quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Por que ser contra?

Na próxima sexta-feira, finalmente saberemos qual cidade sediará as Olimpíadas de 2016. E o Brasil, pela primeira vez em sua história (como tudo desde 2002), tem uma chance real de ter o Rio de Janeiro como cidade escolhida. Na verdade, o Rio é, segundo a imprensa, o favorito para a disputa. E, nestes tempos de Pré-Sal, Copa do Mundo e graus de investimento, ser contra as Olimpíadas no Brasil é pior torcer pra estrangeiro na Fórmula 1. Pois bem, eu sou, e vou aqui dizer o porquê.

Bom, para que este post se justifique, algo relativamente diferente precisa ser dito. Ninguém precisa ler isso aqui para saber que, financeiramente, sediar as Olimpíadas é um absurdo. Só o orçamento da PROPOSTA até agora bate nos 116 milhões de reais. Boa parte disso vem da iniciativa pública. Os custos das obras superam a barreira dos R$ 30 bilhões! Fala-se nas famosas PPPs – parcerias público-privadas – mas até agora não se ouviu falar o nome de uma única empresa que se disponha a botar dinheiro no projeto. Enfim, com o orçamento estourado, a coisa vai sobrar para o governo público. Mas isso é chover no molhado, porque, afinal de contas, nada é inédito. O Pan 2007 está ai para nos provar.

O ponto é outro. Quando a China lançou a candidatura de Pequim aos Jogos Olímpicos de 2008, uma de suas bases foi um extenso programa de incentivo ao esporte no país que vigora desde os anos 80. Resultado disso: o país se tornou a maior potência olímpica nos últimos jogos. Com a Grécia, em 2004, o grande peso foi o retorno ao berço de tudo, algo relativamente importante, não é? Sidney, em 2000, além de uma organização orçamentária e estrutural exemplar, conseguiu a vaga novamente mostrando o esporte como parte da vida do australiano. EUA em Atlanta em 96 não foi diferente. Londres em 2012 será a mesma coisa. Agora, por favor, alguém pode me mostrar o grande atrativo do Rio de Janeiro – e do Brasil - com exceção de sua beleza natural? Por que se fosse apenas este o caso, já passou da hora de fazer uma Olimpíada na Nova Zelândia.

Os Jogos Olímpicos estão sendo vendidos aqui no Brasil como o grande salto econômico no país. Será o marco definitivo para o esporte brasileiro. Mas oras, não há algo de errado com isso? As Olimpíadas não deveriam ser a consagração do esporte no país, e não apenas a justificativa? E como esse incentivo aconteceria? Tal plano não está disposto no caderno de propostas entregue ao COI. Simplesmente o que temos são maquetes de grandes pirâmides que serão erguidas no Rio de Janeiro. E tais pirâmides, de fato, são obras maravilhosas, que deverão atender a toda necessidade que o evento demanda.

O Brasil nunca sofreu de síndrome de grandeza como sofre nos dias de hoje. Ao invés de começarmos devagar, queremos ir direto ao evento principal. Como sediar as Olimpíadas e se dizer um país de fato olímpico, quando mais de 60% das escolas publicas não tem quadras? Como se dizer um país olímpico, quando nosso esporte vive de fenômenos como César Cielo e Gustavo Kuerten? O único esporte que o país tem hoje com desenvolvimento sustentável é o vôlei, e olha lá. O futebol já faz parte do nosso DNA.

Sediar os Jogos Olímpicos pode ser um erro em todos os sentidos. Gastaremos muito dinheiro que poderia ser usado para coisas mais urgentes, mesmo dentro do esporte! Corremos o sério risco de simplesmente esquecer que nosso país tem graves problemas em meio a empolgação por sediar os dois maiores eventos do mundo em dois anos. Se o Rio for eleito, nesta sexta-feira, o Brasil será a maior potência olímpica do mundo. Teremos tudo, mesmo sem termos nada. Ganharemos todas as medalhas, quando sofremos para conseguir 10 ou 11. Seremos um celeiro de atletas, quando na verdade temos apenas pessoas esforçadas correndo em campos de terra, sem patrocínio, apoio ou remuneração. O Brasil se dividirá em dois países. Aquele que o mundo e o governo vêem, e aquele que existe de fato. Sinceramente, eu preferiria morar no primeiro.

Jornalistas vencedores do Prêmio Comunique-se 2009

Com votações pela internet encerradas no dia 19 deste mês, o Prêmio Comunique-se selecionou profissionais em diversas categorias e áreas diferentes do jornalismo. Para estudantes e curiosos sobre o assunto, é interessante saber alguns dos vencedores.

Na categoria Jornalista de Tecnologia ganhou a jornalista Daniela Braun, do IDG Now. Sérgio Dávila, da Folha de S.Paulo, levou a premiação na categoria Correspondente Internacional. Colunista de Notícias também foi pra FSP, pelo trabalho de Mônica Bergamo. Milton Jung, da CBN, ganhou como Apresentador/Âncora de Rádio, e Renata Vasconcelos recebeu o mesmo prêmio pela TV Globo. Marcelo Tas venceu como Jornalista de Cultura.

Para mais informações, veja a lista completa ou o site do prêmio.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

"Ainda vivemos sob a escravidão da TV"

Em uma palestra descontraída na última sexta-feira, dia 25, o blogueiro e jornalista Luiz Carlos Azenha ministrou uma palestra para estudantes do 3º ano de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, a convite do professor Gilberto Maringoni. Falou sobre internet, televisão e sua extensa carreira.

"Acredito que os blogs mudaram a televisão e o alcance da opinião de muitas pessoas. Hoje podemos falar de uma centena da blogosfera que é bem visitada" disse, categórico, Azenha. A apresentação abordou sua carreira na Globo, interrompida pelas eleições de 2006. "Vi uma manipulação mais sofisticada do que as eleições de Collor, em 1989. No entanto, mesmo assim, Lula venceu" explicou o jornalista, falando sobre uma estrutura de propagação de notícias feitas pela revista Veja, o Jornal Nacional e os jornais Estado e Folha de S.Paulo.

Azenha pretende se voltar apenas para a internet, nos próximos anos. Possui um blog chamado Vi o Mundo - O que você nunca pôde ver na TV e trabalha na emissora Record, mesmo tendo uma entrevista criticando o bispo Macedo publicada na rede. Apesar das inovações da tecnologia, ele acha que "ainda vivemos sob a escravidão da TV", mesmo com a tendência de uma mudança nos próximos anos.

Um dos instrumentos para deixar a experiência televisiva, para Luiz Azenha, é o audiocast e o podcast. "Ainda não se criou o costume de ouví-los" afirmou, mesmo com o crescimento dos blogs, da leitura constante na internet e de sua credibilidade.

Quando perguntado pelo aluno Luís Fernando Carrasco se o trabalho na Record aumenta sua audiência na rede, ele afirmou que não há influência. Mas fica a pergunta no ar: se ele não trabalhasse em televisão, com uma carreira sólida no jornalismo, teria a mesma visibilidade na internet?

Para saber mais sobre Luiz Azenha e seu trabalho em blogs, siga o twitter @viomundo.

Podcast/Audiocast piloto: Musicistas


Postagem original aqui.

Programa de mesa redonda e bate-papo sobre música, Musicistas foi criado originalmente para os blogs ReplaySONG e Bola da Foca Podcast.

Fizemos três programas pilotos. As edições #1 e #2 foram gravadas às 23hrs do dia 26 de setembro, enquanto a edição #3 foi feita no dia 28, também às 23hrs. Os assuntos passam dos lançamentos de CDs como Resistance, da banda Muse, e Death Magnetic, do Metallica, até a cerimônia Video Music Awards 2009, da MTV, e o game Beatles RockBand, da Activision. Opiniões e pitacos sobre pautas deste ano.

Participantes das duas primeiras edições foram: Pedro Zambarda, editor deste blog; Lívia Hayama, dona do blog Paperback Writer e fã de Beatles; Rafael Costa, dono do blog InfoDrama; e Adriano Lepper, músico com apenas 14 anos.

Na terceira edição participou Thiago Dias, criador do Bola.

Confiram a programação em áudio logo abaixo.





segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Os pagadores de promessas

Peregrinos viajam quilômetros de distância para agradecer Nossa Senhora Aparecida pelas graças alcançadas; comércio da cidade lucra com os turistas


Velas nas mãos, sorriso nos lábios e olhos atentos. Esse é o tipo de pessoa mais encontrada em Aparecida, interior de São Paulo (SP), no mês de outubro. Vindos de todos os cantos do Brasil, muitos peregrinos viajam quilômetros de distância para visitar o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida a fim de agradecer as graças alcançadas. O alívio espiritual encontrado na cidade pelos fiéis também é motivo de alegria para os comerciantes, que lotam as ruas do pequeno município nesta época do ano.

