
Alan Moore é tudo menos um cara convencional. Sempre foi um amante de literatura, mas acabou criando Hqs, o que nunca foi seu sonho. É rico, mas vive em uma casinha simples em Northampshire na Inglaterra, e suas historias já renderam milhões de dólares no cinema, mas ele nunca levou um tostão com isso. E por último, ele nunca escreveu um personagem sem que tenha alterado totalmente a forma como ele é visto, e neste contexto, sua maior “vitima” não foi um heroi, mas um vilão que habita a mente de grande parte das pessoas: O Coringa. Sem exageros, nenhum outro vilão foi tão brilhantemente retratado como o Coringa de A Piada Mortal.
A história se foca na gênese do palhaço do crime. Conta como ele se tornou uma ensandecido criminoso a partir de um simples comediante, e ele tem uma tese para explicar a própria origem: a única coisa que separa um homem são de um louco é um dia ruim. E ele vai até o fim para provar tal tese, sequestrando o Comissário Gordon, fazendo com que ele veja sua filha se tornar uma paraplégica e atormentando sua mente. Se até o mais calmo e racional homem se tornar um louco, qualquer um pode. E o alvo de tais desses atos é diretamente Batman.
O homem morcego é apenas o coadjuvante da HQ, e isso é ressaltado pelo genial traço de Brian Bolland. Ele contrasta discreta e magistralmente toda a insanidade na face do Coringa com a neutralidade de um Batman que aparece pouco. Tal neutralidade significa uma única coisa: esta história é sobre o Coringa. Só existe um momento em que Batman ganha traços que extraem alguma personalidade, justamente quando ele é visto apenas como uma sombra, ao lado do vilão, num final catártico.
Mas enfim, o que Moore traz de tão novo em “Piada Mortal”?
Frank Miller, em “O Cavaleiro das Trevas” redefiniu a relação entre Batman e Superman. Um era trevas e o outro luz, simples assim, mesmo que isto seja profundamente complexo. Já Moore, trouxe em “Piada Mortal” uma revolucionaria forma de olhar para a relação da Batman e Coringa. Como o próprio homem morcego indaga, como duas pessoas que se conhecem tão pouco, podem se odiar tanto? E a resposta do Coringa é direta: “A única coisa que me separa de uma pessoa sã é uma dia ruim, qual foi o seu?” Está talvez seja uma das mais lendárias frases da história das Hqs. Para Moore, Batman e Coringa são iguais, dois cumes da mesma faca. Dois homens que perderam suas mentes diante de tragédias pessoais. E isto é a própria historia de uma sociedade ensandecida e uma cidade decadente, que se afunda na própria tragédia. Se Batman é o espelho de Gotham, então Coringa é o espelho de Batman. Em vez de tentar explicar toda a complexidade por trás da análise de Alan Moore, vou encerrar com o mais genial monólogo que já li em uma história em quadrinhos. Uma piada, proferida por aquele que se tornou o maior vilão da nona arte: “Era uma vez dois caras em um hospício. Um disse ao outro que havia como escapar pelo alto do prédio, e eles foram até lá. Um olhou para o outro, e juntos caminharam até a beirada do prédio. Vendo que os guardas se aproximavam o primeiro disse, 'já sei como escapar! Eu vou acender minha lanterna entre este prédio e o próximo. Ai você passa pelo feixe de luz.' Nisso, o segundo respondeu: 'Você está louco? Como eu sei que você não vai apagar a lanterna no meio do caminho?'” E então, o homem vestido de morcego e o homem com o rosto pintado riram juntos.
Frank Miller, em “O Cavaleiro das Trevas” redefiniu a relação entre Batman e Superman. Um era trevas e o outro luz, simples assim, mesmo que isto seja profundamente complexo. Já Moore, trouxe em “Piada Mortal” uma revolucionaria forma de olhar para a relação da Batman e Coringa. Como o próprio homem morcego indaga, como duas pessoas que se conhecem tão pouco, podem se odiar tanto? E a resposta do Coringa é direta: “A única coisa que me separa de uma pessoa sã é uma dia ruim, qual foi o seu?” Está talvez seja uma das mais lendárias frases da história das Hqs. Para Moore, Batman e Coringa são iguais, dois cumes da mesma faca. Dois homens que perderam suas mentes diante de tragédias pessoais. E isto é a própria historia de uma sociedade ensandecida e uma cidade decadente, que se afunda na própria tragédia. Se Batman é o espelho de Gotham, então Coringa é o espelho de Batman. Em vez de tentar explicar toda a complexidade por trás da análise de Alan Moore, vou encerrar com o mais genial monólogo que já li em uma história em quadrinhos. Uma piada, proferida por aquele que se tornou o maior vilão da nona arte: “Era uma vez dois caras em um hospício. Um disse ao outro que havia como escapar pelo alto do prédio, e eles foram até lá. Um olhou para o outro, e juntos caminharam até a beirada do prédio. Vendo que os guardas se aproximavam o primeiro disse, 'já sei como escapar! Eu vou acender minha lanterna entre este prédio e o próximo. Ai você passa pelo feixe de luz.' Nisso, o segundo respondeu: 'Você está louco? Como eu sei que você não vai apagar a lanterna no meio do caminho?'” E então, o homem vestido de morcego e o homem com o rosto pintado riram juntos.
obs: Esqueci na postagem inicial, então aqui vai a ficha técnica com os devidos créditos da HQ
Roteiro: Alan Moore
Desenho: Brian Booland
Cor: John Higgins
Ano: 1988, com produção iniciada em 1985
O Coringa é o mais legal, mas que eu vou ficar assustada vendo o Heath Ledger todo fantasiado, isso eu vou.
ResponderExcluirE, apesar de falar apenas do Coringa, Moore acaba criando um mito do herói dentro dos antagonistas.
ResponderExcluirÉ deveras interessante, além da qualidade clara do traço. Uma obra-prima, assim como tantas outras desse mestre.
Thiago, sem entrar no âmbito da escrita - rs -, vou só contra-argumentar algo: o cinema não nasceu como arte. Aliás, ele era muito mal visto pela população no geral. Por mais que hoje seja reconhecido seu caráter artístico, desde Lumière e Méliès, não foi com eles. E isso é difícil dizer, mas foi por volta da década de 1910 que começou a ser difundido como arte, tendo a concepção muito rejetada.
ResponderExcluirE A Piada Mortal é maravilhoso. Não sei se já leu, meu caro, mas recomendo também O Advogado do Diabo.
errata: facas tem Gumes
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