segunda-feira, 29 de outubro de 2012

007 - Operação Skyfall

O mundo ainda precisa de James Bond?





50 anos é muito tempo. E se algo resiste a este tempo de forma relevante é porque aprendeu a se reinventar, a se adaptar e, principalmente, a se autoconhecer. Com a maior franquia da história do cinema não é diferente. O mundo em que 007 Contra o Satânico Dr.No estreou em 1962 em nada se assemelha ao mundo em que 007 – Operação Skyfall retrata. E se o primeiro e o mais novo filmes da franquia representam o ápice de sua longa história é porque apostam no único aspecto que permanece inalterado ao longo dos 23 filmes: Bond, James Bond.

O terceiro filme estrelado por Daniel Craig mantém o viés realista que foi introduzido em Cassino Royale, mas deixa pra trás a trama que amarrou o primeiro filme com Quantum of Solace, um filme que, se for esquecido, não fará falta nenhuma. Desta vez Bond é um agente que vê a própria decadência no horizonte, tanto por conta de sua idade quanto pela própria natureza de seu trabalho. Afinal, no mundo de hoje, onde terroristas com computadores ameaçam o mundo mais do que vilões com bombas atômicas, qual a real importância de um homem como James Bond?

Skyfall é acima de tudo um filme sobre personagens, e talvez por isso ele se distancie da maioria dos outros filmes da franquia. Esqueça as sutilezas que a respeito do passado de Bond em filmes como A Serviço de Sua Majestade ou Goldeneye. Skyfall faz uma verdadeira jornada de autoconhecimento e expõe todo o passado de Bond, para que assim ele possa se colocar no mundo atual, uma metáfora nada sútil com relação a existência da própria série. E a relação entre Bond e M é o fio condutor para que este objetivo seja alcançado.

Se M não era nada além de uma ferramenta na franquia por quase 30 anos, quando Judi Dench assumiu o papel em Goldeneye o chefe de 007, ela finalmente se tornou um personagem-chave, questionando e desafiando o agente secreto. Contudo as aparições, por mais fortes que fossem – e nenhuma é tão impactante quanto no próprio filme 1995, chamando 007 de “relíquia da Guerra Fria” e assim definindo o personagem nos anos 90 –, em Skyfall M é a razão do filme existir, que disseca sua relação conflituosa e quase maternal com Bond.

A peça definitiva, que move a relação entre ambos é o anti-007, o vilão que, pela primeira vez na franquia, não quer mais dinheiro que Deus ou dominar o mundo. Raoul Silva e a sua busca de vingança contra o serviço secreto britânico é a personificação do terrorismo atual: sem pátria, sem ideologia, convencido de que homens que puxam gatilhos não são nada além de obsoletos. E que belo vilão... Javier Barden veste o seu personagem e cria um jogo de contrastes com o Bond de Daniel Craig. Virilidade contra sutileza. Sexismo contra androginia. Certamente um dos mais memoráveis que a franquia já viu.

Skyfall não é um filme de 007 comum. Em seu ato final, ele parece menor, um pouco deslocado do que estamos acostumados, talvez até intimista, mas em nenhum momento se torna esquecível ou morno. A impressão que se tem quando os créditos finais sobem é que a reconstrução iniciada em Cassino Royale de um dos grandes mitos do cinema está concluída. Todos os elementos já foram devidamente posicionados. Mas, acima de tudo, agora sabemos quem realmente é James Bond. Conhecemos suas fraquezas e, desta forma, o personagem se fortalece mais do que nunca, tornando assim a grande questão levantada no filme muito fácil de ser respondida: sim, ainda há lugar no mundo de hoje para alguém como 007. Ou, ao menos, esse lugar existe no cinema.


domingo, 28 de outubro de 2012

Herói de HQs, Homem-Aranha completa 50 anos em 2012




Mostrado pela primeira vez na edição Amazing Fantasy #15, o super-herói dos quadrinhos Homem-Aranha (Spider-Man) surgiu em agosto de 1962. Criado por Steve Ditko e Stan Lee, que faria seu nome famoso na editora Marvel com ele, o herói foi pensado como um personagem conectado com a juventude da época. Ele é um autêntico "superhero teenager".

Ou seja, um jovem nerd criado pelos tios que foi picado por uma aranha radioativa que lhe concedeu grandes poderes de soltar teias e de escalar paredes. Neste ano, o personagem completa 50 anos.



Em 2012 foi lançado O Espetacular Homem-Aranha, filme que reinicia a saga do cabeça de teia nos cinemas. Segundo dados de arrecadação de ingressos, o longa-metragem é a terceira maior bilheteria do Brasil, com 60,5 mil reais em ingressos.

Com esses dados, é possível entender que o Homem-Aranha é uma representação fiel de como os quadrinhos estão migrando para assumir o topo do faturamento do cinema norte-americano. O herói, que é encarnado pelo franzino Peter Parker, um autêntico jovem excluído na escola, está ganhando fama e peso na indústria de entretenimento, com uma história que continua familiar a muitas pessoas. Mesmo após cinco décadas de vida.

