segunda-feira, 26 de março de 2012

Sob(re) Jogos Vorazes




Não é difícil entender porque Jogos Vorazes divide a opinião de quem vai assistir a primeira parte de uma trilogia um tanto macabra. Apesar de ser comparado e considerado um tipo de substituto para franquias como Harry Potter e a saga Crepúsculo, a plateia mais jovem tem dificuldades em entender a real proposta e discussão do novo filme de Gary Ross (Quero Ser Grande e Seabiscuit).

Em uma realidade paralela, a pobreza e a fome reinam nos 12 distritos que um dia se rebelaram contra a Capital (onde a Lady Gaga seria a rainha do estilo) e perderam a guerra. Para relembrar o passado e “celebrar a paz”, é feito um sorteio anual e cada distrito envia dois tributos (um menino e uma menina de 12 a 18 anos) para os Jogos Vorazes - uma espécie de Big Brother da morte onde os 24 jovens lutam entre si e apenas um sai vencedor.

Ross não poupou nas cenas de disputa: Criou um filme forte, obscuro e violento, direcionado completamente para o público adulto e para o qual a faixa etária deveria ser 16 anos, e não 14. Mas, sobretudo, e essa é sua característica mais importante: O filme nos leva a pensar. Nas mortes em vão, na violência infantil gratuita, nos limites do ser humano, na moral, e na sociedade do espetáculo.

Se não houvesse audiência, não haveria apoio. Se não houvesse morte, não haveria um vencedor. Se não houvesse um vencedor, não haveria programa. Se não houvesse programa, os distritos não seriam mais aterrorizados pela iminente e contínua perda de alguns dos seus.

É interessante a maneira como as coisas são postas e como cada um lida com os acontecimentos. Em um talk show, cada tributo se apresenta e tem a oportunidade de ganhar afeto do público e chamar a atenção dos patrocinadores, que ajudam seus favoritos. O primeiro distrito, por exemplo, treina seus jovens desde cedo, visando vitória.

Os Jogos, já em sua 74ª edição, são vistos como uma fatalidade honrosa e são narrados e avaliados com precisão médica e como se não se tratassem de crianças. E o jornalismo tem o papel principal nessa interpretação e apresentação dos fatos – principalmente para animar as torcidas insanas e passar a impressão de um American Idol, e não uma edição adolescente de Jogos Mortais. Ajuda na aceitação. Até alguém contestar as regras.

Os Jogos são um mal necessário. Mas são mesmo?!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Por que os estudantes de faculdades privadas também protestam?


Um texto de opinião que eu não podia deixar de escrever, com os recentes acontecimentos.

No começo do mês, dia 5 de março, o professor de Técnicas Jurídicas Edson Flosi foi demitido da Faculdade Cásper Líbero, instituição em que também atuou como advogado. Sensibilizado com a situação de Flosi, Caio Túlio Costa, professor de Ética Jornalística, pediu demissão no dia 15 de março. Em sua carta, Caio Túlio alegou que a faculdade tem infraestrutura precária e ainda cometeu um abuso com a demissão do outro professor, que estava afastado da sala de aula por conta de um câncer, mas ainda exercia as atividades de consultor jurídico.

Resultado: Alunos fizeram protestos na frente da Cásper na sexta-feira, dia 16. Na segunda, 19, uma assembleia promovida pelo Centro Acadêmico Vladimir Herzog lotou o quinto andar, onde fica o curso de jornalismo. Nesse mesmo dia, Flosi deu uma entrevista à rádio CBN alegando que os espaços da faculdade estão sendo removidos para que a Fundação Cásper Líbero construa call centers e instalações para a área da TV e Rádio Gazeta, sucateando o ensino. Na opinião de Edson Flosi, a Cásper está adotando uma postura "mercenária", sem dar transparência sobre os aumentos consecutivos de mensalidade ou mesmo sobre seus investimentos.