Pamella Indaiá de Souza, de 22 anos, e Fabio Seabra da Silva, de 26, são apenas dois dos mais de 137 mil peregrinos esperados no dia 12, data na qual se comemora o dia da padroeira do país. A jovem paulistana e seu namorado vão levar uma camiseta oficial do curso de Educação Física de Fabio à santa para agradecer o ingresso no curso superior pelo Prouni (Programa Universidade para Todos). Por dois anos, ele tentou a bolsa, custeada pelo governo federal, mas não conseguiu.

Em fevereiro deste ano, Pamella, que participa ativamente da Igreja na pastoral da catequese e é devota de Nossa Senhora Aparecida, resolveu recorrer a santa para ajudar o namorado. “Ele não passou nem na 1ª nem na 2ª chamada. Vendo como estava triste com a situação, fiz a promessa. A graça foi tão maravilhosa que ele foi o único aluno a passar na 3ª fase, com bolsa de 50%. Além disso, Fábio ainda foi premiado, após três meses de curso, com uma oportunidade de estágio, algo raro para bixos” testemunha a estudante que já conhece o Santuário Nacional.

Segundo o cientista da religião e especialista em Bíblia, Denis Duarte, o ato de pagar promessas tem origens anteriores a Cristo. Já no Antigo Testamento, há vários textos que remontam ao ato de agradecer uma graça alcançada. O salmo 66 é um exemplo: “Entro em tua casa com holocaustos, cumpro meus votos feitos a ti, os votos que meus lábios pronunciaram e minha boca prometeu, na minha angústia”.

Duarte afirma ainda que, além da intenção do agradecimento por uma graça alcançada, no catolicismo, as promessas têm a função de aproximar o homem do Ser Divino. “Ela deve ter como finalidade principal aproximar o fiel de sua divindade, afervorar na pessoa o desejo dessa aproximação por meio da oração, provocando nele uma vontade de uma "relação mais íntima com Deus”, explica o estudioso.

Comércio

Aproveitando a visita dos turistas, quem se alegra em receber os pagadores de promessas são os comerciantes. De terços a cortadores de batata, o peregrino encontra de tudo nas barracas espalhadas pelo centro da cidade e no entorno da Basílica. Mesmo funcionando durante todo o ano, segundo os ambulantes, é no mês de outubro que o lucro é maior.

De acordo com a proprietária da ‘Casa da Bíblia’, loja de arte sacra e artigos religiosos do Shopping Aparecida, Lúcia Marins, o faturamento nesta época do ano cresce cerca de 30% a mais do que nos demais meses. “O objeto mais vendido são as imagens de Nossa Senhora Aparecida e lembrancinhas como chaveiro que tem a imagem da padroeira”, diz Lúcia, que trabalha cerca de 12 horas por dia na alta temporada da fé.

As atividades em comemoração a Festa de Nossa Senhora Aparecida começam no dia 1º de outubro e terminam apenas no fim do mês. Na programação para os peregrinos, estão novenas, celebrações de missas e pregações. O Santuário Nacional espera superar a marca de visitantes alcançada em 2008, que chegou a 890 mil.

:: Saiba mais sobre a festa aqui

Foto e texto de Ariane Fonseca

domingo, 27 de setembro de 2009

Eliane Brum - contadora de histórias

Um dos grandes nomes do jornalismo atual, Eliane Brum é repórter especial da revista Época e já recebeu mais de 40 prêmios ao longo da carreira. Considerada expoente do jornalismo literário nacional - título do qual ela se orgulha, embora não esteja certa se é de fato o que ela faz - Eliane iniciou sua carreira jornalística como repórter do jornal Zero Hora, no Rio Grande do Sul, escrevendo sobre histórias de pessoas anônimas. Dez delas foram publicadas no livro A vida que ninguém vê (Ed. Arquipélago Editorial).

Depois de uma palestra interna de duas horas no auditório da Editora Globo, iniciada com uma boa dose de timidez, Eliane me concedeu essa entrevista já com a voz bastante baixa e o corpo cansado.

Entrevista original do blog Indiferença dos Tempos para o Bola da Foca.

Quais as maiores dificuldades que você enfrentou ao longo da sua carreira, tanto em relação aos princípios que você carrega quanto às dificuldades da profissão de jornalista?

Ser jornalista e fazer reportagem não é só o que fazemos, mas o que somos. Trata-se de um jeito de estar no mundo, que a gente constrói cotidianamente. Para mim, além das dificuldades de conseguir construir meu espaço, de contar as histórias de um jeito que eu acho que devam ser contadas e de lutar pelas palavras que eu acredito ser mais corretas, o mais difícil no jornalismo é saber o que é mais certo fazer. Essas questões poderiam ser mais discutidas na universidade. Alcançar o que é mais ético não é uma coisa fácil, óbvia. É essa reflexão constante que a gente tem que ter.

Você teve que mudar sua postura diante de alguns fatos ou mesmo diante do que a profissão exige de um jornalista?

Só faz sentido ser jornalista se o que eu faço me transforma. A reportagem é um encontro entre um repórter e um personagem e, se os dois não saem transformados por esse encontro, é porque não aconteceu. Tudo o que sou se deve hoje a essas transformações que tive nesses 20 anos de jornalismo. Neste ano, fiz uma matéria na qual acompanhei os últimos 115 dias da vida de uma mulher chamada Ailce. Tive um profundo confronto pessoal com a morte, que alterou toda a minha maneira de ver a morte e, principalmente, minha maneira de ver a vida.

Como fugir da mesmice do jornalismo de hoje, voltado para as notas e as informações rápidas? Para quem está entrando agora no mercado e ainda não conseguiu o espaço das grandes reportagens, não tem como fugir disso?

Eu acho que tem que fugir, é uma obrigação resistir. É um ato de resistência cotidiana mesmo. Gasta-se mais tempo, você chega mais tarde em casa mas, vá pra rua e faça pessoalmente. Vá brigar pelas suas palavras. É muito uma questão de olhar. Você pode ter 30 dias para fazer uma matéria, mas se olhar para a pessoa, para o acontecimento e para a pauta com o mesmo olhar de sempre, aquele olhar já dado, banalizado, você vai ter 30 dias e não vai ver nada. Agora, se tiver um olhar que está disposto a enxergar, a duvidar de si mesmo, você vai conseguir enxergar coisas numa matéria do dia. Temos sempre que reeditar nosso olhar sobre o mundo. Acho que isso também é um ato de resistência, ir construindo as coisas devagarzinho. Claro que é possível, se não fosse possível não existiria mais jornalismo. Mas é mais difícil e dá muito mais trabalho.

Como podemos encontrar personagens anônimos parecidos com os que você encontra, considerando o tempo que se passa dentro de uma redação, num lugar fechado?

A gente não tem que passar. Temos que passar o mínimo possível numa redação, lugar de repórter é na rua, a gente só vai pra redação para escrever.

Você acha que o jornalismo de hoje, não só no Brasil, mas no mundo todo, é cheio de certezas? De matérias pré-estabelecidas e julgamentos pré-definidos?

Não só no jornalismo, mas de maneira geral as pessoas têm muitas certezas. Acho que elas têm tantas incertezas que não conseguem lidar com a incerteza e com a falta de controle na vida. O que a gente mais vê em todas as áreas são pessoas desfilando suas certezas absolutas por aí, sua arrogância, prepotência. O jornalista não pode ser assim. Nossa obrigação é duvidar, duvidar de tudo e de uma forma construtiva, começando pelas nossas certezas.

Existe no jornalismo um discurso de que é preciso arrancar a informação a qualquer custo. Como lidar com as exigências dos chefes e, ao mesmo tempo, impor a sua posição de aceitar um não de vez em quando?

Acho muito engraçado essa coisa de arrancar. Primeiro, porque não se arranca nada. Foi uma libertação para mim quando descobri isso. Claro que existem matérias diferentes, mas falando no geral, você chega, conta pra pessoa com toda honestidade o que você vai fazer e ela te responder com toda honestidade se quer ou não falar. Se não quiser, a gente lamenta e vai embora porque a pessoa tem todo o direito. Elas não são obrigadas, é isso que nós temos que dizer para o chefe, que pode espernear, mas vai ter que aceitar e nós também vamos ter que correr o risco. A gente só responde a nossa consciência, tudo o temos é o nosso nome e não é fácil fazer isso. Às vezes é muito difícil, mas não existe outra alternativa.

sábado, 26 de setembro de 2009

40 velinhas

2009 é o novo ano da Beatlemania. Com o lançamento do game The Beatles: RockBand e as caixas com todo o material produzido pela banda remasterizados em estéreo e mono, agora os Beatles estão diariamente nos jornais, como em meados dos anos 60.

Mas não é só de novas tecnologias que se pode falar. Hoje, 26 de setembro, é dia de apagar as velinhas em comemoração aos 40 anos de Abbey Road. O disco lendário dos Beatles com a tão reproduzida foto dos quatro garotos de Liverpool atravessando a rua, foi o último da banda.

