segunda-feira, 31 de maio de 2010

A is for absolute

Deathstars esbanja energia em sua primeira vinda ao Brasil

IMG_1888 by Alexandre Cardoso.
Foto de Alexandre Cardoso

Os trinta minutos de atraso foram mal disfarçados por uma tela que projetou o canal Cartoon Network ao som de uma playlist com direito a Rammstein e Zeromancer. Silenciosos, os fãs da banda sueca Deathstars, sem contemplar show de abertura, só reclamaram a demora depois do som parar e dar a entender que os cinco músicos – Whiplasher Bernadotte (vocal), Skinny Disco (baixo e vocal de apoio), Nightmare Industries (guitarra), Cat Casino (guitarra) e Bone W. Machine (bateria) – finalmente subiriam ao palco na noite do dia 30 de maio.

Simples, a montagem do show contou apenas com a iluminação do Carioca Club, uma bandeira com o símbolo da banda, instrumentos de corda e percussão – o teclado, tocado por Nightmare, foi inserido como gravação. Às 20h30, os integrantes mostraram-se uniformizados pela maquiagem branca no rosto e pela roupa preta imitando farda militar. Cada um carregava no braço esquerdo uma faixa com seu nome artístico e Whiplasher, com cap, batom vermelho e glitter prata em volta dos olhos, envolveu a bota esquerda com uma tira de fita isolante prateada.

Na turnê Night Electric Night, que passou pelo México, Argentina e agora Brasil, a música de abertura não deixaria de ser a faixa que dá título ao terceiro álbum e ao ciclo de shows. Logo na primeira execução, o vocalista Whiplasher provou do calor brasileiro e acabou se livrando do casaco. Com a agitação do cantor, o glitter rapidamente se espalhava pela roupa umedecida de suor. Sem temer a euforia dos fãs, o Whiplasher descia à ponta do palco e se permitia ser tocado nas pernas e, inclusive, no fecho da calça. Isso o animou a ponto de passar a rebolar em músicas como Babylon.

Desenvoltura

Para uma boa apresentação, não são necessários grandes investimentos em cenário e efeitos especiais. A simpatia do grupo sueco era demonstrada ao remeter olhares à platéia, ao conversar com o público antes de iniciar uma música e ao pedir palmas – até mesmo o baterista Bone, escondido aos fundos, estendia as baquetas para cima. Os guitarristas e baixista, de cabelos compridos e pretos, “bangueavam” e, juntos, davam ritmo às constantes mãos que subiam aos gritos de “hey”, às vezes confundido com “hail”, enquanto Whiplasher batia continência aos fãs.

As pequenas histórias contadas pelo vocalista ao anunciar a seguinte música variavam. Todos os comentários mencionavam o título, mas mais intrigante foi quando o cantor disse que, no Brasil, a predominância de cor de cabelo era escura. “Na Suécia, a maioria das pessoas é loira. As meninas de lá são muito vaidosas, adoram se mostrar pelas ruas. Às vezes, eu tenho vontade de destruí-las” comentou, sorrindo. E assim, o grupo iniciou Blood Stains Blondes. Não fica atrás, no entanto, o momento em que a banda anunciou Mark of the Gun, convidando a platéia a saber mais sobre “as trevas”.

No fim do show, todos cediam ao calor: Skinny ficou sem camisa, enquanto os demais preferiram só desabotoar. O bis contou com Death Dies Hard – música que mais provocou frenesi entre os paulistanos –, The Revolution Exodus, The Last Ammunition e, enfim, Play God. Como agrado, foi customizada uma bandeira do Brasil com o círculo azul substituído pelo símbolo da banda. Como lembrança, o guitarrista Cat entregou sua palheta logo nas primeiras músicas, Bone arremessou suas baquetas em direção aos camarotes e Whiplasher, para a surpresa de todos, entregou seu cap ao público próximo ao palco. Sem dúvida alguma, o show que durou aproximadamente 1h30 teve seu valor justamente pela energia, sincronia e pela amizade – entre os músicos e os fãs e dentro da própria banda.




Setlist

Night Electric Night
Motherzone
Semi-Automatic
Mark of the Gun
Arclight
New Dead Nation
Babylon
Tongues
The Fuel Ignites
Damn Me
Chertograd
Blitzkrieg!
Blood Stains Blondes
Cyanide
Trinity Fields
Death Dies Hard
The Revolution Exodus
The Last Ammunition
Play God

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O fim de Lost. E a lição que podemos aprender com ele.


Lost acabou. Dito desta forma, simples e direta, é só mais uma série que se encerra, como dezenas por ano. Mas não é exatamente por aí. O fim de Lost significou algo maior, bem maior. E nem estou me referindo à legião de fãs que ficaram órfãos, nem à propagação viral que a série teve, quebrando fronteiras não apenas geográficas, mas midiáticas - se antes ver uma série de TV era algo a ser feito na televisão, Lost mudou isso. Não, não é nada disso. Me refiro à lição que o mundo teve com o último episódio da série mais importante de todos os tempos.

Foram seis temporadas, 168 episódios de mistérios que deveriam ser, em sua maior parte, resolvidos nas últimas duas horas e meia de programa, transmitidas ao vivo para mais de 50 países. Era o que todos esperavam, um episódio cheio de resoluções para todas as dúvidas dos fãs. Quase uma verdadeira aula didática sobre a mitologia em volta de Lost. Pois bem, nada disso aconteceu. Poucos mistérios foram solucionados. Muitas dúvidas foram deixadas no ar. Porém, em contrapartida, os fãs tiveram a honra de assistir a um dos mais brilhantes episódios já produzidos pela televisão, além de uma verdadeira aula de narrativa, direção, roteiro, trilha sonora e interpretação. Tudo, tudo foi tecnicamente perfeito no fim de Lost.

Não são poucos os que estão dizendo por aí que o fim da série decepcionou. Na verdade, são muitos até. Mas hoje, vendo o último episódio pela segunda vez, percebo que estas pessoas viram a série pelo motivo errado. Ou talvez ainda não tenham percebido o real motivo. Carlton Cuse e Damon Lindelof, produtores e roteiristas de Lost, disseram uma vez que a verdadeira essência da série não estava nos mistérios, na Ilha ou nos tão fatídicos números. A essência estava nos personagens. Na época, ninguém acreditou neles. Ninguém, exceto a ABC, que mesmo com índices de audiência oscilantes, bancou a série e fez algo que poucas redes de TV no mundo fizeram até hoje – e incluo aqui principalmente as redes brasileiras. Cuse, Lindelof e a ABC acreditaram na inteligência do telespectador.

