Sex and the City traz as estrelas do seriado norte-americano, com todos os elementos que as consagram. Mas não é apenas isso, não é apenas um filme para agradar fãs. Com muito bom humor, Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha não são apenas estereótipos de mulheres, mas personagens que mostram como relacionamentos são distintos, conflituosos e fora da racionalidade.
Por Pedro Zambarda de Araújo
Sei que é estranho redigir uma resenha quando o filme saiu de cartaz nesta sexta-feira, dia 11 de julho. Dentro do jornalismo, dizemos que a pauta desse filme está “fria”, pois muito do que se podia falar foi dito e repetido, desde os críticos mais amadores até os textos extremamente profissionais e desenvolvidos.
No entanto, resolvi aceitar falar sobre essa película principalmente para contrariar a maioria. Os motivos que me levaram a “cometer” essa crítica são inúmeros: há muitas generalizações sobre filmes que falam sobre mulheres, há poucos homens que realmente se dispõem a dar um viés mais abrangente de seu ponto de vista sobre o assunto e, por fim, o seriado é engraçado, sutil e familiar para mulheres e pessoas que passam por transtornos no amor, nos negócios, na vida, transmitindo o cotidiano novaiorquina de forma alegórica para a tela dos cinemas.
Em resumo, o filme trata sobre a história das quatro mulheres diretamente ligadas às oportunidades que a megalópole Nova Iorque oferece nos sentimentos, nas profissões e em seus detalhes. Com suas vidas entrelaçadas desde o começo do seriado, elas, solteiras nos primeiros encontros, são apresentadas por vidas distintas e comportamentos igualmente diversos, mas todos totalmente compreensíveis para as características femininas em nossa sociedade.
Carrie Bradshaw, interpretada pela enigmática Sarah Jessica Parker, cumpre seu papel como escritora de sucesso de três volumes do livro best-seller Sex and the City (cuja ficção, na verdade, mostra a narradora que ela é dos eventos de suas outras três amigas), além de suas densas reflexões sobre as circunstâncias urbanas. No entanto, a trama se desdobra em uma forte decepção amorosa que ela sofre repetidamente, tornando-se o centro das histórias que ela normalmente observa com certa “distância”: em comparação às suas outras amigas, Carrie costuma ter mais equilíbrio e menos características peculiares.
Tendo surtos de felicidade pelo bom relacionamento com a filha adotiva (que é chinesa), o amor do segundo marido judeu e a proximidade com as amigas, a elétrica Charllotte York é responsável por uma das seqüências mais hilárias do filme, sofrendo pela falta de um banheiro público em viagem ao México. Kristin Davis é uma atriz que marca por suas feições singulares, sua espontaneidade que condiz com a personagem que interpreta.
Diferente do começo da série, quando procurava se esquivar de relacionamentos emocionais, procurando apenas sexo e satisfação, a nova cinqüentona Samantha Jones começa o filme com um namoro sério com Jerry “Smith” Jerod, ator hollywoodeano que oferece uma vida de luxo e glamour fora de Nova Iorque. Mesmo com relações sexuais diárias, Samantha é obrigada a dividir o marido com o trabalho e com suas amigas novaiorquinas, das quais não consegue se desligar. O tesão incontrolável por um vizinho chamando Dante (“e quando Samantha conheceu Dante, sua vida, literalmente, virou um inferno”) é o estopim do fim de seu relacionamento e uma volta às origens, diferente das outras garotas, que mudaram ao longo do seriado e do próprio filme.
Miranda Hobbes é a outra ponta do filme. Enquanto Carrie toma as decisões de maneira equilibrada, Miranda é diretamente afetada por seu emocional, que quer ser racional e eficiente, mas acaba a afastando de Steve Hobbes, seu marido e pai de seu filho, Brady. Cynthia Nixon, apesar dos olhos calmos, atua realmente como uma mulher perturbada, como alguém que não sabe lidar com as próprias frustrações, tendo nessa deficiência sua maior peculiaridade.
Culpando o casamento por todas as suas frustrações como pessoa, Miranda contribui para o fracasso da união entre Carrie e Mr.Big, o namorado que mais se manteve junto com a personagem de Sarah Jéssica Parker durante o seriado. Esse episódio é o centro dos acontecimentos do filme, com as personagens em tramas menores diretamente relacionadas ao acontecimento. Sem estragar a surpresa do final para os leitores, o desenvolvimento da trama não vai mostrar somente os comportamentos femininos, mas a provável ausência e a falta de iniciativa presente em muitos homens.
