sábado, 31 de maio de 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

E, finalmente, depois de mais de uma semana de atraso, aqui está a resenha do quarto Indiana Jones. A esta altura, a maioria das pessoas já deve ter visto o filme, que arrecada até o momento o impressionante número de 450 milhões de dólares pelo mundo. É a maior estréia do ano, e uma das maiores do século XXI, ficando atrás apenas de Homem-Aranha 2 e Piratas do Caribe: No fim do mundo. E tal número não é surpresa, afinal foram 19 anos de espera para esta quarta aventura do maior herói da história do cinema, aventura esta que nunca foi descartada por Harrison Ford, Steven Spielberg ou George Lucas. O roteiro passou pelas mãos de mais de 20 pessoas, foi reescrito dezenas de vezes e o filme adiado outras inúmeras. A questão, portanto, é: valeu a pena a interminável espera? Bom, vamos por partes.
O roteiro de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é tão fantasioso e grandioso quanto suas três aventuras anteriores. A história se passa em 1957, auge da Guerra Fria, e Indy, durante esta difícil época, acabou se tornando uma espécie de agente do governo americano em missões que são de acordo com suas habilidades. Tudo começa mostrando Indy capturado por Irina Spalco (Cate Blanchett) e seus homens. Ele é forçado a levá-los a um baú armazenado na Área 51. Depois de algumas reviravoltas que marcam a série, descobrimos que tudo se trata de saber a localização da Caveira de Cristal. Bom, qualquer coisa além disso seria um spoiler de um enredo que acaba por se amarrar muito bem, mas que tem seus defeitos e pontas soltas. Voltaremos a isso posteriormente.
A grande indagação sobre a produção era como Harrison Ford poderia interpretar um personagem tão energético quanto o Dr. Jones no auge de seus 65 anos de idade. A boa notícia é que tanto Ford quanto Spielberg e Lucas tiveram consciência das limitações que a idade traria para o personagem, resolvendo, simplesmente, fazer um personagem velho. Nada mais correto. São inúmeras as piadas e comentários sobre a idade de Indy. Piadas que ele faz sobre si mesmo, e que fazem sobre ele, principalmente vindas de Mutt (Shia LeBouf), um impulsivo jovem que aparece pedindo a ajuda de Indy. Vale aqui dizer que a idéia – no caso, de George Lucas – foi genial, já que nos traz o velho conflito de gerações visto em a Última Cruzada, só que neste caso, é Ford que passa a ser o lado envelhecido. Desta forma, vale dizer que o trio de personagens principais cumpre, e muito bem seu papel. Harrison Ford é e sempre será Indiana Jones, não importa sua idade. Shia LeBouf nos traz uma interpretação um pouco melhor do que vemos costumeiramente, e Karren Allen tem menos energia, mas a mesma impulsionalidade que vemos no primeiro filme. Infelizmente o destaque negativo fica para a sempre eficiente Cate Blanchett, que peca, e muito, na construção de sua vilã, totalmente inexpressiva e sem carisma nenhum. Talvez seja a primeira má atuação de sua carreira.
No entanto, o filme tem alguns problemas que merecem ser citados. Em nenhum momento existe as sensações fantásticas que tínhamos nos outros filmes, e não existe um motivo claro para isso. Talvez tenha faltado inspiração na direção de Steven Spielberg, que não nos traz nenhuma sequência memorável, e até as sempre divertidas cenas impossíveis se tornam fracas aqui, como uma queda seguida em três cachoeiras, uma maior que a outra. Antes nos divertíamos com a forma que Indy escapava vivo. Neste filme simplesmente indagamos como isto aconteceu com certa incredulidade. Outros pontos fracos são a resolução da aventura, que se torna simplista e “automática”, e o personagem de Ray Winstone, que poderia ter sido muito melhor construído. No fim das contas fica uma sensação de que Spielberg levou o filme com certa preguiça e sem muita inspiração, acreditando que a simples presença de Indiana Jones pudesse ser responsável para transformar O Reino da Caveira de Cristal em um bom entretimento. Tal pensamento acaba por se provar correto, visto que é possível se divertir e muito no filme, mas um pouco mais de esforço seria bem-vindo.
A aventura vale, e muito, pela nostalgia. Não há como negar que sentimos um arrepio de felicidade ao ver aquela silhueta de chapéu e jaqueta e o tema Raiders of lost arc. A produção mostra que um herói à moda antiga, sem muitos efeitos e mais lento como Indiana Jones ainda tem lugar em um mundo de Homens de Ferro e Jack Sparrows. Mostra também que nada melhor que como ter o bom e velho original, ante as cópias como A Múmia e A Lenda do Tesouro Perdido.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Ninguém fez como ele - Do Báu: um texto já feito há um ano, sobre um alguém atemporal


A profissão de repórter pode lapidar em alguém um certo talento para a crônica. Ao tratar sobre os acontecimentos do dia a dia, o jornalista pode desenvolver, sem querer, um olhar atento para os detalhes. Passa a imaginar uma notícia em cada coisa que vê ao seu redor e que se passa em sua vida. E, em sua cabeça, como gostaria de fazer em seus textos, narra cada fato com uma carga subjetiva, cheia de afetividade.

Rubem Braga é um exemplo desse tipo de repórter. Usa toda sua habilidade e experiência jornalística – foi correspondente durante a Segunda Guerra Mundial – em suas crônicas. Narra de forma a transportar o leitor para o tempo da crônica, o fazendo sentir cada sensação descrita, sentir os cheiros, ver as imagens. Isso, talvez, pelo fato de ter atuado durante as décadas de 30 e 40 – esteve em atividade até o fim dos anos 70 –, quando o cuidado com a linguagem era maior, o vocabulário mais rebuscado e a informalidade da crônica estava no fato de ela abordar o lado sentimental deixado de lado pela notícia.

Um ótimo exemplo de seu estilo é o texto Batalha no Largo do Machado, onde descreve uma festa de carnaval realizada em uma região pobre do Rio de Janeiro. “Os tambores surdos fazem o mundo tremer em uma cadência negra, absoluta. E no fundo a cuíca geme e ronca, nos puxões da mão negra (...) e aquela negra de papelotes azuis canta como se fosse morrer.” A atenção com a ambientação pode ser encontrada em muitas outras. Uma, em particular, se faz forma brilhante: no texto Almoço Mineiro, descreve uma mesa rodeada de amigos, menciona as comidas postas à mesa, seus cheiros e, também, suas lembranças: (...) “Havia arroz sem colorau, couve e pão. Sobre a toalha havia também copos cheios de vinho ou de água mineral, sorrisos, manchas de sol e a frescura do vento que sussurrava nas árvores” (...)

Já em A Menina Silvana pode ser confirmada sua veia jornalística. Nessa crônica, ele conta a história da menina Silvana, vítima de uma mina terrestre durante a II Guerra. Ao reportar em uma crônica o que houve com a garotinha, um assunto que provavelmente seria ignorado pelos jornais da época, Rubem Braga leva ao conhecimento dos leitores a face mais terrível da Guerra: o envolvimento de inocentes.

Misturando sua profissão de jornalista à escrita de crônicas, Rubem Braga se revela e se mostra um brilhante cronista-repórter, capaz de retratar com uma objetividade apaixonada os fatos efêmeros de seu dia a dia, transformando-os, através da linguagem literária, em registros universais sobre as paixões, as lembranças, as injustiças e a beleza (nem sempre tão bela) da vida.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

6º Fórum de Pesquisa do CIP - 2º dia

Dando continuidade aos eventos do Fórum de Pesquisa 2008, no dia 28 de maio houveram exposições de trabalhos como A figura do "flaneur" no entendimento da prática jornalísta, da aluna Roseani Vieira Rocha na mesa 4, e Robert Crumb: da vida aos quadrinhos, de Joana Rougier Rocha.

Rocha comentou, na mesa 5 de discussão, que achava que a pesquisa era "burocrática". Encantada, a aluna viu um sentido em seu trabalho, aliando o que gosta. Esse gosto de pesquisador esteve, na mesma proporção, na pesquisa volumosa (cerca de 400 páginas) da professora Thaís Montenegro Chinellato, recém-aposentada da disciplina de Língua Portuguesa da Faculdade Cásper Líbero, chamado Gêneros textuais, análise de modelos representativos.

A última mesa, de número 6, ocupada pelo trabalho do professor de Jornalismo Básico Igor Fuser, chamado O jornal O Estado de S.Paulo e a política externa brasileira durante o regime militar, teve poucos participantes, cerca de 15 pessoas, para a Sala Aloysio Biondi, mesmo após palestras com número razoável de expectadores nas demais exibições.

Sopa de Letras

Mestre, discípulo. Pai e filho, dai-me o brilho. Relação. Revelação

Outro dia estava conversando no corredor sobre professores. Sempre falo deles, muitas vezes mal, poucas vezes elogio. E há dias que essa mentira cai e eu reconheço os pontos positivos, a genialidade escondida em um procedimento aparentemente deficiente. Se professores fossem máquinas perfeitas, as células defeituosas seriam apenas os alunos. A hierarquia errante estimula o discípulo fiel a mudar isso. A lógica, de tão aceita e perfeita, gera desleixo e preguiça, que é descartada na corrida entre os jogadores.

Foi essa pequena conclusão que tirei dessas palavras dissipadas nos corredores claustrofóbicos da Cásper Líbero. Não temos o direito de falar mal desses senhores e senhoras que tentam nos fazer ingerir um mercado, absorver uma teoria e digerir uma prática. Cuspimos infinitamente no prato que comemos e, é duro reconhecer isso, está tudo previsto no script.