A Cásper Líbero se arrependeu da demissão e tentou recontratar Flosi, que recusou o novo convite. O professor ainda redigiu uma carta explicando os motivos de sua recusa. E deixou uma mensagem clara para os estudantes que protestavam:

Tomei conhecimento pela Imprensa do convite da Fundação Cásper Líbero e da Faculdade Cásper Líbero para reeassumir minhas funções naquela instituição de ensino, onde lecionei por 16 anos, até ser demitido em meio a grave doença que me acometeu. Minha resposta: não volto, não posso e não d...evo voltar.

Não volto porque a manifestação estudantil não acontece apenas pela minha volta ou pela volta do Prof. Caio Túlio Costa, que se demitiu solidário à injustiça que sofri. Não volto porque a manifestação estudantil, conduzida pelo Centro Acadêmico Vladimir Herzog, tem o objetivo maior de lutar por melhores condições de ensino na Faculdade Cásper Líbero.

Comigo e o Prof. Caio Túlio dentro ou fora da Faculdade, a luta dos estudantes deve continuar até que a Mantenedora e a Faculdade se dignem a atender suas reivindicações, principalmente a transparência entre a receita das mensalidades pagas pelos alunos e outras taxas, e o valor investido no ensino. Além da solidariedade que me emprestou, a falta de estrutura na Faculdade, que reflete no ensino deficiente, foi a bandeira levantada pelo Prof. Caio Túlio na sua carta de demissão.

Os estudantes devem continuar lutando até conquistarem o que lhes é de direito. Agradeço comovido a manifestação estudantil que também acontece a meu favor e a favor do Prof. Caio Túlio. Mas o objetivo maior dessa juventude que paga mais de mil reais por mês para estudar deve ser perseguido até o fim. Qualquer manobra para esvaziar o movimento dos estudantes deve ser repudiada energicamente. A luta continua. Todo poder aos estudantes.

Poucos dias depois, dia 21 de março, estudantes da Universidade Presbiteriana Mackenzie protestaram contra o uso do Enem como vestibular. Por que os estudantes de faculdades privadas se mobilizam contra suas escolas?

Será que é por conta da precariedade do ensino, como acontece no caso da USP e de diversas instituições públicas?

Essas manifestações deveriam ser consideradas. São um sintoma que, seja escola pública ou privada, a educação não está sendo encarada de forma coesa e objetiva. E pouco interessa se os alunos dessas instituições conseguem boas posições no mercado de trabalho, se as técnicas comerciais podem ser aprendidas em uma empresa privada, sem ajuda da educação.

Na escola, a obrigação da faculdade deveria ser alimentar o estudante com conhecimentos que atraiam sua curiosidade, criando uma formação crítica sobre a sociedade em que ele vive. Criando indivíduos que podem e que se sentem capazes de mudarem o mundo em que habitam. Mudar vestibular, cobrar mensalidades caras (acima da inflação) ou oferecer uma infraestrutura precária não parecem bons caminhos nesse sentido.

Flosi parece ter resumido bem a situação da educação com sua carta sensível às mobilizações.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Três décadas em 15 reportagens: A carreira do jornalista Edson Flosi


Professor querido pelos alunos da Faculdade Cásper Líbero, Edson Flosi ficou reconhecido na sala de aula por suas narrativas envolventes ao falar sobre a cena de um crime e propôr exercícios simples e criativos para os estudantes de jornalismo.  Ele imitava, de maneira cômica, situações grotescas de assassinato, mas com uma leveza única em suas palavras, digna de uma boa piada.

Repórter por 30 anos, entre 1960 e 1990, ele esteve nas grandes reportagens policiais da Folha de S.Paulo dirigida por Cláudio Abramo, em plena ditadura militar, e ainda fez uma grande carreira no Jornal da Tarde, tratando de crimes que as autoridades não conseguiram solucionar.

Flosi então concentrou toda essa história como jornalista no livro Por trás da notícia, lançado neste mês nas livrarias. O profissional não só transcreve e comenta as 15 melhores reportagens de sua carreira, mas traz textos totalmente inéditos, falando de jornalismo e dos bastidores de cada texto, enfatizando seus erros, acertos e aprendizados na apuração. É uma obra resumida, com referências claras e simples de ler, sem palavras desnecessárias. O livro nasceu como uma pesquisa no Centro Interdisciplinar de Pesquisa (CIP), da Cásper Líbero.

