: não prestar atenção nome do blog e não checar no Google Search. O texto possuía citações tipicamente jornalísticas, de três linhas, e tinha um apelo semelhante ao processo que Daniela Cicarelli sobre o Youtube, que ameaçou fechar o sistema ano passado.

Foi então que a jornalista Rosa Pellegrino fez o alerta que me fez rever todos os dados relativos ao suposto processo de Xuxa Meneghel contra o twitter:

Hoax são correntes e boatos que enganam grandes públicos na internet.

Verifiquei no sistema de busca da Google. Folha de S.Paulo e nenhum dos veículos "oficiais" tinham a notícia. Foi então que, ao rever a matéria, eu notei a tarja vermelha que passou desapercebida:


Ficou marcada, novamente, uma lição básica: verificar. Na hora que reparei, muitas pessoas já tinham encarado meu tweet como uma mensagem verdadeira, seja por eu ser um jornalista, seja pelo twitter estar se tornando uma fonte de informações. Tive que me retratar sobre a informação.

Duas lições ficam nítidas: não é porque a informação vem rapidamente que ela não deve ser verificada, mesmo quando outras pessoas encaram como verdadeira. E, por último, ao cometer um erro, ao cometer realmente uma burrada, não hesite em se corrigir.

Muitos podem me recriminar, mas não podem dizer que eu não avisei. O incidente durou menos de 10 minutos, mesmo sendo uma falha enorme da minha parte. Por isso, continuem usando o twitter, mesmo com suas controvérsias.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Muito bom e arge... não! Uruguaio!!

Simples. É essa a descrição da comédia Gigante. O filme uruguaio, estreado no Brasil em 21 de agosto, conta a história de Jara, o vigia noturno de um supermercado que ocupa suas madrugadas de tédio olhando a faxineira Julia pela tela do computador. Com o passar do tempo, uma paixão vai surgindo e a moça passa a ser a dona da atenção de Jara 24 horas por dia.

O filme se diferencia das outras comédias românticas por tratar de temas do cotidiano humano com um humor delicado e sensível. A produção ganhou o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim. E há uruguaios dizendo que os argentinos querem se apropriar deste sucesso.

Adrián Biniez, o diretor, é nascido em Buenos Aires e vive em Montevidéu desde 2004. Ao descobrir que sua obra havia sido selecionada para a competição em Berlim, o mesmo se encarregou de dizer que se considera o representante da cinematografia uruguaia, que é mínima – com só 3 filmes ao ano – perto da argentina, que produz 60.

Alheio a isto, o produtor - uruguaio - do filme, Fernando Epstein, diz que sentia “uma boa vibração” do festival em relação a Gigante. Disse ele: “A boa vibração que havia em relação ao filme, em geral, era imensa; as pessoas o adoraram. Tivemos críticas muito boas”.

Festa Nacional do Tropeiro é cancelada por causa da gripe suína

Foto: Robson Siqueira/ Arquivo pessoal de 2008

Pela primeira vez em 29 anos, a Festa Nacional do Tropeiro, que acontece anualmente no último final de semana de agosto na pequena cidade de Silveiras (SP), foi cancelada. O motivo é a preocupação com o vírus H1N1, mais conhecido como gripe suína.

No inicio do mês, vereadores, representantes da prefeitura e cerca de 200 moradores se reuniram na Câmara Municipal para uma audiência pública a fim de debater se haveria ou não a festa, que já virou tradição no Vale do Paraíba. A decisão entusiasmou os moradores, que estavam preocupados com os cerca de 35 mil visitantes esperados para a ocasião.

Mas, como nem sempre é possível agradar a todos, um lado da história se sentiu prejudicado.Os comerciantes, que já tinham se preparado para a manifestação popular, contestaram o cancelamento. De acordo com diretor de eventos da cidade, Edson Motta, o município terá um prejuízo de R$ 500 mil.

A festa seria realizada neste final de semana, entre os dias 28 e 30 de agosto. Segundo a organização, não há previsão do evento ser feito em outra data ainda este ano.

OBS: Para evitar transtornos entre os menos informados, a prefeitura de Silveiras está veiculando um comunicado na TV Vanguarda, filiada da Globo na região, avisando sobre a decisão.

Editorial #9

Anunciamos, com orgulho, o primeiro prêmio do Bola da Foca: Certificado TOP100 em Comunicação do Prêmio TOP BLOG. Entre os 100 primeiros blogs mais votados de milhares da categoria, é um incrivel feito, sem muita propaganda, para nossa iniciativa de jornalismo comunitário.

Outra novidade no blog são alguns anúncios de publicidade que colocamos via Google Adsense. Gerando centavos de dólares por clique, as propagandas podem gerar uma verba que, conforme foi conversado com o Thiago Dias, será revertida para o próprio site. Outros anúncios pela Submarino e o Mercado Livre vão ser implantados, especialmente se os produtos estiverem relacionados com nossas pautas jornalísticas.

E, por último, fazemos novamente um apelo: este blog não é de propaganda, nem de concursos ou mesmo exclusivo de jornalistas, mas sim de produtores de conteúdo. O viés jornalístico é para acompanhar, na medida do possível, os acontecimentos do cotidiano e comunicar, mesmo que seja um pouco.

Tivemos uma queda de colaborações, mas há ainda visitas que tornam nossa iniciativa válida. E o segredo, como sempre, é contar com a sua colaboração, seu comentário e sua crítica.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O curioso caso de Rubens Barrichello

Rubens Barrichello se destacou sob circunstancias incomuns. Ele surgiu para a Fórmula 1 como um pequeno garoto vindo de São Paulo no meio de 1993, um ano após a aposentadoria de Nelson Piquet. Ninguém deu muita atenção pro menino, até um certo fim de semana no GP de Ímola, em 94. Na sexta-feira, Barrichello tocou uma zebra mais alta que o comum e sua Jordan alçou voo. O jovem piloto brasileiro foi parar no hospital, e Ayrton Senna se tornou uma espécie de porta-voz não oficial da equipe médica. No domingo, Senna morreu. E em meio ao luto pela morte do maior ídolo do país, o jovem paulistano ganharia status de novo messias do automobilismo brasileiro.

