Michael Mann reedita sua obsessão. Agora nos anos 30.
Michael Mann é daqueles cineastas que conseguem atrair a atenção do mundo quando lança um novo filme. Se encontra naquele seleto grupo de diretores que tratam cada novo trabalho como algo único, que deve ser esmerado ao máximo. Daí sua produção é realmente reduzida em um filme a cada três ou quatro anos. O que vem de bom a partir deste metodismo é a qualidade inquestionável de todos os seus trabalhos. A nova obra do diretor americano, Inimigos Públicos, não é diferente, exalando bom trabalho a cada nova cena que surge na tela.
Retratando a caçada humana que J. Edgar Roover e Melvin Purvis instituíram contra o “inimigo público” John Dilliger à partir de 1933, Michael Mann acaba por retratar com perfeição a obsessão americana em relação ao crime. E ninguém poderia fazer isto melhor que o próprio Mann. Ele dirigiu Profissão: Ladrão, Colateral, Miami Vice e o clássico Fogo contra Fogo. Todos são testemunhos da paixão que tem por retratar o crime não apenas em sua forma pura ou maniqueísta, mas como máscara para mostrar também o lado obsessivo do homem em relação a seu trabalho. Mostra sempre não apenas os lados negativos, mas também os positivos – por mais pessoais e egoístas que sejam.
John Dillinger não era um assaltante comum. Seu perfeccionismo, seu código – que não pode ser confundido com honra - e sua obsessão pela promoção da própria imagem fizeram dele uma lenda nos EUA da Grande Depressão. O público adorava ver um homem roubar os bancos que mantinham seu dinheiro, e nunca tirar um centavo dos cidadãos. O vilão da história aos olhos de um povo faminto era o Estado e J. Edgar Roover (Billy Crudup perfeito), não John Dillinger. E é neste contexto que surge Melvin Purvis. Detetive de inabalável fé na lei e um dos poucos policiais éticos em uma Chicago que se auto-consome por causa do crime.
Apesar da presença da namorada de Dillinger, interpretada por Marion Cottilard, é inegável que o filme gira em torno do confronto entre Dillinger e Purvis. Portanto, a escalação de Johnny Depp e Christian Bale se tornou fundamental. Em uma estrutura que lembra o embate entre Robert de Niro e Al Pacino em Fogo contra Fogo, os atores contracenam em apenas uma cena, mas que vale pelo filme inteiro. Cada cena importante em relação a cada personagem, e é tratada com uma delicadeza impar. Seja o momento que Melvin vê um parceiro morrer ou Dillinger apreciando com raro êxtase a mega-operação construída apenas para lhe caçar. O contraste de personalidades, a diferença nos métodos, a ideologias distintas... não há elemento mais forte em Inimigos Públicos, ou em qualquer outro trabalho de Mann, do que seus protagonistas. Se eles falharem, tudo cai por terra. E felizmente não é o que ocorre por aqui.
Tecnicamente o filme é um primor. Ninguém sabe usar a tecnologia digital como Michael Mann. Se ele revolucionou o cinema de ação filmando o tiroteio principal de Fogo contra Fogo e fez de Los Angeles e Miami personagens vivas em Colateral e Miami Vice. Aqui podemos sentir a tensão em cada cena que Mann carrega na mão suas câmeras HD. A trilha sonora e a edição também são levadas à precisão pelo cineasta, resultando em uma direção que se mostra impecável durantes as 2 horas e meia de filme. O ápice, como não podia deixar de ser, é o desfecho do filme, mais uma das seqüências inesquecíveis que o diretor se habitou a fazer em sua carreira.
Mesmo não sendo perfeito, Inimigos Públicos já surge como um dos melhores filmes do ano até aqui. Um encerramento adulto e pesado para o fim da temporada de blockbusters do cinema americano, que teve neste ano de uma de suas safras mais fracas. Mas talvez o grande mérito deste filme seja mostrar que o próprio Michael Mann poderia ser um de seus personagens. Nunca um diretor se mostrou tão obcecado por um tema e ao mesmo tempo pela perfeição quanto ele. Quem sabe seja este o resumo de sua carreira. Melvin Purvis ou John Dillinger, Max ou Vincent, Neil McCauley ou Vincent Hanna e, até mesmo, Muhammed Ali. Quem sabe, no fundo, todos estes homens sejam apenas Michael Mann.
