domingo, 29 de junho de 2014

Pesquisa da USP busca usar etanol para alimentar combustíveis elétricos

Da Assessoria de Comunicação do IFSC
Via Agência USP de Notícias
Creative Commons

No Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, um estudo investiga um novo método capaz de tornar o funcionamento dos motores de automóveis veículos menos poluentes e mais eficientes.

Trata-se de uma metodologia de pesquisa que está na interface entre a química e que vem sendo estudado pelo docente do IFSC, Paulo Barbeitas Miranda, numa parceria de estudos com a pesquisadora do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), Janaína Fernandes Gomes.

O método utiliza uma célula a combustível (etanol, por exemplo) que gera energia elétrica com a produção de pouco calor. Esta, por sua vez, alimenta um motor elétrico, que usualmente perde pouca energia na forma de calor, tornando o funcionamento do automóvel mais eficiente e, principalmente, limpo.

Sendo esse o objetivo final do estudo (um carro com motor elétrico que consuma menos combustível e funcione de maneira mais limpa), alguns problemas se colocam à frente para concretização de tal projeto: durante a reação de quebra da molécula de etanol para produção de energia elétrica, que ocorre na superfície de um eletrodo metálico, há muita perda de energia. “Atualmente, o grande desafio é conseguir quebrar completamente a molécula de etanol para que ela alcance eficiência máxima. Porém, essa reação ainda gera muitos subprodutos, tendo-se uma reação parcial e o não aproveitamento de toda energia da molécula”, explica Paulo Miranda.

Também durante a quebra da molécula de etanol na célula a combustível, ocorre outro problema: o chamado “envenenamento do eletrodo”, quando o monóxido de carbono, resultante da reação parcial, fica grudado na superfície do eletrodo, atrapalhando sua eficiência. “São moléculas difíceis de remover e que bloqueiam a reação”, elucida o docente.

O trabalho principal dos pesquisadores do IFSC e IQSC, portanto, foi buscar o entendimento sobre como ocorre o envenenamento do eletrodo, tentando descobrir quais são as outras moléculas “grudadas” na superfície do metal, que são produtos intermediários da reação de oxidação do etanol no eletrodo.

O eletrodo estudado foi o de platina, o mais investigado e promissor (embora muito caro) para a fabricação de células a combustível. No caso do IFSC, os pesquisadores utilizaram a técnica de espectroscopia não-linear de interfaces, na qual são utilizados lasers de alta intensidade para se obter o espectro de vibração das moléculas que estão na superfície. “Na situação experimental temos um filme com uma solução composta por etanol e eletrólito, e com isso conseguimos estudar as moléculas que estão na superfície do eletrodo”, conta Paulo.

Sobre o filme fino, são disparados dois tipos de laser: um infravermelho e outro verde. Tal diferencial oferece a seguinte vantagem: a combinação das duas cores, produzindo luz azul, permite investigar apenas as moléculas que se encontram na superfície. “Nesse caso específico, saber o que se encontra na solução não é de nosso interesse, pois muitos pesquisadores podem fazer isso rotineiramente. A técnica que utilizamos é, entretanto, muito mais sensível ao que ocorre na superfície do eletrodo, deixando de lado o que se encontra na solução”.

Depois de aplicada a técnica na superfície do eletrodo metálico, os pesquisadores encontraram um espectro complexo, com muitas vibrações em frequências próximas, e visualizaram “impressões digitais” de várias moléculas, o que foi a grande novidade da pesquisa em questão. “A dificuldade é saber a quem pertencem essas ‘impressões digitais’, uma vez que encontramos uma média de 15 frequências diferentes. Tivemos que buscar dados na literatura e fazer comparações com diversos espectros já conhecidos para identificar a quais moléculas elas pudessem pertencer”, explica Paulo.