2009 foi um ano único nesta relação. Barrichello terminou 2008 sem um carro e muitos diziam que era seu fim na categoria. Quando a Honda anunciou sua saída da Fórmula 1, a aposentadoria do piloto, recordista de longevidade, era uma certeza. E não é que Rubinho voltou? Com uma virada de eventos surpreendente, Barrichello cravou seu nome na Brawn GP. A equipe se mostrou uma das maiores surpresas da história da Fórmula 1, voando nos testes em pré-temporada. Foi então que uma pesquisa do site Grande Prêmio mostrou algo inimaginável: ele passará a ser o piloto mais popular do país novamente, a frente de Felipe Massa. E mais: em outra pesquisa, em julho, a coisa se inverteu e Rubinho voltará a ser o alvo preferido de piadas no país. Quem quer apostar quem é o piloto mais popular hoje, depois da magnífica vitória no GP da Europa?

O carisma que Barrichello carrega é de uma dubiedade impressionante. Ao mesmo tempo em que suas declarações excessivamente ufanistas e mal pensadas atraem ira, também atraem compaixão. O próprio Brasil adora se menosprezar, fazer piada de seus próprios dramas e defeitos crônicos, embora também ninguém se exalte como nós quando conseguimos algo. Até troféu em golfe vira orgulho nacional. Barrichello é a síntese disso. Um brasileiro que, como diz a propaganda, "não desiste nunca", que só apanha por anos mas, quando vence algo, é como se fosse um título mundial.

A nova onda à favor de Barrichello surge quando novamente só temos ele a quem nos agarrar. Felipe Massa não morreu, mas dificilmente volta este ano, por conta do acidente com a mola. E há 18 pontos do líder – novamente um companheiro de equipe – pode ser que Rubinho dê o título para o Brasil, e nos faça cometer a maior das injustiças com ele: considerá-lo um gênio.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Defesa de produtores de conteúdo

Imagem retirada do blog Do Be Do Be Do

Ressalto que a internet é sempre para criadores.

Programadores, designers na web e outros especialistas técnicos podem conectar todo o tipo de aplicativo, linguagem ou inovação nessa grande rede que é a web. Mas a constatação óbvia e mais boba é que eles e os espaços que eles criam não são nada sem nós escritores, jornalistas, documentaristas e desenvolvedores de conteúdo.

Blogs não proliferaram por acaso: com o espaço cedido gratuitamente para qualquer um escrever, é óbvio que aqueles que são minimamente curiosos tentarão criar e recriar seus espaços próprios. No entanto, a manutenção deles e o reconhecimento só chega para aqueles que realmente desenvolvem alguma informação, sendo ela útil ou inútil, legível ou ilegível, popular ou segmentada.

Faço então a defesa dessas pessoas. Não se trata apenas de defender blogueiros ou um tipo específico de desenvolvedor. Não se trata de defender o twitter ou as mídias sociais. Não se fala de espaços ou de usuários quando falamos de conteúdo, mas sim dos indivíduos aptos a escrever, seja no seu tempo livre ou por força da profissão que exerce.

Então, caso você esteja lendo este site na web, ou outros, saiba que não precisa ficar apenas lendo. Se você está na moda dos tweets, saiba que deveria estar criando algum texto para ser divulgado nesses meios socializados. Caso você esteja imerso em várias idéias contidas em vários links, saiba que não está sozinho.

E dessa posição de acreditar nos desenvolvedores, também lanço um incentivo: não fique parado na frente do computador pensando e desperdiçando tempo. Na verdade, qualquer lugar, inclusive fora da web, é espaço para idéias novas. Mas aqui é especial. Aqui você pode disseminar algo em questão de minutos com apenas o custo da sua conexão.

Este texto não traz nada de aparentemente novo, ele é apenas resultado dos tempos atuais. Valorizam demasiadamente o twitter e as mensagens de 140 caracteres que seguram, quase sempre, um link. Algumas pessoas fazem uma leitura exaltada dizendo que os microblogs vão substituir os blogs e sites. Não me parece plausível que textos menores, interligados com outros maiores, apague o desenvolvimento maior de conteúdo. A palavra que deveria marcar, entre todas as mídias, deveria ser a soma, o agregar, mesmo que soe clichê demais.

Por isso, e por muitos outros motivos, desenvolva. Crie sua figura, seu material exclusivo e dê suas pautas, por uma internet melhor, menos repetitiva e cada vez mais repleta de indivíduos interessantes que geram assuntos distintos. Não tenha medo de conflitar suas idéias em fóruns, ter bate-bocas no orkut e até de desperdiçar tempo vendo informações totalmente inúteis.

Fala-se de um público que lê apenas o que lhe interessa. No entanto, há pouco incentivo para a criação, para uma leitura que agrega e que pode tomar outras direções, mesmo tratando de assuntos voltados para um determinado nicho.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mídias Sociais levadas à sério



"Mídia social é moda passageira?"

Com essa pergunta, um curta-metragem, feito pelo especialista em mídias sociais - Facebook, Orkut, Twitter e todos os meios baseados em comunicação comunitária na web - e socialnomics (a chamada "economia social"), Erik Qualman (@equalman), mostra como a internet mudou em seus números. Superando até mesmo o sucesso de sites pornográficos e conquistando mais popularidade entre as gerações Y e Z (pós anos 2000) do que o e-mail, os chamados Social Media são realmente os espaços mais populares emergentes da web.

O vídeo foi divulgado no final do mês de julho. Para aqueles que não estão interados na influência desses espaços, é a prova viva que o uso constante deles só tende a intensificar atuação na internet. A questão que fica é: apesar dos números favoráveis, somos capazes de fazer bom uso dessa comunicação que vai além de conversas privadas? Ou ainda ficamos restritos na publicidade e nos assuntos banais do cotidiano, dentro das comunidades?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

E começa o ano de James Cameron

Senhores, hoje é o Avatar Day. A revolução prometida James Cameron acaba de começar. Em vez de uma promoção e lenta e gradual do filme, com trailer 1, trailer 2 e trailer 3, o que veremos hoje é um evento de proporções mundiais. Será um evento simultâneo em 120 cinemas IMAX e 3D pelo mundo, exibindo um filme inédito da produção que promete revolucionar o modo gráfico que se faz cinema.