Há uma história pela frente ainda para o cinquentenário Homem-Aranha.

domingo, 7 de outubro de 2012

A queda de Russomanno em São Paulo e o vazio da falta de propostas


Celso Russomanno, do PRB, perdeu na corrida eleitoral pela prefeitura de São Paulo, hoje. Ficou em terceiro lugar, com aproximadamente 21% dos votos. Perdeu para o candidato do PSDB, José Serra, e para o candidato do PT, apoiado pelo governo Dilma e pelo ex-presidente Lula, Fernando Haddad. Os dois vão para o segundo turno, com mais uma eleição.

Desde começo da corrida eleitoral, Russomanno despontou em polêmicas com integrantes da campanha eleitoral ligados com a Igreja Universal e laranjas contratados durante a candidatura. Celso Russomanno usou funcionários com nomes "fictícios" durante a campanha, segundo sua própria cúpula.

Mesmo assim, apareceu na pesquisa Datafolha e no Ibope com índices de 32% de intenções de voto e até de 35%, muito à frente dos rivais. Foi diminuindo seus percentuais até perder as eleições. Se vendeu como uma promessa alternativa ao PT e ao PSDB, que dominam a capital de São Paulo.

Com isso, ficou provado que os eleitores temem um candidato com irregularidades ou apoio de instituições religiosas. Ficou provado também, com o site do candidato (que está fora do ar no momento), que uma alternativa sem conteúdo também não vai para frente. Russomanno trazia uma agenda de propostas para São Paulo na página da web. Uma delas propunha uma "Universidade da Terceira Idade", sem descrição sobre orçamento ou execução do projeto.

A queda de Russomanno pode ser motivo de comemoração, mas não muita. Ele entrou nas eleições, despontou nas pesquisas e depois perdeu, como um "patinho feio". A questão é que seus concorrentes também não possuem propostas muito claras. Haddad parece propor uma continuação do bilhete único e da política de transportes do governo de Marta, anterior ao de Serra. Já o próprio José Serra parece estar pouco disposto a oferecer um projeto e mais disposto a atacar o PT usando o argumento do processo do mensalão, que nem ocorre na esfera municipal.

A derrota de Russomanno é boa, mas revela o vazio de projetos para São Paulo.

360: Dilemas de relacionamentos tratados de forma não-clichê


O cineasta e diretor de 360, o brasileiro Fernando Meirelles, escreveu um texto de mea culpa na revista Bravo! em agosto deste ano. No artigo, Meirelles defendeu que a crítica severa que recebeu do jornal britânico The Guardian foi resultado de uma falha na exibição do filme no Festival de Toronto. No final da reprodução de 360, segundo o diretor, um som de frequência grave criou um clima de suspense no final do filme que decepcionou a plateia.

A verdade é que, independente da crítica negativa do Guardian, 360 é um material audiovisual que merece ser visto tanto pelo grande elenco - que inclui a brasileira Maria Flor até os consagrados Anthony Hopkins e Jude Law - quanto pelo enredo simples e envolvente. O filme começa com o personagem de Law, um executivo chamado Michael Daily, sobrecarregado de trabalho, que procura uma prostituta eslovaca chamada Mirka. Sua mulher Rose, interpretada por Rachel Weisz, está o traindo em casa, enquanto ele viaja disposto a fechar negócios. O casamento, pelo visto, não anda bem.

A história, então, se transforma uma trama de relacionamentos pessoais mal-resolvidos entre pessoas de diferentes nacionalidades na Europa. A personagem de Maria Flor, a carioca Laura, descobriu que seu namorado está dormindo com a inglesa Rose. Ela foge do apartamento que eles dividem na cidade e decide voltar ao Brasil. Ela conhece, então, John, interpretado por Anthony Hopkins, um homem solitário que perdeu a filha e embarca, de aeroporto em aeroporto, em busca de seus restos mortais, sem esperança de vê-la com vida.

Nenhuma trama do filme conduz toda a narrativa. 360 parece se focar em detalhes de cada história, de cada personagem. O filme se desenvolve nos sotaques dos personagens, nos seus dilemas de vida e nas coincidências que unem suas trajetórias diferentes.

É um longa-metragem sobre cotidiano, construído por Meirelles para tratar de maneira não-clichê sobre amor, prostituição, carreira e viagens em um único material. O filme dá a impressão de ser uma constante de chegadas e partidas em cada um dos personagens. Mesmo sem foco, a história parece suficiente para interessar.

Por fim, não custa dizer: O personagem Serguei, segurança de um dos cafetões das prostitutas, tem um toque de celular com uma música muito parecida com os filmes de Quentin Tarantino, que quebra o clima de tensão entre os personagens. O inusitado é mostrado de maneira simples e gratuita neste material de Meirelles.

Lembrete importante sobre o aumento do ingresso da Campus Party 2012


O amigo Pedro Américo (grande xará), dono do blog O Crepúsculo (que não tem nada a ver com a Bella e o Edward), fez uma reflexão pessoal e rápida sobre o aumento de preços do Lollapalooza e outros eventos, mas com um destaque pessoal para a Campus Party.

Com o nome de "Descoberta no Brasil a Árvore que faz nascer dinheiro", você confere um trecho abaixo. Pra ver o texto inteiro, clique aqui.

