quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Contar as verdades sobre o jornalismo com metáforas e nomes trocados



Taiaçupeba, distrito que fica em Mogi das Cruzes, pode ser a cidade de São Paulo toda. Rádio Caramelo pode ser Rádio CBN. TV Caramelo pode ser TV Cultura. É através desses nomes que escondem (um pouco) a realidade, como as metáforas, que o jornalista Heródoto Barbeiro conta as histórias dos bastidores do jornalismo no livro Fora do ar.

Com esse material bem humorado e recheado de ensinamentos sérios sobre a prática da imprensa, Heródoto nos conta as crônicas de repórteres, estagiários, estudantes de jornalismo, produtores e vários tipos de profissionais que acompanharam sua carreira. Sem fazer menção direta às personalidades polêmicas da profissão, o jornalista aponta absurdos que foram cometidos na cobertura dos ataques do PCC em São Paulo, um ano antes do livro. 

Também conta a história de um apresentador de TV que, por conta de implicar com o pessoal da área técnica ao querer um programa "a sua imagem e semelhança", teve seus equipamentos molhados com urina alheia. Um problema de ego que resultou numa situação vergonhosa.

O autor narra todas essas histórias de maneira leve, com uma média de duas páginas por crônica. O material foi lançado em 2007 e oscila entre a realidade e a ficção, sempre trazendo ensinamentos sobre a área profissional. Em algumas narrativas, Heródoto aproveita para homenagear produtores de rádio como Johnny Black, que o ajudaram a evoluir seu trabalho de locutor desde os anos 70/80.

É claro que o autor também mostrar alguns problemas nítidos, mas pouco discutidos, da profissão de jornalista: Os cortes salariais, os salários mal-pagos, as condições de trabalho precárias, as crises nas redações e os profissionais que tiveram suas carreiras manchadas após executarem de maneira antiética o seu ofício. Conta histórias sobre jabás, intrigas publicitárias e problemas políticos. A escrita de Heródoto é elegante no texto, sem apelar para polêmicas desnecessárias, apostando no sintético. Para quem quer conhecer o jornalismo na prática, com uma pitada de humor, este livro é altamente recomendado.

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