No meio dos germes da saliva despejada, alguns alunos fazem como o samurai suicida: cometem o harakiri profissional e crescem abortados previamente. Outros percorrem a carreira profissional com ferimentos na escala do furo de um canhão. Uns perdidos não mudam o mundo com suas espadas, mas com o ar que respiram, transpiram esperança e transparência. Há outros tantos, dos tipos mais bizarros e familiares

O desnível dos pais para filhos, do comunicador para o suposto alienado e do sábio para o ignorante geram os fluídos impiedosos da relação: ora o prato chacoalha a comida, ora o grão de arroz altera toda a ordem dentro do prato. Se fóssemos nivelados, não haveria porque emitir tantas disparidades, tantas possibilidades. A escolha serve pra duas coisas: identificar e reprimir. Para cada porta aberta, alguém ficou trancado, asfixiado.

Por isso, quando temos uma família desestabilizada, a realidade não é cruel, mas é óbvia: a sua força deve estar compatível para te salvar e renovar essa força destruída. O jornalismo ora é destruído por forças externas, espalhadas pela sociedade, é corrompido. A fonte, as pessoas afetadas pela matéria, também são pré-julgadas e elouquecidas por pequenos montantes de papel impresso. Verme versus Homem. Homem versus Verme. Verme que é Homem. Homem que é Verme.

Sopa de Letrinhas são crônicas publicadas às quintas-feiras.

Falam de comunicação, de protesto e contra-protesto.

Não pára, não pára, não pára! De herói a vilão !

Emoção total, partida mais "corintiana" impossível, quando a técnica não funciona, a equipe enfrenta o adversário na base da raça.

Com muito sofrimento, inclusive no tempo normal, o Corinthians conseguiu a vaga para final. O adversário será o Sport, que eliminou o Vasco.

O jogo começou com uma surpresa na escalação, Cuca escalou três atacantes, surpreendendo Mano Menezes e os corintianos. Porém mesmo com um esquema mais ofensivo, o Botafogo sofreu mais pressão no primeiro tempo. O Timão teve três boas chances de gols na primeira etapa, porém sem exigir trabalho algum do goleiro Castillo.

Sem conseguir abrir o placar, o alvinegro paulista começou a perder a cabeça. Diversas discussões com adversários e com o árbitro Evandro Rogério Romam fecharam o primeiro tempo, inclusive o atacante Herrera recebeu um cartão amarelo após o término da primeira parte.

Antes mesmo de iniciar o segundo tempo, o Corinthians sofreu mais uma queda. Inexplicavelmente e sem justificativa alguma o árbitro expulsou o técnico Mano Menezes, acusou-o de invadir o campo, o engraçado é que nenhuma câmera das emissoras televisivas captaram a imagem. Mais um empecilho para a vitória do Timão.

Voltando do intervalo com Acosta no lugar de Fábio Ferreira, e logo aos 6 minutos o uruguaio mostrou o porquê de ter entrado. Após uma linda jogada do argentino Herrera, o ex-jogador do Náutico apenas teve o trabalho de empurrar para as redes, e abrir o placar.

Infelizmente o torcedor que lotou o Morumbi, mais de 61 mil pessoas, nem teve tempo para comemorar. Dois minutos depois, após uma falha do goleiro Felipe, Renato Silva empatou o jogo para o time da estrela solitária, justamente em uma bola parada, jogada forte de Cuca e do Fogo.

A classificação estava na mão dos cariocas, mas não souberam administrar a vantagem, e sofreram pressão do Corinthians. Abusando das faltas, o castigo não demorou a chegar. Chicão, em bela cobrança, incendiou o estádio novamente. A tensão aumentou, e o Botafogo acordou. Saindo um pouco mais ao ataque, abusou das jogadas aéreas, porém Felipe saiu-se bem, e o ímpeto de reação dos botafoguenses foi esfriado.

Com o placar em 2 a 1 a partida foi definida a partir da disputa de pênaltis. Percebia-se na fisionomia de cada ser-humano no Morumbi que a tensão era do tamanho do estádio.

Chicão com muita categoria abriu o placar; Lúcio Flávio repetindo o corintiano empatou. Herrera, em grande fase, fez 2 a 1; Alexsandro, que entrou no segundo tempo, empatou novamente. Nilton nem sentiu a pressão, e converteu o seu pênalti; o zagueirão André Luis colocou a igualdade no placar. Alessandro fez 4 a 3; e Jorge Henrique empatou. Então chegava as últimas penalidades. O uruguaio Acosta foi o responsável pela última conversão do Timão, deslocando o compatriota Castillo, converteu o seu. A responsabilidade estava nos pés de Zé Carlos, que teve uma passagem pelo Corinthians em 2004, e infelizmente para os botafoguenses, o goleiro Felipe se redmiu com a Fiel, defendendo o pênalti do ala carioca, e colocando o Timão na final da Copa do Brasil. Vaga mais do que merecida, para um time que saiu do inferno do rebaixamento ao céu da final em menos de 6 meses, talvez só Felipe supere isso, pois em menos de 30 minutos saiu do inferno da falha e eliminação, para a defesa do último pênalti e redenção.

Como diria a Fiel: "não pára, não pára, não pára". O Sport conseguirá parar esse Corinthians?

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Alta Fidelidade V - Especial JUCA 2008

Como muitos dos colaboradores e leitores do nosso querido Bola sabem, no último feriado foi realizado o XV JUCA, os Jogos Universitários de Comunicação e Arte. Um evento que atletas e alunos de algumas das maiores faculdades da área: Cásper Líbero, Mackenzie, Metodista, Belas Artes, FAAP, ECA-USP, PUC e PUC-Camp. Há confraternização entre os alunos - não muita para os do Mackenzie - e festas e torcidas entusiasmadas. Apesar de todo esse ar fascinante, nem tudo foram flores nesse Corpus Christi...

1. Falta de organização da Atlética
Sabia-se os horários dos jogos, mas aonde eles ocorreriam foi um grande mistério para boa parte dos casperianos. Além da excelente comunicação estabelecida, também havia o alojamento que era o mais distantes dos ginásios onde ocorreram maioria dos jogos. E como as filas para os ônibus também pecavam no quesito ordem, eu e mais alguns companheiros tivemos que andar até o ginásio e de volta ao alojamento quase todos os dias. E para fechar com chave de ouro, também houve a pontualidade dos ônibus nas saídas das baladas. Irritante?

2. Cheiro do alojamento
Uma adorável mistura de cerveja, maconha e xixi.

3. Pagar R$ 3,00 por um garrafa d'água
Na última balada, que todos acreditavam que seria open bar, encontramos realmente uma variedade interessante de bebidas pelas quais não precisávamos pagar. Mas muito interessante (leia-se: irritante) foi, num momento de sede, descobrir que quem quisesse comprar uma garrafa d'água ou um refrigerante teria que desenbolsar R$3,oo.

4. Perder no pênalti
Primeiro jogo da Cásper no JUCA. Futebol. Aquela emoção. 45 do segundo tempo. Empate. Vamos para os pênaltis. Mais emoção. E nós perdemos. Argh!!!

5. Especulação sobre a vida alheia
Isso sim! Definitivamente é algo que irrita até o mais santo dos homens. Fofoca todo mundo faz, não adianta negar. Mas ficar especulando, chamando o amigo de uma pessoa no canto para perguntar se ela está pegando fulano ou beltrano... Ah, faça-me o favor!!!

Mais curtas

1 - Intuição:
A Procuradoria da República declarou que viu nos depoimentos de dois dos principais acusados da Operação Santa Tereza, o lobista João Pedro de Moura e o empresário Marcos Mantovani, "contradições, mentiras". Porque os procuradores não desenvolveram essa intuição na época da CPI do Mensalão, ninguém sabe.

2 - Eficiência:
O procurador-geral de Genebra, Daniel Zapellli, informou que a Justiça suíça manterá bloqueadas as contas do ex-governador Paulo Maluf (PP-SP) e de seus familiares - todos suspeitos de lavagem de dinheiro - até o ano de 2016. É difícil de imaginar que um lobo velho como Maluf tenha subestimado os suíços e pensado que estava lidando com uma Justiça como a brasileira; o que faz desse bloqueio algo tão irônico e divertido.

3 - Mais irônica (e mais trágica):
Do Estado de S. Paulo de 28/05/2008: "Crianças de até 6 anos têm sido violentadas por soldados das forças de paz da ONU e por agentes humanitários estrangeiros em países onde há conflitos, como Costa do Marfim, Sudão e Haiti"
Dispensa comentários.

Girl They Won't Believe It!*


A compositora e cantora de R&B e soul Joss Stone se apresenta no Brasil no mês que vem. Dona de uma voz marcante e envolvente traz para nós suas 'baladinhas' deliciosas e seu repertório premiado: é ganhadora de vários BRIT Awards, de um Grammy Award, além das muitas indicações, e tem constante presença nos Top mais da Inglaterra, EUA, Brasil e muitos outros.

A recente atriz (Eragorn - 2006) Joscelyn Eve Stoker nasceu em Dover, Inglaterra, em 11 de abril de 1987 e disse à MTV News o porquê de seguir artistas como Dusty Springfield e Aretha Franklin: "viciei-me em música soul principalmente por causa dos vocais que exigia. Tem que se ter boa voz para cantar música soul e eu sempre gostei disso, desde pequena."

A discografia é composta por 3 CDs: The Soul Sessions (2003) com a maioria das faixas sendo covers, as mais conhecidas são Super Duper Love e Fell In love With A Boy; Mind, Body & Soul (2004) 100% original, com Right To Be Wrong e Don't Cha Wanna Ride e o mais recente, Introducing Joss Stone (2007) que segue a linha de originalidade do anterior com Tell Me 'bout It e Tell Me What We're Gonna Do Now.

Obras próprias de lado Joss ainda participou de milhares de apresentações e gravações com lendas como Carlos Santana, U2, Coldplay, John Legend, Sting, Mick Jagger, Patti LaBelle e outros, além de ter-se juntado ao Band Aid 20 e ao Live 8 de 2005. Marcou presença também em trilhas sonoras, como Alfie - O Sedutor e Quarteto Fantástico e na campanha da Gap.