Entre as matérias, Edson Flosi relata o caso de Cícero Yajima, que foi encontrado morto em um carro modelo Maverick em 76. O caso não concluiu se o dentista se matou por uma desilusão amorosa ou se ele foi assassinato por sua amante. Flosi também desenrola detalhes sobre a luta armada do revolucionário da ALN Carlos Maringhela, que revela o envolvimento de Aloysio Nunes, senador hoje do PSDB. O repórter também fala dos guerrilheiros do PCdoB que receberam treinamento na China em plena ditadura militar. E, em seu olhar, sem arrependimentos, Flosi acredita que não facilitou nem o trabalho da polícia, mas sim o dos revolucionários com as informações das autoridades.

O livro vale para que os jovens repórteres, e até os experientes, reflitam na maneira de apurar reportagens do cotidiano junto com autoridades e até com a própria polícia. Edson Flosi acreditava em seu próprio trabalho, mas muitas passagens do livro mostram que existem situações em que a ética jornalista não é nada clara. Situações em que você pode, claramente, ajudar as autoridades a cometer injustiças, incluindo o extermínio de ativistas políticos.

Flosi fala de jornalismo literário, logo no começo do texto. Mas o que fica mais claro, em suas reportagens, é que a riqueza de seu repertório veio de horas na rua, junto com as pessoas, aprendendo o jornalismo no dia a dia. E é dessa maneira que ele virou professor e advogado nos dias de hoje, trazendo os conhecimentos únicos que ele adquiriu naquela época.

A sensação estranha de dar uma entrevista


Jornalista não é fonte, normalmente. Na minha humilde opinião.

No entanto, como não falei sobre profissão, e sim sobre nerdices, passei pela experiência peculiar de conceder um depoimento para pessoas que estão começando na área. Fui fonte na primeira edição oficial da Zzine, uma revista feita por jovens do bairro Capão Redondo que ainda não estraram na faculdade e que fazem parte da Casa do Zezinho, uma ONG que oferece atividades complementares para as crianças da região.

A reportagem era sobre tribos urbanas e foi publicada neste mês, no dia 10. Fui escolhido por gostar de Star Wars, de ficção científica e da maioria dos ícones de uma geração que é considerada nerd, esforçada na escola, introspectiva e antissocial. O mais bacana de conversar com o pessoal foi justamente desfazer um pouco desse estereótipo. 

Ajudei minhas entrevistadoras com respostas bem completas para suas perguntas: Disse que não era antissocial na escola, mas que apenas escolhia minhas companhias pelo que gostava, como muitas pessoas fazem, sem serem nerds. E disse o que achava sobre a tribo das nerdices: Tem muito pouco a ver com Darth Vader e mais a ver com a curiosidade em determinados assuntos, como ler um bom livro e discutir sobre ele.

A revista vai ser distribuída em escolas públicas no Capão.

Veja algumas fotos das páginas da revista dos jovens logo abaixo. Para ampliar, basta um clique.



De qualquer forma, a sensação de dar entrevista é sempre estranha, mesmo quando sua fala está reproduzida com fidelidade no texto. Você sempre sente uma distância entre o que está registrado e o que você é de verdade. Fica com dúvida se deveria ter sido mais sério, ou mais divertido com seu entrevistado. 

A grande verdade é que há roteiros para fazer boas entrevistas, mas nunca uma regra para ser um bom entrevistado. Há aqueles que dão as informações. Outros que passam bem por cima dos principais assuntos. E muitos não fornecem a informação que o jornalista tanto procura.

