quinta-feira, 29 de julho de 2010

Você quer falar sobre sua paixão por videogames?


Você gosta de games? Realmente curte? Gostaria de falar para uma câmera sobre isso?

Estou fazendo um TCC no último ano de jornalismo e preciso de depoimentos em vídeo para divulgar o trabalho. Quem puder ajudar, pode gravar de câmera digital ou celular e me mandar o link do Youtube. Claro, para te auxiliar na gravação, eu elaborei três perguntas para que você responda, evitando problemas. Veja abaixo:

1 - Desde quando você joga videogames? Isso influiu na sua vida como? Você tem personagens e situações nos jogos eletrônicos que te afetaram?

2 - Quais as tendências atuais dos games que você consegue observar hoje? Quais tendências permanecerão na evolução dos games, na sua opinião?

3 - O que é a indústria de jogos eletrônicos, também segundo sua opinião?

Simples, não? Caso você queira contar mais curiosidades, sinta-se à vontade para inserir em seu vídeo. Em caso de qualquer dúvida, o link para comentários abaixo serve para resolver pendências.

Não esqueça, no vídeo, do seu nome completo, idade e profissão, se você tiver.

Quem quiser colaborar, mande e-mail para boladafoca[at]gmail[dot]com.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Dificuldade de escrever em final de faculdade

Acumulam os trabalhos. O mercado profissional pensa em te efetivar para, enfim, tratá-lo como um trabalhador qualificado. Quem não está empregado se desespera na busca por um ofício. Acumulam-se todas as expectativas que você tinha antes de entrar em uma carreira. As decepções devem ser ultrapassadas. Os orgulhos devem ser revertidos em alguma motivação prática. É um período de acumulação excessiva.

E você não é duas pessoas, não é capaz de dar conta de tudo. Trabalho de Conclusão de Curso. Não é o terror que muitos dos seus ex-veteranos universitários diziam, mas não é uma criação mole. É uma chance de experimentação que não permite muita preguiça. Requer um apego que nem todas as pessoas estão prontas ou dispostas.

Final de faculdade é tortuoso para escrever, é difícil de descrever. Mal consigo ler poucas folhas de um diário impresso inteiras. Mal consigo prender atenção em páginas que saltam no meu navegador web. Estou focando em tirar notas, em fazer um bom experimento, em responder corretamente no trabalho. E, mesmo assim, não basta.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Muito rock no Anime Friends deste mês

O assunto deste post não é novo. Envolvem os shows que aconteceram no Anime Friends, o maior evento de desenhos japoneses e cultura nipônica no Brasil, que ocorreu entre os dias nove e 18 de julho. O evento foi desenvolvido junto com outros eventos, como o SP Game Show, voltado para o público de videogames, e o Comic Fair, de quadrinhos.

Além dos festivais tradicionais japoneses, o rock´n´roll brilhou entre os espetáculos presentes no evento. Segue um resumo de três shows que mereceram destaque:

Foto da matéria de Márcio Pacheco na Whiplash

Angra - Dia 16 de julho. 20h30.

Com 30 minutos de atraso, o Angra subiu no palco ovacionado por seu público heavy metal. A banda goza de estar em boa forma com o retorno do baterista Ricardo Confessori, explícito no novo single deles, Arising Thunder do novo CD Aqua. O espetáculo no telão fez um show com imagens do álbum Rebirth. No entanto, apesar dessa excelente impressão, aliada ao espetáculo que a produção fez com as luzes nos integrantes, o problemas começaram a aparecer.

A saída de som nas caixas estava doendo os ouvidos. Apesar dos instrumentos estarem bem balanceados, a qualidade sonora do palco do Anime Friends deixou a desejar. O segundo problema que ocorreu foi a escolha das músicas: Unfinished Allegro / Carry On e Nova Era / Waiting Silence / Silence and Distance / Angels Cry / Lisbon / The Course of Nature / Acid Rain / The Voice Commanding You / Rebirth / Nothing to Say / Deus le Volt! / Spread of Fire / Pegasus Fantasy. A voz do vocalista Edu Falaschi não foi feita para imitar o falsetes do clássico André Matos, autor de quase metade do setlist. O resultado ficou comprovado nos desastrosos agudos de Silence and Distance, em contraste ao excelente desempenho de Edu em Pegasus Fantasy e Spread Your Fire.

Apesar desses detalhes, foi um excelente show. O Angra está em forma para representar o Brasil neste ano, passada a fase do seu CD Aurora Consurgens, mal recebido pelo público.


Comitiva do Rock - Dia 18 de julho. 13h30.

Trazendo um heavy metal humorístico, o Comitiva do Rock trouxe sua Vaca Metaleira e tiraram sarro dos rapazes emos do NX-Zero, uma famosa banda nacional. Misturando clássicos como Sweet Child O´Mine do Guns´n´Roses com Zezé de Camargo e Luciano. Tocaram também versões que mudavam as letras de temas como Jaspion e He-Man. O intuito desses caras no Anime Friends era divertir todos com suas bizarrices.

Foto de Pedro Zambarda

Mega Driver - Dia 18 de julho. 15h00.

Inspirado pelos videogames, Nino "Megadriver" criou uma guitarra com a carcaça de seu Mega Drive e, depois, confeccionou outro instrumento com o rosto de Sonic. Formou também uma banda de heavy rock que tocasse seus clássicos favoritos dos consoles.