Após diversas análises e comparações, os pesquisadores chegaram a uma proposta de possíveis candidatos – a certeza só existirá quando forem feitas novas simulações computacionais bem mais complexas. “O ideal, mesmo, seria fazer uma simulação do que ocorre com uma molécula de etanol quando ela chega a uma superfície metálica e se quebra em diversas outras”, comenta Paulo.

Outra surpresa durante o estudo foi a descoberta de que o eletrodo de platina é extremamente ativo para reação de quebra da molécula de etanol, pois, de acordo com Paulo, outras moléculas menores, que resultam dessa reação, podem se juntar novamente para formar moléculas novas. “Isso mostra que o caminho dessa reação é muito mais complicado do que se imaginava. No entanto, ao se utilizar diferentes combustíveis, a reação pode ser diferente, bem como os produtos e a eficiência da reação”, explica Paulo.

Obviamente, os próximos passos da pesquisa caminham em direção à descoberta exata das moléculas que estão “grudadas” na superfície do eletrodo e também como ocorre, exatamente, a reação nessa superfície.

sábado, 28 de junho de 2014

Conheça Fábio Hideki, que sofreu prisão preventiva, está no presídio de Tremembé e é acusado de ser Black Bloc

Por Mídia NINJA
Via Creative Commons


Após o término da manifestação do dia 23 de junho, em São Paulo, Fábio Hideki Harano foi preso por policiais civis à paisana sob a acusação de associação criminosa, incitação ao crime, porte de explosivo e suposta posse de um coquetel molotov.



Segundo o Secretário de Segurança Fernando Grella, “É a resposta da lei para esses indivíduos”. Curiosamente, a revista pessoal realizada por mais de dois policiais em frente às câmeras não encontrou qualquer objeto ilícito, muito menos um explosivo. O Secretário de Segurança, em mais uma prova do paradoxo legal de nossas forças de segurança, incentiva sua polícia a praticar crimes para que crimes não sejam praticados.

A prisão desse manifestante pacífico ocorre em um momento muito delicado para o país, e mostra mais uma vez que a Constituição Federal não é parte do treinamento de nossas corporações militares. Objeto de crítica em diversos órgãos de Direitos Humanos nacionais e internacionais, a polícia política mostra que continua nas ruas do país.

O Judiciário, na contra mão das declarações de Grella, tem se demonstrado cauteloso e desconfiado quanto o material apresentado pela Polícia Civil, que vem tentando imputar a qualquer pessoa a qualidade de ”black bloc”. Parlamentares paulistas também estão acompanhando o caso de perto. A insuficiência de provas contra Fábio e a declaração do Padre Julio Lancelotti, que diz ter visto um flagrante forjado, colocam ainda mais suspeita sobre as ações recorrentes de nossa política pública de segurança.


domingo, 22 de junho de 2014

O Grande Fracasso da Copa: A Publicidade?

Por Vladimir Cunha, do Mídia Ninja
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A publicidade fracassou nessa Copa porque fala com um Brasil que não existe mais. Ela ignora todas as conquistas sociais, a mudança de mentalidade de certos setores da sociedade, a nova cara da classe C, o empoderamento estético e simbólico da mulher brasileira que agora tem dinheiro para malhar e cuidar de si e a falência de determinados meios de produção e difusão cultural.


Nessa Copa fizemos comerciais e campanhas como se ainda estívessemos nos anos 90 e com os mesmos temas batidos de sempre: a "rivalidade" com os argentinos, coxinhas fazendo graça em mesa de bar, mulheres a serem "conquistadas", a "emoção do futebol" e as bobagens de sempre.

O período era propício a uma quebra de paradigmas - como a dos comerciais da Nike e Adidas do final dos anos 90, que falavam diretamente aos screenagers da época e usavam música eletrônica e aspectos dos videogames, dos vídeos de skate e snowboard e dos filmes de ação produzidos por Jerry Bruckenheimer.

Pelo contrário. Fizemos peças e campanhas pouco inspiradas, disfarçando a falta de criatividade com o uso excessivo de hashtags que não deram em muita coisa.