Não se trata de um julgamento reducionista e generalista, – algo como “homem são todos iguais, pois não prestam” – mas sim de uma inércia que temos diante de muitos segredos femininos. Big tem medo de casamento, por isso machuca Carrie. Steve não consegue combater a amargura e a falta de expressão de sua esposa Miranda. Jerry não percebe a vontade insaciável de Samanta, que acaba não traindo, mas admirando outro homem num ato puro de voyeur – tesão ao ver sexo.
Por esses motivos e pelos próprios acontecimentos do seriado, o filme Sex and the City não é “para mulherzinha”. Acredito que é um bom longa-metragem para homens adquirirem auto-crítica, mesmo diante de um ponto de vista tão diferente como é o da mulher. Sex and the City pode não agradar que não gosta de moda, – a personagem de Sarah Jéssica Parker é viciada em sapatos e roupas de marca – mas também pode cativar o expectador que pretende ver conflitos de relacionamento e, de certa forma, se identificar neles.
O filme pode não ser uma obra-prima em criatividade, mas parece atingir o que pretendia desde os primeiros capítulos do seriado. Além dessas considerações, não posso deixar de ressaltar que o bom humor das quatro mulheres juntas fala por si só. Um bom entretenimento para quem quer uma diversão leve e bem colocada, além de ser uma história também voltada para os curiosos à respeito da guerra milenar dos sexos.
Por Pedro Zambarda de Araújo
Sei que é estranho redigir uma resenha quando o filme saiu de cartaz nesta sexta-feira, dia 11 de julho. Dentro do jornalismo, dizemos que a pauta desse filme está “fria”, pois muito do que se podia falar foi dito e repetido, desde os críticos mais amadores até os textos extremamente profissionais e desenvolvidos.
No entanto, resolvi aceitar falar sobre essa película principalmente para contrariar a maioria. Os motivos que me levaram a “cometer” essa crítica são inúmeros: há muitas generalizações sobre filmes que falam sobre mulheres, há poucos homens que realmente se dispõem a dar um viés mais abrangente de seu ponto de vista sobre o assunto e, por fim, o seriado é engraçado, sutil e familiar para mulheres e pessoas que passam por transtornos no amor, nos negócios, na vida, transmitindo o cotidiano novaiorquina de forma alegórica para a tela dos cinemas.
Em resumo, o filme trata sobre a história das quatro mulheres diretamente ligadas às oportunidades que a megalópole Nova Iorque oferece nos sentimentos, nas profissões e em seus detalhes. Com suas vidas entrelaçadas desde o começo do seriado, elas, solteiras nos primeiros encontros, são apresentadas por vidas distintas e comportamentos igualmente diversos, mas todos totalmente compreensíveis para as características femininas em nossa sociedade.
Carrie Bradshaw, interpretada pela enigmática Sarah Jessica Parker, cumpre seu papel como escritora de sucesso de três volumes do livro best-seller Sex and the City (cuja ficção, na verdade, mostra a narradora que ela é dos eventos de suas outras três amigas), além de suas densas reflexões sobre as circunstâncias urbanas. No entanto, a trama se desdobra em uma forte decepção amorosa que ela sofre repetidamente, tornando-se o centro das histórias que ela normalmente observa com certa “distância”: em comparação às suas outras amigas, Carrie costuma ter mais equilíbrio e menos características peculiares.
Tendo surtos de felicidade pelo bom relacionamento com a filha adotiva (que é chinesa), o amor do segundo marido judeu e a proximidade com as amigas, a elétrica Charllotte York é responsável por uma das seqüências mais hilárias do filme, sofrendo pela falta de um banheiro público em viagem ao México. Kristin Davis é uma atriz que marca por suas feições singulares, sua espontaneidade que condiz com a personagem que interpreta.
Diferente do começo da série, quando procurava se esquivar de relacionamentos emocionais, procurando apenas sexo e satisfação, a nova cinqüentona Samantha Jones começa o filme com um namoro sério com Jerry “Smith” Jerod, ator hollywoodeano que oferece uma vida de luxo e glamour fora de Nova Iorque. Mesmo com relações sexuais diárias, Samantha é obrigada a dividir o marido com o trabalho e com suas amigas novaiorquinas, das quais não consegue se desligar. O tesão incontrolável por um vizinho chamando Dante (“e quando Samantha conheceu Dante, sua vida, literalmente, virou um inferno”) é o estopim do fim de seu relacionamento e uma volta às origens, diferente das outras garotas, que mudaram ao longo do seriado e do próprio filme.