No Anime Friends, os rapazes do Mega Driver tocaram clássicos da Sega como Golden Axe, um game do aparelho Mega Drive, com apoio do vocalista Allan e sua potência musical. Para finalizar, tocaram também o tema do anime Dragon Ball Z, que fez o público pular sem parar. O show não foi realizado no palco principal, mas sim na arena de videogames do SP Game Show, atraindo todo o tipo de nerd para agitar com seu sons favoritos.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Red Read Redemption e a crítica do gênese

E um dos melhores Westerns de todos os tempos é um game.


Se existiu um gênero no cinema que sempre falou por si próprio, foi o Western. Foram aproximadamente 50 anos, entre 1880 até 1920, retratados exaustivamente por grandes diretores como Sérgio Leone e John Ford. Anti-heróis encarnados por atores como John Wayner, Henry Fonda, Clint Eastwood e até Kevin Costner. Mas por fim o Velho Oeste consegue ter seu grande representante em outra mídia. Com Red Dead Redemption, da Rockstar, os games não ganham mais apenas um jogo de mundo aberto, ganham um dos mais fiéis retratos do Velho Oeste que já se viu.

Red Dead Redemption conta a história de John Marston. Um ex-fora-da-lei, deixado à morte por sua antiga gangue, que tem sua família seqüestrada pelo governo e é forçado a matar seus antigos companheiros. No meio do caminho, Marston vaga por cidades onde a lei é apenas uma sombra exercida por xerifes corruptos, cruzando com mulheres que precisam sobreviver em um mundo de homens, e ainda participando da formação da democracia em um México que nada mais era do que um rabisco do país que conhecemos hoje.

Indo direto ao ponto: Red Dead Redemption é, até aqui, o melhor game do ano. E sim, ainda me lembro que este ano foram lançadas obras como God of War III, Heavy Rain e Final Fantasy XIII, apenas para citar alguns. E também acho muito difícil surgir ao menos três games este ano que o superem. Talvez, e provavelmente, isto até aconteça quando falamos de aspectos técnicos, como gráficos e jogabilidade, mas poucos roteiros até hoje nos games vão tão fundo e cutucam tanto uma ferida quanto o de Red Dead.

Os Westerns sempre tiveram a capacidade de jogar com os extremos no cinema. São capazes de mostrar a faceta mais heróica do ser humano, como a mais podre. Os melhores, e são muitos, fazem ambos. E é este o primeiro e principal mérito de Red Dead. John Marston não é um anti-herói típico dos dias atuais. É o retrato de uma época, e talvez até mesmo o de um país. John cresceu órfão, foi adotado por uma gangue, cometeu crimes para beneficiar os mais pobres, e junto com sua gangue, acabou se perdendo. Agora Marston procura a própria redenção, sendo obrigado a caçar e matar seus antigos companheiros para salvar sua família, seqüestrada por agentes do governo. Sempre caminha no linear entre a lei e o crime, entre a honra e a má-fé, e atitudes como tirar uma vida ou queimar uma vila acabam tendo o mesmo propósito que resgatar uma família inocente ou salvar um rancho da destruição.

Para historiadores, a Colonização do Oeste foi a segunda gênese dos EUA. Assim como a primeira, foi conseguida com balas, pólvora e muito sangue. O governo abriu as portas e criou uma terra sem lei, habita tanto por cidadãos honestos quanto por bandidos. Todos a procura do mesmo: Sobrevivência. Situar Red Dead em 1911 não é uma escolha ao acaso. A década de 10 foi o início do fim do Velho Oeste. O governo americano demorou para perceber que estava na hora de limpar a bagunça que ele próprio havia criado. Estava na hora de “civilizar” o oeste selvagem. Uma civilização mais selvagem que os 50 anos que a precederam.

Red Dead Redemption é arte. Um novo tipo de arte nos games, que não se limite a um tipo de conceito visual ou de jogabilidade, como vimos em Shadown of Colossus ou Ico. Red Dead Redemption traz para os games a arte que constrói grandes personagens. É a arte que critica o modo como as coisas foram feitas. É a arte que te pergunta: O que você faria? Se eu vi algo parecido com isso recentemente, talvez tenha sido a conclusão da saga Metal Gear, com Guns of Patriots. Mas ainda assim, no máximo parecido. Red Dead Redemption não critica o modo como as coisas estão caminhando hoje. Não critica o governo x, y ou z. Red Dead Redemption critica a própria gênese dos EUA. E assim, questiona tudo o que o país é.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Brasil: Produzindo bons vídeos na internet


Ok. Vou escrever sobre um assunto tão batido que até o Fantástico da Rede Globo já comentou sobre. Vídeos no Youtube e o crescimento dos vlogers no Brasil.

Plataforma audiovisual não é novidade por aqui. Todo mundo vê e reparte vídeos engraçados no trabalho, entre parentes e amigos, além de comentar e retransmitir notícias importantes nesse formato digital. No entanto, o que está surgindo como novidade agora é a alta de desenvolvimento de produtos nesse segmento, e são produções com qualidade dessa vez.