Se o filme vai ser tudo isso, à partir de hoje é o de menos. O que importa é que, com esta idéia, James Cameron acaba de revolucionar a forma de promover os filmes, algo que promete ser muito mais impactante do que tudo já feito até agora.

É verdade que apenas o nome de James Cameron já pesa muito. Afinal, é seu primeiro filme desde Titanic. Mas tudo que envolver o mega-projeto de Cameron agora poderá grandioso, e, dificilmente, seu filme não será o maior do ano. Há quem diga nos EUA que o diretor pode até repetir o feito de Titanic. Estranhamente, aqui no Brasil, quase ninguém fala sobre e ninguém ouviu, exceto, é claro, aqueles que são mais abertos quanto ao cinema. Para os críticos que acham que arte é só aquilo que é mal feito, Avatar não existe.

Festival da Pinga de Parati: danças, músicas e... muitas pingas!


Começou ontem, dia 20, o 27º Festival da Pinga de Paraty e de Produtos Típicos Caiçara, que segue até o dia 23 deste mês. O evento conta com apresentações de dança folclórica, variedade gastronômica (regada de diversos tipos de pinga) e muita música.

Além dos grupos caiçaras como a Ciranda Elétrica, o Trio Virgulino, que apresentaram ontem, Antônio Nóbrega (21/08) e Almir Sater (22/08) marcam presença na cidade de influência mineira, carioca, paulista e portuguesa.

A seguir, a programação do evento, fotos da noite de ontem e em breve mais informações.

PROGRAMAÇÃO

QUINTA FEIRA: 20/08

20h00 - Desfile de Abertura - Cia Dança e Arte
Roteiro: Av. ROberto Silveira - CEntro Histórico - Praça da Matriz
Banda Santa cecília

Palco:
21h - Apresentação de danças folclóricas
22h - Concurso Rainha do Festival
23h - TRIO VIRGULINO

SEXTA FEIRA: 21/08

18h - Desfile Temático - Roteiro acima

Palco:
20h - Jongo do Quilombo do Campinho
21h - Maracatu - Plmeira Imperial
23h - ANTÔNIO NÓBREGA

SÁBADO: 22/08

Coreto:
12h30 - Grupo Nova Onda
14h - Ari e Erivelton (Chorinho)
15h30 - Grupo Coquetel do Samba
17h - Grupo Unidos Farta - Cirandeiros 7 Unidos
18h - Choro das 3

Palco Principal:
20h - Ciranda Elétrica
22h - Cia. Dança e Arte Paraty
23h - ALMIR SATER

Um Passeio na História - 19h na Praça da Matriz:

"Trata-se de um tour caminhando pelas ruas do Centro Histórico de Paraty, com personagens que aqui viveram e fazem parte da história local. Apesar de terem vivido em séculos diferentes, neste tour eles convivem, passando uma ideia atemporal. Falam não só da história, mas também da vida que aqui se levava nos séculos XVII, XVIII e XIX, tendo as ruas, o casario e Igrejas como cenário.” (Marília van Boeckel)

Itinerário: Itinerário:Saída da Praça da Matriz, seguindo para a Casa da Cultura, Igreja Santa Rita, Rua do Comércio, finalizando na Praça da Matriz.
Duração aproximada: 1 hora.

DOMINGO 23/08

11h - Choro das 3
12h30 - Ilsinho e Violão
14h - Toke Surpresa
15h30 - Coroas Cirandeiros
17h - Haytá

Palco:
21h - Danças Típicas
22h - PIMENTA DO REINO



Entre as luzes, os tecidos balançam

Crianças, adolescentes e adultos


brincam


de roda


dançam


o folclore, a terra


Aplaudem a cultura caiçara.

fotos: Luma Ramiro

por Luma Ramiro, caiçara diretamente de Parati-RJ

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Crack no site da Record


Às 14h40 do último sábado, dia 15, o site oficial da emissora Record foi crackeado (invadido), com todas as informações apagadas e substituídas pelos dois textos acima.

O grupo se denominou "Skynet Group" (numa clara alusão aos robôs do filme O Exterminador do Futuro) e fez uma defesa da Rede Globo de Televisão, que atacou a emissora da Igreja Universal do Reino de Deus consecutivamente em seus noticiários semana passada. Esses crackers também assumiram a autoria de invasões feitas ao servidor da Telefônica em julho deste ano, alegando que as razões foram a "falta de capacidade e educação dos atendentes" da empresa.

Fica a dúvida no ar: ações criminosas de invasão são justificáveis contra empresas grandes como essas? Será que a disputa entre as duas emissoras - Globo e Record - foi diretamente responsável pelo acontecimento, ou foi apenas fruto de jovens querendo se destacar?

O website da Rede Record já está com seus dados recuperados.

Corrigindo alguns: o termo correto é CRACKEAR. O ato de HACKEAR não está relacionado necessariamente a invasões. Dominar todas as informações de um programa é uma atitude hacker sem, necessariamente, ser fora-da-lei ou nociva (cracker).

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Feliz aniversário, Kind of Blue!

Há exatos cinquenta anos era lançado um dos mais influentes álbuns da história do jazz. Gravado em 2 de março e 22 de abril de 1959, em Nova York, o álbum Kind of Blue foi lançado em 17 de agosto do mesmo ano. Criando uma nova linguagem musical, com improvisações baseadas em séries de escalas ao invés de em acordes maiores ou menores, Miles Davis, Julian Adderley, John Coltrane, Bill Evans, Paul Chambers e Jimmy Cobb revolucionaram os rumos do jazz e inscreveram Kind of Blue na história da música do século XX.

domingo, 16 de agosto de 2009

Fadas que vem lá...



Were the World Mine foi muitas vezes chamado de “High School Musical gay” pela crítica norte-americana. Mas, quem o assiste afirma que ele é muito mais que isso.