Não foi raro ver imagens de pessoas derramando lágrimas e lágrimas ao redor do mundo, principalmente nos EUA. A cada momento que os personagens principais de Lost descobriam a verdade sobre suas vidas, uma onda de emoção batia, e como em um estalo, a ânsia de resolução por mistérios se esvaia. Os criadores estavam certos. Eles apostaram na inteligência de quem estava vendo a série e a maioria percebeu o que realmente importava em Lost. Se os mistérios iam e vinham, um atrás do outro, havia sempre uma constante. Os personagens, as pessoas. Todos se conectaram a estes personagens de algum modo. E depois de tanto sofrimento, de tantas mortes e desilusões, elas podiam finalmente ter seu momento final de felicidade. E assim, dessa forma, o final da série foi sim tão perfeito como ele jamais poderia ter sido, revolucionando a seu próprio modo, e talvez pela última vez, o modo de fazer TV.

E talvez, quem sabe com muita sorte, não seja esta uma lição que possamos aprender aqui no Brasil. Enquanto nos EUA ou na Inglaterra as reações foram em sua maioria positivas, no Brasil poucos puderam entender. A coitada da jornalista escalada pela Folha ficou tão perdida a ponto que eu questionei sua inteligência. A verdade é que fomos criados e alimentados por uma fórmula velha e obsoleta: a telenovela. Estamos acostumados com o maniqueísmo, com os roteiros mastigados e com as frases feitas. Estamos acostumados com o vilão punido no final e com revelação do misterioso assassino. Nunca nos deixaram pensar. Nunca nos deixaram interpretar. E, assim, nunca aprendemos a fazê-lo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Completo um ano de podcast

Post original do Wii Are Nerds.

Exatamente um ano atrás, neste dia 25 de maio, subia ao ar o primeiro podcast que fiz, aqui no Wii Are Nerds. Com ajuda do Naftali Andrade, da Fabiane Lima e do Gustavo Ats no chat, a gente fez um programa de áudio com variedades, sem tema definido e nem experiência no assunto. Entrei de cabeça nesse mundo por culpa do Now Loading, podcast de games apresentado pra mim por um primo, e me empolguei depois de conhecer um dos primeiros podcasts brasileiros de sucesso, o Nerdcast.

Essa brincadeira de fazer áudio na internet, abordando um tema, foi se desenvolvendo. Gravei um total de 11 programas, entre os blogs Bola da Foca e Wii Are Nerds. Ainda ouço mais do que produzo, mas a minha pretensão é tornar essa prática um hábito profissional, apesar de ter uma pitada de humor e descontração nas conversas.

Coincidentemente, no mesmo dia daquela gravação, era também Dia da Toalha, em homenagem ao escritor Douglas Adams, e Dia do Orgulho Nerd (dedicado tanto aos fãs de Adams quanto os de Star Wars, que festeja no mesmo mês). Esses acasos tornaram aquele dia histórico, acompanhado com algumas cervejas, descontração e uma edição que ficou impecável no final do dia, pois havíamos gravado horas antes, de madrugada.

Hoje eu não mantive o mesmo ritmo de gravações, mas friso: é um jeito muito diferente e divertido de comunicar. Assim como o vídeo, os sons tem um feeling diferente com os expectadores. Resta tentar captar a peculiaridade dessa mídia, em particular.

Obrigado a todos que me ajudaram nesse primeiro ano. Em específico, às pessoas que gravaram aquele primeiro programa, todos que tive oportunidade de entrevistar e um agradecimento especial para Gabriel Subtil, que tenta, insistentemente, me fazer voltar e gostar mais de podcats.

sábado, 22 de maio de 2010

Crítica sobre opiniões e coberturas da morte de Dio

Em sua maioria, as notícias desta semana sobre a morte do vocalista Ronnie James Dio trouxeram homenagens escritas muito comoventes de fãs e músicos internacionais para relatar a importância do rockstar. No entanto, entre tantas informações, resgato dois exemplos que, claramente, desqualificaram a carreira de Dio e foram, mesmo dentro do campo da opinião, um desrespeito com o falecimento do artista.

O primeiro que destaco é o jornalista, editor e blogueiro André Forastieri, que tem uma carreira brilhante, com passagens na Folha de S.Paulo até a consagrada revista de música Bizz. No entanto, currículo nunca é tudo. O profissional fez um texto claramente difamando Dio em seu blog no portal R7, um dia depois do falecimento. Não sei se ele quis apenas expôr um ponto de vista que a Igreja Universal tem contra o heavy metal e o rock em geral, tachando-os de música demoníaca e medieval, não rebelde, como é de fato. Com uma redação lamentável, André diz que a música de Dio está ultrapassada e que suas temáticas são infantis, além de dizer que o vocalista é ridículo simplesmente por ser feio, o que é não parece ser um assunto pertinente no momento. "Esse mundo de fantasia pseudocelta estilo Senhor dos Anéis/RPG/Harry Potter é coisa de pré-adolescente" afirma o jornalista, num exercício de retórica pobre, com argumentações vazias. Opinião não é tudo, sem uma base bem fincada.

A segunda, e última (ainda bem), gafe foi cometida pela imprensa televisiva. A Rede TV! colocou uma nota no ar, dia 18, sobre a morte de Dio. No entanto, as gravações inclusas no TP são de shows de Ozzy Osbourne, demonstrando um total desleixo dos editores e revisores do material. Você pode conferir o vídeo da falha logo abaixo.

Que fique claro: este não é um texto rabujento dizendo que essas reações são condenáveis. São apenas algumas críticas saudáveis sobre a própria imprensa, contendo opiniões com o mínimo de embasamento que a situação requer. Considerando a trajetória do metal na grande mídia, carregada de preconceitos falsos, essas respostas negativas foram poucas, principalmente comparando com a morte do guitarrista Dimebag Darrell, em 2004, por exemplo.

Jornalistas do rock: Annie Leibovitz

Annie: a retratista de grandes ícones pop

Protagonista do documentário Life through a lens (Vida através das lentes), de 2006, Annie Leibovitz foi uma das crias do fotojornalismo da Rolling Stone. Nascida em Westport, no estado norte-americano de Connecticut, Annie começou a se interessar por fotografia em viagens familiares e, recrutada pelos jornalistas roqueiros no começo da década de 1970, registrou momentos importantes do movimento hippie. Sua obra foi, sobretudo, na forma de retratos. Era conhecida por se envolver com as pessoas que fotografava.