O álbum é um resumo do amadurecimento do trabalho e da individualidade de George, John, Paul e Ringo, que estavam no auge das crises de relacionamento entre si. A falta de união tornou Abbey Road a última gravação, apesar de as sessões de Get Back terem sido lançadas depois, com o título de Let it Be.


Abbey Road traz as grandes composições de George Harrison no lado A, Something e Here comes the sun. John Lennon abre o disco com a sua Come together e até Ringo Starr dá o ar da graça com Octopus garden. O lado B do álbum são quase todas composições de Paul McCartney, com Golden Slumbers e The End, que possivelmente encerra a carreira da banda mais aclamada de todos os tempos.

Os 47 minutos de gravação foram produzidos por George Martin e, além de ser um mito, narra também toda a história da suposta morte de Paul. Em 1966, surgiu o boato de que o beatle tivesse morrido em um acidente de moto e, desde então, os fãs perseguiam dicas deixadas pelos outros integrantes que comprovassem o caso. Em Abbey Road, Paul atravessa a rua descalso, como um morto, John de branco seria o padre, Ringo é o encarregado do funeral e George, o coveiro. De um lado, o carro preto da funerária e, de outro, o fusca (beetle, em inglês) tem a placa 28IF, indicando que o baixista teria 28 anos se (if) estivesse vivo.

E para comemorar a data e homenagear os Fab four, nada melhor do que ouvir a obra de arte, seja em vinil ou nos novos discos com upgrades sonoros. E daqui a 40 anos ainda ouviremos mais sobre a Beatlemania.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Eu vou deixar você terminar, mas...

No domingo 13 de setembro o rapper Kanye West teve um comportamento inaceitável. O norte-americano subiu ao palco e desrespeitou a cantora Taylor Swift no prêmio do MTV VMA (Video Music Awards). A cantora country ganhou na categoria de melhor videoclipe feminino, e agradecia a realização de um sonho quando Kanye tomou o microfone de suas mãos e disse: “ei, Taylor, estou feliz por você e vou deixar você terminar, mas a Beyoncé fez um dos melhores clipes de todos os tempos.”

Ele se referia ao vídeo da música ‘Single Ladies’, que fez uma fama enorme no começo deste ano, e muitos famosos imitaram a coreografia, como Justin Timberlake e Joe Jonas, do Jonas Brothers. Beyoncé concorria na categoria e ficou espantada com o “elogio”. Taylor estava praticamente chorando.

Mas Kanye pagou caro: além de ter sido vaiado ao sair do palco, vários vídeos enraivecidos apareceram no site YouTube e ele virou motivo de piada. Em sites como o kanyegate.tumblr.com podemos encontrar montagens de Kanye e sua fala em diversas situações. Sobre a morte do ator e dançarino Patrick Swayze, West diria “olha, Patrick, eu sei que você morreu e tal, e eu vou deixar você terminar, mas a morte de Michael Jackson foi uma das melhores deste ano.”

Em sua defesa, o rapper foi ao programa de Jay Leno, onde disse que estava arrependido e chorou quando o apresentador perguntou o que a falecida mãe de Kanye diria sobre o incidente. Também disse que ele não deveria deixar que a sua dor magoasse outras pessoas.

A perda de um familiar – especialmente um dos pais – pode ser sim muito traumatizante. Mas, Kanye West que me perdoe, isso é uma desculpinha esfarrapada. Quando o acontecimento é intenso e agimos sem pensar, acontece de cometermos gafes, às vezes sérias. No entanto, de uma gafe mais séria até subir ao palco quando ele não estava concorrendo, tirar o microfone das mãos da vencedora enquanto ela se emocionava agradecendo, e dizer que ela poderia ser boa, mas que outra era melhor, já é bloquear voluntariamente o bom senso e a racionalidade.

Aparentemente essas desculpas estão em alta. Outro mico tenebroso foi o da cantora Vanusa Leão, que errou e destruiu o Hino Nacional do Brasil no Primeiro Encontro Estadual de Agentes Públicos na Assembleia Legislativa de São Paulo, em março. A justificativa foi o remédio da labirintite, o Vertix. Ela disse que quando começou a cantar deu um “estouro no ouvido” e ela perdeu melodia... a letra... a afinação... tudo.

O bom senso está em falta. Kanye deveria ter se contido e Vanusa deveria ter cancelado a apresentação. Por acontecimentos sérios, por efeitos medicinais, ou por qualquer outro motivo pessoal, nós frequentemente perdemos ótimas oportunidades de ficar calados.


Fontes:
http://www.youtube.com/watch?v=AxS_sUfUn1c
http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL1305559-7084,00.html
http://www.folhavitoria.com.br/site/?target=noticia&cid=4&ch=f59578ff137cbf77aff05247fadd0e3f&nid=135486

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Fogo no metrô da estação Sé

Ontem, aproximadamente às 6h40 da manhã, um vagão de metrô pegou fogo dentro da estação Sé. O tráfego ficou interrompido por 20 minutos e permaneceu em movimento lento até o reboque completo do veículo, após a contenção das chamas. A parada lotou estações distantes do centro paulistano, tais como Santana, Jabaquara e Vila Mariana, que ficaram com seus plataformas transbordando de pessoas que dependem do transporte público em São Paulo.

Autoridades afirmam, segundo o site O Globo, que o incidente aconteceu por conta de um fusível queimado. Foi impressionante a reação rápidos de alguns usuários em filmar a situação, registrando o acontecimento na internet. Veja abaixo um vídeo amador que foi no SPTV, da Rede Globo.


Nevermind agora é maior de idade

Há 18 anos, no dia 24 de setembro de 1991, Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl marcaram o mundo com frases abafadas na guitarra e letras com temas polêmicos no lançamento de Nevermind. Sucesso de crítica e público, o álbum explodiu na MTV após os sucessos do Guns´n´Roses nos anos anteriores, trazendo um rock independente que ganhou espaço na grande mídia pelo rótulo grunge, baseado em suas vestimentas e falta de ideologias.

Smells Like Teen Spirit, música que abre o CD, fez sucesso com sua letra que traz o discurso de muitos jovens perdidos no começo da década de 1990. Foi repetida muitas vezes em rádios e tocada em inúmeros programas de televisão, além de ter covers inusitados. O sucesso foi tamanho que Cobain, numa atitude contrária ao cenário pop, passou a renegar essa canção em específico. Fez inclusive uma versão jocosa da música, que você pode conferir no vídeo abaixo do Top of Pops.



Outros sucessos estão no álbum, como Come As You Are, Lithium, Polly, Drain You e In Bloom. Os temas tratados no som do Nirvana são superficialidade e fatalidades da vida cotidiana, um som tipicamente depressivo.

Neste mês a Activision lançou o game Guitar Hero 5, que conta com uma versão virtual de Kurt Cobain e do Nirvana. Certamente é uma excelente homenagem ao CD Nevermind e aos fãs da banda, que você pode também conferir em outro vídeo, também abaixo.


EMO day?


Em uma data comemorativa criada na internet, ou seja, bem vazia de significado, o Bola da Foca resolveu trazer informações desse polêmico estilo, mesmo que o leitor deste blog não aprecie a música deles. Serve, pelo menos, pra divulgar informações coerentes.

O emotional hardcore, abreviado na palavra EMO ou emocore, foi um segmento do rock hardcore, derivado da rebeldia do punk de 77, que cresceu em Washington D.C. Bandas como Rites of Spring e Embrace faziam sucesso quando a revista Thrasher criou o termo, o rótulo musical, baseada nas letras tipicamente sensíveis dos músicos, que contrariavam a agressividade do hardcore do começo dos anos 1980.

Nos anos 90, bandas como Jimmy Eat World e Dashboard Confessional ocuparam a cena, enquanto bandas emos mais agressivas começaram a compôr o rótulo screamo, conhecido por ser um emocore aos gritos.

A moda aqui no Brasil veio entre 2002 e 2003, na cidade de São Paulo, quando várias bandas supostamente independentes passaram a abraçar o rótulo, tais como CPM 22 e Fresno. No exterior, o rótulo também ganhou fama com My Chemical Romance, The Used e Panic! at the Disco. Por serem identificados com uma franja no rosto, roupas listradas e atitudes sentimentais, tais como chorar de forma forçada, os fãs de emo passaram a ser hostilizados por outros estilos no rock, incluindo vertentes do próprio punk (sobretudo os fãs de bandas anteriores aos anos 80).