"Quanto mesmo custa ser cool? Custa bastante. A Campus Party, idealização do espanhol Paco Ragageles que deu alguns detalhes no Nerdcast sobre o evento, sempre foi um evento meio que de nicho. Porém nos últimos anos ficou popular e o público (juntamente com a arrecadação) aumentou exponencialmente.

Me estranha muito o valor do ingresso ter subido quase 200% desse ano para o ano que vem. Yep. De R$180,00 para R$450,00. Lei da oferta e da procura? Pode ser. Mas não sei se concordo muito com um evento que quer ser tão “aberto”, que quer tanto “compartilhar”, “agregar” e tantas outras palavras bacanas precisa cobrar esse preço, e de um ano para o outro. Isso porque não é só o público que aumentou. Já teve a Campus Party Recife esse ano, e eles tem intenção de fazer em mais cidades.

Não sei se você sabe, mas o valor do ingresso é o que menos é levado em conta na planilha de um evento desse tipo. Quem paga o evento são os patrocinadores, sempre. Um evento como a Campus Party já se paga sem que um indivíduo sequer compre um ingresso. Então porque esse aumento absurdo de um ano para o outro? Ué, faça as contas. E se pergunte novamente.

Sabe por que aumentou tanto assim?

É. Isso mesmo. Porque a gente paga".

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Reflexão rápida sobre os ingressos do Lollapalooza

O valor do ingresso integral do festival Lollapalooza, para três dias, é 900 reais. A organização espera receber 200 mil pessoas.

Supondo que todas as pessoas comprassem inteira, o que não vai acontecer, o faturamento do evento seria de, aproximadamente, 200 milhões de reais. Em três dias.

É um balanço que daria inveja pra resultado trimestral de muita empresa. E é um ganho que poderia, muito bem, ser distribuído em vários festivais. Mas parece ser melhor, mesmo, cobrar mais caro das pessoas...

Pré-venda de ingressos que custam um salário mínimo e meio esgotam. Campus Party aumenta ingresso em quase três vezes

E a pré-venda do ingresso para todos os dias do festival Lollapalooza, pelo valor absurdo de 900 reais (um salário mínimo e meio), se esgotou em... 16 horas.

Os fãs das bandas Pearl Jam e The Killers, participantes do evento, pararam pra pensar antes de gastar esse valor? Quase mil reais de custo justifica três dias de shows? A possibilidade do festival estar lotado, após as vendas, o que é possível, não configura um lucro abusivo por parte da empresa? Entenda, abuso, não atitude incorreta, uma vez que quem faz a oferta é a empresa. O abuso fica por conta do patamar do preço e a quantidade de pessoas que aceitam o produto, que pode vir com uma qualidade pífia - shows com pouca infraestrutura para uma superlotação.

Ainda nesta semana, a Campus Party, evento tradicional de tecnologia em São Paulo, anunciou os preços para participar do evento com acampamento incluso. O valor subiu de 180 reais, anunciado em 2012, para 450 reais, um aumento de quase 200%, três vezes o valor inicial, e superior a um salário mínimo. Outro abuso? Lembrando que o evento é patrocinado pela Telefônica/Vivo, que responde por reclamações de consumidores por pouca qualidade dos serviços de banda larga no Brasil.

Consumidores vão continuar aceitando produtos a qualquer preço no Brasil, porque é possível parcelar? Até onde o mercado aguenta o alto endividamento e a precariedade dos serviços?

Pare e pense. E lembre também que o jornal britânico Financial Times anunciou nesta semana que será impresso no Brasil em inglês. O valor do exemplar? 16 reais. E o preço de uma revista, só que num jornal diário. Vale isso?

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Lollapalooza Brasil 2013 e o ingresso que equivale a um salário mínimo e meio



O Lollapalooza 2013 vai ocorrer entre 29 e 31 de março do ano que vem, no Jockey Club de São Paulo. Nesse festival, que reproduz o modelo americano criado por Perry Farrell (Jane's Addiction), vai tocar bandas famosas como Pearl Jam, Black Keys, Queens of the Stone Age, Planet Hemp, Franz Ferdinand, Perfect Circle e The Killers. O problema do evento? O ingresso, sem ser meia entrada de estudante, custa 900 reais.

O salário mínimo brasileiro decretado em 2012 pelo governo Dilma é de 622 reais. Ou seja, vale a pena pagar para ir a um festival de música de três dias por um salário mínimo e meio, aproximadamente?

As empresas que promovem shows e festivais no Brasil não estão sobretaxando demais os espetáculos, por uma infraestrutura que não necessariamente corresponde às expectativas dos fãs dos grupos musicais? Shows com atrasos, acompanhados por comida e bebida cara, parecem ser rotina por aqui. Isso não é um tipo de abuso por parte das companhias?

Salário mínimo é o valor mais baixo que alguém pode pagar a um empregado para que ele se sustente mensalmente. Um festival de bandas tem esse valor? Qual seria o valor ideal? 900 reais não compromete a divulgação mais ampla do evento?

O que você pensa sobre isso? Este post é uma reflexão sobre esse problema.

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