Ela fez algumas fotografias de John Lennon que estamparam capas e matérias da revista, incluindo a foto de 1980, no dia de seu assassinato. Excursionou com os Rolling Stones, registrando momentos extremamente junkies dos astros, com Keith Richards caindo pelos cantos devido à bebida e às drogas, além dos registros das perfomances de Mick Jagger.

A técnica de Leibovitz, com o passar do tempo, foi captar não somente as pessoas que fotografava, mas o ambiente em que elas trabalhavam e viviam. A repórter não apenas registrava, mas procurava pegar, discretamente, quadros do cotidiano. Isso contribuiu para que ela passasse a contruir as fotografias.

Seu talento não ficou restrito ao rock, passando a editar e fotografar pela Vannity Fair e registrando capas históricas como a de Demi Moore nua e grávida. Passou a fotografar celebridades, que foram desde Whoopi Goldberg até Arnold Schwarzenegger, na época que ele cultivava o corpo, que fazia fisiculturismo. Recentemente, Annie fez ensaios fotográficos com Robert Downey Jr., na sua retomada no cinema, e até astros como George Clooney e Julia Roberts. Annie Leibovitz também contribuiu para Vogue, registrando Jennifer Hudson, a primeira cantora negra a estampar a grande revista de moda.

"Isso não importa, o que interessa somos eu e você" disse Annie Leibovitz, olhando para a câmera e para o seu retratado.

Agradecimentos a professora Helena Jacob da Faculdade Cásper Líbero, que me apresentou essa grande fotojornalista do rock.

Foto histórica, e polêmica, de Demi Moore nua
Uma das maiores produções de Leibovitz

Três décadas de Pac-Man


Nos 30 anos de aniversário de um dos maiores clássicos da produtora japonesa Namco, de videogames, o jogo Pac-Man ganhou destaque no lugar do logotipo do Google Search (e continua, até o momento deste post). Essa homenagem, ontem, fez referência a um dos maiores clássicos de todos os tempos na diversão eletrônica, consumindo horas de muitas pessoas que navegavam ontem na web, seja por curiosidade ou mera nostalgia.

Criado no dia 22 de maio de 1980, foi concebido originalmente para os fliperamas, famosos arcades. Mas fez um estrondoso sucesso no primeiro console doméstico de cartuchos, o Atari 2600. O sistema do jogo era simples: você controla uma bola amarela que devora bolinhas menores e faz pontos. Para continuar pontuando, você deve fugir de fantasmas e, quando possível, comer bolotas grossas para enfraquecê-los e matá-los.

Os anos 80 trouxeram muitas idéias simples de jogos que marcaram toda uma indústria de divertimento e de cultura eletrônica. Três anos após a criação do amarelo Pac-Man, Mario surgiria no game Mario Bros., em homenagem a um protagonista bigodudo, gordo e baixinho que vencia o vilão Donkey Kong, um grande gorila mau. Até hoje, esses personagens marcam crianças, jovens e adultos do mundo todo.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Vote no Bola da Foca no TOPBLOG 2010


Você já votou no Bola da Foca hoje?

TOPBLOG, na edição do ano passado, reuniu 12 mil blogs. Ficamos entre os 100 primeiros na categoria Comunicação. Você pode nos ajudar a chegar nesse prêmio de novo, ou alcançar mais.

Basta clicar no menu do lado direito e votar. E não se esqueça de confirmar o voto no seu e-mail.

Google celebra os 30 anos de Pac-Man


Há exatos 30 anos, no Atari 2600 nascia uma das maiores marcas da história dos vídeo games, Pac-Man. Um jogo simples, onde se controlava uma bolinha que saia comendo outras enquanto... ah deixa pra lá. Não sabe o que é Pac-Man? Pois bem, o Google resolveu comemorar a data do modo mais óbvio e genial possível. Em vez do logo da empresa sobre o campo de busca, se vê simplesmente a tela de jogo e um botão, “Insert Coin”,e pronto. Horas de produtividade são perdidas enquanto se joga Pac-Man no Google.

Mais tarde, um texto completo sobre a história de Pac-Man. Agora vou voltar a jogar.

domingo, 16 de maio de 2010

Morte de Dio, último ícone do metal


“In the misty morning, on the edge of time / We've lost the rising sun, a final sign”.
Black Sabbath, Children of the Sea


Como diz a letra de Children of the Sea, música de um dos álbuns mais famosos do revolucionário Black Sabbath, perdemos hoje um verdadeiro sol, o último sinal, o maior ícone do heavy metal mundial: o vocalista Ronnie James Dio.

Dio foi responsável por inspirar gerações de amantes do metal e compor algumas das canções mais exaustivamente entoadas pelas legiões de fãs. Tive a oportunidade de ver como, em sua última turnê pelo Brasil, todos acompanhavam a letra de Holy Diver sem perder uma única palavra e, é claro, falhando miseravelmente ao tentar reproduzir os agudos do mestre.

Com uma presença de palco fantástica, Dio incitou o Black Sabbath, o Rainbow e sua banda Dio a acompanharem seu vigor. Ao mesmo tempo, levou a platéia à loucura com as nuances inacreditáveis e o alcance de sua voz. Também, não era para menos. O transe, o mal e a insanidade eram alguns de seus temas favoritos.

Na abertura de shows de outras bandas, enquanto os artistas não entravam no palco, Don´t Talk To Strangers e Rainbow in the Dark eram tocadas como verdadeiros hinos do metal e verdadeiros representantes do gênero. Mesmo em músicas menos conhecidas como I, do Dehumanizer, Dio nunca perdia o vigor e demonstrava até onde sua voz potente e rasgante podia chegar: as portas do inferno.

Falando em inferno, eu costumava me perguntar se Dio, por acaso, não tomou sua voz emprestada de algum demônio. Depois de vê-lo em pessoa, cheguei à conclusão de que não. Se o chifrudo estivesse de passagem pela Terra, Dio com certeza o mandaria de volta para aquele lugar cheio de fogo só com a força de seus pulmões.

Dio morreu de câncer depois de uma longa luta, e com ele foram nossos profundos sentimentos. A sensação de perda é inevitável, pois foram tantas as contribuições, tantas as composições inigualáveis, que dá até um certo medo. Será que Dio levou o metal com ele?

A resposta, certamente, é não, pois ele foi um daqueles gênios inesquecíveis cuja morte só contribui para aumentar a fama. O metal está bem aqui, firme e forte como Dio o consolidou. E o mestre, agora, livre da dor do câncer, quer esteja no céu ou no inferno, deve estar tirando de lá inspiração para novas músicas.