Antes que você tire sarro de alguém que curte esse estilo, não custa saber quais histórias existem por trás dele. E também é bom ter noção de como a mídia e o jornalismo colaboram para sua popularização.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

De lamber o focinho

Inspirada em ideia italiana, padaria canina faz sucesso com os seus doces para cães e seus humanos

Por Ana Júlia Castilho e Mariana Bruno - Reportagem Relâmpago (feita em um dia)


Em um casarão verde da Avenida Lacerda Franco, no bairro do Ipiranga, funciona há sete anos o The Dog Bakery, um complexo composto por uma clínica veterinária, uma pet shop, e a primeira padaria para cães e gatos do Brasil. Baseado nos moldes da empresa Three Dogs Bakery, que tem a sua sede em Milão, na Itália, o brasileiro Rodrigo Justino da Silva aperfeiçoou a ideia original para conquistar os paladares dos animais domésticos brasileiros, a sua fiel clientela, e seus donos.

No cardápio diversificado da padaria, biscoitos de cerca de 15 sabores, como mel, frango, carne, banana, hortelã, e queijo, dividem prateleiras com sonhos, rosquinhas de “chocolate”, bolos, e pavês, tudo feito especialmente para animais domésticos. “Nós, humanos, podemos ter padarias e lugares de onde comprar os nossos alimentos, por que os animais não podem?”, questiona o proprietário.

Livres de açúcar, sal, conservantes ou qualquer outro ingrediente que possa fazer mal para os animais, os produtos acabam sendo totalmente naturais. “Nunca tivemos nenhum tipo de reação alérgica nos nossos consumidores”, assegura Rodrigo, que é dono de cinco cachorros, sendo que três deles são vira-latas.

Os doces são feitos para animais, mas quem quiser brincar de Salsicha, personagem no desenho animado americano Scooby-Doo que saboreava biscoitos caninos junto com o seu amigo de quatro patas, pode provar dos quitutes que dão toda fama a padaria. “Muitos clientes provam dos nossos produtos enquanto esperam os seus animais terminarem o banho e a tosa”, comenta.

Um destaque é a fabricação do ‘chocolate canino’ que, segundo o proprietário do local, tem o gosto muito semelhante ao nosso ‘chocolate para humanos’, mas não é feito com cacau. Essa preocupação é apenas um exemplo de que todos os alimentos são produzidos para não afetar de maneira nenhuma a saúde dos animais e de seus donos. “O bolo de chocolate é o produto mais diferente e faz muito sucesso entre donos e bichinhos em épocas especiais”, afirma.

Os quitutes variam entre um e 55 reais, e o produto que mais faz sucesso é o donut coberto de chocolate canino, que custa quatro reais a unidade. Mas, para um dos cachorros de Rodrigo, o carro chefe da padaria é outro. “Ele está tomando banho agora, mas na hora que ele sair eu tenho que passar rápido pelos pães de queijo, senão ele fica alucinado”, conta o dono do complexo.
Cães e gatos são os alvos da empreitada, mas os cachorros claramente freqüentam mais a The Dog Bakery. Os caninos são clientes cativos do pet shop já que, com freqüência, são tosados e tomam banho fora da casa. Na loja é visível o convite a esse “público-alvo”.

A preferência pelos cães é aparente no fato de que são dedicados 99% dos produtos vendidos ali. Desde os artefatos básicos para a criação de um cachorrinho, como coleiras, almofadas, camas, comedouros e brinquedos, até lenços umedecidos, fraldas descartáveis, remédios, shampoo e perfume são vendidos em todos os tipos de modelos e preços. “Os gatos não freqüentam muito pet shops, porque tomam banho sozinhos, mas de vez em quando aparece um para tosar”, explica. “Sempre tenho alguns biscoitinhos de atum ou alguns docinhos para gatos, mas, geralmente, vendo poucos”, comenta o criador.

Com tanta variedade de produtos, e até bolo de festa, o que o dono de uma padaria para cães pensa das pessoas que tratam os animais como humanos? “Acho que isso é uma forma de curar uma carência”, responde. “As pessoas não se casam hoje em dia, se juntam. Não têm filhos, têm cachorros. E acabam por criar esse animalzinho como uma criancinha. Mas há exageros.”

Segundo o proprietário, o público que mais freqüenta o complexo pertence às classes A e B. Rodrigo também estima que durante um mês, o The Dog Bakery recebe em média 1.500 clientes. Graças a mais essa inovação culinária, animais e seus humanos podem ser harmoniosos em mais um aspecto: a vida natureba, mas apetitosa.

Escrita e imaginação

Lançado no último dia 15 nos Estados Unidos, Scribblenauts, novo game do portátil Nintendo DS, traz um conceito inovador de jogar. Já pensou em escrever para conseguir passar de fase? É esse o segredo da novidade.

Desenvolvido pela 5th Cell, o game é basicamente vários puzzles. Missão? Chegar até a Starite, uma estrela escondida em cada cenário, em lugares diferentes. O que inova é a maneira de conseguí-la: você deve desenhar palavras no DS. O game lê o que você escreveu e, num passe de mágica, gera um objeto a partir do que foi redigido.

Isso mesmo, você é quem gera itens para pular em lugares mais altos, seja um avião, um par de asas ou um helicóptero. O sistema de reconhecimento de jogo foi tão desenvolvido que, como a propaganda diz, "o único limite é a imaginação".

Além disso, não há necessidade das palavras estarem em inglês, pois há opção para mudar o idioma para o português. Com toda essa liberdade, soluções criativas para conseguir a Starite são extremamente bem-vindas para aproveitar o game.

Para entender, por fim, esse conceito na prática, veja o trailer abaixo. Afinal, não dá vontade de comprar e explorar a liberdade que o jogo oferece?


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Faleceu o diplomata das teorias literárias e poéticas

O intelectual brasileiro Antonio Olyntho Marques da Rocha, conhecido como Antonio Olinto, mineiro de Ubá, faleceu no último dia 12 por falência múltipla de órgãos, no Rio de Janeiro. Ocupante da cadeira 8 desde 1997, seu trabalho como poeta desde os anos 1950 será sempre lembrado entre os círculos literários nacionais.

Seus trabalhos, além de aulas ministradas em vários colégios do Rio de Janeiro, serão lembrados sobretudo na área de teoria literária e relações internacionais. Deu diversas conferências na Nigéria e em vários países da África Ocidental, ganhando uma verdadeira paixão pela profissão de diplomata na década de 1960.

Escreveu livros sobre regresso de brasileiros ao continente africano (Brasileiros na África, 1964) e sobre outras etnias nacionais (O Problema do Índio Brasileiro, ensaio de 1973), entre outros estudos que foram fontes para inúmeras pesquisas dentro e fora do círculo acadêmico.

Editorial #11 - Estamos na Nanobarra

Inscritos desde o ano passado, finalmente o Bola da Foca está na Nanobarra do NanoBlogs, uma iniciativa em rede de blogs pequenos que busca popularidade através de divulgação. A barra preta, localizada no topo desta página, tem um link direto para este blog. Vários sites e outros blogs estão divulgando nosso endereço.

A meta é atingir mil visitantes diários. Será que vamos conseguir? Para que isso seja possível, a colaboração tem que continuar. Caminhada é longa, certamente, mas agora temos esse tipo incentivo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Nada incomoda mais que barulho de obra

A paciência do povo acabou ou Obama exagerou na dose?

Se existem algumas máximas infalíveis no mundo é a de que, para que exista qualquer melhora significativa, o processo deve ser um incomodo generalizado, necessariamente. Isso ocorre na reforma de casa, no corte de cabelo, na operação plástica e, simplesmente, na condução da maior potência econômica do planeta. Quase 1 ano após sua histórica eleição, Barack Obama passa pela sua maior provação em um país que parece estar cada mais dividido.

Em um post recente em seu blog “História Globais”, a correspondente do Estadão em Washington, Patrícia Campos Mello, conta sua pequena experiência quando foi dar uma volta com o cachorro e encontrou nas ruas da capital americana uma pequena multidão com cartazes de ódio a Obama. O título do post era “A minoria não tão silenciosa”, fazendo uma referência à expressão cunhada por Nixon que falava dos americanos que simplesmente queriam continuar com sua vida, sem se preocupar com os grandes problemas do mundo. Pois bem, parece que desde que Obama tomou posse e resolveu por em prática suas políticas domésticas, os silenciosos resolveram abrir a boca.

O presidente americano teve um início de mandato com uma das maiores aprovações da história, cerca de 70%. No entanto, esse recorde foi seguido por uma perda mais rápida de popularidade do presidente. Hoje Obama conta com apenas 42% de apoio nos EUA, apenas 8 meses depois de sua posse. A raiz do descontentamento do povo americano é bem claro, mas não é único. O plano de reforma do sistema de saúde americano, notadamente o pior dos países desenvolvidos, virou uma guerra civil de idéias que pode arranhar bem mais a imagem do presidente, mais do que qualquer guerra pelo mundo afora, capaz de causar as reações mais emocionais em apoiadores e críticos.

