sábado, 28 de junho de 2008

São tantas emoções


Texto e charge por Leonam Bernardo

Um close na mãe que chora a perda do filho; um acidente grave, de preferência, com vítimas graves; sangue, muito sangue; grandes catástrofes; desastres; violência. O jornalismo na TV tem sempre um quê de emoção. É quase uma pré-condição da noticiabilidade neste meio que a atenção do telespectador esteja sempre voltada ao visual.

Não se trata de sensacionalismo. Pelo menos não em todos os casos. Tem mais a ver com o poder de captação da atenção de quem assiste. Ou seja, a importância de um fato, a ponto de virar noticiável na TV, está diretamente relacionada ao valor-imagem do acontecimento. Claro que não é sempre assim, mas freqüentemente o tempo dispensado no meio televisiviso ao-que-quer-que-seja apóia-se sempre no quanto este o-que-quer-que-seja possa render visualmente.

John Langer, em seu livro Tabloid television, afirma que as notícias na televisão são um “espetáculo gratuito”, e que as imagens filmadas geram, conseqüentemente, um conteúdo superficial. Além disso, o autor defende que elas não passam de um produto mercantil regulado por encargos de marketing, que tentam fazer aumentar a audiência por razões comerciais, não jornalísticas. Para Langer, as notícias na TV tratam de assuntos banais com um suspeito sentimentalismo e são, em sua maioria, exploradoras.

Pode ser que o autor generalize um pouco demais, mesmo porque o tema central de seu livro é o sensacionalismo televisivo. Mas não é exagero afirmar que o telejornalismo seja pautado pelas imagens, e por uma busca contínua pela atenção e emoção dos telespectadores. Na televisão - diferentemente dos meios impressos, em que o leitor seleciona suas editorias de interesse - há uma necessidade maior em segurar o telespectador em frente ao aparelho, garantindo a audiência. Para que isso aconteça, vale até trilha sonora em programas policiais. Tudo emocionalmente calculado.

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