Será apenas um show em São Paulo, na casa de shows Via Funchal, no dia 16/06, às 22h. A censura é livre e os preços variam de R$150 a R$400.
Mais informações: http://www.viafunchal.com.br/shows.asp?ID=328

MaRi.*

terça-feira, 27 de maio de 2008

Diário de uma Arubaito - parte 3

As duas primeiras semanas de trabalho foram reservadas para aprender a lidar com as broncas, pegar prática no serviço e acostumar-me com o ritmo de vida e o aperto de praticamente todos os lugares. O banheiro, por exemplo, era dividido em duas partes: num cubículo ficava o vaso sanitário (onde se jogava o papel higiênico) e no outro estavam o ofurô (banheira), o espelho e a pia. Entre eles ficava a máquina de lavar.

O appato(apartamento) em que morava era uma kitnet ideal para uma pessoa. O alto preço do aluguel, porém, obrigava-nos a dividi-lo com mais duas ou três moradoras. Externamente, o apartamento mais lembrava a porta dos fundos de um restaurante, já que também era velho. Lá, dormíamos no chão em futons, uma espécie de edredon. A falta de espaço, levando-se em conta que cada uma das moradoras levou para o Japão duas malas de 32 kg, fez com que eu passasse a dormir num armário onde inicialmente eram guardadas todas as malas. Ali, pelo menos, eu tinha um mínimo de privacidade e não precisava dormir sob a luz, o que me desagradava. Lá pelas 20h eu já estava me preparando para dormir, pois às 6h o despertador tocaria e queria evitar ter de trabalhar cansada no dia seguinte.
Nesse período inicial de minha estada, a sensação era uma mistura de esperança de que a situação melhorasse e dúvida sobre o sentido de estar ali. Foi, no entanto, o único momento em que parei para pensar se tudo aquilo valia a pena e, em momento algum, bateu o arrependimento. A impressão que tive das meninas com quem dividia o quarto foi a melhor possível, e me fez até iludir-me de que a convivência se manteria positiva até o fim do baito. Naquela fase, porém, eram somente elas com quem eu podia contar.

No dia 25 de dezembro, nada de diferente aconteceu. No Japão não se comemora o Natal, já que o país não é cristão. Acordamos, fomos trabalhar, voltamos e dormimos. Creio que a única diferença foram uns dois “Feliz Natal” que ouvi durante todo o dia. Muito diferente das comemorações que devem ter ocorrido no Brasil, um país extremamente alegre se comparado à frieza do Japão.

Três dias depois estávamos parando de trabalhar para o oyasumi (dias de descanso), uns dos poucos dias em que a fábrica pára de funcionar por completo. Antes de sairmos de lá, os chefes fizeram questão de nos lembrar que no dia 7 de janeiro deveríamos estar de volta ao trabalho.


foto 1: banheiro minúsculo. Vaso sanitário separado da pia e do ofurô, ao fundo.

foto 2:
interior do appato semelhante ao que morei.

foto 3: placa indicando a rede Leopalace
(conjunto Mirai - Kakegawa-shi Shizuoka-ken).

6º Fórum de Pesquisa do CIP - 1º dia

Foi realizado hoje o primeiro dia de palestras do 6º Fórum de Pesquisa 2008, do Centro Interdisciplinar de Pesquisa (CIP), órgão que reúne professores e alunos da Faculdade Cásper Líbero.

Em exibições de projeções na Sala Aloysio Biondi, à partir das 10h, discentes pesquisadores mostraram suas teses de Iniciação Científica, incentivo único dentro da Cásper, onde o aluno pode elaborar sua própria pesquisa durante um ano e iniciar-se no meio acadêmico de comunicação. Os professores tem prazo de pesquisa para dois anos e estendem seus estudos com incentivo desse centro de pesquisa.

As mesas de discussão 1, 2 e 3 apresentaram hoje temas como Second Life: a fronteira do real virtual?, Micro-política no universo infantil de Mafalda e A imagem da cidade de São Paulo. Eram temas que transitavam das novas redes tecnológicas até assuntos sociais e políticos comunicacionais.

Destaque para o discurso do professor Liráucio Girardi Júnior, doutor titular de sociologia da faculdade, no começo do Fórum de Pesquisa. Abordando temas da sociologia de Pierre Bordieu, Lirácio apresentou a pesquisa A produção social de sentido nos estudos de recepção: a questão da eficácia simbólica. Nessa tese, o professor abordou temas como a ação tomada por grupos e pessoas “habituadas” em um meio, o chamado habitus.

Além de explicações mais relacionadas ao meio teórico, Liráucio falou como a pesquisa o fez sair do ramo estritamente sociológico e passar a pensar essa análise social dentro da comunicação.


Na foto, membros da mesa 1: mediador professor mestre Walter Freoa (com microfone na mão), debatedor professor doutor Mauro de Souza Ventura (professor de jornalismo na UNESP, à direita) e expositor professor doutor Liráucio Girardi Júnior (à esquerda).

Para mais informações: http://www.facasper.com.br/cip/

Pout-pourri

1 - Chega de disfarçar:
A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) foi rebatizada de Contribuição Social para a Saúde (CSS) e será proposta nesta quarta-feira, 27, pela base aliada do governo. Finalmente está sendo tratada abertamente como a nova fonte de recursos para a regulamentação da Emenda 29; os parlamentares cansaram de disfarçar.

2 - Foco reduzido:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a ironizar o extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. Ontem, em visita a Diadema, o presidente declarou que "até agora nenhum empresário reduziu os custos dos produtos que ele vende por conta da CPMF. Se alguém souber de um produto que caiu de preço porque os empresários tiraram do preço os 0,38%, me avisa. Me diga, que vai merecer um prêmio."
Falta a Lula perceber que não era só nos preços que a CPMF refletia já que, todo pagamento de conta, transferência, DOC e emissão de folha de cheque também eram tributadas. Expanda o foco, presidente!

3 - O devaneio de Devanir:
O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) volta e meia aparece com o seu delírio de terceiro mandato presidencial para Lula. Essa volta e meia, claro, é sempre muito bem sincronizada com grandes escândalos que prejudicam a imagem da presidência; primeiro, no auge do caso do deputado Renan Calheiros e, depois, no auge do escândalo do dossiê (banco de dados uma ova) montado pelo Ministério da Casa Civil sobre os gastos do presidente Fernando Henrique Cardoso com intenções, provavelmente, não muito nobres. O caso de Paulinho da Força e da Operação Santa Tereza está esquentando. Não vou me surpreender se Devanir fizer uma nova aparição em breve.

Adeus e obrigado Guga

Lembro-me vagamente daquele domingo de 1997. Eu tinha apenas 9 anos e assistia ao Fantástico junto aos meus pais, quando chegou a notícia de um desconhecido brasileiro que havia ganho um grande torneio de tênis na França. Eu não tinha ainda a menor idéia que tal torneio era Roland Garros, e muito menos tinha idéia da sua importância. Mas o nome deste brasileiro ficou na minha cabeça, ou melhor, o seu apelido: Guga.

A ascensão do jovem tenista brasileiro foi meteórica, a ponto de em 2000, apenas três anos após conquistar Roland Garros, Gustavo Kuerten assumiu a ponta do ranking mundial, em um ano perfeito. Logo a mania do tênis, um esporte até então completamente desconhecido, se espalhou pelo país. Era a "Gugamania". O país que antes mal sabia as regras do jogo estava se acostumando a termos como “backhand” e “slice”. Logo depois crianças começaram a invadir as quadras de tênis do país. Confesso que fui uma “vítima” desta mania. Ingressei no tênis no ano 2000, aos 12 anos de idade, e só fui largar o esporte quatro anos depois, por uma série de motivos. Mas não abandonei o amor pelo esporte, amor esse que foi crescendo na medida em que Guga se tornava um ídolo pessoal e nacional.
Não há como negar que havia algo diferente naquele garoto de cabelos fartos e sorriso fácil. Não era apenas o Brasil que o amava, mas sim o mundo. Foi ele que, com corações desenhados em quadras e horas de autógrafos, ensinou ao mundo que é possível sim torcer com emoção em um esporte que pede silêncio. E não era só simpatia, afinal, o tênis que ele jogava era empolgante. No saibro, foi imbatível em seu tempo. Sua esquerda de mão única era matadora e seja em Montecarlo, Hamburgo ou Roma, Guga era favorito. Mas, quando chegava Roland Garros, não era apenas favorito, era sim temido. Foram três títulos: em 97, 2000 e 2001 contra Sergei Brugera, Magnus Norman e Alex Corretja, respectivamente. Entre os adversários vencidos nestas campanhas estão nomes como André Agassi, Yefigeny Kafelnikov, um jovem Roger Federer entre outros. Também fez historia nas quadras rápidas ao conquistar nada menos que o Masters Cup, copa do mundo do tênis em que participam os 8 melhores tenistas do ano. Kuerten não apenas venceu este torneio, ele fez milagre. Venceu simplesmente dois dos maiores tenistas da historia, um após o outro. André Agassi e Pete Sampras não foram pareo para um Guga inspirado.
Gustavo Kuerten não está na lista dos dez maiores jogadores da historia, embora talvez esteja em uma que englobe os 20. O tempo e o próprio corpo foram implacáveis com Guga, tiraram dele pelo menos mais 5 anos de um tênis em alto nível. Foram implacáveis conosco também, já que fomos privados de duelos com Roger Federer e, principalmente, Rafael Nadal. Nossa, como seria bom ver esses dois jogando uma final de Roland Garros... Assim como foi bom ver sua última partida domingo, no mesmo torneio. Todos sabíamos que Guga não tinha chance de ganhar, faltava-lhe o físico. Mas o jogo, em si, foi secundário. O que importou realmente foi acompanhar aquelas raquetadas pela última vez, ouvir os gritos enquanto soltava um backhand, ou a torcida gritando seu nome. É uma sensação estranha ver um ídolo encerrar a carreira. É a terceira vez que sinto isso, e sei que ainda vou sentir no minimo mais umas duas vezes. Ao mesmo tempo em que um vazio se instala na gente, também está presente a sensação de que vimos algo grandioso, que poderemos contar isso para nossos filhos, netos. Talvez seja apenas uma ilusão, mas eu agradeço por ela. Tudo que resta dizer agora é adeus Guga e obrigado por tudo que você fez por este país, por seus fãs e por si mesmo. Porque isso sim é o que mais importa. Vá torcer pelo seu Havaí e pegar sua ondas. Afinal, você merece.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Coincidências

25/05/2007 - Revista Veja denuncia a existência de contas pessoas do senador Renan Calheiros pagas por um lobista da empresa Mendes Júnior. A denúncia deflagra uma série de investigações que resultam em seis representações contra Renan no Senado (incluindo acusação de quebra de decoro parlamentar); cinco foram arquivadas e uma não chegou a ser levada ao Conselho de Ética.