A idéia do plano de saúde obamista é complicada, e não é de se estranhar que os americanos estejam com medo. Seu eixo principal é transformar o Estado em um gestor da saúde do povo, provendo o Health Care (uma espécie de seguro de saúde) para qualquer cidadão americano. O problema é que hoje - como Michael Moore mostrou no filme Sicko - se uma pessoa não tiver um plano de saúde privado, e notavelmente caro, ela poderia até mesmo enfartar em frente a um hospital que, mesmo assim, não receberia atendimento. Teria arcar com todos os gastos. Com o perdão da comparação esdrúxula, Obama quer criar um SUS americano, mas obviamente melhorado. A principal crítica vem do medo que boa parte dos americanos tem em colocar o Estado entre eles e qualquer coisa. O medo da burocracia, do mal-atendimento e, vejam só, o medo do comunismo.

A grande questão que se levanta agora entre as pessoas com um pouco mais de distanciamento político nos EUA e no mundo é que talvez o país não esteja pronto para as mudanças que Obama pretende conduzir. É preciso lembrar que a direita conservadora, boa parte dela radical, ainda tem um peso significativo na condução da política americana. A audiência da Fox News, praticamente a rede porta-voz do partido republicano, saltou desde que Obama se tornou o candidato oficial do partido democrata. A noção geral é de que ainda tem muito americano que não consegue engolir o fato de um negro liberal estar no comando do país.

Por outro lado, há críticas também da própria ala liberal. Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia e partidário de Obama em sua campanha, agora lança seguidamente ataque aos planos do presidente. Krugman considera que a administração está sendo fraca na condução da retomada americana. Obama, na visão de Krugman, está em cima do muro. E as críticas liberais prosseguem da mesma forma. A paciência era curta e as expectativas muito altas para analistas. Porém, quem melhor resume a situação é Sérgio Dávila, correspondente da Folha e do UOL em Washington.

Barack Obama sabe que não ficará marcado por nenhuma guerra. Mesmo mantendo seu foco no Afeganistão, tanto lá quanto o Iraque sempre serão a herança de George W. Bush. Porém, todo presidente americano precisa deixar sua marca, que é uma exigência da historieta americana. Os sistemas de saúde e tributário precisavam ser reformados de forma urgente, e, por diversas vezes, Obama avisou o povo que transtornos seriam necessários, mas parece que poucos ouviram. A minoria deixou de ser silenciosa, o povo saiu às ruas e os próximos meses serão definitivos para pautar os três anos e 4 meses que restam do mandato. A tendência é de que a guerra ao redor da saúde se acentue ainda mais e a bola de neve cresça. Se Obama resistir, poderá entrar para a história como o presidente que solucionou o maior problema dos americanos. Se falhar, será a desilusão com a maior esperança do país desde Robert Kennedy.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Boca Livre entrevista: Jonas Gonçalves



O jornalista de Araraquara, Jonas Gonçalves, deu um depoimento sobre suas experiências e suas opiniões sobre podcast. Ele já foi entrevistado pelo Bola da Foca anteriormente, respondendo perguntas sobre política e jornalismo. Espero que curtam esse novo áudio.

Fizemos a entrevista no intuito de estimular novas pessoas na criação de audiocasts/podcasts e lançar críticas sobre o que ocorre nesse meio. Nem sempre é fácil se sustentar fazendo programas de áudio.

Mais informações sobre a carreira de Jonas Gonçalves, basta clicar aqui e acessar seu blog.

Quem quiser sugerir pautas para o Boca Livre, canal de entrevistas do Bola, mande e-mail para boladafoca@gmail.com.

OBS: Sim, trocamos a vinheta de abertura/encerramento. A primeira vinheta tinha um trecho da música Serrana, do guitarrista Jason Becker. A nova sonora é a versão remixada, do DJ Jacques Lu Cont, de Mr. Brightside, composição da banda de rock independente The Killers.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Aniversário dos maiores da Internet

Há 11 anos, em 1998, Larry Page e Sergey Brin fundaram a megacorporação que fez aniversário no último dia 4. Provavelmente eles não sabiam do potencial que a empresa iria ganhar a partir do Google Search, aplicativo para internet que eles desenvolveram na Universidade de Stanford em 1996.

Desde então, a Google tem adquirido inúmeras corporações e serviços menores da internet, mas sem lhes tirar a identidade. Para citar alguns, como o Youtube, o Blogger, o Orkut e o Picasa. Além do sucesso como sistema de buscas, a empresa tem o e-mail com maior memória em rede do mundo, o Gmail (que aumenta constantemente), um dos melhores sistemas de localização via satélite na internet, o Google Earth, e tem um dos maiores sistemas de anúncios na internet, o Google Adsense (e seu conexão entre o Google Search, busca, e publicidade, o Adwords).

Falar sobre os feitos dos caras é chover no molhado, cair em várias redundâncias. No entanto, é importante ressaltar problemas que eles enfrentaram neste ano: quedas no sistema de e-mails recentemente em 1º de setembro, entre outros problemas desde abril deste ano. Embora eles sejam o maior monopólio da rede, é importante continuar de olho e conferindo outros serviços para utilizar bem os recursos da internet.

Cabeças rolam e sangue jorra na Fórmula 1. Mas quem começou a matança?


Poucos escândalos políticos tem tantas variáveis e reviravoltas quanto a crise que a Fórmula 1 enfrenta atualmente. Quando todos pensavam que as coisas iam se acalmar após o levante das montadoras no primeiro semestre, outra bomba volta a explodir no castelo de Max Mosley e Bernie Ecclestone. O caso Nelsinho Piquet – justamente chamado de Nelsinhogate pela imprensa – ganha contornos de uma trama de Agatha Christie.

O primeiro ponto é que tudo é verdade. O segundo é que tudo pode ser mentira. Nelsinho de fato bateu de propósito, sob ordens ou conselhos (pouco importa) de Pat Symonds e Flávio Briatore. A Renault a principio se disse chantageada pelo clã Piquet, chamou Briatore para conversar em Paris, e em seguida anunciou um processo contra os brasileiros. No entanto, hoje, uma bomba explode assim que o dia amanhece no Brasil. A Renault resolveu chutar Briatore e Symonds da equipe e ainda disse que não contestará as acusações na FIA. Ou seja, admitiu sua culpa e agora barganhará uma punição menor.

Mistério resolvido? Em partes. Agora sabemos o que e como aconteceu. Mas, afinal, como isso tudo foi vazar? Quem primeiro levantou a bola foi Ivan Cappeli, blogueiro do site Grande Prêmio: as peças não se encaixam. A máscara de homem-bomba não veste o jovial e covarde rosto de Nelsinho Piquet. A informação que circula desde o começo da história é a de que foi Nelson Piquet, o pai, quem procurou Max Mosley e soltou a acusação. Imaginar que o tricampeão, dotado de uma verdadeira inteligência maquiavélica, não fosse imaginar que seu filho seria queimado vivo no processo chega a soar estupidez.

O fato agora é que a guilhotina já está pingando sangue e as cabeças de Symonds, Briatore e Nelsinho estão em uma bandeja na mesa de alguém. Quando começamos a juntar as peças, vemos que apenas uma pessoa se sairia muito bem dessa situação toda. Max Mosley, presidente da FIA, em seus últimos dias de mandato, é o maior suspeito. Dono de um ódio mortal por Briatore e as construtoras que o derrubaram, Mosley consegue ser cruel quando quer. Foi assim que ele limou o ex-dirigente da McLaren, Ron Dennis, da Fórmula 1. No entanto, enquanto Dennis foi apenas expurgado, Briatore foi massacrado.

Se não é difícil imaginar o culpado, a elaboração do plano é bem mais complexa. Onde se encaixa Nelson Piquet? Afinal o mundo da Fórmula 1 já desconfiava de toda esta armação há pelo menos 1 ano. Felipe Massa já falara sobre isso. Difícil também imaginar que o tricampeão tenha um espírito altruísta e lute pelo bem da categoria. Até onde Max Mosley iria para levar consigo para o túmulo aqueles que odeia?

Pode até ser que falar mais das confusões fora da pista do que de corridas faça mal a Fórmula 1 e ao esporte em si. No entanto, não há como negar que desvendar o que acontece nos bastidores tem sido muito mais intrigante que qualquer articulação política entre países. A Fórmula 1 e a FIA se tornaram o novo bolsão de espionagem e intrigas no mundo. Assassinato, espionagem, traição, sexo... não falta nada. A pobre Agatha Christie sentiria inveja vendo a trama que pode culminar na destruição de um apaixonante esporte.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Filme de boleiro?


A primeira vez que Gael Garcia Bernal e Diego Luna contracenaram juntos foi na novela mexicana “Vovô e Eu”, sucesso da Televisa e do SBT nos anos 90. Gael era um dos protagonistas e Diego fazia parte de sua turminha de amigos. Mas eles apenas se tornaram internacionalmente conhecidos com o lançamento do road-movie-latino-americano “E Sua Mãe Também”, premiado no Festival de Veneza em 2001.

