E a Disney comprou a Marvel. A bomba explodiu ontem, no começo da manhã, praticamente madrugada na costa oeste americana. Foi suficiente para que o mundo do entretenimento ficasse perdido. Afinal, o que teria acontecido nos últimos meses de forma tão sigilosa? Sem nenhum boato ter vazado? E o que vai acontecer com Fabrica de Idéias agora que está nas mãos do maior conglomerado de mídia do mundo? Duas perguntas tão pertinentes que foram a síntese da blogosfera e do twitter no dia de ontem.
O que mais espantou na nova aquisição não foi apenas a forma surpreendente que ela ocorreu, mas os valores envolvidos. A Disney pagou 4 bilhões de dólares para ter controle total da Marvel e suas ramificações. Ou seja, entra ai no pacote a Marvel Studios - responsável pelos filmes próprios – e a Marvel Publishing, que nada mais é que a editora de quadrinhos da empresa. De uma forma um pouco simplista, a coisa fica assim: Issac Pelmuter, presidente da Marvel, agora responde à Bob Iger e ao senhor Steve Jobs, chefes da Disney (embora o segundo não de forma oficial).
Outra coisa que chama atenção é o tamanho das empresas envolvidas. Quando a Disney comprou a Pixar, no início da década, o estúdio de animação era um prodígio em ascensão, responsável pelos melhores filmes animados da época, mas pequena quando falávamos em termos empresariais. Em uma jogada de gênio de Steve Jobs, a Disney adquiriu a Pixar, até então sob as mãos de Jobs e de John Lasseter, mas logo em seguida teve boa parte de suas ações adquiridas pelo próprio Jobs. Resultado disso: a Pixar se tornou o braço mais independente da Disney, com total liberdade criativa, e John Lasseter se tornou o diretor de criação da casa do Mickey. Este molde pode ser um bom exemplo do que poderá ocorrer com a Marvel.
Desde a década de 80 a Marvel surra anualmente a DC quando o assunto é venda de quadrinhos. Com exceção de grandes eventos, como as infinitas Crises no mundo da DC, a Marvel sempre vendeu mais. Pertencente a Time Warner, a DC nunca se preocupou muito com isso. Mas a Marvel deu um salto gigantesco nos últimos 3 anos graças ao cinema. Depois fechar acordos com diversos estúdios para licencias seus personagens nas telonas, a Marvel resolveu abrir seu próprio estúdio, e daí saiu o sucesso de Homem de Ferro e o bem recebido Incrível Hulk. Ainda estão por vir Homem de Ferro 2, Thor e Capitão América. Uma mina de ouro feita com a competência de quem criou estes personagens.
No entanto, apesar de seu sucesso, a Marvel Studios ainda encontrava problemas para financiar seus filmes. As gravações de Homem de Ferro 2 só ocorreram depois de muita negociação de custos. Os atrasos de Thor e Capitão América também estavam ligados a isso. Por fim, analisando este “viés cinematográfico” da história, não é muito difícil de imaginar o que cada parte queria. Com a maior parte dos próximos projetos definidos, difícil imaginar que a Disney irá mudar muito estes filmes, além de injetar mais dinheiro e publicidade. Se antes havia alguma dúvida que veríamos Os Vingadores juntos no cinema, com direitos a astros interpretando os heróis, duvido que exista alguma a partir de agora.
E quanto aos quadrinhos, o que é o que a Marvel realmente sabe fazer? Veremos o Dr.Fantástico participando do próximo Fantasia? Piadas a parte, a coisa deve mudar muito pouco, embora uma ou outra mudança de curso possa ser esperada. Tenho um forte pressentimento de que nada na estrutura hierárquica da Marvel se alterará e, assim sendo, Joe Quesada continuará sendo o editor-chefe a Marvel Publishing. Por mais que Quesada seja odiavel em alguns pontos, não se pode negar que o cara entende do mercado de quadrinhos e suas histórias vendem como água para os padrões atuais. No entanto sua filosofia pode esbarrar com o padrão Disney.
Tudo na Disney é certinho. Embora seus produtos televisivos e musicais atualmente sejam de qualidade questionável. Agora, quando o assunto são quadrinhos e filmes de personagens, a história é outra. Quesada faz tudo para vender, até apagar sagas inteiras e jogar no lixo anos de edições. Há de se imaginar que alguns atritos podem ocorrer na definição da linha editorial da empresa daqui para frente, mas se algo mudar, acredito que será para melhor. Estava na hora de alguém colocar Quesada na coleira.
Bom, mas tudo são apenas conjunturas. Hoje pela manhã Stan Lee aprovou a compra. Ontem, pelo Twitter, Joe Quesada disse que espera um espelho da relação Pixar/Disney. Enfim, nada de muito ruim irá acontecer com a Fábrica de Idéias daqui para frente, como alguns teóricos e anti-conglomerados disseram pela internet. Obviamente não são todas as relações da Disney com seus empregados que sempre deram certo, mas levando-se em conta o perfil de ambas as empresas, dá pra apostar muito mais em algo bom para ambos do que o Mickey arrancando a cabeça do Homem-Aranha.
2 comentários:
Vamo ve no que dá =D
Eu tinha medo que essa fusão fosse prejudicar a Marvel.
Pela sua análise, realmente, pode não mudar nada (rompendo burocracias, apenas) ou melhorar.
Postar um comentário