25/05/2008 - PSOL declara que pretende, ainda nessa semana, entrar com representação pedindo ao Conselho de Ética da Câmara a cassação do mandato do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, por quebra de decoro parlamentar, por conta de seu suposto (para não dizer provável) envolvimento no esquema de desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Que coisa, não?

Paris, Je t'Aime


Em 20 ‘curtas’, o amor acontece nos arrondissements de Paris. Nos bares, cafés, metrôs, galerias de arte, sob a Torre Eiffeil, enfim, em todos cantos da Cidade das Luzes. As petites histórias são contadas por vários cineastas, como Walter Salles, Alonso Cuarón e Wes Craven. Também há estrelas entre os atores, como Natalie Portman (de V de Vingança), Nick Nolte (Hulk), Juliette Binoche (Chocolate), Willem Dafoe (Homem-Aranha) e o gatíssimo Elijah Wood (para os mais esquecidos, o Frodo, da trilogia O Senhor dos Anéis), que atua na história mais surreal do filme.

Já é evidente que se trata de um romance, mas não adianta preparar os suspiros, eles vêm quando menos se espera. Há histórias muito inusitadas como a que acontece no metrô do Tuilerie, com um turista e um casal cuja relação é bem excêntrica. Não mais excêntrico do que o casal das proximidades da Torre Eiffeil, dois mímicos que se conhecem na prisão, casam-se e têm um filho ‘quase’ comum.

Há histórias mais bonitas que excêntricas. Na Bastille, ocorre o mais esperado encontro com a mulher. No restaurante preferido dela, onde começara o namoro. Com um delicioso vinho branco. Ele vai terminar o casamento rotineiro (até me lembrou a música do querido Chico Buarque: “Todo o dia ela faz tudo sempre igual...”, mas, voltando a Paris...). Antes que qualquer coisa fosse dita e depois de uns goles de um leve vinho branco, ela entrega-lhe um papel. A terminologia médica não o confunde. Não, ela não está grávida. “Leucemia terminal”. Ele muda todos os planos naquele segundo. Termina com a amante, pede todos os pratos preferidos dela, leva-a para fazer compras e gasta além da conta sem se importar, lê em voz alta, mais uma vez, seu livro preferido, assiste com ela aos filmes seus filmes preferidos no cinema. “E de tanto se comportar como apaixonado, se apaixonou por ela de novo”.

E, enfim, uma das histórias mais aplaudidas. Ela liga para ele e começa: “Escute. Há momentos em que a vida exige mudanças. Transições, como as estações. Nossa primavera foi maravilhosa. Mas agora o verão acabou. Perdemos o nosso outono. E, de repente, está tão frio que tudo está congelando. Nosso amor hibernou e a neve nos surpreendeu. Se dormimos na neve, não sentimos a morte chegar. Cuide-se.” Ele fica mudo. Começa a lembrar de tudo que fazia parte dela e dele, desde que se conheceram e todo o namoro. A montagem das cenas e a fotografia dessa parte do curta são excelentes. Observação: ele é deficiente visual e ela, atriz.

Como termina, e como são as outras histórias, só assistindo. Já contei demais por aqui. Dá pra notar que j’ai aimé Paris Je T’Aime.

domingo, 25 de maio de 2008

Roda Viva

Carla fazia Medicina. Carla era loira, olhos azuis, pele branquinha. Carla vinha de uma família de classe média-alta. Carla não bebia. Carla não fumava. Carla tirava notas boas. Carla era católica praticante. Carla votava em um partido de direita. Carla namorava o mesmo garoto desde os 17 anos. Carla queria se tornar pediatra. Carla se dizia feliz.
Karina fazia Publicidade. Karina tinha cabelos e olhos castanhos, pele clara. Karina vinha de uma família de classe média. Karina bebia socialmente. Karina não fumava. Karina era uma aluna na média. Karina foi crismada e desde então não voltou à igreja. Karina se dizia apolítica. Karina era solteira. Karina queria trabalhar em assessoria de imprensa. Karina se dizia feliz.
Maria fazia curso técnico de Enfermagem. Maria era negra, olhos pretos, pele bem escura. Maria vinha de uma família de classe baixa. Maria bebia. Maria fumava. Maria sempre estudou em escolas públicas e se acostumou com recuperações. Maria nunca foi à igreja. Maria votava em um partido de esquerda. Maria tinha dois filhos de pais diferentes. Maria queria trabalhar em postos de saúde. Maria se dizia feliz.
Karina sofreu um acidente. Carla dava plantão no hospital onde Karina foi levada. Maria trabalhava ali como auxiliar de enfermagem. Karina estava à beira da morte e precisava de transfusões de sangue. Carla a atendeu. O banco de sangue estava em falta com o tipo sangüíneo de Karina. Todos os presentes no hospital de dispuseram a fazer o exame de compatibilidade. Maria foi a única que pôde ajudar. Karina sobreviveu.

sábado, 24 de maio de 2008

A nostalgia do começo do heavy metal progressivo

Fotos e texto por Pedro Zambarda de Araújo, originalmente para a Whiplash.net

“Best I Can” ressoava pelo Credicard Hall, respeitada casa de shows em São Paulo, no último dia 16 de maio, às 22h. Geoff Tate destacava-se de seus colegas de banda, com um vocal comparável ao célebre Bruce Dickinson da banda Iron Maiden, com linhas vocais melodias ora suaves ora agressivas. Eram os Queensrÿche, quinteto norte-americano pioneiro em aliar a música progressiva de bandas como Yes, Genesis e Pink Floyd ao thrash metal e ao hard rock, gêneros do rock predominantes no cenário musical dos Estados Unidos, juntamente com o Fates Warning, um grupo semelhante.

No entanto, mesmo com esse passado importante tanto para os fãs de música pesada quanto para os admiradores de longos e técnicos solos de instrumentos do progressivo, o público brasileiro foi insuficiente nas apresentações em nosso país: cerca de 800 pessoas no show no Rio de Janeiro, dia 8 de maio, e, pasmem, cerca de 300 pessoas em Belo Horizonte, dia 10. Para a história que o Queensrÿche marca desde seu gênese em 1981, com músicas explorando temas sociais, psicológicos e políticos em suas letras, algumas com tom futurista, foi vergonhosa a ausência de muitas pessoas.

Mesmo assim, a banda fez sua apresentação com o mesmo entusiasmo que em todas as apresentações dessa turnê. Em São Paulo, estavam presentes cerca de 3000 pessoas de público, um número menos alarmante em relação às outras cidades. Dessa forma, “NM 156”, a segunda música, levou o público de volta ao passado, na época do CD The Warning, em 1984, com letras que questionavam mais a política. Enquanto “Best of You” do popular Empire, de 1990, fala sobre paralisia e superação, problemas considerados mais pessoais.

Embora esteja na banda há apenas 5 anos, Mike Stone, com seu jeito meio "punk” e sua guitarra com desenho de fogo, fez bonito ao seguir, praticamente com fidelidade, as músicas do Queensrÿche da época de Chris DeGarmo, um guitarrista compositor forte dentro da banda. O público também aceitou bem Mike, incentivando em seus solos, que eram poucos devido ao trabalho que ele tinha na base das músicas. No entanto, Stone chegou a brincar com um cavaquinho elétrico com o público, ápice de sua presença de palco.


“Screaming for Digital” fez outro retorno, desta vez até 1986, no álbum Rage For Order, totalmente nostálgico. Ao contrário dessa nostalgia, “Hostage” e “The Hands” trouxeram o recente material da banda Operation Mindcrime II, que é uma continuação da saga do drogado revolucionário Nikki do CD de 1989, a primeira parte. Por repetir uma história passada, o material é fonte constante de críticas severas.

Do álbum Promised Land, de 1994, “Bridge” foi acompanhada por um discurso sobre fracassados feito pelo vocalista Geoff Tate. Além da competência vocal, o frontman se revelou uma pessoa cordial e carinhosa com seus ouvintes, explicando o significado das músicas e não permanecendo no clichê de “thank you São Paulo”, e saudações desse gênero.

Embora muitos tenham reclamado da falta de expressão, o baixista Eddie Jackson se portou agressivo em faixas como “Eyes of Stranger”, clássica do Operation Mindcrime, o primeiro, não sua continuação. O músico, além de fazer o vocal de fundo de forma competente, atirou palhetas para o público no final da apresentação, como se fossem dardos para um alvo, com um riso inesperado.

A banda inteira teve um desempenho marcante no cover do clássico de Black Sabbath, “Neon Nights”, imortalizada na voz de Dio. Tate não conseguiu o mesmo agudo da música original, mas conseguiu cantá-la de maneira satisfatória. Michael Wilton, guitarrista solo e fundador do grupo, deu um show de técnica, precisão e feeling, mesmo em músicas mais pesadas e repetitivas. Também tocou junto com Mike Stone, provando que a banda não é formada apenas por músicos isolados.