Durante a montagem baseada em Sonho de uma Noite de Verão na aula de teatro, Timothy, garoto excluído por ser gay em um colégio só de meninos, acaba descobrindo o elixir do amor, utilizado por seu personagem na peça para enfeitiçar todos os outros personagens. Além de fazer com que Jonathan, o capitão do time de rugby do colégio, se apaixone por ele, o “cupido” acaba transformando grande parte da cidade em homossexuais.

O musical une o "inglês formal de Shakespeare" com batidas eletrônicas para tratar de amor como tema. O que mais chama a atenção no filme são os diálogos, eles fogem do lugar comum e das gírias moderninhas da juventude americana e chegam a citar ou parafrasear Shakespeare na “cara dura”. O elenco também é um caso especial, apesar de não possuir nenhuma figurinha carimbada. Tanner Cohen faz um trabalho muito bom de voz e de caracterização. Outro destaque é Zelda Williams (filha do ator Robin Williams), que acaba tomando a cena e dando um clima mais “moderninho” as músicas que participa.

O filme foi tomando prêmios de todos os festivais que concorria e sendo proibido e criticado em todos estados que passava, pois, segundo eles, “passava uma idéia errada" de Willian Shakespeare. Panfletário ou não, para fãs de Shakespeare ou não ou para simpatizantes da causa ou não, Were the World Mine é um filme que merece ser assistido.

Desenvolvimento Sustentável – Uma Antiga Novidade

Antes se falava em ecologia, e hoje se luta pelo desenvolvimento sustentável. Este novo termo, apesar de tratar de uma preocupação antiga, tem como objetivo unir o desenvolvimento da humanidade e a sustentabilidade dos recursos naturais do planeta. Depois de décadas tratando o meio ambiente como fonte inesgotável, é difícil mudar drasticamente o comportamento, embora seja necessário. O aquecimento global, os buracos na camada de ozônio, o desmatamento, e a diminuição das reservas de água potável poderiam ter sido evitados ou, pelo menos, atenuados por iniciativas dessas.

Desde a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento em Estocolmo (Suécia, 1972) a raiz dos problemas ambientais ficou exposta, apontando falhas na educação, inclusão social, saúde, desigualdade, pobreza, crescimento populacional e consumismo. É uma exploração desenfreada de recursos. As Conferências em Estocolmo e no Rio de Janeiro (ECO-92) - onde a Agenda 21 foi assinada por aproximadamente 170 países - e o Protocolo de Kyoto (1997) já alertavam das causas e consequencias do mau uso dos recursos naturais que vemos e vivemos atualmente.

Hoje, quase 40 anos depois, ainda se discutem formas de conscientizar a população sobre os problemas globais. Então as escolas, ONGs e projetos entram em cena fazendo palestras, feiras e atividades para educar crianças e adultos. Um exemplo é a FIBoPS (Feira Internacional para as Boas Práticas Socioambientais) que este ano terá sua segunda edição e apresentará diversas palestras e seminários.

Para Marilena Lavorato, diretora do Instituto Mais, realizador da Feira, o problema ambiental será resolvido com mudanças de comportamento e no uso da tecnologia. “Você tem que mudar seus hábitos, tem que ter inovações tecnológicas, e tem que ter incentivo nessa direção. Uma demanda por qualidade de vida, ou por produtos que não coloquem em risco essa qualidade de vida, vai ser essencial”. Além disso, Marilena diz que falar o óbvio é muito difícil, que a evolução é demorada, e que palestras são importantes para acelerar o tempo de migração para o modelo sustentável.

Laureano Silveira, no livro Desenvolvimento Humano e Desenvolvimento Sustentável: O Papel da Escola no Século XXI (de 2005), dá à escola “a enorme responsabilidade de conduzir a humanidade para um estádio de conscientização que a proteja das irracionalidades locais e globais”. Marta Campos, coordenadora geral da área de comunicação e apoio pedagógico do Ensino Fundamental da Escola Viva, trabalha com educação socioambiental, garantindo que as crianças aprendam desde cedo - e diariamente - a importância da sustentabilidade.“Vira rotina, vira parte, se apropriar do valor e exercer esse valor na prática, esse é o fundamental.”

Além da FIBoPS, que é gratuita e acontecerá nos dias 1 a 4 de setembro no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, e da Escola Viva, há inúmeros projetos e encontros no Brasil. As abordagens são diversas: algumas usam palestras e educação, como o Criança Ecológica, em São Paulo; e os Embaixadores do Meio Ambiente, no Guarujá. Outras iniciativas utilizam novas técnicas e tecnologias, como o site clickarvore, espaço onde você pode "plantar" uma árvore por dia; o Prêmio EcoPET, na área de reciclagem de materiais; e a academia ecológica ECO FIT, em São Paulo.

Apesar dos esforços, o conceito de desenvolvimento sustentável ainda não atingiu a expansão necessária para garantir uma longa e saudável vida para as próximas gerações. Mas, como disse a antropóloga norte-americana Margaret Mead (1901-1978), “nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos comprometidos e preocupados pode mudar o mundo. Na verdade, ele é o único que alguma vez já conseguiu."

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Chickenfoot

A meia idade faz bem ao Hard Rock

Supergrupos não tem vida muito longa. Geralmente são feitos por um bando de caras que tem muito nome, que na maioria das vezes sabem tocar muito, mas, por obra do destino, não tem mais por onde fazê-lo. Foram os casos do Velvet Revolver e do Audioslave. Agora temos o mais novo membro da espécie que nasce com nomes de peso: Chickenfoot. Um nome engraçado pra uma banda formada por caras como Sammy Hagar, Joe Satriani e Michael Antony. Juntos com o baterista Chad Smith, ex-membro do Red Hot Chilli Pepers, o Chickenfoot resolveu fazer algo impensável no mainstream de hoje: o bom e velho Hard Rock. Sem frescuras, sem modernizações e só puro talento.