Caxirola não colou, Fuleco não colou e nenhuma música "da Copa" entrou na cabeça das pessoas da maneira como "Festa", da Ivete Sangalo, ou "Canarinho", do Luis Ayrão, fizeram de maneira orgânica no passado.

Se a publicidade brasileira tivesse realmente a cara do Brasil teríamos um comercial com Valesca Popozuda, de boné John John e calça La Bella Mafia, e não Fernanda Takai e Paulo Miklos cantando sobre as mesmas imagens estilizadas de sempre. De um Brasil que só existe na cabeça dos publicitários, diga-se de passagem.

O jornalista, o sósia e os jornais

Por Sylvia Moretzsohn, do Observatório da Imprensa
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Vamos discutir isso a sério: um jornalista experiente como o Mario Sergio Conti, colunista da Folha de S.Paulo e do Globo, realiza uma entrevista com o Luiz Felipe Scolari. Os dois jornais publicam na quarta-feira (18/6) a entrevista em seus sites. Só que o Felipão não é o Felipão, é um sósia dele. 

Aí os jornais publicam um desmentido (ou um “erramos”) e tiram o texto original do ar.

A história cai na rede e provoca uma série de comentários contraditórios e especulações.

Uma jornalista recupera o texto no cache do Google e sugere que pode ter havido um erro de quem fez o título, considerando o final da entrevista, em que Conti convida o suposto Felipão para o seu programa na GloboNews e o sósia lhe entrega um cartão, identificando-se como “Vladimir Palomo – sósia de Felipão – eventos”. 

Em suma, os redatores (da Folha e do Globo) teriam se empolgado e tomado por verdade o que era fake.

Outra jornalista diz que o texto era claramente uma ironia. Faz sentido?

1. O texto inteiro é redigido como se fosse verdade. No final, o sósia se revela. Seria então uma autoironia: o jornalista entrevista um sósia achando que é o Felipão e no final revela que foi enganado. Mesmo? E qual a graça disso?

Muito mais provável seria considerar que o jornalista pensava estar entrevistando de fato o técnico da seleção e, finalmente, recebendo o cartão, teria verificado o engano. Mas isso simplesmente derrubaria a matéria.

Ou então – como sugeriram alguns, antes de saber do desfecho da história – que o jornalista tivesse pensado que o (supostamente verdadeiro) Felipão lhe entregara um cartão com o nome do sósia para fazer uma brincadeira, como a de sugerir que convidasse um sósia a seu programa de entrevistas, já que no momento estava muito ocupado com a Copa.

2. Se era uma ironia, por que Conti pediria desculpas, através da nota que tanto O Globo quanto a Folha publicaram?

E o leitor?

O caso acabou esclarecido no fim da tarde de quinta-feira, quando a Zero Hora, de Porto Alegre, publicou entrevista com o jornalista e o sósia entrevistado por ele (ver “Mario Sergio Conti: ‘Pensei realmente que era o Scolari’”). Logo depois, apareceria matéria no site da Folha e, pouco mais tarde, também no do Globo, nas quais o jornalista reconhecia o erro.

O mais relevante, entretanto, é a maneira como os jornais trataram o episódio: inicialmente, com um sucinto pedido de desculpas e a eliminação do link para o texto original, só ressuscitado depois da repercussão que o caso ganhou nas redes sociais.

Não vivem dizendo que o leitor deve tirar suas próprias conclusões? A que conclusões o leitor pode chegar (mesmo a essa de que teria sido uma ironia mal compreendida), se não tem acesso ao texto?

***

Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora de Repórter no volante. O papel dos motoristas de jornal na produção da notícia (Editora Três Estrelas, 2013) e Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)

sexta-feira, 20 de junho de 2014

André Forastieri e seu punk rock moribundo

Por Pedro Zambarda
Originalmente postado na Whiplash.net

Eu conheci os textos do André Forastieri como muitas pessoas conhecem: Odiando um deles.