Unidos pelo Rock Progressivo


O baterista Mike Portnoy vivia um dos seus ápices na banda Dream Theater em 1999: com o lançamento de Metrópolis pt. II: Scenes from a Memory, o grupo alcançou tanto o sucesso com pessoas fora do metal progressivo quanto seus fãs mais exigentes. Neal Morse, por outro lado, havia lançado o CD Day for Night no mesmo ano, sem tanto sucesso. Ambos decidiram, por afinidades musicais e oportunidade de tocarem juntos, formar o supergrupo Transatlantic, reunindo músicos diferentes com o mesmo apreço pelo rock progressivo.

A banda se completou com a guitarra solo inconfundível de Roine Tolt, do The Flower Kings, e com o baixista Peter Trevawas, do famoso Marillion. O trabalho de estréia do grupo, SMPTe, foi lançado em 2000 com excelente aceitação da crítica. Esse CD não trazia nenhum conceito mirabolante no título, que são apenas as iniciais dos integrantes. No entanto, seu conteúdo é um profundo entrosamento e vários jams entre os músicos envolvidos.

Dividido entre cinco músicas, o material não decepciona nem os fãs de metal, ligados a Mike Portnoy, e nem os fãs do progressivo elaborado, e algumas vezes leve, de Neal Morse. All of the Above abre o CD com uma guitarra que oscila do abafado para o melodioso rapidamente, enquanto o teclado dá um tom moderno e até futurista para a música. Música dividida em cinco partes - "Full Moon Rising", "October Winds", "Camouflaged in Blue", "Half Alive", "Undying Love" e "Full Moon Rising (Reprise)" -, a abertura fala sobre a renovação que o outono traz, entre todas as estações do ano. O vocal agradável de Morse dá ritmo e harmonia com toda a riqueza instrumental de uma música que fala sobre clima, sobre sensação. No meio do instrumental, um jam entre o teclado/piano com a bateria é nítido, dando também um tom jazzístico para a composição, com capricho de Portnoy, Roine Tolt e Peter Trevawas. A música é extensa, com meia hora de duração, mas não cansa em nenhum momento, por ser contagiante.

We All Need Some Light é a segunda música, traduzindo a relação de Neal Morse com o cristianismo. Com uma ambientação acústica e espiritual, a canção fala sobre a necessidade da iluminação em nossas vidas, passada de uma maneira simples e direta. Para quem não gosta de rock progressivo, essa música é de fácil digestão, além de ser uma excelente balada da banda. Segue-se a distorcida e pesada Mistery Train, que expressa os dilemas do acaso na vida. As músicas do Transatlantic permanecem nessas temáticas simples e diretas até o final do CD, sem perder a empolgação com a riqueza dos instrumentos.

Mas Morse aprofunda as letras em My New World, que transforma a temática de renovação de All From Above em um clímax. O Transatlantic passa nessa música a mensagem de que uma criança pode criar um universo inteiramente novo depois de perder a inocência, de ver a guerra. Ambientado no Vietnã, nos anos 60, a canção é uma crise que existe até hoje da "geração Woodstock" e o mundo globalizado que surgiu depois da Guerra Fria.

Por fim, In Held (Twas) in I é um cover épico da banda Procol Harum, de 1967. Falando sobre loucura e de um encontro espiritual com Dalai Lama, a música retoma a temática de renovação, mas com um instrumental muito mais dramático. Sem dúvida, é uma excelente maneira de encerrar o CD, em diversas melodias entre todos os instrumentos. Um material para ser lembrado.

Se você não conhece muito sobre rock progressivo, SMPTe é um ótimo disco para começar. Não se intimide com o tamanho das músicas e ouça, como se não tivesse compromisso algum. Neal Morse faz um excelente trabalho como vocalista, agradando qualquer pessoa que tiver a chance de ouví-lo, junto com músicos de primeira qualidade. É uma audição agradável, com certo peso e uma construção de muita qualidade.

Hermeto Pascoal na Virada Cultural 2010


Alagoano de Lagoa da Canoa, o multiinstrumentista Hermeto Pascoal se apresentou na Virada Cultural 2010, ontem, às 19h20, com alguns minutos de atraso. A platéia foi composta por fãs do músico, que aprecia os sons da natureza e bebe do jazz e da MPB em suas obras, e também por pessoas que simplesmente pararam para ouvir a arte diferente desse ícone brasileiro.

A banda de Hermeto possuía músicos criativos na improvisação em instrumentos variados, como contrabaixo, saxofone, piano, triângulo e vários tipos diferentes de percussão. No vocal, ele contou com a cantora Aline Morena, que abusou de sua voz aguda e estridente, muitas vezes sem letra alguma, apenas seguindo o encadeamento de notas dos solistas da banda, que alternavam entre o sax e o piano.

Hermeto ficou apenas no teclado e chegou a tocar um instrumento totalmente experimental, parecido com algo entre um bulê de chá e uma panela. Misturou harmonias e desarmonias. Fez referências também a músicos que ele conheceu e que formaram sua sonoridade, como o compositor de tango Astor Piazzolla e o jazzista Miles Davis. Controlando o público que o assistia, o multiinstrumentista fez com que os espectadores cantassem apenas quando ele permitia, ao mesmo tempo em que pulou e curtiu sua própria música, ao som de uma pesada bateria.

Apresentou o músico Daniel, que é malabarista. Equipado com malabares que emitiam som de chocalhos, ele fez uma pequena apresentação acompanhado pelo piano de Hermeto. Ovacionado pelo público, Hermeto fez um discurso de como a arte de rua pode ser, também, uma obra respeitada, pedindo aplausos para o jovem Daniel.

Próximo do fim do espetáculo, a banda tocou em garrafas de cervejas, assomprando seus bocais perto dos microfones. Fizeram também uma homenagem a Adoniran Barbosa, entoando com suas vozes o clássico Trem das Onze. O espetáculo cativou quem estava presente, tanto pela sua estranheza quanto pela riqueza de elementos que Hermeto transmite em sua arte.

Fotos do Estadão.com.br, no show da Virada Cultural 2010

Bola da Vez #9 - Blogs para fãs de smartphone


Você gosta de smartphones? Telefones que acessam a internet com inúmeros recursos e fazem parte do grupo de gadgets multimídia, com mais de uma utilidade, dependendo dos aplicativos, são sempre úteis, não é? Selecionamos alguns blogs para você acessar e conhecer mais sobre iPhone e a variedade de celulares Android no mercado, entre outras diversas marcas e aparelhos.