A dupla voltou a dividir as telas esse ano em “Rudo Y Cursi”. Exibido no Festival de Sundance no começo do ano. O filme será lançado no Brasil diretamente nas locadoras, depois de exibições no Festival de Cinema Latino-Americano. O longa é a primeira produção da ChaChaCha, produtora de Guillermo Del Toro ("Labirinto do Fauno"), Alejandro González Iñárritu ("Babel") e Alfonso Cuarón ("Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban").

O filme é uma crônica diferente sobre o mundo do futebol, suas aventuras e desventuras. Tato (Luna), o "Rude", e Beto (Bernal), o "Brega", são irmãos e trabalham em uma plantação de bananas no México. Durante uma partida de futebol de várzea, chamam a atenção do olheiro Batuta (Guillermo Francella). Mas, como apenas um deles pode ser escolhido, Beto acaba se tornando uma grande estrela do futebol, mesmo tendo o sonho de se tornar cantor. Um tempo depois, Tato acaba tendo a sua chance também, mas no time rival do irmão. Máfia futebolística, "maria-chuteiras", breguisse, drogas e muitas metáforas futebolísticas completam o humor negro tradicional dos roteiros de Carlos Cuarón ("E Sua Mãe Também").

Um ponto positivo do filme, além das frases filosóficas de jogo de futebol e mesa de bar, é o trabalho de divulgação do filme. O site oficial é divertidíssimo e faz com que você entre no mundo do filme. Também foi lançado no Youtube um vídeo-clipe de Gael Garcia Bernal, caracterizado como Brega, cantando "Queiro que me queiras", mais conhecida como "I want you to love me". Para fãs ou não de futebol, humor negro e atores bonitinhos, "Rudo y Cursi" é uma ótima jogada.


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Terror no Éden

É notório que os filmes de Lars Von Trier conseguem aflorar sensações bastante adversas em seus telespectadores. Segundo uma das milhares de comunidades do site Orkut que celebram o talento do cineasta dinamarquês, quem assiste um de seus filmes tem vontade de agredi-lo e de abraçá-lo. Com o seu novo filme, essas “sensações adversativas” ficam à flor da pele.

Criado em uma crise depressiva do cineastra, "Anticristo" é a sua mais nova obra. E, logo em sua primeira exibição no Festival de Cannes, gerou, como já era de se esperar, muita polêmica. Cenas de sexo e de mutilação, dois atores em cena, um cenário bucólico, câmera lenta e uma raposa falante se misturam em um universo paralelo chamado Lars Von Trier.

A história do filme é a seguinte: depois da morte do filho pequeno, uma jovem escritora (Charlotte Gainsbourg) entra em profundo luto. O seu marido (Willem Dafoe), que trabalha como terapeuta, começa a tratar a esposa. Em uma viagem a uma cabana, chamada ironicamente de Éden, fatos estranhos começam a ocorrer. Sinopse de filme de terror, não? Mas o filme é muito mais que um simples filme de terror, pois trata do medo e do mal como forças supremas e muito maiores do que podemos controlar.

O filme é dividido em 6 partes. Na sequência inicial, o "Prólogo", é apresentada uma cena de sexo estilizada em preto-e-branco, que contrasta com a cena da morte do filho. Esse contraste é constante em todo o filme. Drama, terror e sangue se misturam com sensações de nojo, repulsa, ódio e prazer. Enquanto Lars brinca com os sentimentos dos expectadores, os expectadores brincam de gostar e de odiar os seus filmes.


Editorial #10 - Premiados TOP BLOG

Da esquerda para a direita:
Ana Júlia Castilho, Mariana Bruno, Pedro Zambarda,
Priscila Jordão, Fernanda Briones e Ariane Fonseca


Muito boa a sensação, mesmo não levando prêmio de vencedor para casa, ganhar o certificado Top 100 do prêmio TOP BLOG, organizado pela MIX Comunicação. Foram 12 mil blogs inscritos e concorrendo conosco em 12 categorias - Cultura, Comunicação, Esportes, Humor, Games, Música, Política, Saúde, Sustentabilidade, Tecnologia e Variedades -, além de 70 mil endereços linkados durante o concurso. Neste último sábado, dia 12, às 17hs, no auditório da Unip Paraíso, participamos da festa de cerimônia das premiações. Sensação de fazer um bom trabalho na internet, uma pequena contribuição para o jornalismo e um reconhecimento pessoal, para o grupo e para cada um de nós.

Além dessa premiação coletiva, para o Bola da Foca, tivemos a boa notícia de que a jornalista e colaboradora deste blog, Ariane Fonseca, conseguiu o 3º lugar na categoria profissional de Comunicação. Diário de um Repórter é um blog-portifólio repleto de reflexões e bons textos de Ariane sobre nossa área.

Ariane Fonseca é TOP 3

Não há muito mais o que dizer além de manter o bom trabalho e uma iniciativa que é aberta para novas participações e disposta a revelar novos profissionais. Muitos dizem que é uma iniciativa válida para o jornalismo na internet que temos hoje.

É um pequeno estímulo, agora reconhecido.

E a Pixar conseguiu de novo!

Up prova que não existem limites para a turma de John Lasseter

Quando me deparei pela primeira vez com Toy Story em 1996, lembro ter achado tudo aquilo chocante. Era bem feito demais na visão de uma criança de 8 anos. Em minha mente, tudo aquilo era perfeito. No entanto o que mais atraia era a história, e seus personagens. Com o passar do tempo fiquei surpreso em perceber que nada daquilo havia mudado, e a cada filme novo da Pixar a experiência era a mesma, apesar da total diferença entre elas. No ano passado pensei que o ciclo estava fechado ao terminar de ver uma das maiores obras-primas do cinema: Wall-e. Nossa, como eu estava enganado.

Up – Altas Aventuras, o décimo filme do estúdio mais autoral dos EUA, é um soco no estomago de 99% dos produtores de Hollywood. Em vez de peixes, carros coloridos ou um robô ultra-simpático, a estrela da vez é um velho ranzinza e viúvo. Ou seja, o personagem menos atraente para crianças que se poderia imaginar. A quebra de parâmetros permanece logo nos primeiros momentos do filme, contando a vida regressa de Carl Frederikessen com sua esposa Ellie, desde o momentos que se conheceram, ainda crianças, até a morte da Ellie. A forma como essas cenas são contadas, desde o princípio em uma antiga sala de cinema, são das mais emocionantes que a Pixar já produziu.

A espinha dorsal do filme é a parceria de Carl com o garoto Russel e sua aventura na América do Sul, depois do primeiro ter finalmente criado coragem para realizar um antigo sonho de sua falecida esposa. A sensibilidade do roteiro em mostrar que, para Carl, Ellie está sempre presente, é marcante. Confesso que gastar tempo aqui explicando a história de Up, como a cartilha das críticas recomenda, me parece algo inútil. Pois, como sempre ocorre filme do estúdio, a história principal é o que menos importa. O que mais importa é a luta interior que Carl e Russel enfrentam durante toda a produção.

O diretor Peter Docter usa e abusa dos flashbacks, mostrando a verdadeira personalidade de Carl. É um homem que amou sua esposa mais do que a si próprio, mas viu seus sonhos serem enterrados diante do cotidiano. A forma como ele se refere a sua finada esposa, olhando para sua pendurada por balões nos céus, é de simbolismo simples e tocante. A casa nada mais é, do que sua esposa ainda viva, voando entre as nuvens. Nesse saudosismo que sua relação com o jovem Russel se fundamenta. O garoto alegre e obstinado na verdade vive uma busca árdua pela aprovação própria e a de um pai que ele se nega a admitir que se foi. O fato de percebermos, só na segunda metade do filme, que Russel na verdade é órfão pode ser um choque para alguns, e até passar despercebido por outros.

Se uma palavra define essa nova obra da Pixar, a palavra certa é sutileza. Diferentemente da arte e das referências escancaradas de Wall-e, do requinte de Rattouille ou do frenesi de Carros e Os Incríveis, tudo em Up acontece de uma forma controlada e medida. O resultado é um filme que não impressiona a primeira vista – como os anteriores – mas que, quando analisado nas entrelinhas, mostra a real beleza de suas histórias e seus personagens. Beleza essa que rivaliza com as cores e paisagens exuberantes criadas pelo estúdio, ingressando melhor que nunca na era do cinema 3D.

Se tenho uma coisa dizer agora é: nunca mais darei o ciclo da Pixar por encerrado. Walt Disney, se estivesse vivo, estaria muito orgulhoso dos sonhos que John Lasseter e sua pequena empresa criaram.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Aniversário do poeta e crítico sujo

Fez 79 anos hoje o escritor maranhense José Ribamar Ferreira. O pseudônimo famoso veio da junção dos sobrenomes de seu pai, Ferreira, e de sua mãe, Goulart (que se pronuncia da maneira diferente).