Nesse clima de estranheza, o jornalismo vai seguindo.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Drive: Um thriller, um western, um noir e um romance


Um thriller, um western, um noir e um romance. Drive é tudo isto ao mesmo tempo em que não é nenhum desses gêneros. O filme de Nicolas Winding Refn é a trilha de um personagem sem nome que é levado por seus instintos sintetiza os grandes anti-heróis do cinema americano: Um homem que, tentando lutar contra a própria violência através da esperança de uma vida normal, sucumbe a ela e perde o controle de seus atos.
Ryan Gosling interpreta um dublê de carros e mecânico que faz bicos como motorista de assaltos, seguindo uma cartilha precisa: Durante 5 minutos ele estará a disposição dos assaltantes, um minuto a mais e eles estarão por conta própria, sem trocas de nomes, telefones ou parcerias. As coisas mudam quando seu amigo e dono da oficina onde trabalha, Shannon, faz um acordo com dois mafiosos para colocá-lo no mundo das corridas, e quando também, encontra Irene e Benicio, mãe e filho vizinhos de seu apartamento. O Motorista se encanta por eles e, bom, a coisa desanda.
A primeira coisa que chama atenção em Drive é sua ambientação, fazendo com que a cidade de Los Angeles, especialmente nas cenas noturnas, deixe de ser apenas um cenário, mas também um recurso narrativo do filme. Neste ponto, Drive se aproxima das obras de Michael Mann, como Colateral e Fogo Contra Fogo. Junte isto com uma trilha sonora propositalmente marcante e retrô, e temos um clima noir perfeitamente estabelecido, casando com outro recurso, que serve como metáfora para o personagem principal: O carro.
Em determinado momento, quando Irene pergunta ao Motorista o que ele faz, ele apenas responde “eu dirijo”. Sem nome e sem passado, isto resume sua personalidade em uma metáfora que se perde na tradução (drive, em inglês, também é uma expressão "para seguir seus instintos"). Desta forma o filme cria uma versão moderna do Homem Sem Nome de Clint Eastwood, da Trilogia dos Dólares. E o paralelo vai além. Com exceção de Irene e seu filho, todos os personagens do filme giram em torno de si, em uma espécie de “rota para a morte”, com a consciência de que dificilmente escaparão de seu destino. Uma relação que é a base dos grandes Westerns.
Com um elenco que beira o espetacular (Ron Perlman e Bryan Cranston valem qualquer ingresso), a direção não fica atrás e consegue entregar algo que, ao mesmo tempo que não é novo, soa como diferente. Com cenas de violência regadas com (muito) sangue e escolhas de câmera que fogem do obvio, Refn consegue manter a tensão do inicio ao fim. E se a conclusão talvez seja previsível por conta de sua estrutura, mas não nos importamos em saber o que irá acontecer e sim como irá acontecer. Drive talvez não seja para todos, mas é a prova de que arriscar no cinema ainda vale a pena. E isso quer dizer muito mais do que homenagens vazias criando algo anacrônico, mas sim mesclando o que é bom, proporcionando uma experiência que se não é nova, é única.