O palco foi rodeado, durante toda a apresentação, por efeitos de fumaça e luzes das mais variadas cores, dando o tratamento estético que a trupe de Geoff Tate e Michael Wilton merece.

De todos os CDs, no entanto, o que mais teve destaque foi o popular Empire, que teve, inclusive, músicas gravadas em clip para a MTV. No show paulistano, canções antológicas como “Silent Lucidity”, que fechou o show, a faixa-título “Empire”, “Last time in Paris” e “Jet City Woman” agitaram o público, que não fez feio e sabia todas as faixas. Scott Rockenfield, outro membro fundador da banda, continuou com sua qualidade “detonadora” nas baquetas.

E, entre todas essas faixas clássicas e empolgantes, “Anybody Listening?”, também do Empire, me chamou mais a atenção entre todas as executadas naquela noite incomum: nela, os músicos pareciam em um transe dentro da melodia melancólica da guitarra típica do hard rock oitentista. Irrompendo esse clímax estava, novamente, Geoff Tate, gesticulando e sentindo cada uma de suas letras como se fosse a sua própria realidade. A performance do vocalista é um exemplo para quem vive de música: mesmo com um público pequeno, ele tornou o Queensrÿche um canal de expressão simpática ao público presente, que realmente aprecia suas canções.


O set paulistano foi o mesmo do show do Rio. A empolgação do público? Bom, São Paulo é conhecido como um dos grandes centros de heavy metal do Brasil, senão o maior. A fama não é à toa. Excelente espetáculo, Queensrÿche e público.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Pilha de panos quentes

O Conselho Sul-Americano de Defesa, órgão cuja formatação está sendo negociada pelos doze Chefes de Estado, em reunião em Brasília, não passa de uma pilha de panos quentes para ser usada em momentos de crise. Ferramenta da turma do "deixa disso", o Conselho funcionaria como uma espécie de alternativa à Organização dos Estados Americanos (OEA), que ajuda na resolução de problemas de defesa na América do Sul, mas que tem participação dos Estados Unidos.
Segundo o que disse ao Estado o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o Conselho Sul-Americano de Defesa "não terá nenhum poder de intervenção militar, não terá nenhuma característica de aliança militar e será, em essência, um órgão de articulação de políticas de defesa entre os países sul-americanos". Ou seja, uma grande pilha de panos quentes.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Sopa de Letras

Cotidiano de faculdade de comunicação. Rostos tristes. Restos de papel, telas brilhantes e mentes supostamente pensantes. Rostos e lustres imaginários. Abstração, atração por dramas.

É estudante universitário em um mundo capitalista concorrido, que comete excessos em se auto-culpar ou se auto-vangloriar: aquele que possui esse sistema de eterno ciclo de insatisfação completamente satisfeita. Não é ausência de protestos da década de 60, são os mitos que os jovens criam em cima de um passado que não existiu e em cima de falhas que não existem neles.

Caldo das letrinhas dissolve em reportagens feitas no SPTV, jornal regional quase-diário (exceto em sábados e domingos) na Rede Globo de Televisão - perguntas estúpidas feitas para vestibulandos com respostas prontas. Estamos em uma tevê de perguntas prontas, respostas repetidas que o povo, tanto os que prestam vestibular quanto os que não prestam, precisa receber. O ser humano tem tara por ciclos.

A novidade não está na reportagem esdrúxula, cheia de novidades e "jeitos novos" de filmar, ou gravar. A novidade não está no jornal, não está no tratamento normal dos cotidianos. A novidade não está nas crônicas que falam mais do mesmo. Talvez uma ponta do novo esteja no falho em senso, no sem sentido. O real inovador seria pegar fatores aparentemente desconexos e, finalmente, botar pra rodar a realidade. O real das comunicações é como um "céu azul" dos dias claros: reluzente, mas reflexo do mar. Transparente, na verdade.

Os estudantes não podem baixar a cabeça. Podem não ter um puto, digo, dinheiro, no bolso. Mas não podem abaixar, cessar. Se a verdinha fosse o fim do caminho, seria outra repetição maldita.

Sopa de Letrinhas são crônicas publicadas às quintas-feiras.

Falam de comunicação, de protesto e contra-protesto.

Grandes coincidências

O Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, disse, em defesa da ameaça presidencial de veto ao projeto que regulamenta a Emenda Constitucional 29 (que amplia as verbas destinadas à saúde): "[o projeto] cria uma despesa da ordem de R$ 10 bilhões por ano".
Interessante. É exatamente o mesmo valor que, segundo estimativas do líder do governo na Câmara, Henrique Fontana, seria arrecadado com o 0,1% da Cide.
Interessantes também as declarações do ministro, mesmo depois da divulgação das projeções de receita pelo Ministério do Planejamento - projeções essas que indicam uma arrecadação R$ 11,8 bilhões acima do previsto: "Não há sobra de caixa no governo" e "Tem um projeto que foi aprovado no Senado que cria uma despesa que, aparentemente, é de R$ 10 bilhões a mais no ano."
É esse "aparentemente" colocado com tanta discrição no meio da fala do ministro que faz com que isso seja tão genial.

A volta da contribuição provisória (sic!)

A instituição de um novo imposto sobre movimentações financeiras será proposta pelos líderes da base aliada do Palácio do Planalto. O tributo terá alíquota de 0,1% e será destinado à área da saúde. Para não dar a impressão de que estão ressuscitando a CPMF, os aliados pretendem chamar o imposto de Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Henrique Fontana, o líder do governo na Câmara, declarou que a contribuição será permanente e destinada exclusivamente para a saúde. A alíquota de 0,1%, de acordo com suas estimativas, poderá arrecadar R$ 10 bilhões no próximo ano. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, não partirá do governo qualquer iniciativa para que o Congresso aprove qualquer imposto. Ele, como sempre, não sabe de nada e não está envolvido em nada que possa desagradar seus eleitores.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Alta Fidelidade IV

Menos irritada. Coisas mais irritantes.
1. Reforma ortográfica
Não! Um absurdo! Escreverei FREQÜÊNCIA, PÁRA, VÔO e ASSEMBLÉIA até o fim dos meus dias. E jamais(!!!) perdoarei Portugal por ter concordado a monstruosidade dessa reforma.

2. Atentado contra o jornalista da Rede Globo
Resumo da ópera: O repórter Edson Ferraz, da TV Diário (afiliada da Rede Globo em Mogi das Cruzes), sofreu uma tentado na semana passada, mas escapou sem ferimentos. Duas pessoas encapuzados atiraram contra o carro da emissora que o jornalista dirigia. Suspeita-se que o atentado seja um reflexo das reportagens investigativas que o jornalista tem feito sobre o envolvimento de policias civis em cobranças de propinas.
Não sei se isso pode ser classificado como irritante, mas preciso expressar minha indignação de alguma forma. Mesmo que o motivo do crime não tenha sido a investigação jornalística que Ferraz vinha fazendo, é de se esperar que tenha sido alguma outra reportagem com denúncias feitas por ele. E, assim sendo, não foi apenas uma tentado contra a vida, mas também contra a liberdade de imprensa.

3. Cartas psicografada usadas no tribunal
Só tenho duas palavras a dizer: ESTADO LAICO

4. Matéria sobre a ponte estaiada na Folha

A irritação é tanta que só posso pedir que vocês leiam e bufem comigo: Ponte Octavio Frias de Oliveira entra para galeria de pontes mundiais

5. Mais lidas da Folha Online (de novo)
Uma das matérias mais lidas no site hoje era sobre o seguinte fato: a novela Ciranda de Pedra, da Rede Globo, ficou quatro pontos abaixo de Malhação no ibope. Fascinante, não?


Aproveito para lançar a campanha: SALVE O TREMA, SALVE UM HERÓI.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Sobre gelo e ideais...


“Greetings from Fairbanks!
Arrived here two days ago.
Might be a very long time before I return south.
I now walk into the wild”*

Baseado no best seller de Jon Krakauer, Into The Wild (Na Natureza Selvagem) conta a história verídica de Christopher Johnson Mc
Candless (12/02/1968 – 18/08/1992) , um jovem que, aos 22 anos de idade, decide largar tudo e partir em busca de aventura. Com roteiro adaptado e direção de Sean Penn, o filme ganhou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Canção por “Guaranteed” - letra e música de Eddie Vedder.
Cansado do moralismo hipócrita da sociedade e dos conflitos familiares, Christopher, interpretado por Emile Hirsch (Alpha Dog, Um Show de Vizinha), doa todas as suas economias para a caridade, deixa para trás a família e um futuro promissor e inicia sua viagem pelo país usando o nome de “Alexander Supertramp”.
Influenciado pelos textos de Leo Tolstoy, Henry David Thoreau, entre outros, ele ruma ao Alasca, onde viveria sem qualquer contato com a civilização, dependendo única e exclusivamente de seus próprios esforços e do abrigo de um ônibus abandonado para sobreviver.
Durante a jornada, “Supertramp”, que alterna momentos de completo isolamento e outros de sociabilidade [talvez para não perder o hábito], faz amizade com uma série de personagens interessantes, q
ue vêem suas vidas mudadas pelo obstinado rapaz.
Temas como a liberdade não são tratados pelas falas dos personagens tanto quanto pela seqüência de cenários, que deixam o espectador submerso: ele sai do cinema com vontade de ficar só e refletir. As montanhas infinitas de gelo são filmadas de tal maneira, contrastando com os braços abert
os de Hirsch, que o inóspito Alasca chega a parecer um lugar aconchegante!
O elenco conta também com a participação de Vince Vaughn (Separados Pelo Casamento; Impulsividade), Catherine Keener (Quero Ser John Malkovich; A Intérprete) e Marcia Gay Harder (Pollock; Sobre Meninos e Lobos).
Enfim, vale a pena conferir.