O talento dos quatro homens de meia idade nunca foi questionável, mas a forma deles sim. Que Satriani toca em trezentos projetos por ano e o mundo sabe do que ele é capaz, isso ninguém duvida. Mas quanto a Sammy Hagar e Michael Antony, a questão era outra: Antony foi enxotado por telefone na volta do Van Halen, e muitos questionaram sua carreira. Já Hagar há muito tempo não se colocava para cantar de verdade, em algo grande. O que se pode dizer é que o resultado é uma grande surpresa.

Com uma levada um pouco mais swingada que o Van Halen na fase de Hagar, clara influência da bateria de Smith, e conduzido pela guitarra mais pesada e menos virtuosa de Satriani, o Chickenfoot faz um tipo de música que não se imaginaria sendo feita há 20 ou 25 anos, mas que nos remete inevitavelmente àquela época. A vontade que passa por nossas cabeças ao ouvir algumas músicas do álbum é de pegar um carro e dirigir com a janela aberta por rodoviárias. O típico clichê do rock, mas sem a conotação negativa da palavra.

Tecnicamente falando o álbum soa extremamente equilibrado para um supergrupo. É verdade que em muitos momentos a guitarra de Satriani se sobressai sobre o resto, mas de uma forma natural e extremamente benéfica. Michael Antony conduz uma "cozinha" poderosa, que ao mesmo tempo lembra as estruturas clássicas do Hard Rock, porém com seu toque único. A música é liderada por um dos grandes baixistas do gênero e um baterista com estilo completamente diferente – pois Chad Smith realmente é distinto. A combinação dos três é simplesmente bombástica.

Em músicas como “Oh Yeah” e “Sexy Little Thing”, sentimos que eles tocam juntos há décadas. Na maravilhosa “Future in the Past” visualizamos o ápice do talento de cada músico. Dessa forma, o trabalho do vocalista poderia até ser facilitado, mas quando quem segura o microfone é Sammy Hagar, o normal não é o bastante. Se David Lee Roth é a cara do Van Halen quando pensamos na fase “Jump”, são poucos que questionam a evolução melódica que a banda teve quando passou a ter Hagar como voz. E mesmo batendo na casa dos 60 anos, “Red Sammy” ainda mostra uma potência vocal assustadora. Não há uma falha sequer durante as doze faixas do álbum.

Pode ser verdade que supergrupos não duram muito. Dois, três álbuns depois eles acabam. Assim como também é verdade que a maioria deles não contribui em nada para a música – vide Velvet Revolver. Mas seguindo a tradição dos dois primeiros álbuns do Audioslave, o Chickenfoot mostra que tem sim algo a dizer. Ou melhor dizendo: não, eles não tem nada para dizer, porque isso é coisa de moderninho. Eles simplesmente querem entrar em um estúdio, ligar os amplificadores e tocar, tocar e tocar. Algo básico, prático, simples e que não se via no rock há algum tempo.

Banda: Chickenfoot
Álbum: Chickenfoot
Músicas: 12 faixas
Distribuidora: Importado

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Falece Les Paul: o revolucionário da guitarra elétrica

Com furo da Rolling Stone norte-americana (e várias matérias de jornais até revistas especializadas saindo ao mesmo tempo na internet), a morte do guitarrista Lester William Polfus, conhecido como Les Paul, aos 94 anos, hoje, foi lamentada no mundo todo. O falecimento ocorreu por causa de uma pneumonia que o levou a internação no Hospital White Plains, em Nova Iorque.

Inventor de do primeiro modelo de guitarra maciça, com captadores maiores e mais tonalidade do que a concorrente Fender, o homem colocou a marca Gibson no topo da categoria desse segmento de instrumentos e revolucionou a arte de criar música. Essa reviravolta marcou a década de 1940 e deu origem a uma geração de culto à guitarra elétrica.

A gravação em multi-canais também foi uma invenção dele, que também ajudou na implementação de efeitos na produção musical. Grandes nomes do rock como Jimmy Page, Paul McCartney, George Harrison, Eric Clapton (no começo de carreira) e até o jazzista Al Di Meola foram beneficiados pelas criações de Les Paul. Saul "Slash" Hudson, ex-guitarrista do Guns´N´Roses e atual Velvet Revolver, twittou seus pêsames pela perda do mestre, chamando-o de "meu amigo e mentor".

O tradutor Daniel Farina, da Whiplash!, trouxe uma matéria completa da CNN em português, acompanhada por outras sobre a origem da guitarra. Detalhes, clique aqui.


Gibson Les Paul modelo Classic. Um trabalho pioneiro.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Record e Globo: a hora de ir pro pau!



A Globo e a Record finalmente entraram em guerra declarada. Se isso estava rondando a relação das duas emissoras nos últimos dois anos, ontem o pavil de ambas chegou ao fim. Aproveitando a reabertura de um processo contra Edir Macedo, o Jornal Nacional fez uma reportagem de 10 minutos sobre o tema. Comandada por César Trali, a emissora bateu pesado na figura de Macedo e não hesitou em citar a Rede Record ao explicar o esquema de lavagem de dinheiro.

No Jornal da Globo, exibido à 00:15, a mesma reportagem foi reprisada, com direito a um tom mais pessoal usado por William Wack. Como era de se esperar, a Record não deixou barato, e desde seus primeiros programas da manhã anunciou a “verdade por trás das acusações da Rede Globo”. Resultado do troco: três reportagens exibidas em sequencia no Jornal da Record, resultando em mais de 15 minutos de ataques à Globo.

Não faria sentido descrever pontualmente cada reportagem, pois daqui a alguns minutos ambas estarão na internet. Mesmo assim, alguns pontos merecem e devem ser destacados. O primeiro deles é que a partir de agora a duas maiores redes de tv do país estão em uma guerra aberta. É uma relação mais agressiva que qualquer uma já vista desde a antiga briga Globo x SBT. O segundo ponto, este mais claro, é o uso do jornalismo como arma principal na briga entre as duas emissoras. Se a Record enfrenta o SBT em uma guerra de contratações, a disputa com a Globo é mais aberta – e suja.