- Geek Gear (@geekgear): Criado pelo jornalista de tecnologia James Della Valle (com experiência na UOL, INFO e outros sites/revistas especializadas), o blog aborda tanto cultura geek, dos aficionados por tecnologia, quanto os gadgets que são lançados no mercado. Bem descontraído, é um site de leitura fácil.

- Blog do Android (@blogdoandroid): Apesar da variedade de celulares com o sistema operacional Android, desenvolvido pela Google como plataforma Open Source (código aberto), há poucos blogs especializados nesse tipo de gadget. O Blog do Android atinge um nicho que busca alternativas ao domínio da Apple e seu iPhone. Bem atualizado e estruturado.

- Blog do iPhone (@blogdoiphone): Embora seja especializado no smartphone da Apple, o blog traz diversas notícias da empresa de Steve Jobs. Atualizado constantemente, possui posts longos e bem desenvolvidos, além do design convidaditivo.

- App Store Blog (@appstoreblog): Feito pelo reconhecido blogueiro de tecnologia Nick Ellis e um time de especialistas (que incluem a Garota Sem Fio e Izzy Nobre), esse espaço é destinado apenas para falar de aplicativos. É um blog de nicho, destinado apenas a falar sobre os programas que funcionam no seu smartphone.

- Universo Touch (@livetouchbr): Desenvolvido pelo editor do Bola, Pedro Zambarda, e a empresa de aplicativos Livetouch, este blog se destina a falar sobre tecnologia touch, amplamente difundida pelo iPhone entre os smartphones e, agora, pelo iPad nos tablets. É um blog com um assunto diferente, como multitouch e o touchscreen na tecnologia, mas que pretende encontrar seu nicho também falando sobre celulares e toda a cultura mobile na tecnologia.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Beijo de língua

Em cima do tema da crônica, amor pela língua portuguesa, no post anterior, a leitora Cecília do Lago enviou um texto dela, que reproduzimos na íntegra aqui. Segue abaixo:

"As línguas são como os homens que as criam. Tratar com elas é como amar alguém. Não existe domínio, não existe verdade. O entendimento se basta em si. Conhecemo-nos sem nem mesmo perceber. Pois o que é eterno, dentro da nossa curta vida, é imperceptível. Não fomos apresentados, não soube seu nome e quando vi, já éramos íntimos.

No início, gaguejo ao tratar com ele. Essa timidez se desfaz à força do tempo. Contamino-me. Descubro depois seu nome na escola, e recebo um dossiê de seu comportamento, com uma descrição completa de toda a sua anatomia. Acho tudo estranho, questiono o valor disso numa convivência que já vem de vários anos. Até que nosso relacionamento avança um patamar. E aí percebo que nem tudo pode ser como no começo. É preciso mais responsabilidade, as coisas não podem mais ser feitas de qualquer jeito. Tenho medo, fico insegura. O idioma quer algo mais sério, exige de mim e mostra seu lado mais frio.

Tento lidar com essa nova situação. Não consigo, passo a odiá-lo. Chamo-o de ridículo. Outros me dizem que devo mudar de ares. Conheço outros, procuro em seus braços um lugar mais confortável, como foi prometido. Não encontro. Pois assim que os conheço, já mostram seu lado mais frio, e têm exigências como o primeiro, o que nunca esqueci. Habituar-se a eles é algo formal demais. Noto que, embora com outros, ainda penso e ajo como quando estou com o primeiro. Admito, só sei pensar nele e através dele.

Volto, mais madura e compreensiva. Com uma visão melhor. Perdôo. Ele começa a me tratar melhor ao ver o quanto estou mais madura. Aproxima-se mais e aceita meu jeito carinhoso e sem elogios demais. Agora é amor. Quanto mais tempo passo com ele, seja ouvindo-o ou tocando-o, mais sinto que posso ousar. Descubro que isso é permitido. Tudo é permitido. As regras não são dogmas, mas devem ser respeitadas. Entendo isso, e sei que nem sempre vou fazer tudo corretamente, mas prometo sempre melhorar.

Ele sabe ser direto quando está comigo, mas já o vi sendo todo pomposo por aí. Dizem que é o mais difícil entre todos, mas gosto assim mesmo. Ele gosta de música, mas é difícil fazê-lo perder a timidez para cantar comigo. Acho engraçado seu jeito afoito quando o assunto é futebol. Ele é habilidoso e sempre tem mais de uma maneira de contar a mesma história. Escuto sem me cansar. Vivo desafiando-o, mas sou simplória. Ele é infinito, eu breve. Não o engano. Confunde-me quando quer, ao ponto de me fazer rir sem parar. É melindroso, cheio de armadilhas. Não abre mão de picuinhas que tenho que lidar constantemente. Sem falar que de tempos em tempo desfaz regras que ele mesmo criou. Diz duas coisas ao mesmo tempo, eu gosto de expor isso. O que eu digo a ele, só funciona com ele. Com os outros não é a mesma coisa. Não há mais ciúmes entre nós.

Ele sabe que é único para mim. Ele me inspira. Ainda não descobri tudo, e essa é a base da nossa relação. Mas quando estou sozinha e me calo, só ele sabe a saudade que sinto."

Tudo pode dar certo

A ode de Woody Allen ao caos


A vida é uma droga. Se você olhar pra ela atentamente, e com um pouco de desprendimento de qualquer crença religiosa ,você vai perceber isso. A vida é um caminho penoso, lento, triste e cheio de sofrimentos que leva ao absoluto nada, morto em um caixão que futuramente será penetrado por vermes que comerão seu corpo. Ao menos é o que pensa Boris, protagonista de “Tudo pode dar certo”. Ou será que é isso que pensa o diretor e roteirista Woody Allen?

Boris é um físico que “quase foi indicado ao Nobel de Física”, graças a seu trabalho sobre a teoria das cordas. Dono de uma mente privilegiada aliada com um entendimento anormal do ser humano e da sociedade, Boris é a encarnação do mau humor. Se casou com uma mulher que logicamente seria perfeita para ele, e quando percebeu que sua lógica falhou, tentou se matar. O acaso não permitiu e Boris posou sobre um “maldito toldo”. Pois bem, e é justamente este mesmo acaso que permeará todas as relações que se estabelecem no filme.