*Saudações de
Fairbanks!
Cheguei há dois dias.
Pode levar um bom tempo até que eu volte para o sul.
Agora eu caminho na natureza.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Um pouquinho de futebol..

O homem que fez o Brasil chorar...duas vezes!

Quando o assunto é futebol, não existe ninguém superior ao Brasil. Ninguém superior em talento, quantidade de gênios e, principalmente, ninguém superior em arrogância. E tal arrogância é justificada, afinal somos a única seleção que se classificou para todas as Copas do Mundo, somos recordistas em títulos, 5, e em finais, 7. Ou seja, quando somos derrotados não são méritos do adversário e sim defeitos e falhas nossas. E não existe nada mais sintomático que os desastres ocorridos em 1998 e em 2006, quando o Brasil foi humilhado mundialmente por uma seleção que não chamava muita atenção desde a década de 80: a França, quando ela própria eliminou uma seleção brasileira espetacular liderada por Zico. E por que 2006 e, especialmente, 1998 foram mais traumatizantes? Por causa de um homem: Zinedine Zidane.

Zidane nasceu em 23 de Junho de 1972 em Septème-les-Vallons, filho de imigrantes argelinos. Seu primeiro contrato como jogador foi como amador em 1982 com o US Saint-Henry. Depois de jogar no amadorismo, Zidane chamou a atenção AS Cannes que o contratou com apenas 15 anos de idade. Foi um inicio extremamente prematuro para a época. Sua estréia no time principal foi aos 17 anos, em 20 de maio de 1989, há exatos 19 anos. Em 92 ele se transferiu para o seu primeiro grande time, o Bordeaux. Logo na primeira temporada ele marcou 10 gols, um número impressionante para um meia na França. Depois de algumas temporadas de extremo sucesso, onde Zidane e o atacante Lizarasu levaram o time à final da Copa de UEFA em 96, iniciou-se um leilão pelo passe do já considerado craque. Quem levou a "sensação francesa" foi o Juventus de Turim, por 35 milhões de francos. E Zidane não poderia ter tido um começo melhor no Calccio (campeonato italiano). Logo de cara, na temporada 96/97 foram conquistados o campeonato italiano, a Copa da Itália, Supercopa de Europa e o Mundial de Clubes. Muitos já especulavam sobre a Copa de 98, e o provável encontro entre os dois maiores jogadores do mundo: Ronaldo e Zidane.

Bom, como a média da idade dos leitores deste texto gira em torno de 20 anos pra baixo, todos deveriam ter em média 10 anos de idade. Mas me lembro exatamente de cada jogo daquela Copa de 98. Não só os jogos do Brasil, mas também os jogos de uma França que ao poucos começavam a espantar o mundo com sua campanha em casa. O Brasil fazia jogos épicos, como a lendária semifinal contra a Holanda. A França fez jogos burocráticos, mas se classificou com a única pontuação máxima de 9 pontos na primeira fase. Mas Zidane fazia milagres, sendo a espinha dorsal de um time limitado, armava jogadas geniais e driblava com uma elegância ímpar. Até que o esperado embate chegou: Brasil versus França na final da Copa da França. Brasil era favorito, liderado por um fenomenal Ronaldo. Só que Ronaldo não jogou naquela partida, por motivos que não entrarei no mérito nesse texto. E o que se viu não foi apenas um Brasil que jogou mal, foi um Zidane que fez mágica. Fez o mundo se espantar com lances tão elegantes que só se imaginaria ver em imagens resgatadas de Franz Beckenbauer, ou em uma música de Frank Sinatra. O que se viu foi o nascimento definitivo de um dos maiores gênios da historia do futebol. E, por mais que se diga que o Brasil estava estranho naquele dia, não há como negar que houve um verdadeiro espetáculo no estádio Saint Denny naquela noite de domingo de 1998. Resultado: França campeã mundial pela primeira vez na historia e Zidane eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa.

Não pretendo me estender contando os últimos 6 anos da carreira de Zinedine Zidane. Até porque, tais anos já são passível de memória dos leitores. Tudo o que resta é lembrar de como gênios sempre ressurgem quando mais são necessários. Como Michael Schumacher em sua última corrida, como Michael Jordan na final da NBA em 98, ou seja como Ronaldo na Copa de 2002, Zidane ressurgiu das cinzas para brilhar pela última vez na Copa de 2006. E tal ressurgimento tinha que ser contra o Brasil. Tinha ser justamente contra a seleção que o alçou a categoria de gênio. O Brasil chorou naquela quarta-de-final em Julho de 2006. Chorou a má atuação do time, chorou a humilhação sofrida por um esquadrão até então imbatível. Mas o que ficou pra mim foi a despedida do maior jogador que já vi tocar numa bola de futebol. Hoje, em 2008 posso dizer que não vi Pelé, não vi Maradona, mas vi sim Zinedine Zidane.

Diário de uma Arubaito - O primeiro dia de trabalho

Às 7:20h da manhã do dia 13 de dezembro, uma quinta-feira, pontualmente o microônibus parou no ponto em que eu e mais umas 14 pessoas deveríamos pegá-lo todos os dias. Na fábrica, uma rápida prova escrita de testes foi aplicada a mim e a mais duas outras meninas que começavam seu primeiro dia de trabalho na ASTI, fábrica também conhecida como “o inferno na Terra”. Mais tarde eu descobriria o porquê.

Sob a orientação do nosso tantosha (pessoa da empreiteira que auxilia os funcionários), recebemos as instruções da fábrica, tais como as maneiras de guardar as roupas a fim de manter o ambiente organizado, lavar as mãos quando o chefe estivesse vendo e não ajudar caso alguém precisasse, pois, como novatas, a culpa recairia sobre nós. Começava ali minha percepção acerca de um Japão oposto àquele de respeito e preservação dos valores.

Desde o primeiro dia, era exigido de nós a mesma eficiência de quem estava ali há anos, bem como uma postura que seguisse as regras estritamente. Ao entrar na fábrica e bater o cartão, era preciso colocar um sapato próprio para andar em seu interior, mas que não era utilizado durante o expediente. Para trabalhar, entrávamos numa sala de troca, onde ficavam pendurados e guardados nossos macacões, tocas e botas. Também púnhamos luvas, máscaras e dedeiras, em alguns casos. No começo, colocar tudo isso demorava bastante, considerando os míseros doze minutos de kyukei (intervalo); com o passar do tempo, porém, já era possível fazer tudo em cerca de dois minutos. A dificuldade encontrada para se trocar ali era o espaço reduzido em relação à quantidade de pessoas; era comum, portanto, bater o cotovelo, a cabeça ou o braço em alguém. O que notei, e que me estranhou muito quando retornei ao Brasil, era que sempre que isso acontecia, as pessoas diziam gomen (desculpa), por menor que fosse o incômodo. Aqui, mesmo esbarrando ou quase machucando alguém, talvez por orgulho, pelo tempo ou por falta de educação, as pessoas não se dão ao trabalhar de se desculpar.

Depois de conferir se as vestimentas estavam ajeitadas, uma porta automática se abria e entrávamos por um pequeno corredor escuro e estreito, em cujas paredes havia vários “buracos”, de onde saíam jatos de ar. A sensação era de estar numa usina nuclear, embora nunca tenha entrado numa. No fim do corredor, outra porta automática se abria e logo à frente estava um mapa colorido com os nomes de todos os funcionários e a função que deveriam desempenhar naquele dia. Os funcionários eram divididos por sessões e cada uma delas possuía uma líder (brasileira ou peruana, no caso da minha) e um chefe japonês.

Entrei para a sessão de colagem, que era uma das partes finais do processo de montagem dos aparelhos celulares para a Panasonic. Eu tinha de colar o chamado subpainel, ou sabo, na parte externa do celular de flip. Em cada bandeja vinham cinco peças de celulares, nas cores vermelho, preto, dourado e branco, dependendo da encomenda do dia. Os aparelhos vermelhos e pretos eram traumatizantes para todos, pois acumulavam mais sujeira e dificultavam a limpeza.

Já no primeiro dia levei uma bronca da chefa por ter deixado passar uma peça branca com sujeira. As broncas se repetiram ao longo da semana, mas vieram todas da líder que, posteriormente, viria a simpatizar comigo porque era amiga de uma prima minha, que trabalhara na fábrica há alguns anos atrás. Se no Brasil eu acreditava que não me importaria em levar broncas dos chefes, chegando lá vi que não era fácil agüentá-las sem, no mínimo, cobrar mais de mim mesma.

O primeiro almoço, assim como todos os kyukeis, foi quase desastroso. A começar pelos sinais da fábrica, que eu levei tempo para conseguir acompanhar; eu só parava de trabalhar quando todos ao redor também paravam. Às 12h15, o sinal batia para o shoji (limpeza). Cada uma pegava um pano e limpava o chão do seu local de trabalho. Às 12h18 batia o sinal para o almoço. Quarenta minutos davam a impressão de um tempo suficiente para comer, mas considerando que tinha de subir três andares de escada do prédio até chegar ao shokudo (refeitório), as filas para escovar os dentes, usar o banheiro e ter que vestir o macacão novamente, sobravam, na verdade, cerca de 10 ou 15 minutos para mastigar o bentô (marmita) frio e algumas bolachas. O refeitório da fábrica vendia quatro tipos de pratos, que custavam pouco mais de 400 yen (4 dólares), caro para se comprar todos os dias.

Após o kyukei das 14h43 (terminava às 14h55), a chefe passava pedindo zangyô (hora extra) para cada funcionário. No primeiro dia fiz 2 horas, o suficiente para me sentir cansada depois de quase 11h de pé.

13/12/2007 - Anotações do dia:

22h - “Até que o cansaço não é tanto, mas a falta de perspectiva de mudança amanhã é extremamente desanimadora e o receio de o condicionamento estar horrível é enorme.”