Um exemplo deles é o trabalho de um jovem chamado Gustavo Horn. Vlogueiro diferente, o rapaz faz vídeos que parecem documentários, com alguns elementos de experimentalismo. Abaixo, você pode conferir um que ele fez sobre o tema "O que você faz da sua vida". São produções que poderiam ser comerciais, curta-metragens e não apenas "eu e minha câmera", com notícias. Vale a pena:



Claro, comentando sobre o trabalho de Horn, eu não estou menosprezando o sucesso de caras como PC Siqueira e Felipe Neto, explodindo desde abril deste ano. Esses dois outros exemplos são pessoas que simplesmente pegaram câmeras e começaram a fazer programas com confissões pessoais e opiniões que cativam as pessoas. Todos os vídeos atuais estão recebendo um up com programas de edição como Sony Vegas (PC) e Final Cut (para Macs). Os "vlogueiros" estão também atraindo a atenção de emissoras grandes como a MTV, como no caso de Ronald Rios, já estrevistado aqui no Bola.

Independente dos vídeos serem um modismo atual dos usuários brasileiros, sua expansão é um benefício para todos. No jornalismo, estudantes podem experimentar se lançar nesse formato, atingindo um público diferenciado na internet, atento aos aspectos diferentes de coisas muito comentadas, como Copa do Mundo, política e outros assuntos.

sábado, 17 de julho de 2010

Forbes: Os 100 Mais


A Forbes, revista norte-americana de negócios conhecida por suas listas anuais, publicou a dos músicos top-earning, ou seja, com os maiores salários. Considerando as cifras de junho/2009 a junho/2010, estes são os 10 artistas mais bem pagos do mundo:

1. U2 - U$131 milhões
2. AC/DC - U$114 milhões
3. Beyoncé - U$87 milhões
4. Bruce Springsteen - U$70 milhões
5. Britney Spears - U$64 milhões
6. Jay-Z - U$63 milhões
7. Lady Gaga - U$62 milhões
8. Madonna - U$58 milhões
9. Kenny Chesney - U$50 milhões
10. Empate: Black Eyed Peas, Toby Keith e Coldplay - U$48 milhões


A revista recentemente também publicou suas 100 celebridades mais influentes, onde os 10 primeiros lugares ficaram com:

1. Oprah Winfrey
A apresentadora mais famosa da televisão norte-americana vai se aposentar de seu programa, o The Oprah Winfrey Show (que está no ar desde 1984) em 9 de setembro de 2011
2. Beyoncé
A música mais bem paga do mundo
3. James Cameron
Diretor de Avatar e defensor do meio ambiente, esteve no Brasil no início do ano
4. Lady Gaga
Dona do segundo vídeo mais visto do YouTube, substituída do #1 pela sensação teen Justin Bieber
5. Tiger Woods
E sua carreira/vida amorosa complicada(s)
6. Britney Spears
Aparentemente recuperada do breakdown, lançou uma linha de roupas com a grife norte-americana Candie
7. U2
Afinal, eles são os músicos mais bem pagos do mundo
8. Sandra Bullock
Vencedora do Oscar de Melhor Atriz de 2010
9. Johnny Depp
10. Madonna
Sempre em na abençoada companhia de Jesus Luz, em agosto lançará linha de roupas com a filha, Lourdes, chamada - óbvio - Material Girl, com a loja de departamentos Macy's.

Top-Earning Musicians na íntegra:
http://www.forbes.com/2010/07/16/u2-lady-gaga-ac-dc-business-entertainment-top-earning-musicians.html
Most Powerful Celebrities na íntegra:
http://www.forbes.com/2010/06/22/lady-gaga-oprah-winfrey-business-entertainment-celeb-100-10_land.html

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Semestre do Rock

Comemorou o Dia do Rock na última quarta-feira, 14 de julho?
Então veja a lista dos shows em São Paulo e se prepare para um
SEMESTRE do rock!




Scorpions

Get your Sting and Blackout World Tour

Quando e Onde: 18 e 19/09 – Credicard Hall

Pra Entrar No Clima: Rock You Like a Hurricane, Dust in The Wind, The Zoo e Still Loving You.

História: Criada originalmente pelos irmãos alemães Michael e Rudolf Schenker, a banda tomou corpo com a participação de Klaus Meine, Lothar Heimberg e Wolfgang Dziony. São 20 cds lançados, e o mais recente, Sting In The Tail (2010) marca o fim da carreira e o início da última turnê da banda, hoje composta por Klaus Meine, Rudolf Schenker, Matthias Jabs, Pawel Maciwoda e James Kottak.

Mais informações www.credicard.com.br/credicardhall/home/index.htm


Bon Jovi

The Circle Tour

Quando e Onde: 06/10 – Estádio do Morumbi

Pra Entrar No Clima: It’s My Life, Living on a Prayer, You Give Love a Bad Name e We Weren’t Born To Follow.

História: John Francis Bongiovi Jr (New Jersey) começou a tocar cedo, mas só conseguiu fazer fama no verão de 1983, com a música Runaway. Depois do single virar um hit John, que havia gravado com músicos contratados, precisava de uma banda de verdade. Fez ligações à antigos amigos, e virou Jon Bon Jovi. A formação inicial era Jon, David Bryan, Alec John Such e Tico Torres. A Bon Jovi de hoje é praticamente a mesma, as únicas diferenças são a presença de Richie Sambora e o fato de Alec ter saído na década de 90. The Circle é o 11º cd da banda, e celebra a ‘volta’ ao Rock’n Roll, depois de uma passagem mais country no cd Lost Highway (2007).

