sábado, 28 de fevereiro de 2009

O que é Watchmen?


O ano é 1986. Uma época complicada nos EUA. O republicano Ronald Reagan é presidente, adotando uma postura de confronto em relação a já fraca, porém ainda ameaçadora, URSS. Na Inglaterra, Margareth Tatcher comanda com uma política neoliberal extremamente agressiva, enquanto adota medidas conservadoras no plano social. É uma época de extremos, onde ou se é a favor ou se é contra a guinada direitista que as principais potências do mundo vinham tomando. Era uma época de medo. E, é claro, isso teve profundo reflexo no processo de criação cultural, mais especificamente na chamada “pop-art” (por mais simplista e equivocado que este termo possa parecer). E a principal conseqüência disso tudo que se deu foi justamente na forma de arte que até então era desprezada no quesito seriedade: os quadrinhos.

Os anos 1980 foram muito bons para os quadrinhos. Logo no início da década ,nomes talentosos começavam a surgir, ocupando o lugar de remanescentes da chamada Era de Ouro, como Jack Kirby e Stan Lee. Entre estes nomes estavam Alan Moore, Frank Miller e, um pouco mais pro final da década, Neil Gaiman. Estes três nomes acabaram por se tornar uma tríade sagrada dos amantes da nona arte, graças a seus feitos nessa década. No entanto, são três autores que não poderiam ter estilos mais dispares. Frank Miller surgiu como o "garoto de ouro" das grandes editoras. Trabalhava sempre no mainstream e, com um estilo cru e uma narrativa direta, acabou sendo responsável pela reinvenção de vários personagens, tanto da DC Comics quanto da Marvel. A queda de Murdock e O Cavaleiro das Trevas são os exemplos mais diretos, levando tanto o Demolidor quanto o Batman até níveis de complexidade jamais vistos. Em contrapartida a Miller, Alan Moore surgia como um estranho no ninho, sendo um autor claramente experimentalista escrevendo para grandes editoras. No entanto, sua reinvenção do Monstro do Pântano lhe garantiu carta branca para realizar praticamente qualquer trabalho que quisesse. O primeiro grande impacto veio com V de Vingança, em 1984. Mas foi em 86 que o mundo dos quadrinhos literalmente se abalou com uma obra de Moore. Nascia Watchmen.

O projeto nasceu audacioso. Ao lado do desenhista Dave Gibbons, Alan Moore pretendia fazer uma série ambientada em um 1985 alternativo. Nesse mundo, os heróis mascarados de fato existem e, por sua causa, o mundo é bem diferente. Ao contrário do que se poderia imaginar, ele não é um lugar melhor. Na verdade a insegurança toma conta de todos, com a possibilidade real de uma guerra nuclear estourar a qualquer momento. Um clima de Guerra Civil paira sobre os EUA, graças a greves da polícia e mascarados que não são tão heróicos quanto deveriam. Além disso, a América tem seu próprio e real Superman. O Dr. Manhatan, um ser onipotente que se tornou uma perigosa alteração na balança da Guerra Fria. Todo esse enredo foi feito com um atenuante perigoso para qualquer obra lançada em grande circuito: todos os personagens eram desconhecidos do grande público. No entanto, suas inspirações eram óbvias, o que tornava tudo mais controvertido e arriscado. Afinal, como o público iria reagir quando visse espelhos de seus queridos personagens agindo de forma amoral, se tornando seres humanos comuns, com dúvidas e desvios de caráter que normalmente só esperaríamos em vilões ou, pior, em nós mesmos?

O resultado de tudo isso pode ser traduzido no sucesso de público, que faz com que Watchmen seja relançado praticamente todo ano nos EUA, sempre com alta vendagem e sucesso de crítica. A obra recebeu em 1987, quando foi encerrada, o Prêmio Hugo, principal honraria a obras de ficção. Foi a primeira HQ da história a conseguir tal feito. Com o tempo, o reconhecimento a Watchmen só aumentou e, nos dias de hoje, ela é considerada simplesmente a melhor HQ de todos os tempos.

Tentar traduzir o simbolismo presente no enredo de Watchmen é simplesmente uma perda de tempo. Primeiro porque seria necessário um trabalho que tomaria meses, e até mesmo anos, para tal. Cada quadro criado por Dave Gibbons, cada diálogo escrito por Alan Moore tem seu significado próprio, e não estão lá por acaso. Não existem preenchimentos em Watchmen: tudo tem um motivo, tudo tem sua própria lógica. E essa própria lógica trabalha em função de um personagem, de um ponto de vista. Como na teoria do caos, combatida pelo mesmo personagem, vemos um acontecimento aparentemente isolado se transformar em uma investigação aparentemente sem maior propósito, que se transforma numa grande conspiração que pode levar ao apocalipse. Nada mais caótico, porém, nada mais lógico.