quinta-feira, 8 de março de 2012

O MMA, a TV e o deputado

O ano era 1985 e Dee Snider, vocalista do Twisted Sister, era chamado para depor ao congresso americano a respeito de sua música, considerada “ofensiva e explicita” por uma ala conservadora do Congresso americano capitaneada Tipper Gore, mulher do então deputado Al Gore. Snider entra no Capitólio e, para a surpresa de todos que assistiam a audiência in loco ou pela tv, ele está completamente maquiado, exatamente como se apresenta em seus shows e clips. E, causando a maior de todas as surpresas, Snider rebate todos os possíveis argumentos contra a sua música e o próprio rock’n’roll com duas afirmações: “Confiem nas escolhas de seus filhos, afinal, vocês os criaram” e, talvez a mais incontestável de todas, “vocês ao menos já pararam para ler as minhas letras?”.
Essa longa introdução retrata um episódio que pode se repetir logo no Brasil, apenas substituindo o rockstar por um lutador de MMA. Com a popularização do esporte vem aumentando cada vez uma polêmica previsível e vazia: Quais efeitos o MMA poderia ter sobre nossa sociedade? O mais recente e mais explicito golpe veio do deputado José Mentor (PT-SP), que propôs uma lei que proibiria a transmissão do esporte em tv aberta, alegando que, bom, MMA não é um esporte e que a prática nada mais é que “rinha humana”, causando graves efeitos sobre nossa sociedade, argumentos defendidos em um artigo publicado na Folha de S. Paulo no último dia 5 de março.
Não vou entrar no mérito se MMA é um esporte ou não. Esta discussão é tão absurda quanto questionar se automobilismo e boxe também o são. A discussão aqui vai além e passa pelo lugar do jornalismo nessa história. O deputado tem todo o direito de propor as leis que quiser e publicar seu artigo em um jornal de grande circulação, afinal, isso é democracia: O direito sagrado de darmos nossa opinião sobre qualquer assunto, independente se ela é ridícula ou não. O grande problema da lei proposta é querer, autoritariamente, decidir o que cidadãos maiores de idade, perfeitamente capazes de julgar o que é certo ou errado, devem ou não assistir em suas TVs.
Realmente o MMA não é um esporte para todos, e é justo que alguns o considerem plasticamente violento. Portanto nada mais correto do que sua transmissão passar por uma classificação etária através de um órgão responsável que já existe, o Ministério Público. Junte isto ao fato de que geralmente as lutas ocorrem em um sábado após às 23 horas e temos finalmente a dimensão do autoritarismo proposto pelo deputado: Ele não quer defender a “família” (talvez o argumento mais detestável de todos) ou as nossas crianças, pois não é uma transmissão voltada para as crianças. Ele quer simplesmente proibir todos de assistir a algo que ele não aprova.
O Brasil é o país do "falso-conservador", algo muito pior do que o conservadorismo assumido e explicito que se vê em lugares como os EUA e Austrália. Aqui pregamos a criatividade, improviso e liberdade, mas ao mesmo tempo, setores importantes de nossa sociedade usam e abusam de palavras como “regulamentação” e “debate” para que nossos hábitos sejam definidos por regras, e não pela realidade. Mais arcaico impossível, e a situação piora quando veículos de comunicação, que deveriam partir do básico principio da liberdade de escolha e expressão, se manifestam a favor de tais ações.
O exemplo neste caso foi um editorial publicado também na Folha de S. Paulo, no dia 19 de dezembro, logo após a primeira transmissão do UFC pela Rede Globo, pedindo que o governo regulamentasse a transmissão “em defesa dos telespectadores”. Sim, o mesmo jornal que afirma que qualquer proposta para regulamentar a operação de veículos de comunicação é uma volta à censura. Dois pesos e duas medidas? Imaginem. Talvez em meio a esse debate seria produtivo lembrar das palavras de Dee Snider, e adaptá-las para nossos dias: Confiem em seus filhos, e se não gostarem, exerçam seu direito inenarrável de mudar de canal.

Sobre desigualdade entre gêneros humanos

(Ou mais um post sobre o Dia Internacional da Mulher)

Eu sei. Você, leitor, já leu diversas mensagens de felicitações ao Dia Internacional da Mulher neste dia 8 de março. Você deve estar cansado disso. Mas espero que você tenha paciência e me leia até o fim.

O dia foi recheado com mensagens de parabéns de homens para mulheres e de mulheres para mulheres.  Você já deve ter lido, também, alguns textos criticando a data comercial e como ela reforça um preconceito machista que continua na sociedade, separando apenas um dia para lembrar da repressão que a sociedade patriarcal faz com as pessoas do sexo feminino.

Independente dos seus julgamentos pessoais ou críticos sobre o tema, talvez seja importante pra você saber que o Brasil está entre os 25 países maior número de homicídios intencionais de mulheres. Ele não está próximo de El Salvador, que está no topo da lista e é onde mais de seis mulheres morrem entre 100 mil habitantes, mas está num patamar alto dentro do levantamento da Small Arms Survey.

Não jogarei mais dados neste texto, mas pensar que temos em torno de seis homicídios para cada 100.000 pessoas pode não significar nada para quem faz uma leitura superficial sobre o tema, mas é uma proporção significativa em um total de aproximadamente 192 milhões de brasileiros. E esses são dados de mortes intencionais, que não incluem homicídio culposo, sem intenção de matar.

Nesta data, li um excelente do blogueiro Igor do Bl33p afirmando que cresceu com uma formação machista vinda de seus pais, pessoas que eu imagino que ele estime, por mais que tenham defeitos. Com essas informações claras ao leitor, ele convidou nós, homens, a refletir sobre a repressão que causamos contra as mulheres em toda a nossa história nessa data.

