quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Tá dificil. Tá muito dificil

A internet está se tornando uma gigantesca briga de bar


Postei a respeito disso no Facebook alguns dias há atrás. Mas talvez este seja um assunto que valha uma discussão um pouco mais longa: A internet está se tornando um meio absurdamente tosco!

Vamos imaginar uma cena: Um internauta aleatório, pesquisando sobre as focas da Groelândia, passa por este blog vê um post qualquer, seja de quem for, sobre um assunto qualquer, de preferência um pouco polêmico. Ele não concorda com o que lê. Até aí tudo bem, acontece sempre. Mas o internauta é tomado por um sentimento mais forte, e se sente pessoalmente ofendido porque o autor, sei lá, não concorda com o a escalação do Fernandinho na seleção, ou qualquer outra coisa. O internauta então, com seu sentimento forte, escreve um longo comentário ofendendo o autor pessoalmente, como se aquele post fosse unicamente direcionado a ele, que ama tanto o Fernandinho.

Pois bem, infelizmente isto não é mais algo incomum. Esse tipo de situação está passando a se tornar a síntese da comunidade virtual brasileira, seja no Facebook, no Twitter, por blogs ou por vlogs. Se você não gosta, você ofende. A pergunta que fiz no Facebook foi simples e direta: Foi a internet que deixou as pessoas assim, tão toscamente intolerantes com qualquer coisa, ou as pessoas já eram assim e agora tem os meios para expôr sua própria ignorância?

A coisa piora ainda mais quando o alvo é o humor. Se a linha entre o humor de bom ou mau gosto sempre foi tênue, ultimamente um outro lado da questão entrou em jogo, o politicamente correto contra o politicamente incorreto (a linha entre o último e o mau gosto é ainda mais tênue, diga-se). Recentemente, Mauricio Ricardo, autor do “Charges.com.br”, o site de humor mais acessado do país, deixou claro sua opinião em uma twitcam: Está ficando muito, mas muito difícil, fazer humor no Brasil. O problema vai além da simples falta de compreensão, ou um “analfabetismo funcional” da era digital. O problema é a simples incapacidade de aceitar a opinião alheia como algo comum e até saudável.

A revista The Economist, em artigo publicado no último mês, chamou a internet de uma nova versão das mesas de bares do século XIX, quando a notícia lida nos jornais se espalhava de boca a boca. Se formos manter a metáfora, a internet no Brasil vem se tornando uma enorme briga de bar, com garrafas e cadeiras voando em quem resolve falar um pouco mais alto ou destoando um pouco da ode ao senso comum que vêm se instalando nos últimos tempos.

O politicamente correto exacerbado. A polida concordância e conformismo ante a opinião própria. A forma como a palavra “discussão” perdeu sua conotação positiva, de argumentação, e vem ganhando pontos em sua conotação negativa, a de briga. Realmente, está difícil, está muito difícil. O mundo não está mais chato, como alguns gostam de dizer. Nós estamos. Ou sempre fomos. E sendo bem sincero e pessoal neste momento: Ser considerado chato por este mar de chatos, para mim, é um elogio muito bem vindo.

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