Watchmen também tem seus méritos técnicos, que vez ou outra são esquecidos em virtude de seu texto. No entanto, foram justamente esses méritos que o fizeram único dentro do próprio universo da HQ. Dizer, como muitos já disseram, que sua narrativa se estrutura de forma cinematográfica é uma grande besteira. Alan Moore trabalha sua história com seguidos cortes, que podem fazer como que um leitor menos atento se perca dentro da própria cronologia. Flashbacks vêm e vão a todo o momento, assim como uma alternância constante de personagens centrais. Mas o que realmente salta aos olhos em Watchmen e revoluciona a linguagem das HQs de uma forma definitiva é sua intertextualidade. Ao longo dela vemos a narrativa natural ser interrompida por cartas e trechos de um livro fictício apresentados em forma de texto convencional (sem imagens e quadros), além, é claro, do chocante “Contos do Navio Negreiro”. Uma HQ dentro da própria HQ, sendo lida por um garoto encostado na banca, que tem seus impressionantes quadros revelados aos poucos, à medida que a história principal prossegue. Tudo isso aliado a referências do mundo pop, como filmes e músicas (David Bowie é constantemente citado).

Dave Gibbons, que tinha uma longa e bem sucedida carreira, também atingiu seu auge com Watchmen. Com um traço americano clássico (embora seja um inglês), muito bem datado dos anos 80, no entanto sem um exagero que lhe permitiu ter vida longa nos HQs, toda a ambientação da obra salta aos olhos. Os cenários urbanos são sujos e caóticos, mas sem que isso atrapalhe qualquer visualização por parte do leitor. O figurino dos heróis é uma mistura muito bem sucedida entre a extravagância que estamos acostumados e um senso de realidade que os torna, até certo, ponto viáveis em um hoje longínquo 1985. Mas o que Gibbons criou, e com maestria, foi uma alternância constante de climatização. Nos momentos em que estamos vendo a cruzada solitária de Rorschach, temos uma história noir que faria Will Eisner ter orgulho. Quando estamos a sós com o Dr.Manhatan, toda a melancolia e desilusão das ficções cientificas da década de 50 brotam das páginas, ao tempo que o Comediante nos traz cenas de guerra e massacres comparáveis a qualquer grande filme sobre o Vietnam. Dizer que tais ambientações podem ter influenciados obras cinematográficas posteriores pode até soar um pouco pretensioso, mas não estaria errado. Por fim, a utilização de “câmeras” inéditas fez com que Gibbons fosse constantemente copiado nos últimos 20 anos. Foi a primeira vez que uma grande HQ trouxe uma alternância constante de ângulos e até mesmo visão em primeira pessoa, algo até então era impensável nos quadrinhos.

É fácil entender Alan Moore quando ele se opõe firmemente à realização de um filme de Watchmen. E, por muito tempo, o destino lhe deu razão. De 1990, quando a Fox comprou os direitos da adaptação, até 2005, inúmeras tentativas foram feitas. Nenhuma deu certo. Todos que tentaram falharam, dizendo que a adaptação era impraticável. Era impossível filmar Watchmen sem retalhar todo o trabalho que foi feito. De fato, é complicado pensar em uma adaptação quando se olha a obra de um ponto de vista mais atento, lembrando que muitas das coisas que foram feitas haviam sido criadas para funcionar unicamente nos quadrinhos. E analisando desta forma, comparando grosseiramente, Watchmen se torna uma adaptação mais complicada que Dom Casmurro ou Dom Quixote, só para citar duas transposições que falharam constantemente em seu resultado final. No entanto em 2005 a Warner comprou os direitos autorais e entregou o projeto nas mãos do então novato Zack Snyder, que, na época, mal sonhava com 300. Agora, faltando apenas uma semana para seu lançamento mundial, os fãs e admiradores prendem a respiração. Se Snyder conseguir o que então era considerado impossível, será alçado à categoria de gênio, que conseguiu transformar as adaptações de HQs, levando-as a um novo nível. Porém, se fracassar, Watchmen estará enterrado de uma vez por todas no mundo do cinema, e preso ao seu formato original para sempre. E, pensando bem, tanto Alan Moore quanto muitos de seus fãs ficariam muito aliviados se isso acontecesse.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Será este o novo destino da indústria fonográfica?

É inevitável falar de indústria fonográfica sem citar Madonna. Ela é detentora de um dos álbuns mais vendidos em 2008, ao lado de artistas como Coldplay e Duffy que, mesmo em tempos difíceis quando falamos em vendagens de CD’s, ainda conseguem se sobressair (vendendo algo em torno de 6 milhões de cópias). É um número muito baixo para 12 ou 13 anos atrás, mas que hoje é significado de um bom negócio.

Madonna é contratada da Warner desde o início de sua carreira, quando lançou o single Everybody, em 1983, e, de lá pra cá, são 25 anos de contrato de sucesso.

O comentário que corre entre fãs da cantora é que, desde o álbum Confessions On a Dancefloor, de 2005, a Warner tem deixado a desejar. Com o lançamento de seu mais recente álbum, Hard Candy, o que vimos foi uma divulgação zero por parte da Warner Music para a maior estrela da casa, que é um nome forte, sinônimo de vendas. Cogita-se até mesmo boicote da grande gravadora a sua contratada.