Depois de um longo dia ensinando xadrez para crianças – algo que odeia – Boris chega em sua casa e encontra uma garota sulista à sua porta, a inocente Melody (Evan Rachel-Wood), que não tem onde ficar depois de fugir de sua casa no Misissipi. Ela, uma inocente garota com uma visão romântica do mundo, e ele, o homem que não confia em ninguém nem para dar uma descarga, começam a conversar e, acima de qualquer lógica, se apaixonam. E partir daí uma onda de acasos e caos cai sobre a vida de Boris.

Como em todos os grandes personagens de Woody Allen, o físico começa a perder o controle sobre sua vida regrada. Primeiro surge a mãe de Melody, uma louca religiosa que guarda dentro de si um grande talento para a fotografia. E, por lances do acaso, ela resolve se soltar, e se transformar em outra pessoa. Também por acaso, ela conhece um bonitão que considera melhor partido para Melody e, também por acaso, surge o pai, que abandonou a mãe pela melhor amiga, e depois a abandonou. E daí por diante, um fato atrás do outro, ao mesmo tempo confirmando e quebrando toda a lógica de Boris.

Woody Allen adota uma direção estranhamente contida em “Tudo pode dar certo”, mas que se mostra exata. Sem entrar em teorias bobas sobre narrativa e intertextualidade, Woody faz de Boris sua própria encarnação no filme, chegando até mesmo a conversar com a platéia. Por sinal, as cenas que Boris deixa de conversar com seu amigos para se dirigir aos “bobocas comendo pipocas na platéia” são hilárias. Dessa forma, tudo fica nas mãos do roteiro e da interpretação de Larry David, co-criador de Seinfeld. Difícil dizer o que é de fato interpretação em David, já que tudo nele lembra a amargura de Boris. Desde seus óculos até sua forma de se vestir. E acredite, a única caracterização física de David filme é sua perna manca. De resto, é ele mesmo.

Em todas as suas crises de mau humor, ofendendo de todas as maneiras possíveis as pessoas e a raça humana, Boris – ou Woody Allen, ou Larry David – não erra em nada. Tudo que ele diz é a mais pura verdade. No entanto, uma estranha conjuntura de fatores, que ocorrem neste escuro e violento universo, como ele mesmo diz, pode mudar todo. E isso, nem a física quântica pode prever. Você pode se descobrir gay em um bar vazio, se libertar graças a um jantar ou, até mesmo, encontrar o amor de sua vida pulando sobre ele em uma tentativa homicídio ou contornando a esquina da padaria.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sinuosidades verbais

Apesar de ser o terror das crianças no ensino fundamental brasileiro, eu sempre gostei de conjugação verbal. Sempre gostei do pretérito perfeito e do imperfeito, dando aquele tom definitivo e não definitivo para as ações. Também sempre achei curioso, embora não entenda direito, o pretérito mais-que-perfeito, que é antes do antes, que faz a gente andar pelo próprio tempo. Brinco que é uma espécie de esquizofrenia cronológica, andando sem sair do lugar. Gosto também dessa mesma variação aplicada nos tempos futuros. Gosto de gerúndio bem aplicado, nada estadunidense. E de particípios, com duas formas que representam o ato concreto, realizado. Gosto até dos autoritários imperativos.

Essas sinuosidades verbais do português me são atraentes porque são sonoras. Não é como a aglutinação de palavras no francês, que suprime alguns termos da oração. Você sente, na língua portuguesa, cada palavra no encadeamento do falar e do escrever. E de todas elas, os verbos são os mais demarcados, enfáticos. Acredito no português como uma língua de ação.

E não sou só eu que possuo esse gosto verborrágico. Grandes autores da poesia como Décio Pignatari e os irmãos Haroldo e Augusto de Campos criaram o movimento concretista e deram para os verbos aspectos visuais que foram até veiculados com famosas propagandas e anúncios publicitários, formas diretas de comunicação. Essa paixão pelo verbo, que liga sujeitos e suas predicações, é como uma carícia num encontro amoroso e até uma história de relacionamento inteiro, sendo memória afetiva de trocas, de relações que fazemos. E vejo o valor dessas palavras que sugerem ações especialmente quando estudo outras línguas, quando saio do universo lusófono e vejo essa mesma relação em outros pensamentos sobre a linguagem.

Esse apreço pelos termos em língua portuguesa que sugerem atos reflete a minha própria vontade de escrever. Posso não dimensionar a idéia do texto, os personagens, a trama, o objetivo da dissertação ou mesmo a natureza do comentário. Posso não ter a menor idéia de quais referências buscar para compor, mas sei que a relação de qualquer coisa com outra começa por uma determinada atitude, e uma palavra que significa esse ato.

A gente não escolhe língua materna, nacionalidade e, às vezes, nem temos tanta liberdade em nossos textos, mas podemos escolher os verbos empregados. A palavra tecer é muito mais curta e tem um som mais aveludado do que fazer. Empregar me parece mais explícito e abrupto do que influenciar. As palavras jogadas, sem que nada as uma, perdem qualquer sentido. Por isso, pra mim, há sempre uma conexão do português com a beleza de seus termos verbais.

terça-feira, 11 de maio de 2010

E o jornalismo esportivo afunda ainda mais

A imprensa esportiva brasileira desceu hoje ao seu momento mais baixo nos últimos anos, e olha que não falta concorrência. Diante da lista dos 23 convocados de Dunga para a Copa do Mundo, blogs e perfis no twitter de jornalistas que deveriam falar com propriedade se transformaram em discussões de boteco, tão produtivas quanto as mesmas. Dunga foi chamado de burro por alguns, anta por outros, e muitos “viraram a casaca” e passaram a torcer para Holanda e Dinamarca, apenas para citar alguns exemplos. Mas, o que causou tanta revolta?

A Seleção Brasileira e seu técnico vivem um momento único. Se em 2002, 1998, 1994 e 1990 era criticada pela falta de resultado, hoje é criticada justamente por se manter fiel ao grupo que proporcional ótimos resultados nos últimos 3 anos. Chega a ser um paradoxo. Conforme a lista de nomes vinha sendo divulgada, percebia-se que não haveria nenhuma surpresa. O único nome que tenha feito um “ohh” se pronunciado foi o de Grafite, no lugar de Adriano. Uma surpresa bem manjada, pode se dizer. Tudo que se via na imprensa esportiva brasileira era uma revolta crescente contra o time que se transformou em favorito para a Copa. E sim, era um absurdo dois moleques que nunca vestiram a camisa amarela estarem de fora.

