
O tempo passou e esta geração atual de consoles já tem, acredite se quiser, cinco anos. Playstation 3, Wii e Xbox 360 já passam a conviver com as sombras de seus sucessores (no caso do Wii, já devidamente anunciado). Contudo, por mais nostálgicos que gamers sejam, e são bastante, não dá negar a qualidade extraordinária em muitos games apresentados nestes últimos anos.
Como em duas semanas começa oficialmente o semestre para os games, com o lançamento de blockbusters ininterruptamente até o fim do ano – o pontapé inicial vai ser dado pela Square Enix com seu “Deus Ex: Human Revolution” – vai abaixo uma humilde e pequena lista de 5 obras primas produzidas por esta geração*.
Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots
Até esta geração nenhuma obra nos games havia flertado tanto com o cinema como Metal Gear Solid, de Hideo Kojima, ajudando a estabelecer a cultura das cut-scenes, tratando cada batalha ou fase como sequências cinematográficas. Sendo assim, nada mais justo que um final, épico, que remetesse às grandes sagas do cinema. E foi isso a Konami entregou em 2007.
Poucas decisões na história dos games foram tão corajosas quanto a de encerrar de uma vez por todas a saga de Solid Snake. Para MGS4, Kojima envelheceu seu icônico protagonista e amarrou todas as pontas soltas resultantes de mais de 20 anos de histórias complexas e interligadas. MGS 4 foi mais que um game, foi um acontecimento para a indústria, tecnicamente perfeito para a época e livre das preocupações que normalmente acompanham grandes lançamentos, como sequências e vendas.
Kojima e a Konami criaram em Solid Snake uma versão trágica e sem esperança de James Bond, e deram a ele o final digno que o espião dos cinemas nunca teve. Mesmo se todos os outros grandes méritos gráficos não existissem, apenas isso seria o suficiente para fazer de Metal Gear Solid 4 uma obra-prima.
Super Mario Galaxy 2
Super Mario. Pronto. É tudo que um jogo precisa para ser ao menos lembrado em qualquer lista de melhores games do ano. Mas Super Mario Galaxy 2 foi além. Não apenas por ser a primeira sequência direta na série desde os idos do Super Mário Bros. para o Super NES. Nem por ser o game da série mais vendido de todos os tempos. Mas principalmente por pegar o conceito do original, e elevá-lo ao absurdo.
SMG 2 se apropria de tudo que havia no primeiro: puzzles que envolviam elementos clássicos da série misturados com uma física distorcida e uma mescla de momentos plataforma 2D e 3D. A diferença entre eles está apenas na criatividade absurda que o gênio Shigeru Miyamoto, que transforma SMG 2 não apenas no melhor game de plataforma desta geração, mas em um dos melhores da história. Talvez seja um exagero dizer que este é o melhor Super Mario já lançado. Talvez não. Mas que ele está quase lá, isso está.
Uncharted 2
Desde “Indiana Jones e a Última Cruzada” o cinema procura um sucessor para o Prof. Henry Jones Jr. Inúmeros filmes e personagens tentaram capturar o espírito que a série de George Lucas e Steven Spielberg transmitiu, mas ninguém obteve sucesso. E surpreendentemente, o único que realmente teve êxito nesta árdua tarefa, foi um game. Uncharted, lançado em 2007 trazia um versão moderna de Indiana Jones. Nathan Drake, o protagonista, era tão carismático quanto o personagem de Harrison Ford, no entanto tinha um caráter um pouco mais dúbio (em vez de professor, era um caçador de tesouros), um pouco mais violento – mas não muito – e com a fórmula do mentor/parceiro e o interesse romântico.
Uncharted 2 não é apenas melhor, é espetacular. Um dos jogos mais bonitos dessa geração, com cenas espetaculares, a sequencia potencializa toda a referência cinematográfica do primeiro e se torna uma espécie de fusão entre ambas as mídias. Uncharted 2 também é aquilo que Tomb Raider deveria ter sido, com sequencias de puzzles e escaladas espetaculares. Ao mesclar todas as grandes referências de aventura possíveis, seja no cinema ou nos games, a Naughty Dog pode não ter criado nada novo, mas colocou um nome na história do gênero: Uncharted.
Mass Effect 2
Como escrevi em um texto que você pode ler
aqui mesmo, Mass Effect traz um universo inteiro criado a partir do zero, com suas próprias raças, planetas, história e tecnologia. Até mesmo seu único elo com o real, o planeta Terra e os humanos, ganharam um papel não tão frequente, deixando de lado a eterna posição de subjulgados ou inferiores.
Mass Effect 2 tem a coragem de se portar como uma história de ligação em um trilogia: sem começo e sem fim. A história do Comandante Shepard (que pode ser homem ou mulher) começou no primeiro game e se encerrará no terceiro, e cabe ao segundo game apenas o desenvolvimento da história. E ele se saiu muito bem.
Expandindo a dinâmica de que todas as escolhas são suas, e não do roteiro do game, Mass Effect 2 não merece classificação menor que obra-prima, levando incontáveis prêmios de Melhor do Ano. Mass Effect 2 não é apenas grandioso ou espetacular. É único nos games. Simples assim.
Red Dead Redemption
Redenção em vermelho sangue. Nada define melhor o que é Red Dead Redemption do que a tradução livre de seu título. Um western como poucos do gênero. Grandes personagens, grandes paisagens, grandes momentos e um grande final. A única diferença que é que Red Dead Redemption é um game. E esta realmente é a única diferença.
Poucas histórias nesta indústria de mais de 20 anos são mais marcantes e, por que não, que a busca de John Marston pela redenção de seus crimes e o reencontro com sua família. Alguém irá dizer que Red Dead é cheio de clichês e não inova em nada, mas o que seriam dos westerns sem seus paradigmas?
De John Ford a Sergio Leone, de John Wayne a Clint Eastwood, todos os grandes do western são homenageados pela obra-prima da Rockstar Games, e encontram em John Marston não apenas uma reprodução pálida de seus grandes momentos, mas um exemplar e um personagem digno de ser lembrado como uma das faces do velho-oeste. Red Dead Redemption não é o melhor game desta geração graças aos seus feitos técnicos, mas por se tornar o que poucos conseguem: um clássico multimídia do gênero.
Menção honrosa
Heavy Rain: a coragem de fazer algo completamente diferente, adulto e ao mesmo tempo, que ainda seja um grande jogo.