Michael Mann é daqueles cineastas que conseguem atrair a atenção do mundo quando lança um novo filme. Se encontra naquele seleto grupo de diretores que tratam cada novo trabalho como algo único, que deve ser esmerado ao máximo. Daí sua produção é realmente reduzida em um filme a cada três ou quatro anos. O que vem de bom a partir deste metodismo é a qualidade inquestionável de todos os seus trabalhos. A nova obra do diretor americano, Inimigos Públicos, não é diferente, exalando bom trabalho a cada nova cena que surge na tela.
Retratando a caçada humana que J. Edgar Roover e Melvin Purvis instituíram contra o “inimigo público” John Dilliger à partir de 1933, Michael Mann acaba por retratar com perfeição a obsessão americana em relação ao crime. E ninguém poderia fazer isto melhor que o próprio Mann. Ele dirigiu Profissão: Ladrão, Colateral, Miami Vice e o clássico Fogo contra Fogo. Todos são testemunhos da paixão que tem por retratar o crime não apenas em sua forma pura ou maniqueísta, mas como máscara para mostrar também o lado obsessivo do homem em relação a seu trabalho. Mostra sempre não apenas os lados negativos, mas também os positivos – por mais pessoais e egoístas que sejam.
John Dillinger não era um assaltante comum. Seu perfeccionismo, seu código – que não pode ser confundido com honra - e sua obsessão pela promoção da própria imagem fizeram dele uma lenda nos EUA da Grande Depressão. O público adorava ver um homem roubar os bancos que mantinham seu dinheiro, e nunca tirar um centavo dos cidadãos. O vilão da história aos olhos de um povo faminto era o Estado e J. Edgar Roover (Billy Crudup perfeito), não John Dillinger. E é neste contexto que surge Melvin Purvis. Detetive de inabalável fé na lei e um dos poucos policiais éticos em uma Chicago que se auto-consome por causa do crime.
Apesar da presença da namorada de Dillinger, interpretada por Marion Cottilard, é inegável que o filme gira em torno do confronto entre Dillinger e Purvis. Portanto, a escalação de Johnny Depp e Christian Bale se tornou fundamental. Em uma estrutura que lembra o embate entre Robert de Niro e Al Pacino em Fogo contra Fogo, os atores contracenam em apenas uma cena, mas que vale pelo filme inteiro. Cada cena importante em relação a cada personagem, e é tratada com uma delicadeza impar. Seja o momento que Melvin vê um parceiro morrer ou Dillinger apreciando com raro êxtase a mega-operação construída apenas para lhe caçar. O contraste de personalidades, a diferença nos métodos, a ideologias distintas... não há elemento mais forte em Inimigos Públicos, ou em qualquer outro trabalho de Mann, do que seus protagonistas. Se eles falharem, tudo cai por terra. E felizmente não é o que ocorre por aqui.
Tecnicamente o filme é um primor. Ninguém sabe usar a tecnologia digital como Michael Mann. Se ele revolucionou o cinema de ação filmando o tiroteio principal de Fogo contra Fogo e fez de Los Angeles e Miami personagens vivas em Colateral e Miami Vice. Aqui podemos sentir a tensão em cada cena que Mann carrega na mão suas câmeras HD. A trilha sonora e a edição também são levadas à precisão pelo cineasta, resultando em uma direção que se mostra impecável durantes as 2 horas e meia de filme. O ápice, como não podia deixar de ser, é o desfecho do filme, mais uma das seqüências inesquecíveis que o diretor se habitou a fazer em sua carreira.
Mesmo não sendo perfeito, Inimigos Públicos já surge como um dos melhores filmes do ano até aqui. Um encerramento adulto e pesado para o fim da temporada de blockbusters do cinema americano, que teve neste ano de uma de suas safras mais fracas. Mas talvez o grande mérito deste filme seja mostrar que o próprio Michael Mann poderia ser um de seus personagens. Nunca um diretor se mostrou tão obcecado por um tema e ao mesmo tempo pela perfeição quanto ele. Quem sabe seja este o resumo de sua carreira. Melvin Purvis ou John Dillinger, Max ou Vincent, Neil McCauley ou Vincent Hanna e, até mesmo, Muhammed Ali. Quem sabe, no fundo, todos estes homens sejam apenas Michael Mann.