E o terceiro e último ponto: na hora de fingir jornalismo, a Globo foi infinitamente mais competente. Primeiramente porque a acusação com Edir Macedo é sim noticia, tanto que foi noticiada em todas as outras emissoras abertas do país. A partir disto, a Globo se focou na figura de Edir Macedo e da Igreja Universal. Não é dificil criticar a ambos, que têm um longo histórico de denúncias e acusações. A Record foi citada duas vezes, como instrumento de lavagem de dinheiro. É uma acusação grave, no entanto, com evidências.

A Record não tinha argumentação nenhuma contra a Globo. O que se viu em seu jornal, apresentado pelos ex-globais Marcio Freitas e Ana Paula Padrão, foi um longo retrospecto de suspeitas e denuncias contra a Globo desde sua existência. Desde o contrato com a Time-Life, passando pelo apoio à ditadura, até uma denuncia sem muito embasamento sobre um suposto envolvimento da Globo em tentativas de impedir a reeleição de Lula. Enfim, especulações que podem se ouvir em todo lugar, mas sem algo básico para o jornalismo: evidências.

Em uma batalha deplorável onde o jornalismo de verdade foi esquecido e com apenas tranvestidos falando, a Globo mostrou muito mais competência na hora de fingir. A Record vem tentando copiar a Globo há tempos, mas não tem conseguido, e hoje percebeu-se porque. Falta competência, talento na produção e edição de reportagens. Falta, principalmente, uma noção que a Globo aprendeu a duras penas na retomada da democracia: que o telespectador pode não ser um gênio, mas não é tão burro quanto às vezes pode parecer.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

As diversas questões sobre o Twitter

O especialista em mídias sociais, e autor de publicações como Conectado e o blog NãoZero, Juliano Spyer (@jasper) lançou, às 16hrs de hoje, diretamente na internet, o livro Tudo o que você precisa saber sobre Twitter.

Com prefácio escrito pelo apresentador de TV Marcelo Tas (@marcelotas) em colaboração com muitos outros "twitteiros", o material consegue abordar os diversos usos do Twitter - individual, público, corporativo, político, publicitário e até jornalístico. Sendo um e-book, um livro inteiramente digital, ele dá os links das fontes na rede, além de ter uma linguagem bem sintética que explica histórias de muitas pessoas que se aventuraram em 140 caracteres.

Uma excelente iniciativa que pode desembocar em muitas pesquisas sobre essa mídia social. Spyer constantemente compara o Twitter ao seu "bar favorito", que é uma comunicação muito diferente da individual e, por outro lado, que não é totalmente pública. A personalização das páginas dos twitteiros tem objetivos diferentes, que destoam da pergunta "what are you doing?", "motor" inicial dessa rede.

Para baixar ou ler na rede, confira aqui.

domingo, 9 de agosto de 2009

O Livro Musical?

Literatura na música? Incoerente, algo que não pode acontecer. Impossível transmitir todo o significado de um texto consagrado em um punhado de melodias, não concorda? A banda alemã de heavy metal Blind Guardian vai contra essa visão e incorpora uma das histórias mais complexas escritas por John Ronald Reuel Tolkien, mesmo autor de Senhor dos Anéis, em um trabalho único. Em Nightfall in Middle-Earth, o livro Silmarilion é incorporado em 22 faixas que contam sobre a Guerra das Jóias e de Morgoth, primeiro senhor negro de Arda. O material foi um marco para o grupo em 1998. CD válido tanto para fanáticos pelos livros, quanto para fãs da banda e para pessoas que ainda não estão completamente familiares sobre Tolkien.

Capa do CD: a elfa Lúthien sedutora, Morgoth com a coroa de Silmarils e o lobo Carcharoth

Por Pedro Zambarda

War of Wrath abre com as suplicas de um personagem muito comentado em Senhor dos Anéis por Tolkien: Sauron, servo de Morgoth no começo dos tempos. Ele lamenta o avanço dos Valar, inimigos do senhor negro. Melkor, conhecido como Morgoth, convoca a fidelidade de Sauron e também teme a perda da batalha para os inimigos da luz. Com essa história, o álbum começa seu conto parcial.

Com a guitarra distorcida e bem destacada de André Olbrich, a música Intro the Storm “explode” acompanhada pelo vocal ora rasgado, ora melódico, do vocalista Hansi Kürsch. O diálogo da aranha Ungoliant e Melkor/Morgoth nas letras narram, na verdade, a fuga deles de Valinor, terra dos deuses Valar. Lammoth é a terceira faixa, que representa o grito de Morgoth no meio de uma tempestade de areia, separando-se da aliada aracnídea.

Em Nightfall, que sintetiza a idéia do álbum do Blind Guardian, há uma mudança tanto nos instrumentais quanto na narrativa. Falando sobre a vingança do elfo Fëanor, descendente dos Valar, e seus 7 filhos por causa do roubo das jóias Silmarils, a música é acompanhada por um coro das vozes de todos os integrantes da banda, soando praticamente como uma ópera, especialmente no refrão principal. Marcus Siepen, na guitarra base, e Thomas Thomen Stauch, bateria, dão todo o toque pesado na música para que André guie um solo bem variado em toda a melodia. Nightfall / Quietly crept in and changed us all / Nightfall / Quietly crept in and changed us all / Nightfall / Immortal land lies down in agony. É o grito de guerra dos imortais contra a escuridão de Morgoth.

Novamente quebrando o ritmo, The Ministrel tem todo o acústico e o tom jovial das músicas de bardos, trazendo apenas um interlúdio de incerteza para a próxima música. The Curse of Fëanor irrompe com uma bateria coordenada e a voz rasgada do vocalista Hansi, expressando a maldição e lamentações que Fëanor atirou contra Morgoth, fazendo os próprios descendentes jurarem vingança pelo roubo das Silmarils e pelo terror em Arda, a Terra-Média. A música retoma, na verdade, o tema principal de Nightfall, mas detalhando o personagem protetor das raças élficas, e descendente dos Valar. Don't fear the eyes of the dark lord / Morgoth I cried / All hope is gone but I swear revenge / Hear my oath / I will take part in your damned fate.