Mais informações www.bonjovi.com


Rush

Time Machine Tour

Quando e Onde: 08/10 – Estádio do Morumbi

Pra Entrar No Clima: Tom Sawyer, Limelight, Working Man e Closer To The Heart.

História: Banda canadense formada por Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart, mas John Rutsey e Jeff Jones também já estiveram presentes. São 19 cds na discografia, e o próximo, Clockwork Angels será lançado em 2011, com o término da turnê atual.

Mais informações http://www.rush.com/v4.html


Woodstock Brasil: Stars With You – Music & Arts Festival

Quando e Onde: 9, 10 e 11/10 – Fazenda Maeda, Itu

O Que Vai Rolar: Só há presenças confirmadas para os dias 10 e 11. O evento vai ter, ainda, a Mostra de Artes e o Fórum de Sustentabilidade.

10/10 – Kings Of Leon (do hit Use Somebody), Dave Mathews Band, Sublime With Rome, Regina Spektor (lançada com o single Fidelity) e DJ Sharam (vencedor do Grammy de Best Remixed Recording em 2002).

11/10 – Linkin Park, Pixies, Incubus (famosa pela música Megalomaniac) e DJ Erol Alkan (se apresentou no Brit Awards 2002 com Kylie Minogue em Can’t Get You Out of My Head).

Site official: http://www.swu.com.br/pt/


Planeta Terra 2010

Quando e Onde: 20/11 – Playcenter

O Que Vai Rolar: serão dois palcos, Main Stage e Indie Stage. Até agora só há 2 bandas confirmadas: os ingleses Hot Chip e os franceses da Phoenix.

Site Oficial: http://diversao.terra.com.br/musica/planetaterra/2009


Twisted Sister

Quando e Onde: 27/11 – Via Funchal

Pra Entrar No Clima: We’re Not Gonna Take It, I Wanna Rock, The Price e Leader of the Pack.

História: Dee Snider, Mark Animal Mendoza, AJ Pero, Eddie Ojeda e Jay Jay French representam o glam rock andrógeno de NY. A banda tem 13 cds na discografia, mas o último, A Twisted Christmas, foi lançado em 2006. O mais famoso é Stay Hungry (1984), que trouxe os clássicos We’re Not Gonna Take It, I Wanna Rock e The Price.

Mais informações www.viafunchal.com.br

terça-feira, 13 de julho de 2010

Um funeral em forma de CD?


Uma despedida? Um adeus antecipado? Muitas perguntas saltam na cabeça do ouvinte atento de Scream, o novo álbum do criador do heavy metal Ozzy Osbourne. No entanto, pelo menos uma resposta é bem dada nas onze faixas do CD novo, lançado mês passado: o astro do rock´n´roll está em forma, fazendo o som agressivo que contagia e que é esperado por seus fãs. Nada melhor do que uma música dessas para este Dia do Rock.


A peça abre com Let it Die, onde é possível acompanhar o talento confessional de Ozzy aliado à excelente cozinha de baixo e teclado composta por Rob "Blasko" Nicholson e pelo filho do ícone do Yes, Adam Wakeman. "I'm a rock star,I'm a dealer / I'm a servant, I'm a leader / I'm a savior, I'm a sinner, I'm a killer / I'll be anything you want me to be". Osbourne se define com muitos nomes que mostram a sua vida instável. A guitarra do novato Gus G. dá suas primeiras explosões, com acordes mais concisos em relação ao antecessor Zakk Wylde. A voz de Ozzy é modulada no começo para não ser reconhecida, mas, ao longo da canção, ele vai se revelando, entre todas as definições instáveis. E sua mensagem final é "let it go, let it die", isto é, deixe tudo ir embora, morrer.

Com esse tom confessional e se liberando de definições, a guitarra de Gus novamente causa uma explosão em Let Me Hear Your Scream. Feita para tocar em qualquer situação, essa música dá o tom do novo álbum: um simples grito de um rockstar que está na fase final de sua carreira, mas em plena forma. Ozzy quer também ouvir os sons de quem o ouve, e convida as pessoas a lançarem seus gritos. Nesse pedido que, aparentemente, é violento, está também o catarse da sua música, que deve ser apreciada na adrenalina.

Soul Sucker mostra mais claramente o propósito do CD, pois Ozzy confronta seus fantasmas de um passado de abuso de drogas e problemas pessoais. O tom lento traz um pouco de melancolia, mas nosso astro consegue vencer essa assombração. Life Won´t Wait é uma das mensagens mais positivas que Ozzy Osbourne poderia trazer depois de tantos obstáculos à sua sanidade: "When it's gone, it's gone / A fight 'til the bitter end / Life won't wait for you, no / Life won't wait for you, my friend". Essa letra marcante é mesclada entre passagens acústicas e uma guitarra agressiva de Gus G. É a música sobre como resistir, não se render ao que pode te atrasar na vida e, acima de tudo, aceitar a velhice passando a tocha para frente.