Dunga, que nunca foi um grande orador, deu um show em sua entrevista, para o espanto dos mais de 500 repórteres presentes na coletiva. Falou bem, não gaguejou e deixou o único momento de nervosismo para seu assistente Jorginho. Respondeu todas as perguntas, sem fugir ou atacar, como costumava fazer. E quando foi indagado sobre Neymar e Ganso, disse a mais pura verdade. Nunca foram testados, jogam bem há apenas 4 meses e quando vestiram a camisa amarela nas seleções de base, foram mal. E ainda por cima, alfinetou os “jornalistas” Milton Neves, lembrando de como muitas opiniões no meio são compradas por empresários. Ponto para Dunga.

Não é necessário que todos concordem com Dunga, longe disso. O ponto é a coerência e o respeito. A coerência (qualidade que virou defeito para alguns) é da mídia com ela própria. Afinal, foi ela que exigiu a entrada de um técnico com pulso forte após o fracasso de 2006. E mais, também exigiu alguém que tirasse jogadores que viviam de nome, como o hoje esquecido Ronaldinho Gaúcho. Ela também exigiu jogadores que sentiam orgulho em vestir a camisa da seleção. Pois bem, ai está. Foi o que Dunga fez. E dentro desta própria coerência, Neymar e Ganso jamais poderiam ser convocados, afinal de contas, desde quando vencer as zagas pífias de Santo André, Corinthians, São Paulo e Atlético-MG credencia alguém para enfrentar muros como Cannavarro e Ferdinand? Muita calma.

De novo, não se deve concordar totalmente com Dunga ou não apresentar falhas em sua convocação, mas o respeito deve ser mantido, e a memória preservada. Colheremos na África do Sul o que plantamos na Alemanha em 2006. Se isto é bom ou ruim, saberemos apenas em Julho. Mas uma coisa: que não me venham comemorar depois aqueles que hoje morreram de amores por Dinamarca, Holanda ou Inglaterra.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Anonimato e crimes impedem a inclusão na internet?



Reunindo nomes do jornalismo como Caio Túlio Costa e Alberto Dines, com o senador Eduardo Azeredo, a discussão do vídeo acima, sobre anonimato e crimes na internet fez parte do programa Observatório na Imprensa na TV, do dia 22 de setembro de 2009, na TV Brasil. O tema foi apresentado junto com as primeiras discussões sobre a campanha eleitoral na internet de José Serra, Dilma Rousseff e todos os candidatos presidenciáveis de 2010, incluindo os de partidos menores.

Caio Túlio defendeu a posição que os crimes já são corretamente rastreados por empresas de telefonia através das informações do código IP, presente em todos os conectados na internet. Costa também defendeu o anonimato e a liberdade de expressão, mesmo com os filtros que os sites tem direito de criar. Azeredo foi contra esse posicionamento, acreditando que a falta de inclusão precisa ser refeita, não se centrando apenas em São Paulo, que é um estado brasileiro que reúne pessoas com melhor renda, e que o "IP é como se fosse um telefone, um indício".

Azeredo traduz a posição da política de tornar lei o rastreamento e o cadastro obrigatório de usuário, muito além do IP, impedindo o anonimato. Caio Túlio, apesar de representar corporações como o iG, ainda defende o uso da internet como um broadcasting coletivo e livre. Essas questões, junto com a política dos partidos brasileiros na internet, também tema do programa acima, devem ser constantemente discutidas. Pensa-se em punir pessoas na grande rede, mas ninguém fala em educá-las. Assistam e criem suas discussões.

domingo, 9 de maio de 2010

Profissão: Comunicação Digital

Blog, microblog, portais e sites são formatos em constante crescimento. Trabalho com comunicação digital desde dezembro de 2008. Resolvi, para que os visitantes do Bola tenham algumas dicas mais profissionais, elaborar uma postagem esclarecendo como é essa carreira. Atualmente a rede emprega muitos jornalistas na área de mídias sociais - os famosos analistas - e em desenvolvimento de contéudo. A internet também é o berço de muitos estagiários, pelo menos atualmente, apesar de seus vários profissionais qualificados.


Para aqueles que querem trabalhar com computador, uma má notícia: não é nada fácil. Requer uma boa dose de disciplina e sintonia com as novidades informacionais. Segue abaixo várias dicas para a carreira:

1 - Seja um jornalista de cabeça aberta. Não faça na internet o que grande parte das pessoas faz, ou porque investir seu tempo em determinado site é considerado bem aproveitado. Tente desenvolver conteúdo para vários lugares, como os diversos blogs colaborativos que existem, sem medo de errar. Trabalhe com mais gente.

2 - Fundamental você ter um portifólio que esteja em sintonia com a rede. Não basta um .doc com todos os seus dados para ser enviado por e-mail. Elabore um site (pode ser.com ou .com.br, você não gastará mais de 15 reais/ano no UOLHost) ou perfil no LinkedIn, sistema internacional de currículos. Separe, nesse site ou perfil em mídia social, algumas de suas melhores matérias para destaque.

3 - Comece a colaborar para mídias diferentes, muitas vezes de forma gratuita. Exercite seu texto, conheça o audiocast (conhecido também como podcast) e o videocast, utilizando também recursos audiovisuais para suas reportagens, colunas e noticiários. Transforme esses exercícios em motivos para sua contratação.

4 - Lute por audiência. Isso não significa menosprezar os sites presentes na internet, mas sim tentar se destacar divulgando seu material no seu espaço ou no deles. Atualmente, um dos melhores lugares para divulgar seus textos é criando um perfil no Twitter e postando seus dados e informações em pequenos tweets. Mas cuidado: não basta se promover nessas redes, como uma publicidade barata. Alimente com conteúdo e também converse com seus seguidores ou com as pessoas que você segue. Se adapte constantemente ao que dizem. Na internet, você não é só autor, mas também a própria mídia.

5 - Você foi contratado? Tem estágio com internet? Faça valer seu salário e pesquise seus próprios dados de audiência. Mostre dinamismo no trabalho e disciplina para estar sempre escrevendo, sempre se movendo na rede. Muitas empresas tratam a internet como algo secundário, ainda. Você, como profissional, não pode permitir isso.

6 - O Google, apesar de ser o grande dominador da internet, pode ser seu amigo. Otimize a presença do seu site ou do site de seu emprego no sistema de busca. Pesquise sites concorrentes para descobrir os assuntos que rendem maior visitação, consultando sempre o Analytics. Mas não se prenda aos dados de audiência. Procure também qualidade nos seu material, mesmo que renda menos visitação. Preocupe-se com sua reputação no mundo online, sempre pensando em como se mostrar para o seu leitor.

