quarta-feira, 11 de março de 2015

Indiretas para Marta Suplicy e retomada da cultura: Encontro com o novo ministro Juca Ferreira em São Paulo

Por Pedro Zambarda

Eu compareci, no dia 4 de março, na Roda de Conversa com Midialivristas no Centro Cultural São Paulo, promovido pelo Ministério da Cultura e com presença do novo titular da pasta, Juca Ferreira. Sem muitas formalidades e com transmissão ao vivo pela internet, o novo ministro do segundo governo Dilma Rousseff disse que agora está mais a par da situação de sua nova gestão e já selecionou os secretários para estabelecer reformas culturais no Brasil.


Ele, no entanto, não poupou críticas à gestão anterior da pasta, de Marta Suplicy. Sem mencionar a ministra nominalmente em nenhum momento, Juca Ferreira mandou suas indiretas: “Estamos implantando a nova gestão do Ministério da Cultura e estabelecendo planos para políticas no país. Queremos retomar o que foi abandonado neste processo, porque tem muita coisa que perdeu densidade. Eu não quero entrar nessa conversa porque você não dirige olhando pro espelho retrovisor, mas dá um trabalho danado recompor o clima do ministério”.

O ministro Juca Ferreira disse que a maioria dos processos em trâmite dentro de sua pasta estava congelado, porque as pessoas tinham “medo de assinar papéis”.  Ele disse que em três ou quatro meses consegue recompor os processos, sendo que houve devolução de dinheiro em projetos de financiamento cultural. “Não dá para trabalhar assim. Os órgãos do Estado precisam recompor um clima de trabalho profissional dentro do ministério”, afirmou o ministro, não poupando Marta e relembrando que a gestão dele foi uma continuação dos trabalhos de valorização social que Gilberto Gil iniciou no primeiro mandato de Lula.

“Quando fui ministro pela primeira vez, me viam como um querido. Hoje, depois que tomei um posicionamento na campanha da presidenta Dilma, tenho mais opositores”, completou.

Além de Marta, Juca critica até Joaquim Levy

 Entre os principais assuntos do encontro, Juca Ferreira debateu a importância dos pontos regionais de cultura, a necessidade da regulamentação dos meios de comunicação e o fortalecimento de veículos públicos. “A EBC, por exemplo, precisa ser uma emissora voltada para o público e não para atender demandas do governo”, disse o ministro.

No entanto, o ministro Juca Ferreira não deixou de criticar a situação do atual governo. “O Brasil está passando um momento delicado economicamente, institucionalmente e as energias corrosivas estão soltas por ai. O país está vivendo um momento de insegurança, de perda de credibilidade na política democrática. Os que foram responsáveis pela consolidação do ciclo de desenvolvimento cometeram tantos erros que hoje estão na berlinda, a verdade é essa. Por isso o Brasil precisa rever seu projeto de nação e incluir mais verba na cultura”, pontuou.

Juca Ferreira admitiu que a consequência da Operação Lava Jato no noticiário e no meio político não será pequena. “E não adianta nós apontarmos apenas os corruptos da oposição. Quando a esquerda fica parecida com a direita, quem ganha é a direita”, frisou o ministro.

Quando aprofundou no tema da economia, ele não deixou de mencionar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que pretende fazer profundos cortes de gastos do governo. “Mas, pra essa gente, o legal é sempre taxar mais”, criticou.

Lei Rouanet “neoliberal”

Com várias perguntas da plateia, Juca Ferreira esclareceu seu ponto de vista pessoal e o que ele pretende fazer com a Lei Rouanet, que aumenta incentivos privados através de desoneração fiscal. “O que as pessoas não sabem é que essa lei não lida com verba privada, mas sim com um dinheiro público que iria para pagamentos de impostos. Precisamos reformá-la. Ela foi pensada nos anos 90, de uma forma neoliberal”, pontuou, lembrando que ela surgiu depois da Lei Sarney.

O novo ministério da Cultura estuda ampliar os critérios da Lei Rouanet e estimular o investimento direto e não através de desonerações. Juca também criticou a forma como a mídia noticia seu envolvimento com projetos do setor. “Muitos jornalistas forçam a barra querendo sempre me aproximar do grupo Fora do Eixo. Eles participaram de licitações e até perderam em algumas concorrências”, frisou.

Retomada da cultura tradicional com tecnologia

Juca Ferreira diz que sua gestão anterior foi marcada por uma cultura voltada para a sociedade. Em seu discurso em São Paulo, ele defendeu uma reforma de instituições como a Funarte (Fundação Nacional da Artes), para estimular mais espetáculos de dança, circo e artes plásticas, saindo do campo do cinema e do audiovisual, projetos que deram certo na gestão anterior do ministro.

Perguntei ao ministro Juca Ferreira se o governo pode intervir na reforma do Museu do Ipiranga, que foi fechado em 2013 e só seria reaberto em 2022. Seria uma manutenção mais prolongada do que museus internacionais, como o Louvre. Ele não respondeu a pergunta, mas disse que a pasta pretende fazer investimentos em acervos grandes e menores, mais regionais.

O Ministério da Cultura pretende fazer esses investimentos através do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A ideia é revitalizar acervos que já existem e investir na criação de pequenas instituições para valorizar a cultura regional.

“Mas também teremos um trabalho forte em cultura digital. Precisamos, para implantar boa parte das mudanças, que exista um avanço no plano nacional de banda larga. E teremos uma conversa próxima com o Ministério das Comunicações”, finalizou, dando um sinal que trabalhará junto de Ricardo Berzoini dentro do governo Dilma. O comentário também surgiu quando eu mencionei projetos digitais bem-sucedidos na área da Lei Rouanet, como é o caso do game Toren que será lançado no Brasil e internacionalmente neste ano.

Confira o vídeo da conversa completa logo abaixo.

9 comentários:

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