Com o emocional à flor da pele, Ozzy lança a pesada Diggin´Me Down, trazendo questionamentos religiosos. Duvidando da crença cega e das falsas luzes, o vocalista questiona Deus e o próprio Jesus Cristo, orquestrado por todo o instrumental pesado. Crucify estende a crítica do divino aos problemas materiais e toda a sua mentira. A crucificação é o rompimento dos lanços verdadeiros entre as pessoas.

Fearless é uma música que traduz o espírito guerreiro de Ozzy, muitas vezes repleto de crueldade, mas tendo uma outra face de desafio contra os males que o aflingem. A música que se segue é de emocionar ainda mais quem acompanhou a carreira do fundador do Black Sabbath. Em Time, Ozzy Osbourne assume sua derrota diante do tempo, em um clima tão leve quanto Changes, mas extremamente melancólico. A guitarra de Gus G. se une a uma letra que mostra toda a instabilidade de viver. Não se deve fazer as coisas por um futuro e nem viver intensamente o presente. Em tudo, Ozzy enxerga insuficiência, mas que é natural do tempo em si.

I Want it More traduz a vontade do vocalista em viver mais, ao mesmo tempo em que se constata que a vida é insuficiente em si. Latimer´s Mercy parece um pedido de misericórdia para se retornar ao início de tudo. I Love You All é uma faixa de apenas um minuto que traduz a conclusão que Ozzy tirou toda a vida: não é possível viver sozinho. Ele agradece então a todos e diz que os ama. É uma declaração aberta tanto aos fãs quanto aos que o testemunharam de perto.

Ouvir todas essas canções e ver a capa do CD dá realmente a impressão que o compositor Ozzy está, de alguma forma, se despedindo das pessoas. Vestido de sobretudo, com asas e segurando uma bandeira preta, Ozzy Osbourne está pronto para encarar a morte. E ver um trabalho com tamanha ligação com sua vida particular é enriquecedor para seus fãs e para o rock´n´roll como um todo. Um trabalho digno para ser lembrado, embora ninguém realmente queira que a morte o leve.

domingo, 11 de julho de 2010

Erudir #6: Rascunhos de texto em uma grande obra



O Erudir traz agora um dos autores prediletos daquele que vos fala. Abordando a vida de Albert Camus e sua última obra, póstuma, O Primeiro Homem, trouxemos neste videocast as questões políticas e literárias da primeira parte do século XX, especialmente os fatos que influíram na Segunda Guerra Mundial. Além desses assuntos bem interessantes, vocês entenderão o que há em comum entre o franco-argelino Camus e os próprios brasileiros.

O videocast está sendo um excelente laboratório para trazer temas diferentes. Se você tiver alguma sugestão de escritor para o Erudir ou quiser sugerir outros programas, mande e-mail para boladafoca@gmail.com.

sábado, 10 de julho de 2010

Flávio Fachel comenta sobre o twitter e a Copa do Mundo

Jornalista gaúcho da TV Globo, Flávio Fachel se destacou fazendo reportagens de ciência e comportamento para o Globo Repórter e em séries especiais, entre 1998 e 2010. Atualmente, é correspondente internacional da mesma emissora, na cidade de Nova York. Com exclusividade, o Bola da Foca entrevistou o profissional sobre sua relação com o twitter e a repercussão da Copa do Mundo na África do Sul na internet.

Bola da Foca:
Você está gostando da sua experiência com o Twitter? Desde de quando você está nessa rede social? Como você a enxerga? Qual é, realmente, o papel do twitter para o jornalismo, tanto o seu quanto o dos demais profissionais?

Flávio Fachel: Estou há um ano. O twitter é um canal onde você pode ter um contato que, antes, se dava em apenas uma via e de forma restrita ao trabalho produzido na TV. Para o jornalismo, o twitter não é nenhuma revolução, como se tenta dizer ou como alguns imaginam. Trata-se de uma ferramenta onde as informações produzidas individualmente circulam na velocidade do boato eletrônico. Isso quer dizer que, em essência, a necessidade da atividade jornalística continua a se fazer presente, tanto no twitter como na mídia tradicional: apurar, selecionar e destacar informações que são importantes para a sociedade. Continua sendo papel do jornalista fazer isso. O twiter ajuda nesse processo como uma espécie de visor da opinião de uma parte da audiência.

BF: As dicas que você fornece sob a tag #telejornalismo estão resultando em feedback positivo? Como as pessoas reagem a um repórter da Rede Globo na internet?

FF: As dicas de telejornalismo têm o objetivo de ser minha colaboração no universo do twitter para a melhoria da qualidade da produção jornalística no Brasil. O retorno é muito bom, com a participação e resposta de estudantes e jornalistas novatos. Antes do advento das mídias sociais, o contato com pessoas de algum destaque era naturalmente difícil. Com a chegada de ferramentas como o twitter, quem deseja abrir as portas para um contato maior com outras pessoas tem essa possibilidade. Estou aproveitando a oportunidade e, até agora, a experiência tem sido positiva.

BF: Como você enxergou a atuação do twitter na Copa do Mundo de 2010? Acha que esse papel deve permanecer nos próximos anos?

FF: Me pareceu uma grande arquibancada virtual. A sensação era a de que estávamos todos em um grande estádio onde podíamos dizer o que estávamos sentindo. Torcida pura, com a vantagem de, de vez em quando, haver a possibilidade de algum contato com os jogadores.