Gullar é um dos mais influentes intelectuais no Brasil. Dono de uma poesia intimista, que apela para metáforas físicas e sexuais, muitas vezes, o autor também é crítico literário e de artes plásticas. Entre suas obras consagradas está O jogo corporal e João Boa-Morte, cabra marcado para morrer, poesia em cordel, ambas da primeira fase de sua obra, quando fazia uma arte engajada com os ideais da esquerda brasileira e alinhada com o movimento de poesia concreta dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos. Poema Sujo e Muitas Vozes são obras suas de uma fase de prolongadas desilusões, entre as décadas de 1970 e 1990, especialmente pela perda do filho caçula Marcos devido a sua esquizofrenia.

Em seu tempo livre, costuma fazer réplicas de quadros. A expressão facial desgastada pela idade do maranhense de São Luís sucumbe diante de sua risada igualmente marcante. Escreve colunas no caderno Ilustrada da Folha de S.Paulo, aos domingos.

O fim de uma carreira

Dizem que não existe esporte mais cruel que a Fórmula 1. As pressões são insuportáveis, crescendo de forma proporcional à injeção de dinheiro. E, falando de F1, é realmente muito dinheiro. São poucos os que suportam uma longa vida nesse esporte. Quando conseguem, jamais o fazem sem passar por conflitos, suspeitas e escândalos. Diante de tantos pilotos que sucumbem, Nelson Ângelo Piquet acaba de ganhar seu lugar na história.: da forma mais triste possível.

A FIA divulgou nesta quinta-feira o depoimento que Nelsinho deu à instituição no fim de julho, detalhando o plano elaborado por Flávio Briatore e Pat Symonds para que ele batesse na volta 13 do GP de Cingapura em 2008, favorecendo o companheiro Fernando Alonso. O espanhol venceu aquela corrida, e, no fim do ano, Nelsinho teve seu contrato renovado. A bomba havia sido plantada por Reginaldo Leme durante a transmissão do GP da Bélgica, e agitou o mundo da F1.

Segundo investigações posteriores da revista Autosport, foi o pai de Nelsinho, Nelson Piquet, quem repassou a informação para Reginaldo. Foi ele também quem abordou o presidente da FIA, Max Mosley, relatando todo o episódio. Foi a partir daí que a FIA iniciou uma investigação que durou dois meses, colhendo depoimentos de vários pilotos, mecânicos e dirigentes. Resumo da história: Briatore perdeu a paciência com a falta de pontos de Nelsinho e o demitiu. Em uma vendetta pessoal, os Piquets resolveram jogar a merda no ventilador.

A única desculpa que Piquet Jr usa nas quatro páginas de depoimento se restringe a apenas duas linhas: “eu estava em momento emocional e mental frágil.(...)Resolvi aceitar porque pensei que melhoraria meu momento na equipe(...)”. Alguns mais complacentes enxergaram uma honestidade categórica no depoimento do (ex?)piloto. No país que vivemos, isso já é motivo para perdoar. Em um esquema arquitetado pelo pai, provavelmente Nelsinho não será punido. Delação premiada é o nome da coisa. Alonso também se safará, sendo poupado pelo brasileiro no depoimento, pois aparentemente não sabia mesmo de nada.

A F1 é, com muitos elogios, suja. A grande maioria das pessoas que estão lá não vale muito. É um efeito colateral das montanhas de dinheiro. No entanto, esse papel sempre ficou restrito aos dirigentes, aos chamados falcões que brigavam com armas muito acima do que os pilotos poderiam fazer, sendo verdadeiras guerras com espiões e tudo que se tem direito. Nelsinho Piquet acaba de entrar na história como um piloto que sucumbiu da pior forma possível a todas as pressões. Um jovem que sempre teve tudo se viu perdido quando foi pressionado ,e teve seu caráter testado. Mostrou-se uma sombra melancólica do grande piloto que o pai foi.

A FIA não irá puni-lo e legalmente ainda poderá correr. No entanto, sua carreira estará enterrada. O esporte acabou para ele. Amigos na categoria já se dizem decepcionados e chocados. Seria uma pena ver tudo isso, se não sentíssemos um justo sentimento de “bem-feito” em relação a um homem que manchou um dos maiores sobrenomes do automobilismo. Resta a esperança de que usará sua longa vida para repensar tudo e, talvez, se arrepender e fazer algo que preste para o esporte que maculou.

Pequenas considerações sobre a educação no Brasil

Há tempos discute-se sobre a educação pública no Brasil: melhorias, pontos fracos e soluções. É claro que ela não é modelo para nenhum país – visto que ocupa a 76ª posição entre as 129 nações avaliadas pela Unesco no que se refere à situação da educação básica. Mas, antes de investir nela, é preciso trabalhar a mentalidade daqueles que serão o futuro deste país.

Não adianta comprar os tijolos, o cimento e começar a construir, sem antes criar uma planta e fazer o alicerce da casa. Na educação, o fundamental é a colaboração e empenho do estudante. Se ele não tem consciência de suas responsabilidades, a escola cai! Eu sempre estudei em instituições do governo e, desde pequena, percebi que não adianta ter a melhor escola e os professores mais capacitados. É preciso gostar de estudar.

Essa mentalidade ficou mais evidente no ensino fundamental, quando estava entrando na adolescência. Minhas amigas só sabiam fofocar sobre os gatinhos e, os meninos, jogar futebol e tacar papel nos professores. Tínhamos o cimento e os tijolos nas mãos, mas, como para muitos faltava a planta com o alicerce, não existia pedreiro que fizesse a obra render.

Sempre fui CDF. Gostava de aprender e compartilhar conhecimentos. Mas isso só se tornou uma vantagem quando consegui uma bolsa no Prouni (Programa Universidade para Todos) e ingressei numa instituição de ensino superior privada. Até então, sofria o preconceito dos meus amigos que me consideravam careta e sem graça. Para os meninos, eu não passava de uma garotinha sem jeito que adorava devorar os livros, ao invés de fazer isso com eles. Pobre mentalidade!

O ensino fundamental acabou e veio o médio – a última etapa da educação básica. Minha escola era considerada a melhor da região em infraestrutura e conteúdo, mas quanto aos alunos... Era uns 1,2 mil estudantes nos três períodos, sendo que destes dava para contar no dedo aqueles que realmente queriam aprender alguma coisa.

Se na pré-adolescência o foco era admirar os gatinhos para as meninas; e zoar os professores para os meninos; nessa fase a moda era usar drogas e promover orgias. A farra era tanta que três amigas ficaram grávidas com 16 anos, sem contar dois colegas presos por tráfico de entorpecentes. Ir a escola era só uma desculpa para sair de casa e colocar o papo em dia – visto que grande parte dos pais desses amigos colocavam-os de castigo depois do horário das aulas para ver se eles criavam juízo.

Enquanto eles discutiam futilidades, eu e alguns raros gatos pingados discutíamos fórmulas, teorias e ideias. Resultado: o Ensino Médio acabou com 17, dos 50 alunos que começaram a caminhada, e eu e mais alguns esforçados colegas ingressamos no Ensino Superior. E os outros? Bem, os outros estão colhendo os frutos que plantaram na adolescência. Quiseram aproveitar demais e se esqueceram que a Educação Básica é apenas o primeiro passo nessa longa caminhada que é a vida.

A culpa é da escola? Não, porque se fosse, eu, que tive a mesma educação, não estaria onde estou hoje – cursando o 3 ano de Jornalismo, na melhor faculdade da área da minha região, tendo os meus estudos pagos pelo governo e ainda trabalhando numa das maiores empresas de comunicação do Vale do Paraíba. A diferença é que eu levei a sério a escola e, além disso, busquei conhecimento em casa, além do que me era cobrado. Posso até ter perdido minha adolescência em alguns aspectos, mas agora já estou prestes a concluir a lage da minha casa, enquanto a maioria nem começou a levantar as paredes.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Quem quer ser um rockstar?!

No dia do ano (09/09/09) é lançado o jogo mais esperado: The Beatles RockBand


Na onda trazida por Guitar Hero, em 2005, o semelhante RockBand (que começou em 2007) nos dá a possibilidade agora de não só tocar - em guitarras, bateria e baixo super estilosos - e cantar músicas inesquecíveis, mas também fazer parte de uma das maiores (se não A maior) bandas que já existiram: The Beatles.

A digitalização - outra forma de eternizar os meninos - dos Beatles está muito bem feita e o visual dos integrantes vai mudando, desde os terninhos do começo, aos trajes 'paquitos' e psicodélicos para finalizar com os looks hippies e cabeludos. Os cenários são 6: Cavern Club, Shea Stadium, Abbey Road Studio, The Ed Sullivan Theater (imagem abaixo), Budokan e Apple Corps Rooftop (a última apresentação ao vivo).