Certamente, essa proposta me parece mais coerente do que dar flores ou doces na data, o que seria seu propósito comercial. Doces e rosas podem ser dados em qualquer data, e não apenas no dia em que se relembra as conquistas femininas que foram alcançadas com muita batalha contra os homens, que não mudam.

Com os dados de homicídios em mente, talvez seja a hora de repensar nossas condições como seres humanos. E entender que guerra de sexos é tão sem sentido quanto as guerras do Oriente Médio que você assiste na televisão.

Não há o que comemorar ou dar de presente se os machos, em seu frágil pensar, não mudam.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Os 125 anos do nascimento de Heitor Villa-Lobos

No dia 5 de março de 1887, nascia no Rio de Janeiro o compositor erudito Heitor Villa-Lobos. Um dos maiores ícones da música brasileira, Villa-Lobos agregou características de canções indígenas e populares em suas composições. Admirador de chorinhos, incorporou uma sonoridade característica de nosso país em apresentações com orquestra.

O músico autodidata criou clássicos como O Trenzinho Caipira e várias Bachianas, inspiradas no compositor Johann Sebastian Bach. Criou também inúmera melodias para o violão popular.

Seu legado modernista, nacionalista e capaz de mesclar o erudito e o popular inspriou Tom Jobim, um dos criadores da Bossa Nova.

Hoje a homepage do Google fez um doodle, logotipo, em homenagem aos 125 anos de seu nascimento.

sábado, 3 de março de 2012

Conheça o Adrenaline Mob de Mike Portnoy em cinco músicas


Mike Portnoy deixou o Dream Theater no dia 8 de setembro de 2010. Além de retomar projetos paralelos que estavam paralisados, como o Transatlantic, Mike formou o Adrenaline Mob em 2011, um supergrupo formado por grandes nomes do metal e do rock progressivo.

Com ele está Russell Allen, cantor do Symphony X, o guitarrista Mike Orlando e o baixista John Moyer, do Disturbed. As músicas são mais cruas e saem do óbvio dentro do metal.

Confira cinco músicas boas deles, para conhecer.





Mob-Undaunted mostra como o Adrenaline Mob abusa mais da saturação da guitarra elétrica, que combina com a bateria de chumbo de Portnoy, sempre rápida e precisa. Allen desfila com um vocal mais pesado comparado com seu Symphony X.






O preview de Angel Sky, ainda não finalizada pela banda, mostra um som que sabe conciliar o acústico com uma pegada mais agressiva. O som também mostra, mais uma vez, como o grupo quer soar simples, sem a elaboração que Portnoy fazia no Dream Theater.






Feelin' Me mostra notas mais abafadas, como Dream Theater faz inspirado no Metallica. O som parece agradar até quem curta rock, apesar de ter o peso tradicional dos heavy metal.





All On The Line mostra que a banda não tem medo de fazer baladas pegajosas, com refrões fáceis de decorar e uma batida mais uniforme. A iniciativa de Portnoy com essa nova banda pode pegar facilmente do ponto de vista comercial, se eles fizerem canções como esta.





Indifferent já mostra uma combinação entre baladas e ataques pesados com a guitarra elétrica. É uma música que promete pegar o ouvinte que não estiver familiarizado com o som do novo grupo.

E você, o que achou das músicas do Adrenaline Mob?

Os 30 anos da morte de Randy Rhoads


Para quem leu a biografia do roqueiro Ozzy Osbourne ou mesmo o livro Confiem em mim, eu sou o Dr. Ozzy, sabe da relevância do músico Randy Rhoads para o sucesso da carreira solo do ex-vocalista do Black Sabbath. Neste mês, no dia 19 de março, o guitarrista vai completar três décadas depois de sua morte, em um acidente de avião.

Rhoads sabia utilizar seu instrumento como um meio de fazer grandes frases do heavy metal emendadas com a estrutura da música erudita. Músicos como Zakk Wylde e outros se inspiraram em sua forma corajosa de tocar guitarra, que marcou tanto quanto a digitação inesquecível de Eddie Van Halen, que fez sucesso na mesma época de Randy: Os anos 80.

Para relembrar este músico, veja o vídeo abaixo:



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