BF: Você acha que a comunidade online fez uma atuação louvável no caso do técnico Dunga e seus comentários mal educados? E no caso da narração de Galvão Bueno? Você acha que existe uma perseguição à Rede Globo na rede?

FF: A rede, a internet, não é uma "instituição". É uma ferramenta universal. Nesse sentido, não há como se determinar que há este ou aquele pensamento dominante circulando entre os servidores do planeta. Não existe apenas uma comunidade on-line. A internet é uma sopa de informações, pensamentos e tendências que devem ser filtradas por cada um de seus usuários da maneira que cada um achar melhor. Desta forma, o que dá pra analisar é essa tendência que você destaca na pergunta. Como resposta, posso dizer: As mídias sociais são como uma imensa praça ao ar livre onde milhares de pessoas falam aos berros. Cabe a cada um dar ouvidos ao que julgar achar melhor. O fracasso do #diasemglobo tem muito a falar sobre essa pergunta. O pedido de desculpas de Dunga na coletiva seguinte também.

BF: Por fim, pergunto se você acredita em uma integração maior entre televisão e internet, sem arriscar todas as fichas no modelo digital. Acha que isso é possível? Se não, por quê?

FF: Acredito que o futuro da TV e do jornal passam pela integração inevitável com a internet por motivos óbvios. Gostaria que esse processo de integração fosse mais rápido, mas os modelos comerciais de sustentação do negócio TV e do negócio internet ainda são muito diferentes. Somente quando essa equação for resolvida, teremos, aí sim, uma TV completamente diferente e muito mais espetacular do que a que existe hoje.

Para conhecer mais sobre Flávio Fachel e sua carreira, acesse o twitter e o wiki.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Bola da Foca está no Facebook


Seguindo as tendências das mídias sociais, o Bola da Foca está com um perfil público no Facebook. Esse novo espaço, diferente das comunidades de Orkut, serve para qualquer pessoa ter seu espaço de opinião na página inicial. E quem quiser compartilhar material jornalístico, além de discussões sobre a carreira, espero que se sinta incentivado pelo novo espaço.

Pulp Fiction Para Adolescentes

Muitas pessoas sonham em se transformar num super-herói, mas ninguém de fato toma alguma atitude para tornar tal sonho realidade. É com este argumento que o adolescente Dave Lizewski (Aaron Johnson) inicia sua saga no filme “Kick Ass – Quebrando Tudo”, que está em cartaz nos cinemas. O filme, dirigido por Matthew Vaughn, é uma adaptação da história em quadrinhos de mesmo nome, escrita por Mark Millar e ilustrada por John Romita Jr.

O garoto Dave, fissurado em HQs, é um típico “high-school boy” que vive uma normal e sem graça rotina escola-casa-escola. Cansado de não pertencer a nenhum grupo especial, além de não conseguir chamar a atenção da garota por quem está apaixonado, ele sonha em defender os fracos e oprimidos. Mesmo sem nenhum preparo físico, ele decide comprar uma fantasia e inventar um personagem: o super-herói Kick Ass. Após superar uma fracassada tentativa de encarar bandidos, que resulta numa temporada de internação hospitalar, o inexperiente Kick Ass envolve-se numa nova briga; agora vitorioso, ele ganha fama e tem sua imagem divulgada na Internet.

Assim, o myspace do nosso herói começa a ser bombardeado por mensagens de fãs pedindo sua ajuda. O que Dave não sabe é que existem mais dois heróis em ação muito mais aptos do que ele: Big Daddy (Nicolas Cage) e sua filha, uma esperta garota de onze anos, Hit Girl (Chloe Moretz). Para a sorte de Dave, a dupla de pai e filha – que persegue traficantes de drogas de Nova York - aparece no exato momento em que ele está prestes a ser morto por uma gangue de bandidos. Contando com a ajuda de Big Daddy e Hit Girl, Kick Ass acaba levando o crédito por acabar com os criminosos. Mas seu sucesso traz conseqüências perigosas: ele acaba envolvido nos planos da dupla que pretende se vingar de um mafioso, o bilionário Frank D’Amico (Mark Strong). É aí que aparece mais um super-herói: o nerd filho de Frank, Red Mist (Christopher Mintz-Plasse).

O filme - assim como outra produção americana recente, “Zumbilândia” - é um trabalho independente protagonizado por jovens atores desconhecidos, com exceção de Cage. Trata-se de uma comédia, apesar da violência absurda - que foi amenizada no cinema em oposição à história em quadrinhos original. No filme, a pequena Hit Girl fala palavrões, pratica artes marciais, manuseia facas e protagoniza sanguinolentas cenas de ação atirando com armas pesadas e decepando cabeças, braços e pernas, ao estilo de Uma Thurman em “Kill Bill”. Aliás, a semelhança de “Kick Ass” com os filmes de Quentin Tarantino é evidente. Além das cenas de violência, a grande quantidade de referências, o humor paródico e a trilha sonora marcante dão a impressão de estarmos assistindo a uma versão “teen” de “Pulp Fiction”.

Erudir #5: Sobre corujas e crítica política


Gravamos o quinto programa do Erudir, tentando ser um pouco mais inspirado e frequente. Neste vídeo, Pedro Zambarda fala sobre a vida de George Orwell e sua influência no século XX em duas obras, 1984 e A Revolução dos Bichos. Sua crítica ao marximo e ao autoritarismo está bem explicitada no vídeo.