------------------------------------------
foto 1: ASTI - fábrica de componentes eletrônicos para a Panasonic, localizada em Iwata

foto 2: logo da fábrica

domingo, 18 de maio de 2008

A falta de auto-crítica da imprensa

Título de conceito meio óbvio, mas pouco explorado. Tecem comentários muito superficiais sobre o assunto no Brasil ou, quando adentram em suas particularidades perturbadoras, as pessoas tendem a encaixar uma solução reducionista, simplista, simpática. Dentro da imprensa, os jornalistas recorrem aos sensos comuns ou ao ponto de vista dos sindicatos e instituições jornalísticas. De fora, alguns odeiam os comunicadores, outros se aliam e poucos ficam neutros. Com esse contexto, a coisa termina em um acordo muito cômodo.

Um caso típico de "lugares-comuns" e muita falta de "tato" e a relação imprensa e as instituições policiais. Acusa-se, sem provas, que a polícia teria uma relação direta ao passado brasileiro da ditadura militar. O caso discorre em preconceitos pouco debatidos. Não foi o exército, não os policiais, que realmente reprimiu os jornais no período 1964-85?

Com esse álibi alicerçado em uma base pouco certa, mas concreta, jornalistas se acham no direito de julgar profissionais dessa área sem levar em conta que a repressão que ele teve, ou mesmo a que não teve, está sob o comando de um delegado que, por sua vez, está sob o comando do diretores e decisões políticas aliadas aos governos estaduais, ou municipais.

Esse pequeno exemplo ilustra, na verdade, a falta de senso e incentivo dos jornalistas para entender as hierarquias de qualquer sistema. Para muitos, um mero impedimento na investigação jornalística significa culpar uma instituição. E deixar de informar determinada coisa, segundo esses mesmos hipócritas, é deixar de informar a população. Só que a desculpa não se solidifica diante de uma verdade que pouco aparece nos jornais: há informação demais para leitores que não irão ler, uma matéria que caia por repressão policial não faz diferença e nem mesmo desinforma alguém. Faltam, claro, matérias que causem reações em leitores. A perda de um texto desse naipe é, realmente, uma "baixa" dentro do jornalismo. Não é o caso dessas matérias.

Saindo dessa situação de repressão e perda de serviço, caímos em outro tópico: a enorme quantia de notícias não está relacionada com a falta de critérios jornalísticos? Que tipo de jornalismo é feito no Brasil? No mundo? Um texto inocente como esse é capaz de demonstrar, sem citar nomes e sem recorrer às aspas que tanto os editores nos pedem, uma realidade crítica, profissionalmente deficiente e, ainda assim, jornalística.

A imprensa, em si, deveria deixar de se imaginar "protetora", "paternalista" de certa forma, e adentrar na realidade que é paradoxal para todos os jornalistas: somos submissos ao sistema e, acima de tudo, substituíveis. Uma indignação imaginária, uma briga de categorias baseada em anacronismos históricos infelizes, só pode resultar em péssimos profissionais, em notícias meramente polemizantes e muito pouco literais, fiéis ao criticismo que o mundo necessita e sempre colocou diante de nossos olhos.

sábado, 17 de maio de 2008

Falece a Escritora e Mulher de Escritor: Zélia Gattai

Cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL), Zélia Gattai faleceu às 16h30 de hoje, vítima de uma parada cardíaca resultante de falhas renais, circulatórias e respiratórias da escritora e ativista política. Esse quadro médico foi decorrente de um tumor encontrado durante uma cirurgia para desobstruir o intestino, em 30 de março. Internada há 31 dias no Hospital da Bahia, em Salvador, Zélia foi transferida para UTI e não resistiu às reações cirúrgicas.

Casada por 56 anos com o escritor Jorge Amado, até sua morte, em 2001, passou a editar seus livros. Estreou na literatura em 1979, com o livro Anarquistas Graças à Deus, que se tornou mini-série homônima na TV Globo, em 1982. Nessa obra, Zélia fez um retorno aos movimentos anarquistas da primeira metade do século XX, feitos por portugueses, italianos e espanhóis. O assunto político fez com que a escritora revivesse suas memórias de infância, consagrando um estilo literário que a faria imortal dentro da academia.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Um amor apático

Se a intenção é ver um filme a dois, não se deixe levar pelo nome Closer - Perto Demais, pois este não é a melhor escolha para tal ocasião. O filme de Mike Nichols traz à tona as relações amorosas contemporâneas de um modo cruel, frio e verdadeiro, reforçando o egoísmo e o individualismo em que se encontra o homem atualmente.
O filme foi adaptado da polêmica peça de Patrick Marber e leva o mesmo nome. Explora, sem escrúpulos morais, o relacionamento baseado na sexualidade e no afeto que tem se tornado cada vez menor entre os casais.
A trama se passa em Londres e cobre a vida de quatro personagens: Dan (Jude Law), o escritor hedonista e frustrado que escreve obituários de jornal; Alice (Natalie Portman), a stripper americana que decide se aventurar na Inglaterra; Anna (Julia Roberts), a fotógrafa recém-separada e Larry (Clive Owen), o emergente dermatologista pervertido.
A película inicia-se com a canção de Damien Rice, “The Blower’s Daughter” que se popularizou no Brasil ao ser regravada em português por Seu Jorge e Ana Carolina. Sob a música, Alice sofre um acidente que possibilita o encontro com Dan. Ele a socorre e, posteriormente, se apaixona pela moça, ou assim acredita. No entanto, Dan conhece Anna e sente-se atraído por ela, que, a princípio, o rejeita. A rejeição causa no escritor um ímpeto de vingança e, numa armação, joga – acidentalmente - a fotógrafa para Larry. O drama se desenvolve a partir do quadrado “amoroso”, com toques irônicos, criando no espectador uma agonia, quando posto diante da angústia e do descaso dos protagonistas.
Nichols mostra que um filme tido como “coração de pedra” é, na verdade, muito sensível. Ao longo da história, o espectador vê-se preso a uma possível realidade que, por respeito aos bons costumes, tenta escondê-la ou modificá-la para algo mais aceitável pela sociedade: a necessidade de ter uma testemunha que acompanhe sua vida, podendo sentir por ela um sentimento de amor, ou não. Em Closer, essa relação calculista implica nos diálogos extensos e violentos, a ação quase inconsciente de falar tudo sem pudores, pois o silêncio é impossível e insuportável.
Por ter saído de uma peça teatral, a força está na excelente interpretação dos atores que conseguem transmitir os sentimentos, sem incitar em quem vê, a involuntária prática do maniqueísmo. Porém, o diretor fez com que as quatro personagens preocupadas com suas cruzadas em busca das satisfações próprias, acabassem instigando em nós o pensamento de que, numa sociedade superficial e sexualmente glamourizada, o romance idealizado e livre de verdades desnecessárias (aquelas que não têm importância e, para o bem da relação, devem ser omitidas) ainda é a melhor opção.
Muitos críticos insistem em dizer que a obra é monótona e desprezível. Isso ocorre porque Closer destoa de tudo o que já foi feito, sendo um soco no estômago de quem espera por mais um romance clichê. Não é a primeira vez que o cineasta alemão faz um filme desse estilo, em 1971, realizou “Ânsia de amar” que cumpriu o mesmo papel de Closer naquela época. Isso não significa que Nichols não acredite no amor fantasiado, mas é inegável que argumenta e persuade muito bem contra isso. É o típico filme que é preciso ver e rever para idolatrar ou odiar.

Sai Marina Silva, e perde a Amazônia.

O Brasil perdeu essa semana uma das mais ativas vozes no governo. Com a demissão da ex-ministra Marina Silva, perde Lula, perde a imagem do governo e a imagem do Brasil como um todo e, principalmente, perde o meio ambiente. Mais especificamente a Amazônia. O seu substituto, Carlos Minc, do PT-Rio, tem uma longa carreira como ativista ambiental. No entanto, é possível dizer tranqüilamente que seus cinco mandatos consecutivos de deputado estadual foram o suficiente para que seu ativismo se tornasse um pouco mais condescendente.
Em artigo publicado neste quinta, o Le Monde da França é enfático ao afirmar que o Brasil “dá as costas para a Amazônia e abraça definitivamente o PAC”. E tal afirmação não poderia estar mais correta. Desde que assumiu o patamar de “superministra”, Dilma Roussef vem crescendo cada vez mais em esferas que vão muito além daquelas que estão sob a pasta do ministério da Casa Civil. Como “mãe” do PAC, como gosta de afirmar Lula, Dilma começa aos poucos a tomar as rédeas do crescimento industrial brasileiro, firmando assim uma postura de liderança visando uma rápida expansão econômica, que garantiria muitos pontos na corrida presidencial de 2010. Pode-se dizer sim que o PAC, apesar de necessário e extremamente bem arquitetado com a iniciativa privada, surge como uma jogada que tende a uma consequência eleitoral. O PT passa de partido sem candidato a favorito nas eleições de 2010, e Marina Silva atrapalhava tais planos.
Em sua carta de demissão, que irritou profundamente o presidente Lula, Marina disse não se sentir mais útil ao Brasil atuando na posição em que estava. E a nomeação do Ministro de Assuntos Estratégicos para cuidar do plano de desenvolvimento sustentável da Amazônia foi o exemplo final do isolamento que a ministra, amiga pessoal e velha companheira de Lula e Chico Mendes vinham sofrendo. Segundo o Financial Times, a ministra estava se tornando cada vez mais descontente nos últimos meses devido às varias obras na região da Amazônia que vinham ganhando aprovação governamental, mesmo sem o aval dela. Em um momento, ainda segundo o jornal americano, ela teria se irritado muito com uma declaração do presidente Lula onde ele dizia que “o desenvolvimento da região estava sendo atrapalhada por causa de alguns peixes”.
Outra grande razão para a demissão de Marina foi a questão dos biocombustíveis. Não que a ministra seja a favor da idéia leviana de que a produção de cana-de-açúcar no país vai gerar uma queda significativa na produção de alimentos, mas era o avanço da produção dentro das reservas amazônicas que vinha causando sucessivos atritos com senadores e deputados da bancada rural e com o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. No entanto não se pode dizer que a saída de Marina foi lamentada por todos, e o próprio Carlos Minc afirmou, após elogiar a gestão da ex-ministra, que o caminho agora é procurar uma conciliação para a nova fase em que o Brasil se encontra, de crescimento progressivo. Foi uma crítica velada a uma suposta incapacidade da ex-ministra em negociar com Dilma Roussef e o presidente Lula para um caminho mais tranqüilo, tanto para o PAC quanto para o meio-ambiente.
Obviamente não podemos afirmar se a Amazônia sofrerá mais ou menos com a saída de Marina Silva, mas afirma-se que um plano de defesa ambiental não é mais prioridade no Governo Lula. Governo este que parece ter se deslumbrado com um plano de crescimento rápido e eficaz, porém gerando séria consequências ambientais, que não devem de forma alguma ser ignoradas. Afinal de contas, é com essa mesma preocupação ambiental que o país vem lucrando, aumentando cada vez mais a exportação do biocombustível brasileiro, fechando acordos internacionais e ganhando uma boa fama mundial.
Apesar disso, não podemos esquecer também daquele trio de pessoas que se reuniram no Acre em 1984, fechando madeireiras e clamando por uma solução para a floresta. Quem eram elas? Chico Mendes, Marina Silva e Luiz Inácio Lula da Silva.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Sopa de Letras