7 - Caso o seu trabalho de comunicador digital esteja envolvido com assessoria de imprensa, não faça apenas uma aproximação tradicional de seus clientes e fontes na imprensa. Mostre que, como comunicador digital, você tem mais ferramenta a mão do que um simples release. Abuse de material fotográfico e vídeos, fugindo do convencional.

8 - Caso seu trabalho de comunicador digital esteja ligado com reportagem, não se resuma ao texto. Uma reportagem multimídia bem feita agrada ao leitor. Abuse de podcast e vídeo na mesma matéria. O Youtube permite o uso de links justamente para isso. Também pesquise um servidor para seus áudios, como o 4shared e o podcast1.

9 - Não tenha medo de conhecer as práticas de relações públicas e publicidade, muito empregadas na internet. Mas tente se diferenciar: o profissional de imprensa está focado no conteúdo. Você alimenta a rede com todo o seu esforço de trabalho sobre informações e dados. O comunicador digital deve se destacar desta maneira, como qualquer outra profissão no jornalismo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Vai para Buenos Aires? "Plaza del Carmen" nem pensar!

As pessoas que moraram fora têm o costume de dar sugestões sobre lugares bons em seus blogs e colunas. Eu, que tive minha experiência em solo argentino, venho dessa vez dar uma dica não muito positiva. Meu texto de hoje é para aconselhar os leitores do Bola que têm intenção de viajar a Buenos Aires a não irem ao restaurante "Plaza del Carmen", que fica na frente do Congresso da Nação Argentina, na esquina das avenidas Rivadavia e Callao.

O local parece se destacar em meio aos outros restaurantes da praça do Congresso. Com janelas enormes e porta de vidro, os que passam pela calçada pensam que o lugar é aconchegante e elegante ao mesmo tempo. Os garçons, todos vestidos impecáveis, causam uma boa impressão.

Estive lá a última vez neste mês de janeiro. Fazia muito calor e eu e um grupo de estrangeiros que comigo estavam, resolvemos parar para almoçar no "Plaza del Carmen". Lá dentro, uma surpresa. Saimos do Saara e fomos para a Finlândia... a intensidade do ar condicionado estava forte demais! Enquanto escolhíamos o que iriamos comer, pedi, gentilmente, ao garçom para aumentar a temperatura do ar, já que estávamos todos com roupas muito frescas.

O garçom, no entanto, me disse: "Não é possível mudar a temperatura do ar". Estranho, não é? Eu e meus amigos ficamos intrigados, mas deixamos para lá. Chamamos o senhor de novo para que pudéssemos fazer os pedidos. Um de meus amigos havia escolhido comer arroz com salmão grelhado, mas no cardápio, o prato era composto, também, por alguns legumes - que este amigo não estava nem um pouco disposto a comer. O garçom nos disse que seria impossível tirar os legumes do prato e que na Argentina, não se mudava o que já estava pronto somente por "questão de gosto", afinal, "havia outras opções no cardápio" e meu amigo teria, portanto, que escolher uma que lhe agradasse 100%. Aquilo não me desceu nada bem, afinal, já conhecia bastante a terra hermana e posso assegurar que na Argentina as coisas não funcionam com essa arrogância enorme.

Relevamos o máximo que pudemos. E como relevamos! O estopim foi quando as meninas - todas de vestido - começaram a sentir tanto frio que ficaram com os pêlos de seus braços arrepiados. Chamei o garçom novamente e esse me disse - em alto e grosseiro tom de voz - que não iria aumentar a temperatura do ar, porque se não, eles - os garçons - iriam sentir calor. Não iriamos demorar mais do que 20 minutos até irmos embora. Seria o fim do mundo nos conceder este pedido? Afinal, os clientes éramos nós. É assim que se trata um cliente? (Em relação à grosseria, nem vale a pena entrar no mérito, já que depois, choveram grosserias contra nós).

Naquele momento, a única coisa que queríamos era pagar para pudéssemos ir embora daquele lugar. E não é que até nessa hora houve estresse? O dono do restaurante, que estava no caixa, queria que pagássemos tudo em um só cartão, ou em dinheiro vivo. Segundo ele, "na Argentina é assim". Aí fiquei realmente nervosa, e disse que não eram todos os argentinos que tratavam seus clientes com tamanha arrogância e falta de respeito. O cidadão me respondeu: "vocês, brasileiros, acham que sabem de tudo, não é? E fique na boa, aqui não se sobe o tom de voz". Aquilo foi o suficiente para eu sair andando sem nem me dar ao trabalho de responder.

Mal sabia ele que brasileiros naquele grupo eram minoria e que se há algum problema em relação a nós, do Brasil, ele esqueceu de avisar todo o resto da nação argentina, que sempre me tratou com muito respeito e carinho. O desinformado e prepotente dono do "Plaza del Carmen" não tem a mínima noção de que somos nós, os brasileiros, que alimentamos seu turismo e fazemos girar parte de sua economia gastando nossos reais em sua terra.

terça-feira, 4 de maio de 2010

PadRacer no iPad: Interatividade entre aparelhos


Dois iPhones, acelerômetro e uma pista de corrida num iPad. Temos um jogo com interatividade diferente. O tablet da Apple não é apenas um smartphone maior, especialmente quando se desenvolve jogos. Essa é a proposta do PadRacer.

Segundo o hotsite do game, o aplicativo é gratuito e trata-se do primeiro que sugere interação entre iPad e iPhone. Depois de mentes criativas criarem um computador desktop com novíssimo aparelho da Apple, nota-se que a principal propriedade da tecnologia é a interatividade dentro da plataforma criada por Steve Jobs.

Assista o vídeo acima. São apenas 20 segundos de pura inovação.

Mike Portnoy em turnê com Avenged Sevenfold


Às 21h30 de hoje, dia 4 de maio, Mike Portnoy, o baterista da banda de metal progressivo Dream Theater, escreveu em seu microblog Twitter que é oficial sua turnê com a banda Avenged Sevenfold. Os Sevenfold sofreram ano passado, em dezembro, com a perda do baterista oficial James Sullivan por causas ainda desconhecidas.

Cerca de uma hora antes de anunciar no Twitter, Portnoy postou a mesma notícia no fórum de seu site oficial, que atraiu comentários positivos de fãs.

Agora resta pensar: o som do Avenged Sevenfold (AX7F) será a mesma coisa com a entrada do baterista habilidoso do Dream Theater? É esperar pra ver.

Nota adicional: Portnoy gravou parte das baterias do novo CD do AX7F. Uma mudança na banda? Cedo para dizer.

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