O videocast está sendo um excelente laboratório para trazer temas diferentes. Se você tiver alguma sugestão de escritor para o Erudir ou quiser sugerir outros programas, mande e-mail para boladafoca@gmail.com.

ERRATA: O Erudir é o número cinco, e não quatro como é mencionado no vídeo. O erro ocorreu pela gravação desse programa ter ocorrido antes do de Goethe.

domingo, 4 de julho de 2010

Blogumentário: Para entender blogueiros e blogs


Feito entre 2008, exibido em 2009 na Campus Party, o Blogumentário foi um documentário produzido por Cazé Peçanha (ex-MTV) e o pessoal do Gafanhoto e do Zeppelin Filmes para a Live Aid. Para entender melhor o porquê dos vídeos, visite o hotsite do pessoal. Reunimos os vídeos aqui no Bola da Foca os vídeos desse trabalho para que os leitores entendam o funcionamento dos blogs e o trabalho dos blogueiros na rede.

Apesar de ser um trabalho antigo, manteve sua relevância para hoje.

Trailer Principal


Trailer Secundário


Entrevista com Edney Souza, do blog Interney


Entrevista com Alexandre Inagaki, do blog Pensar Enlouquece


Entrevista com Thiago Borbolla (Borbs), do Judão


Entrevista com Luli Radfahrer, da ECA-USP


Entrevista com Rosana Hermann, do blog Querido Leitor


Entrevista com Rodrigo Mesquita, jornalista


O trabalho de pesquisa dos vídeos foi extenso. Confira a lista de pessoas que Cazé entrevistou:


Se você quer, realmente, saber por qual motivo os blogs hoje crescem no mercado profissional, não deixe de acompanhar o trabalho desses profissionais. Ou mesmo de ler este post.

Academia contra Mercado. Um confronto sem sentido

Quem for programador, vai entender o charge acima.

Você faz faculdade, acreditando que o ensino superior é uma espécie de preparação para o seu primeiro emprego, para seu ingresso na vida profissional. E, com comentários e práticas do mundo do trabalho, você chega à conclusão que o meio universitário não serve para muita coisa, não é?

Você está errado. Ou, pelo menos, não está aberto ao debate.

A academia universitária, de fato, tem preconceito com muitas das práticas mercadológicas. Pesquisadores escolares não estão em sintonia, necessariamente, com os produtos e serviços que geram renda. Essa diferença é natural. Por outro lado, pequisas financiadas por centros educacionais têm a possibilidade de criar e ampliar áreas de atuação de categorias profissionais. Com essa realidade acadêmica, a faculdade é útil para apresentar o mercado aos não-iniciados e para incentivar a criatividade de segmentos profissionais em seus setores de atuação.

Com essas diferenças claramente estabelecidas, infelizmente, profissionais universitários e mercadológicos tendem a apontar defeitos em suas práticas. A escola é tradicionalmente taxada de conservadora, enquanto, por outro lado, o mercado é classificado como raso, artificial e pouco metódico. Essas argumentações taxativas prejudicam o jornalista pesquisador, que traz assuntos inteiramente novos para a imprensa, e também refletem no médico cirurgião, no advogado que lança novas interpretações das teses jurídicas, entre outros diversos profissionais.

Academia e Mercado não são opostos. Ganhar dinheiro e fazer pesquisa não são práticas condenáveis, mas deveriam ser frentes profissionais que deveriam se complementar. Um profissional só é bem-sucedido com dinheiro, no capitalismo, mas sua carreira só prospera com pesquisa acadêmica diversificada. Essas atitudes diferentes com o trabalho não deveriam ser fontes para conflitos, já que, para ambas, é necessário estudo e preparo, tentativa e erro.

Se alguém te recrimina pelo estudo, essa pessoa provavelmente não reconhece o valor da escola. Se alguém te recrimina pela sua prática, é provável que essa pessoa não tenha experiência. Essas máximas, claro, valem para pessoas que levam essas teses ao extremo.

sábado, 3 de julho de 2010

Sobre Platão, música e matemática


O filósofo Platão pode ter antecipado em 2000 anos a revolução que Galileu Galilei causou na ciência em 1610.

Explico.

O acadêmico Jay Kennedy, da Universidade de Manchester, estudou por cinco anos as obras platônicas mais influentes no pensamento ocidental, entre elas A República. O pesquisador detectou frequencias harmônicas e desarmônicas nos manuscritos em grego. Esses indícios levam a concluir uma organização musical no texto, que pode ser derivada de uma ordenação matemática, uma herança de Pitágoras no pensamento de Platão.

Kennedy argumenta que essa ordenação é uma mensagem secreta que o discípulo de Sócrates pretendia passar. No contexto em que vivia, a Grécia era ainda dominada pelo pensamento mítico, que condenou seu mestre à morte. Uma obra escrita com uma estrutura matematizável é uma mensagem clara, segundo o pesquisador: o mundo é regido por números, não por deuses.

Galileu Galilei trouxe essa revolução na modernidade ao contestar a visão medieval do universo e, com experimentos do telescópio, provar a centralidade do Sol no lugar da Terra. Se o mundo matemático de Platão fosse revelado anteriormente, provavelmente outro físico teria chegado às revelações galileanas, segundo Kennedy. No entanto, o pensador grego optou por esconder a mensagem, visando sua própria sobrevivência em seu tempo, sob o domínio religioso.

