Sopa de Letras

Crônica, de cronômetro, de cronologia, quase sempre é associada ao quase. Quase-literatura, quase-texto, quase-jornalismo, quase-lá. Esse quase, de tão quase, ninguém repara que é inteiro, que é roteiro da real comunicação.

Os formatos jornalísticos matam muitas propriedades informativas necessárias - a criatividade e o inesperado, atividades mais puras do "arado" comunicacional: coletar informações do âmago individual, não somente das aspas, não somente das fontes, mas do bom senso. Literatura, sozinha por si só, não informa sem nenhum adendo, sem nenhum repertório por dentro. A dita cuja pode, inclusive, desinformar.

Crônica não é nada disso. Se crônica desinformasse, era melhor adquirir uma forma de ensaio contra si mesma. E se ela fosse jornal puro, deixaria de exercer seu papel jornalístico: explicar, através da lógica da aceitação, que um dia dos namorados pode preceder uma sexta feira 13.

E esse dia dos horrores pode sim, mesmo dissonante, não tirar o brilho dos enamorados. O que ninguém repara é que Cronos não distingue seus filhos. Assim é a crônica, esposa da comunicação e das informações, enquanto o jornalismo dos jornais é uma amante ingrata, formalizada e cheia de altos e baixos.

Sopa de Letrinhas são crônicas publicadas às quintas-feiras.

Falam de comunicação, de protesto e contra-protesto.