Miranda Hobbes é a outra ponta do filme. Enquanto Carrie toma as decisões de maneira equilibrada, Miranda é diretamente afetada por seu emocional, que quer ser racional e eficiente, mas acaba a afastando de Steve Hobbes, seu marido e pai de seu filho, Brady. Cynthia Nixon, apesar dos olhos calmos, atua realmente como uma mulher perturbada, como alguém que não sabe lidar com as próprias frustrações, tendo nessa deficiência sua maior peculiaridade.
Culpando o casamento por todas as suas frustrações como pessoa, Miranda contribui para o fracasso da união entre Carrie e Mr.Big, o namorado que mais se manteve junto com a personagem de Sarah Jéssica Parker durante o seriado. Esse episódio é o centro dos acontecimentos do filme, com as personagens em tramas menores diretamente relacionadas ao acontecimento. Sem estragar a surpresa do final para os leitores, o desenvolvimento da trama não vai mostrar somente os comportamentos femininos, mas a provável ausência e a falta de iniciativa presente em muitos homens.
Não se trata de um julgamento reducionista e generalista, – algo como “homem são todos iguais, pois não prestam” – mas sim de uma inércia que temos diante de muitos segredos femininos. Big tem medo de casamento, por isso machuca Carrie. Steve não consegue combater a amargura e a falta de expressão de sua esposa Miranda. Jerry não percebe a vontade insaciável de Samanta, que acaba não traindo, mas admirando outro homem num ato puro de voyeur – tesão ao ver sexo.
Por esses motivos e pelos próprios acontecimentos do seriado, o filme Sex and the City não é “para mulherzinha”. Acredito que é um bom longa-metragem para homens adquirirem auto-crítica, mesmo diante de um ponto de vista tão diferente como é o da mulher. Sex and the City pode não agradar que não gosta de moda, – a personagem de Sarah Jéssica Parker é viciada em sapatos e roupas de marca – mas também pode cativar o expectador que pretende ver conflitos de relacionamento e, de certa forma, se identificar neles.
O filme pode não ser uma obra-prima em criatividade, mas parece atingir o que pretendia desde os primeiros capítulos do seriado. Além dessas considerações, não posso deixar de ressaltar que o bom humor das quatro mulheres juntas fala por si só. Um bom entretenimento para quem quer uma diversão leve e bem colocada, além de ser uma história também voltada para os curiosos à respeito da guerra milenar dos sexos.
Resta esperar a estréia do DVD para conferir a trama, novamente.
7 comentários:
Eu não questiono o valor de série e tudo mais. Mas poxa, o filme é ruim vai. Parece uma longa e chata conversa entre mulheres no salão de beleza. Tudo aquilo que a série construiu o filme transforma em algo banal e num desfile de frases feitas e roupas "chiques"
Cara, discordo de você.
Na parte da Carrie, realmente, fica saltada a parte sobre roupas, etc, por conta do casamento.
A trama da Samantha me pareceu muito interessante (claro, dizem que cenas de sexo normalmente chamam a atenção dos homens) justamente por mostrar uma personagem "regredindo" ao que já era, na série.
E sentir tesão por outro cara ou terminar um relacionamento é necessariamente regredir?? XD
Gostei MUITO da idéia que vc colocou no penúltimo parágrafo... Podia ter falado um pouco mais sobre e, em contrapartida, dado uma cortada na parte que fala sobre o que rola no filme...
(Singela opinião, ignore-a à vontade! xD)
Ah, e não tiro a razão do Thiago... Imagino que pra qualquer cara esse filme seja chato pacarai... Na boa? Continuo achando Sex And the City (a série já era, o filme MAIS AINDA) coisa de mulherzinha... Sorry!! xDDD Mas não consigo vê-lo de outro jeito, apesar de ter gostado MUITO do novo ponto de vista q vc apresentou!
:*'s + []'s
valeu amor! \o/
Me chamo Jorge e vivo navegando pelo mundo dos blogs. Caí aqui por acaso e antes de ler os texto, fiquei realmente animado por ver que o blog era feito por estudantes de jornalismo. "Daqui sai algo bom!" Porém, me frustrei. Textos sem ritmo, assuntos massanes, comuns, alguns até mal escritos e com erros de grafia. Se o jornalismo do futuro é assim, estamos perdidos!
Vamos lá, pessoal! Mudem a minha opinião sobre vocês, por favor!
Abraços,
Jorge
Jorge, gostei da crítica, mas queria saber que tipo de textos você gostaria de ver aqui.
Seria uma sugestão muito válida.
Grato.
Textos bons, só isso.
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