Agradecimentos especiais aos grupo de discussão de Filosofia da Universidade de São Paulo, que me repassaram estas informações.

Fontes: BBC (em português) e artigos de J. Kennedy.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sobre Heavy Rain

A revolução na narrativa de games

Quatro personagens. Uma história única. Inúmeros destinos e desfechos. Alguns já disseram que Heavy Rain, lançado em abril para Playstation 3, faz com que o jogador se sinta um Deus, como nenhum outro game jamais conseguiu. Respeitosamente discordo. Heavy Rain faz com que o jogador se sinta mais humano como nunca se sentiu jogando um game. Jogar Heavy Rain é jogar com a vida dos quatro personagens, afetar diretamente seus destinos e enfrentar as conseqüências irremediáveis de suas escolhas. Sem exageros, jogar Heavy Rain é a mais próxima experiência possível do que seria a reprodução da vida nos games.

Lançado pela a Quantic Dream , Heavy Rain conta a história de quatro personagens, que de alguma forma, se relacionam com um serial killer, o Origami Killer. Um pai em procura de redenção, um detetive particular, uma fotografa e um agente do FBI designado para cuidar do caso. Revelar qualquer detalhe além desta básica premissa já pode ser considerado um (grande) spoiler. Mas o que vale dizer é que cada segundo das quase 20 horas de jogo foram perfeitamente pensados ao se criar um drama policial como poucas vezes se vê, capaz de fazer inveja a muitos escritores conhecidos ou roteiristas de filmes do gênero.

O sistema de controle pode parecer que mistura os “actions buttons” conhecidos em cut-scenes de jogos como God of War e Resident Evil 4, com alterações drásticas no sistema de movimentação (R2 + direcional direito). Todos os outros botões servem para controlar as ações do personagem, conforme os comandos vão aparecendo na tela. Com poucos minutos de jogo é possível se acostumar com o estilo, em um início que, embora funcione como um tutorial no jogo, na trama é um prelúdio importantíssimo. Ou seja, embora nos primeiros minutos Heavy Rain se assemelhe a uma versão em terceira pessoa de The Sims, é bom o jogador prestar atenção na história, pois ela será fundamental para o resto do jogo.

O game apresenta alguns pequenos problemas técnicos e alguns furos no roteiro, que apenas os mais atentos notarão. A engine gráfica aparenta estar alguns meses atrasadas, e se mostra inferior a games lançados este ano, como God of War III e Final Fantasy XIII. Ocasionalmente pode-se ver alguns choques de polígonos e alguns personagens são consideravelmente mais bem feitos que outros. No entanto, estas diferenças não chegam nem perto de atrapalhar a experiência ou incomodar. Todos os personagens do game foram interpretados por atores reais, usando o mesmo sistema de captura de movimentos que vimos em Uncharted. A diferença é que aqui os personagens de fato são iguais a seus atores com um resultado impressionante nos 4 personagens principais, e satisfatório nos coadjuvantes.

A grande questão em Heavy Rain, e o motivo pelo qual o jogo será ainda lembrado por muitos anos, é sua narrativa. Não digo roteiro em si, que é fantástico, mas inferior a obras primas como Metal Gear Solid 4, mas sim a forma como ele é contado. Desde a geração passada que os games vivem o dilema envolvendo as cut-scenes, se ainda são um recurso válido para se contar uma história. A saída de David Cage foi simplesmente transformar todo o jogo em uma cut-scene interativa onde o jogador não passa mais de 5 minutos sem ter que realizar algum comando. O resultado prático disso: o jogador é obrigado a ficar com os olhos na tela. Qualquer distração e o comando se perde, e o destino do personagem pode ser afetado para sempre. E acreditem quando digo: um único botão pode matar seu personagem.

Outra inovação que beira a revolução: o conceito de morte alterado profundamente em um game. Poucos games na história até hoje trouxeram a possibilidade da morte real de um personagem. O que existe aqui não é um senso de urgência e um medo de perder todo o progresso feito, como em Demon’s Soul, por exemplo. O que vemos é o medo real da perda do personagem. Se ele morrer, já era. Isso é somado a toda relação emocional que se estabelece ao longo do jogo entre jogador e personagem, e temos uma história que pode acabar de todas as maneiras possíveis, da mais triste delas até um final de conto de fadas. São escolhas e diálogos simples que definirão este final. Beijar ou não beijar? Perdoar uma mentira? Tomar uma droga ou enfrentar uma crise de abstinência em um momento chave? Acredite, o nível de insensibilidade precisa ser absurdo para ficar imune à enchente de emoções que Heavy Rain traz.

Diante de alguns outros games lançados este ano, dificilmente a produção da Quantic Dream receberá o prêmio de melhor game do ano (e talvez não o mereça mesm,o embora não dar o prêmio de melhor roteiro beira a heresia). Contudo se a indústria assim quiser, o legado deixado em Heavy Rain poderá ser aproveitado para revolucionar as narrativas nos videogames. Em tempos que todos pensam em 3D e controles de movimento como saída para um possível marasmo do mercado, David Cage utilizou apenas idéias e um grande história para criar algo totalmente novo e marcante.

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