Do lado do senhor negro, Captured é outro interlúdio, que mostra a captura de Maedhos, outro dos filhos de Fëanor. Em Blood Tears, o elfo foi liberado por Morgoth, mas relata seus horrores na presença do mal. Os violões de Marcus e André começam a música de uma forma mais leve, antes da explosão do vocal de Hansi e a bateria de Thomas. Ela termina mais pesada, apesar de alguns momentos mais pausados onde o vocalista marca presença com sua potência sonora. Hansi Kürsch é o fio condutor de Blind Guardian.

Mirror Mirror é conhecida por ter um dos clipes mais populares do Blind, além de ter passagens pesadas combinadas com um refrão que gruda na cabeça. Mirror Mirror on the wall / True hope lies beyond the coast / You're a damned kind can't you see / That the winds will change / Mirror Mirror on the wall / True hope lies beyond the coast / You're a damned kind can't you see / That tomorrow bears insanity. A música, saindo da narrativa Fëanor versus Morgoth, adentra na história de Turgon, que construiu a cidade “fantasma” de Gondolin auxiliado pelo Valar, deus das águas, Ulmo.

Condemned we are / We brought hope, but also lies, and treachery. Em Face The Truth, o interlúdio de um narrador misterioso coloca o destino dos próprios elfos em dúvida, ao contrário da mudança de Mirror Mirror. Um violão seguido por uma guitarra com distorção e delay inicia a música Noldor (Dead Winters Nights), que apresenta a raça élfica de Fëanor, os noldorianos. O coro de Hansi, incorporado na fala do elfo Fingolfin, é um dos mais inspirados nessa fase do CD, anunciando outra vitória de Morgoth sobre os elfos filhos dos deuses Valar.

Battle of Sudden Flame narra a vitória de Morgoth e seus Balrogs e dragões sobre o cerco de Angband, dos Noldor. Suddely everything's gone / For all Noldor / From now on my life. A bateria de Time Stands Still (at the Iron Hill) narra, no meio do conflito contra Morgoth, a defesa heróica de Fingolfin, líder noldoriano que consegue ferir o senhor do escuro 7 vezes em Angband, falecendo após esse feito. The Dark Elf é outro prelúdio para a que narração da traição do elfo Maeglin em Gondolin, a mesma cidade de Mirror Mirror. Novamente o Blind Guardian solta a voz de todos os integrantes na música Thorn.

To the Eldar / I'm trapped inside this dream / Of the Eldar's / Song of doom. Um coro de vozes acompanhado apenas por piano é base de The Eldar. A música é uma lamentação pelo destino trágico dos elfos ao enfrentar Morgoth, chamados nos primórdios de eldar, o povo imortal. Traduz o paradoxo de um povo abençoado na desgraça do escuro, através de notas tocadas em um ritmo constante. Uma mensagem pesada, com uma harmonia leve e um vocal sereno que ganha vigor em sua conclusão.

Nom The Wise é a lamentação do humano Beren sobre a queda de Finrod, outro grande elfo, na guerra. Em seguida, sendo a música mais pesada e com bastante melodia, When Sorrow Sang destoa do CD inteiro, soando mais como uma música de thrash metal com tudo o que ela tem direito: vocal rasgado e guitarras com volume alterado. Hansi Kürsch canta sobre o sofrimento de Lúthien, a elfa azul da capa do álbum. Ela consegue adormecer Morgoth com sua música e é caçada pelo lobo Carcharoth. Em tom épico, a música narra um momento decisivo da Guerra das Jóias, quando os Silmarils são recuperados para os elfos pelo preço de dois sacrifícios – como o do mortal Beren.

Dois interlúdios que se seguem cansam um pouco a audição do CD, mas não comprometem a história que ele narra. Out Of Water faz uma breve saudação do último lugar que Beren e Lúthien habitaram em vida, enquanto The Steadfast é um grito de repúdio de Morgoth para aqueles que não revelaram segredos de Gondolin, reino dos Noldor.

The Dark Passage narra a quinta vitória de Morgoth no conflito pelos Silmarils e o controle de Arda, a Terra-Média. As progressões da bateria em sincronia com as guitarras conseguem demonstras as nuances do livro Silmarilion, que é complexo em sua história extensa, envolvendo muitas gerações de personagens contra o senhor Melkor/Morgoth. The Final Chapter (Thus ends...) mostra que a narrativa musical de Blind Guardian se encerra com outra vitória do mal, mas que os elfos ainda tem esperança de virar esse cenário. Thus ends the fifth battle / By the treachery of men the field is lost / The night falls and great is the triumph of evil / A new star shall arise / And a new day shall come, again.

Quem não é fã de J.R.R.Tolkien, dificilmente vai gostar do material do álbum, que procura realmente contar uma história e não apenas torná-la musical. No entanto, mesmo aqueles que não leram Silmarilion vão se deliciar com músicas como Nightfall, The Curse of Fëanor, Noldor (Dead Winter Nights), Time Stands Still (at the Iron Hill), Mirror Mirror, When Sorrow Sang e The Dark Passage. 98 foi um ano inspiradíssimo para Blind Guardian, que conseguiu transformar literatura em música, mesmo parcialmente. Silmarilion possui muito mais histórias, passando da ascensão e queda do deus Morgoth até o crescimento de Sauron, seu servo Maia e sucessor.

Vídeo de Mirror Mirror, para os leitores terem um gostinho do álbum:

sábado, 8 de agosto de 2009

A liberdade de criação na Cuba socialista

Exposição de cartazes cinematográficos traz a arte liberal cubana pós-Revolução

Cuba: país recluso, comunista. Atributos que, aparentemente, não inspiraria nenhum artista. Pelo contrário, a ausência do caráter comercial trouxe liberdade de criação para doze designers, cujos cartazes cinematográficos estão reunidos na exposição "Cartazes Cubanos – Um Olhar sobre o Cinema Mundial", na Caixa Cultural São Paulo.

Além do filme, os trabalhos, datados de 1965 a 1992, retratam as inovações artísticas de períodos distintos. Todos medem 51 cm X 76 cm e foram produzidos através da serigrafia, técnica de impressão em tela, geralmente de seda. Um televisor exibia o documentário Poética Gráfica Insular, que inseria os cartazes nos postes de Havana.