Adicione vocabulário. Adicione informações. Adicione autoria, uma pequena marca da sua pata, da ata de suas proposições. Mexa os ingredientes. Adicione uma pitada de estilo, como se ele fosse uma fórmula pronta. Ignore o seu amadurecimento pessoal. Force inspiração, force seu cérebro, force a ponta da lapiseira.

No jornalismo, a criação do texto segue com mais um requisito: ceifar o que for inútil para a miscelânea que é o painel de notícias. O repórter, como um franciscano ferrenho, abandona todo e qualquer luxo pomposo das letras. Jornalistas são escritores nus, adornados com armas, não cobertores para o frio.

E nesse alimento, que se liquefaz, reside a matriz escrita, o molde de nossos atos. Pouco pensa aquele que se ilude com imagens sobrepostas e chama tal prática de mídia. Dispenso comentários sobre quem considera tudo comunicação, sem compreender o texto que cerceia o acontecimento. As palavras não são só a matéria, são também os tópicos da pauta, os nomes da lista telefônica, o peso de um comentário, uma intenção apenas verbalizada.

Nessas vogais e consoantes embaralhadas, a informação é migalha, a incompreensão é aceita, os preceitos são fixos e imutáveis. Em palavras mais simples: ver Isabella cair do apartamento significa revoltar-se, ver uma campanha de solidariedade significa redimir uma televisão, falar mal de políticos significa um costume, não uma ação. Falar de futebol não é gosto, é um falso patriotismo que integra pessoas anti-sociais em assuntos superficiais.

A Sopa de Letras não é um bom caldo, mas sim um ácido de nossos atos.

Aconteceu uma injustiça, culpe uma instituição. Aconteceu uma tragédia, recorre ao deus cibernético, mídia. Fale sua história. Fale. Fale. Ouvir não alcança o sussurro da realidade. Criticar é a habilidade de berrar sem sair do lugar.

A Sopa de Letras é um bom recado: discutir desorientação é uma tentação diante da consciência coletiva. E, pasmem, isso não é culpa do capitalismo. Estamos surdos nesse empirismo cego, que disfarça nossas provas, nossas atitudes novas.


Sopa de Letrinhas são crônicas publicadas às quintas-feiras.

Falam de comunicação, de protesto e contra-protesto.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Editorial #4

Este blog produziu e reproduziu 50 textos, contando com este. Procuramos um viés jornalístico em todos eles, mesmo sendo praticamente todos amadores nesse ramo, tanto os editores quanto seus redatores. As experiências que temos em parte são dos meios acadêmicos e a outra parte advém de parcas experiências profissionais que alguns aqui tiveram.

O que eu desejo, desde quando cada um de vocês entrou nessa empreitada – buscando, pelo menos, um texto por dia – é que não se sintam “castrados”, ou seja, enquadrados em um “limite” dentro do Bola da Foca. Aqui, assim como num campo de futebol, mesmo que seja de várzea, vocês são livres para executar seus lances, suas defesas, suas corridas. As regras do jornalismo servem apenas como regulamento, evitando possíveis e reais “faltas”. Elas não condizem, de maneira alguma, nem com a minha personalidade, nem a do Thiago. Não define sequer a personalidade do Bola, que poderíamos definir conceitualmente, baseado no que esperamos do veículo.

E é nessa metáfora e no que visualizamos no blog que reside a linha editorial dele.

Como a descrição diz, somos um grupo amador, formado predominantemente por estudantes paulistanos de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Outros vêm de outras universidades e meios acadêmicos, como Nadiesda Dinambro do curso de História na USP e Mônica Alves, que ainda está no cursinho, na cidade de Barretos.

Não pretendo fechar um método de postagem. Não quero, também, que esse periódico seja apenas espaço para resenhas – um de nossos déficits é muito texto cultural e pouca reportagem. Não posso, e não devo, controlar a freqüência de textos. É muito mais democrático, e honesto, que o blog flua na periodicidade que seus compositores desejam. Sim, “compositores”. Não trato os autores aqui como meros reprodutores da realidade. Pra mim, eu creio que vejo, em cada um de vocês (e com ajuda de alguns poucos leitores), um trato de composição, assim como um maestro ou um músico, nos textos.

Se vocês queriam um espaço para inovar, ainda que dentro de certas regras fundamentais, aqui é o local. Debates, assim como qualquer erro textual, são fatos que devemos encarar.

Todas as decisões tomadas no blog passam também pelo crivo do Thiago Dias. Da mesma maneira, ele me informa de todas as correções que faz. Fazemos críticas uns aos outros, se for necessário. Mas não há nada a se levar no lado pessoal, uma vez que o trabalho profissional, mesmo que em seu começo, é um incentivo nosso. Mesmo entre amigos.

Procuraremos, também, falar com todos os jornalistas, colaboradores e leitores, além gostarmos quando vocês conversam com nós, editores. Temos uma relação hierárquica, mas nunca uma relação repressiva. Vocês devem aprender conosco e nós, em regime redobrado, aprendemos e reaprendemos com todos vocês.

Em suma, esse pequeno texto sintetiza a opinião inicial, e atual, desse veículo, dentro de minhas análises. Agradecemos às críticas que recebemos na Cásper Líbero de inúmeras pessoas, cujos nomes não poderei citar, evitando o risco de esquecer alguém. Agradecemos também que se propôs a contribuir para que a “bola" desse jogo continue rolando.

Eu destaco o desempenho exemplar dos alunos dos primeiros anos turmas A e B, que, como o Thiago me disse diversas vezes, “escreve em qualquer lugar, até em parede”. Isso não é uma qualidade ruim, nem de longe. E melhora toda vez que é trabalhada, editada, direcionada para o caminho que ela pretende trilhar.

O nome Bola da Foca fui eu quem idealizei. A idéia era ter uma rima tosca, fraca mas divertida, no nome. Ela deveria remeter imediatamente ao jornalismo, utilizando o termo “foca de redação”, o novato.


Fiquei feliz em saber que a maioria dos consultados apreciou a idéia.

Nothing But The Best traz o melhor de Sinatra


Selo lançado em homenagem a Sinata.
Reuters


Entre uma série de eventos realizados nesta quarta-feira, nos Estados Unidos, para homenagear uma das maiores vozes do século XX, está o lançamento do cd Nothing But The Best, uma compilação de 22 canções e gravação ao vivo de uma hora no Royal Albert Hall de Londres, em 1971.
A morte de Frank Sinatra, ganhador de dez prêmios Grammy e dois Oscar, completa dez anos neste 14 de maio de 2008 e, para relembrar o old blue eyes, também será lançado um novo selo, apresentado em Nova York por Alan Kessler, presidente do Conselho de Governadores do Serviço Postal dos EUA.
Fonte: Estadão.com

Alta Fidelidade III

Irritada demais para fazer um comentário introdutório.

1. Comentários de Valdir Colatto sobre a demissão de Marina Silva
Havia ontem no UOL uma matéria com comentários do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária sobre a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente. Só posso dizer que são comentários absurdamente vagos e indignos de um deputado federal. "A resposta para quem culpa a agricultura pelo desmatamento é que produzir comida provoca desmatamento," afirmou o deputado. *Claro! Esse é exatamente o tipo de argumento usado por quem se preocupam com o meio ambiente e, conseqüentemente, com as pessoas.
* Sim! Estou sendo irônica.

2. A absolvição de Vitalmiro Bastos de Moura
Tudo bem, há a possibilidade do "Bida" não ser culpado da morte da freira Dorothy Stang. Mas é absurdo como os crimes ligados a posse de terra no nosso país são tratados com leviandade pela justiça.

3. Mais lidas da Folha Online
Uma das matérias mais lidas hoje na Folha Online é sobre o aumento da audiência da novela "Ciranda de Pedra". Podem rir.

4. Gente com problemas de ego
Gente com baixa auto-estima que precisa ficar se auto-afirmando, fazendo aquela pose pobre-menina-rica. Não há coisa mais irritante em toda a extensão do universo que alguém que constantemente diz: "Olha que legal! Eu que fiz." ou "Lembra o que disse? Legal, né?" E citando um certo professor casperiano: Eu vomito em gente assim.

5. Marília Passos
"I wanna bite someone in the face." Nesse última semana, someone seria eu.

Posts mais lidos