Li, no dia 17 de maio de 2010, o post “Ronnie James Dio, o deus ridículo do rock” e achei prepotente a crítica dele sobre o cantor que fez sua carreira no Rainbow e no Black Sabbath. Concordo com seu amigo, André Barcinski, em reconhecer que o texto é apenas uma tirada de sarro com os metaleiros e fãs acríticos de Dio, mas mesmo assim não consigo gostar até hoje deste texto.

O que eu descobri, pouco tempo depois (e só quando critiquei aquele texto em um texto meu), é que aquela não tinha sido a primeira vez que eu tinha lido Forastieri. Quando tinha por volta de 8 ou 10 anos, fui leitor da Herói em seu auge. E estava viciado no anime Cavaleiros do Zodiáco na televisão. Quando comprei um videogame N64, comprei assiduamente a revista brasileira Nintendo World. E quando veio o vício no Game Boy e em Pokémon, eu tive a coleção completa da revista Pokémon Club. Ou seja, eu fui educado em publicações criadas e/ou editadas pelo André Forastieri.

Recebi então a tarefa, justa eu acredito, de resenhar seu primeiro livro, “O dia em que o rock morreu” (Arquipélago Editorial, 184 páginas). Depois de odiar seu texto sobre Dio, passei a acompanhar o trabalho do André mais de perto. Eu tenho essa mania bizarra de ler pessoas que não concordo muito, até por exercício de jornalista. Milhares de textos dele despertavam discórdia da minha parte. Em outros textos, passei a concordar muito. Mas uma conclusão eu tirei a respeito dele, depois de uma leitura mais assídua em quatro anos: Ele é um crítico de cultura pop, música e videogame com repertório, experiência e coerência, qualidades que são raras em muitos profissionais.

“O dia em que o rock morreu” é um livro passional com alguns dos textos que André Forastieri já publicou, com a adição da entrevista dele com Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, um ano antes de seu suicídio, em 93. Não é um livro que vai agradar quem espera material inédito, mas certamente vai agradar os fãs de Forastieri quando ele escrevia na Folha de S.Paulo, na revista Bizz e agora no portal R7, da TV Record.

André absorveu a cultura que o cercou desde a adolescência. Sua família de Piracicaba, interior paulista, não era musical e nem roqueira. “Cresci numa casa sem música. Só havia o radinho de pilha na cozinha. Minha mãe é a rainha do rádio, especificamente da rádio Nacional: A qualquer minuto cantarolava (e cantarola) extenso e refinado repertório dos anos 40-50. Que eu saiba, nem ela nem meu pai jamais entraram em uma loja de discos na vida”. A família dele se parece um pouco com a minha, o que provoca um problema em casa quando você abraça a música jovem que seus parentes não reconhecem.

Suas opiniões sobre artistas são polêmicas, mas coerentes com o que ele pensa. Michael Jackson? “Aprendeu a cantar como um anjo e a dançar como um cafetão fazendo shows em puteiros aos oito anos de idade”. John Lennon? “Minha primeira paixão roqueira”, “um babaca que me traiu” e “hippie-yuppie babaca”. Elvis Presley? “Morreu quando careteou”, ficou careta após se alistar no exército. Lou Reed? “Viveu mais que o provável, pelo mal que fez a si mesmo”. Caetano Veloso? “Não importa há três décadas”. Roberto Carlos? “Virou as costas ao rock e à vida”. Chorão? “Um garoto skatista e destrambelhado, procurando um lar e um amor”. Kurt Cobain? “Um pobre-diabo que precisava ser amado e idolatrado, conseguiu e não segurou a onda”. The Clash? “Banda que me fez pensar grande, ser valente, cortar o cabelo, não entrar em igrejinha, detestar bicho-grilo, largar Piracicaba, ir pra vida de peito aberto, com medo e com um tesão louco”.