Os controles são réplicas dos instrumentos usados pela banda: O baixo Höfner modelo 500/1 de Paul McCartney; a bateria é inspirada no modelo Ludwig de Ringo Starr; a guitarra Rickembacker 325 de John Lennon; e a Gretsch 6128 "Duo Jet" de George Harrison. As músicas são 45 e vão desde 1963 até 1970 (e uma de 2006), com clássicos como Twist and Shout, Sargent Pepper Lonely Heart's Club Band, Don't Let Me Down, Something, I Want To Hold Your Hand, A Hard Day's Night, Ticket to Ride, e Yellow Submarine.


Sobre Guitar Hero e RockBand

Você pode acordar um dia e resolver ser um Kiss, ou então, se preferir algo mais suave, cantar na melodia de Hotel California. Enfim, você pode viajar pela história da música, principalmente do rock, com a série Guitar Hero (I, II, III - Legends of Rock, GH 5, World Tour, Metallica, Smash Hits, On Tour, On Tour: Decades, Aerosmith, Encore: Rocks the 80s, Dj Hero, e Band Hero) ou RockBand (1, 2, AC/DC Live, Track Pack Volume 1, Track PAck Volume 2, Track Pack Classic Rock, LEGO, Country Track Pack, Unplugged, e claro, o The Beatles). Os jogos são compatíveis - principalmente - com os consoles Xbox 360, Nintendo Wii e PlayStation 3, mas alguns podem ser jogados também no PlayStation 2, no PSP (PlayStation Portable) e no Nintendo DS. O RockBand Unplugged, por exemplo, só serve para o PSP.

As semelhanças entre as duas têm um porquê: a Harmonix Music Systems está envolvida no desenvolvimentos dos dois conjuntos de jogos. O Guitar Hero foi feito em parceria com a RedOctane, de onde saiu o GH I, II, e o Encore: Rocks the 80s. Em 2007 a MTV Games comprou a Harmonix, e a RedOctane foi comprada pela Activision - que levou o GH. Logo, foi desenvolvido um novo jogo. A grande jogada (haha, pegaram?) da Harmonix-MTV foi superar o jogo anterior, que só permitia o controle da guitarra, incluindo jogos com uso de guitarra, baixo, bateria e voz - técnica que o GH acatou depois.

Para jogar basta seguir a tela e pressionar os botões juntamente com ela, como aquele jogo de dança, no qual você pisa ao mesmo tempo que a seta chega no alto.


Nos EUA, o jogo custa U$60. A caixa com o jogo, bateria e contrabaixo sai por U$250, e a versão com o jogo, guitarra genérica e microfone sai por U$160. As guitarras estão disponíveis separadamente por U$100 cada.

O jogo chega ao Brasil no dia 25 deste mês. O preço deve ser aproximadamente R$ 269.

Fontes:

Pequeno Dicionário Estiloso

Porque a vida é complicada, mas a moda não precisa ser

Por Roxane Teixeira

Depois de um longo e não tão tenebroso inverno, eu volto ao espaço do Bola para decifrar os pormenores do dress-code, e trazer as últimas tendências do mundo fashion. E para começar, escolhi minha pedida favorita da estação – o jeans boyfriend.

Ao pé da letra, ele seria a “calça do namorado”, com modelagem masculina, cós mais largo e pernas soltas. As lavagens aparecem surradas, e detalhes como tachas e pespontos de barbante são comuns. O jeans é mais básico, encorpado, bem confortável, e mais do que um passeio pelo guarda-roupa dos homens: é um retorno às origens do denim.

O famoso blue jeans, vale lembrar, surgiu como uma roupa exclusivamente masculina, espécie de uniforme utilizado por mineiros americanos do século XIX. Uma invenção de Levi Strauss (o industrial, não o antropólogo), que começou como forma de desentulhar seu estoque de lonas e aos poucos foi adaptada para um tecido mais macio.

Lá pelos anos 30, o jeans se consagrou como o visual dos cowboys, ainda muito limitado a uma imagem... Máscula. A guinada só se deu 20 anos depois, quando Marilyn Monroe apareceu em O Rio das Almas Perdidas (1954) com um modelo índigo bem justo ao corpo, e trouxe sensualidade à peça.

De lá pra cá o jeans é, cada vez mais, sinônimo de moda, encarnando diversas modelagens: cintura alta, saint-tropez, carrot (com formato parecido com uma cenoura), clochard (bem larga e arrematada com um cinto), baggy (uh! Você se lembra do visual poperô?), e skinny, rainha dos últimos tempos. Realeza que pode perder a coroa.

Nos Estados Unidos e na Europa, o jeans boyfriend já é primeiríssimo no voto popular. Não marca as gordurinhas, disfarça o culote e não aperta a barriga. Para não ficar parecida demais com o namorado, a sugestão é trocar o tênis por saltos ou sapatilhas coloridas. Blusas mais ajustadas ao corpo e de tecidos fluidos também efeminam o visual. Agora, se quiser encarar um estilo total andrógino, por que não atacar com sapatos Oxford, outra vedete da estação?

Aqui no Brasil ainda não é certeza se a moda vai pegar. Marcas mais descoladas – e caras – têm investido no modelo, mas os grandes magazines ainda dão prioridade às skinnies, deixando o boyfriend numa fase de testes... Uma boa idéia é comprar no setor masculino - em geral, a numeração é correspondente.

Na hora de compor o visual, um bom jeito de usar é dobrando a barra – encolhe a nossa altura um pouco, mas nada que um saltinho médio não resolva. E para quem procura tendência, as lavagens destruídas são as mais recorrentes na passarela.

Look pronto, eu vou ficando por aqui. Espero que você encontre um boyfriend pra chamar de seu – é paixão garantida.

Dúvidas, críticas, sugestões? O que você quer ver na coluna?
Escreva para o Bola!

Jeans boyfriend da foto: DKNY. Imagem retirada do Google Imagens.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cobertura via twitter do Intercom 2009

Diretamente de Curitiba, capital paranaense, Pedro Zambarda de Araújo fará uma cobertura completa do Congresso Nacional de Comunicação Intercom 2009 na Universidade Positivo, que começará hoje às 19hs com a palestra do sociólogo francês Dominique Wolton sobre Comunicação, Educação e Cultura na Era Digital.

As palestras serão descritas resumidamente no twitter do Bola da Foca. Matérias completas serão feitas após o fim do congresso, dia 7 de setembro, feriado de Independência do Brasil.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Qual o verdadeiro peso de uma universidade pública?

No Brasil, o segundo semestre é marcado pelos maiores vestibulares do país, resultando em aulas extras e correria nos cursinhos pré-vestibulares. Também não é nenhuma novidade que os professores incentivam os estudantes sempre com o intuito de vê-los sendo aprovados em uma universidade pública, seja pela crença de que as mesmas sejam melhores que as particulares ou pela propaganda criada com as aprovações. A realidade, porém, às vezes se encontra muito distante do sonho da boa educação gratuita, principalmente nos cursos de Comunicação Social.

A Universidade Estadual de Londrina, a qual eu frequento, não foge disso. O CECA (Centro de Educação, Comunicação e Artes) sofre por falta de equipamentos, salas adequadas e, infelizmente, professores. Contratações tardias e concursos públicos que nem sempre selecionam os mais bem preparados são problemas que aparecem com frequência no dia-a-dia dos estudantes, que perdem aulas por falta de professores. Em algumas matérias, os alunos são obrigados a se dirigir a outros centros por falta de salas.

O descaso com os cursos de Comunicação Social, porém, não se restringe ao Paraná. A Universidade Estadual Paulista, por exemplo, abriga o curso de Jornalismo na cidade de Bauru, interior do estado, que é o maior campus da universitário do local. Infelizmente, o departamento não conta com computadores sequer razoáveis e a carência de professores é ainda maior, o que causa revolta no estudantes que se prendem a greves constantes como tentativa de resolver o problema.

Deixar na mãos dos estudantes e Centros Acadêmicos a responsabilidade de buscar melhorias em seus cursos é uma realidade no mínimo irônica. Após enfrentar a concorrência elevada, provas de assuntos que nada inteferem no desenvolvimento acadêmico da comunicação em si e gastos muitas vezes maiores do que a mensalidade de uma Universidade particular, ainda é necessário brigar por uma formação de qualidade? Teoricamente, essa obrigação não estaria nas mãos do Ministério da Educação agora? Será que já não basta o não reconhecimento do nosso diploma? O revoltante aqui é a diferença de tratamento entre os cursos, principalmente se compararmos com os mais tradicionais, como Direito e Medicina, que contam com maior parcela de rescursos e atenção das reitorias responsáveis.

Assim, fica difícil encontrar o verdadeiro peso e valor a ser pago por uma formação acadêmica satisfatória, que divide e afasta ainda mais a educação pública e particular, causando um claro déficit na qualidade dos profissionais da área.

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