A ideologia não influenciava a escolha dos filmes. Produções soviéticas, polonesas e tchecoslovacas dividiam espaço com filmes de países capitalistas, como Japão, Inglaterra e Estados Unidos, cada um com seu cartaz "made in Cuba". Diretores renomados não eram esquecidos, o caso de Sergei Eisenstein, Alfred Hitchcock e Glauber Rocha.

O colorido dos trabalhos das décadas de 1960 e 1970 tem inspiração psicodélica. Alguns exemplos são os cartazes A Odisséia de General José (1969), de Antonio Pérez González (Ñiko); Caminho e Fim de Saturno (1969), de Eduardo Muñoz Bachs (1937-2001); A Revolução dos Inconfidentes (1972), de Jorge Dimas González; e Moby Dick (1968), de Antonio Fernández Reboiro.

A década de 1980 aparece pouco na exposição. A produção de cartazes neste período teve desempenho fraco em virtude da crise econômica, prejudicando a indústria cinematográfica cubana e a exibição de filmes estrangeiros na ilha. Os trabalhos da época denotam forte apelo cômico.

Destaque para Bachs. Seu cartaz para o documentário cubano Antes tarde do que nunca (1987) traz um relógio-despertador dormindo na cama. Já para o filme argentino Esperando a carroça (1986), Bachs mostra um homem, a princípio morto – porém sorrindo e com os olhos abertos –, dentro de um caixão servindo de apoio para corvos.

O ápice do humor, no entanto, aparece no cartaz de Néstor Coll para a Mostra de Filmes Restaurados pela Federação Internacional de Arquivos Filmográficos (FIAF). Trata-se de Carlitos, clássico personagem de Charles Chaplin, dentro de uma cela e vestindo um uniforme semelhante à película.

A pluralidade de conteúdo presente nas obras dos designers cubanos impressiona, num primeiro instante, por serem de Cuba, país fechado à economia capitalista. Exatamente essa independência em relação ao mercado proporcionou aos artistas maior liberdade para criar e se inspirar nas tendências políticas e culturais de meados do século XX. Criatividade e originalidade em simples telas de seda.

Serviço
Cartazes Cubanos – Um Olhar sobre o Cinema Mundial
Local: Caixa Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111).
De 5 de agosto a 13 de setembro.
Terça a domingo, das 9 às 21h.
Informações: (11) 3321-4400
Entrada franca.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

The Conduit: perfeição e decepção em dois extremos

A expectativa em torno de The Conduit foi grande desde o momento de seu anúncio, em outubro de 2008. Isso aconteceu por ser um dos poucos jogos de tiro em primeira pessoa (first person shooter, ou FPS) exclusivos para o Nintendo Wii e por ser o primeiro a usar o periférico Wii Speak online. Após seu lançamento, em 23 de junho, reviews começaram a figurar nos principais sites de crítica surpreendendo a todos, com notas e análises muito abaixo do esperado.

O jogo está longe de ser um fracasso total, mas justifica a decepção dos donos de Wii que esperavam uma nova obra-prima da Sega. The Conduit tem dois extremos: tecnicamente, beira a perfeição, mas seu desenvolvimento é o que fez com que as notas dos sites críticos fossem baixas.

A Sega explorou muito bem as capacidades gráficas do Wii e produziu um dos jogos mais bem detalhados do console. As texturas, apesar de repetitivas, não têm o visual poligonal que alguns jogos da nova geração têm, e a taxa de quadros não cai nem um pouco mesmo com a tela infestada de inimigos. Embora simples, os efeitos sonoros estão no mesmo patamar dos gráficos e contribuem com a atmosfera do jogo.

É nos controles, entretanto, que o jogo tem seu maior mérito. O sistema de controle do Wii permite que a experiência de FPS seja única em relação a dos outros consoles, já que o jogador tem controle absoluto do cursor. Em The Conduit, essa capacidade fica evidente. Com a sensibilidade do Wiimote ajustável e vários comandos de movimento, a ação no jogo é levada a outro nível.



O problema é que todo o trabalho em torno da parte técnica do jogo não tem para onde evoluir, já que The Conduit é curto, repetitivo, raso e cheio de clichês. Tratar de uma invasão alienígena na capital norte-americana com o envolvimento de uma organização secreta do governo em fases nas quais o objetivo é avançar até o próximo ponto eliminando todos os inimigos no caminho resume o que vai acontecer nas curtas nove missões do jogo. Em termos de ação, The Conduit dá conta do recado, mas não traz nada além do básico "atirar-avançar". Na verdade, há alguns poucos extras secretos para serem encontrados durante o jogo, mas nada que altere o andamento ou a experiência, apenas caprichos para quem gosta de completar os 100% do modo campanha.

O modo multiplayer online segue os mesmos parâmetros do modo para um jogador – oferece ação e perfeição com os controles, mas poucas opções e monotonia, embora contemple espaço para até 12 jogadores simultâneos. A começar pelas frequentes falhas na conexão com o servidor e na demora para encontrar jogadores. Os mapas são mal construídos e não oferecem nenhuma margem para planejamentos estratégicos, fazendo com que os confrontos sejam decididos mais pela sorte de encontrar um inimigo desprevinido que pela habilidade. Em alguns deles, se um dos times dominar certa área, é praticamente impossível de virar o jogo. Por fim, o Wii Speak, pode ser usado somente com em jogos com seus amigos (através dos Friend Codes) e não representou uma grande novidade. O interesse pelo multiplayer se esvai após algumas poucas partidas.

A Sega mostrou com The Conduit que, mesmo estando fora do mercado dos hardwares desde o fim do Dreamcast, ainda acerta a mão nos jogos. Explorou a parte técnica, mas faltou trabalhar em questões que não dizem respeito à tecnologia, como o enredo, a inclusão de puzzles e objetivos mais específicos nas missões. Também deram uma melhora no design territorial dos mapas multiplayer para oferecer uma experiência mais rica e duradoura nesse modo, que é o grande atrativo dos novos consoles.

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