Forastieri também alega que o fim da MTV Brasil em 2013 foi no tempo certo e que os anos 1980 realmente formaram os roqueiros no nosso país, embora ele renegue esse suposto rock brasileiro. O punk de São Paulo, para ele, foi determinante. Ele também coloca que a pirataria acaba com os músicos, embora seja algo bom na era digital e para o consumo, reduzindo o preço de muitos serviços.

Sua tese mais ousada no livro é que o rock morreu, foi morto, acabou. E, para ele, acabou não por causa da música eletrônica, do disco ou dos sintetizadores. Acabou porque não há mais bandas medianas. Ou sua banda é de quintal, feita por amigos, ou é uma superprodução pop, o que vai contra a contestação mais “imatura” do rock. Não há mais apelo por capas ou vinis de forma comercial. Há apenas uma nostalgia em forma de “cadáveres” musicais.

André também dedica um capítulo às revistas Heavy Metal e Spin, suas favoritas, e comenta sobre os críticos musicais ruins que puxam o saco de artistas.

Não é preciso concordar com André Forastieri para compreender seu valor cultural como jornalista. Sei que é suspeito um jornalista falar sobre outro jornalista, mas um sujeito que absorve repertório e consegue colocar isso de forma cristalina em seus textos, sejam eles de opinião pura ou análise, terá deixado suas marcas em seus possíveis leitores.

O texto ridículo do Dio está no livro. Reli para tentar enxergar de outra forma. Não consegui, mas o material todo é muito bom. “O dia em que o rock morreu” pode ser lido facilmente em três dias. A prosa de André Forastieri é direta e crua, como seu punk rock predileto. Eu li em dois dias, porque conhecia a maioria dos textos, disponíveis na internet através do blog dele.

André se formou com o The Clash. Música boa pra ele tem três acordes, e eu gosto das que tem mais acordes. Ele viveu os anos 80 e trabalhou a cultura pop brasileira nos anos 90. Eu nasci nos anos 90. Fui leitor das publicações dele. Eu me formei com um Black Sabbath deslocado do meu tempo, mas estou vendo o final da banda que revolucionou os anos 70. Vejo todo o dilema do mercado musical que André relata. Não gosto de tudo o que o mainstream e o pop tentam me fazer engolir, mas vivo uma época muito mais fácil para ouvir músicas se comparada com a procura louca atrás de vinis e raridades.

André acredita que o rock morreu. Eu discordo, porque o rock’n’roll é a trilha-sonora ideal para uma São Paulo tomada por protestos desde junho de 2013. As manifestações não tem música própria, então eu crio a minha, com velharias de outras épocas. O heavy metal e o punk combinam com a cidade cinzenta onde vivo. A mesma cidade que André Forastieri viu se formar.

Não sei se o livro será um sucesso de vendas. O que sei é que a experiência de jornalista e de crítico deve ter um envolvimento com os assuntos que você trata. André teve uma relação com games, com a imprensa e, principalmente, com a música. Não basta, então, criticar algo, se você não tiver nenhum envolvimento.

A barrigada de Mario Sergio Conti e a importância do jornalismo de esportes

Mario Sergio Conti dirigiu a revista Veja, trabalhou no Jornal do Brasil, no programa da TV Cultura Roda Viva e na revista Piauí. Atualmente, tem duas colunas, uma no jornal O Globo e outra na Folha de S.Paulo. Além dos dois espaços, tem um programa de entrevistas na Globonews, o Diálogos. Tem 60 anos, não é foca de redação e nem jornalista jovem. Tem uma carreira marcada por brigas profissionais, boas reportagens, principalmente em seu livro Notícias do Planalto: A imprensa e Fernando Collor, e influência no noticiário político do Brasil.

Este mesmo Mario Sergio cometeu um erro básico de checagem de informações em sua coluna ontem (19), publicada simultaneamente em O Globo e na Folha.


Conti embarcou num voo Rio-São Paulo e acreditou, segundo o jornal Zero Hora, ter entrevistado o técnico Felipão, Luiz Felipe Scolari, durante o trajeto. O problema é que não era o técnico brasileiro, mas sim um sósia chamado Vladimir Palomo, que entregou um cartão ao colunista se identificando e dizendo que estava indo gravar o programa Zorra Total, na TV Globo. O colunista ainda assim acreditou e colocou no título:  "Felipão sobre Neymar: ‘Se tivéssemos três como ele, a Copa seria uma tranquilidade'".

O texto foi tirado do ar e duas erratas foram publicadas nos veículos. Como a informação de Vladimir Palomo estava no texto, no qual Conti menciona seu cartão de visitas, acreditou-se por algum tempo que o erro tivesse sido de edição da Folha ou de O Globo, e que a coluna seria, na verdade, uma ironia.

Mario Sergio Conti desmentiu e disse que achava que Vladimir era de fato o Felipão.

Disse que sabia, pela mídia impressa, que aquele era o dia de folga da seleção. E que achou factível que o técnico estivesse viajando naquela quarta-feira (18). A questão é que o último jogo da seleção foi em Fortaleza e o próximo seria em Brasília. Havia uma baixa possibilidade do técnico de fato estar naquele voo.

Conti não é um jornalista de esportes, provavelmente não consultou editores e goza de uma independência editorial para publicar suas próprias entrevistas, que quase sempre envolvem personalidades e figuras políticas importantes. Jornalisticamente, Conti foi formado por Elio Gaspari, um mito da imprensa na Veja e na Folha de S.Paulo. Não se esperava que ele cometesse a falha de entrevistar um sósia, provando não ter muito conhecimento sobre futebol.

Mas a derrapada do colunista levanta uma questão importante: A importância do jornalismo de esportes. Frequentemente os repórteres deste segmento são tratados como se fossem torcedores ou como se o trabalho deles não fosse sério.

Não é verdade. A Copa do Mundo do Brasil está acontecendo, chamando atenção para o nosso país. E a barrigada de Mario Sergio Conti também ocorreu. Estes fatos atestam que esporte é uma pauta importante, e que você está suscetível aos maiores erros se não der a devida importância.

Todo o jornalismo, na realidade, é importante. Mas ainda se conserva a mentalidade de que política, economia e algumas determinadas pautas são mais fundamentais do que outras. E não parece ser a verdade.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Vídeo mostra PM disparando balas de borracha em metroviários de SP

Por NINJA
Via Creative Commons

Trabalhadores do Metrô foram reprimidos com bombas e balas de borracha durante essa madrugada enquanto realizavam paralisação na Estação Ana Rosa, na zona sul da capital. Diversos outros pontos do metrô ainda concentram focos de resistência similares, como Brás, Jabaquara, Itaquera, Capão Redondo e Tamanduateí.



Trate-se de uma greve legítima, deflagrada pelo Sindicato dos Metroviários por ampla maioria e que afetou cerca de 4,6 milhões de usuários do Metrô na quinta-feira (5), há menos de uma semana para o início da Copa do Mundo.

A categoria tentou de todas as formas negociar pelos seus direitos sem prejudicar usuários mas nenhuma proposta foi aceita até então pela Secretaria de Transporte do Estado.

Os Metroviários chegaram inclusive a propor a catraca livre enquanto forma de manter o protesto sem afetar a população: “Seria uma alternativa à paralisação”, propôs o presidente do Sindicato Altino de Melo Prazeres Júnior. Geraldo Alckmin, Governador do Estado e responsável pela gestão do Metrô, afirma que o movimento é "político e sem sentido", e atua com a força militar da polícia para impedir a reivindicação trabalhalista prevista em Lei.

Um trabalhador foi preso e depois solto. A greve do Metrô continua por tempo indeterminado.

Leia mais sobre a greve dos Metroviários no NINJA

http://ninj.as/qlep4

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