Eis que no final de 2007 é anunciado: Madonna assina contrato com a empresa Live Nation, gigante do mundo do entretenimento, porém sem experiência nenhuma com o lançamento de álbuns. A empresa, que já administrava suas duas últimas turnês, agora também terá controle total sobre sua música, desde a divulgação e lançamento de singles, CD’s e DVD’s até a administração de seus fã-clubes, site pessoal e exploração da marca Madonna.

Estima-se um contrato em torno de US$ 120 milhões, com vigência de 10 anos a partir de 2009, prevendo o lançamento de três álbuns inéditos e três turnês mundiais. Além disso, Madonna também torna-se acionista da empresa.

Ambos os lados prometem inovação nunca vista anteriormente no modo como sua música chegará aos fãs, de forma ilimitada.

E o negócio mostra-se arriscado, uma vez que a Live Nation decidiu por distribuir o material fonográfico por outro selo que não o seu. Exemplo: a gravação oficial em DVD da turnê Stick & Sweet é de propriedade da Live Nation, porém até segunda ordem, a idéia é lançá-lo pela Universal Music.

Como se não bastasse tamanho passo, a empresa também contratou outros artistas de peso para seu casting, além de Madonna: U2, Shakira, Jay-Z e Nickelback, afirmando que pretende ter os artistas mais famosos do mundo, com apelo nos 5 continentes e foco em grandes turnês mundiais, que como sabemos, é o que realmente rende financeiramente de uns tempos para cá.

Muitas são as dúvidas a respeito dos próximos lançamentos dos cinco artistas em questão. Mas uma que não quer calar: será este o novo modelo para salvar a indústria fonográfica de um colapso? Artistas como o Radiohead tentam nos mostrar alternativas há um certo tempo. Façam suas apostas na que parecer mais promissora.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Jornalistas do Rock: Legs McNeil

"Holmstron queria que a revista fosse uma combinação de tudo em que a gente se ligava - reprises de televisão, beber cerveja, trepar, cheeseburguers, quadrinhos, filmes B e aquele rock´n´roll esquisito que ninguém além de nós parecia gostar: Velvets, Stooges, New York Dolls e agora os Dictators.

(...)

Então eu achei que a revista deveria ser feita pra outros fodidos como nós. Garotos que cresceram acreditando só nos Três Patetas¹. Garotos que faziam festas quando os pais não estavam e destruíam a casa. Sabe como é, garotos que roubavam carros para se divertir.

Então eu disse: 'Por que a gente não chama de Punk?'

A palavra "punk" pareceu ser o fio que conectava tudo o que a gente gostava - bebedeira, antipatia, esperteza sem pretensão, absurdo, diversão, ironia e coisas com um apelo mais sombrio".

McNeil na frente da fachada do CBGB, em Nova Iorque

O jornalista Legs McNeil (que no começo não escrevia muita coisa, mas conseguia material para a revista a partir de depoimentos orais, geralmente para um colega transcrever) disse essas frases em 1975, quando os Ramones buscavam sucesso em clubes do underground novaiorquino, como o CBGB. Esse nome com definição degradante para uma revista, Punk (que significa, na tradução literal, "lixo" para pessoas), foi o fio condutor de uma revolução no rock´n´roll e na indústria fonográfica que explodiu, principalmente, depois da passagem dos Sex Pistols pela América, em 1977, 78 e 79.

McNeil esteve no centro desse movimento, entrevistando pessoas como Lou Reed do Velvet Underground, que foi capa da primeira edição, o frontman dos Stooges, Iggy Pop, e inúmeros músicos que fugiam dos padrões impostos por bandas de rock progressivo e pelas evoluções técnicas dos instrumentos. Muitos desses heróis subiam ao palco apenas com seu protesto e a presença de palco, sendo registrados pelos artigos de Legs McNeil. A maioria de seus textos iam para um viés mais cômico, sem muito comprometimento além do gosto pela contra-cultura local.

Quando a trupe do empresário Malcolm McLaren - Johnny Rotten, Sid Vicious e companhia, os Sex Pistols - chegou a Nova Iorque, todo um movimento descontrolado pregando a anarquia, a violência e a revolta pura e simples impregnou nas apresentações. Nenhum desses eventos foi gratuíto, principalmente depois de uma experiência bem-sucedida na Inglaterra, país de origem dos Pistols (que gerou um verdadeiro movimento operário por todo o país).

"Após quatro anos fazendo a revista Punk, e praticamente me divertindo com isso, de repente tudo era "punk". Então eu sai da revista" confessou, mostrando como o descontrole do fenômeno o fez se afastar e se desinteressar pelo meio. Somente a overdose de Vicious, em 1979, daria um fim a essa febre de "faça você mesmo", que tornou músicos sem nenhuma habilidade ou técnica verdadeiros mitos em um palco.

McNeil trabalhou, posteriormente, na revista Spin, concorrente no jornalismo musical da bem-sucedida Rolling Stone, durante os anos 1980. Nessa revista de renome, Legs McNeil foi editor-chefe. Além disso, também foi fundador e editor da revista Nerve, criada em 1992.

Mas o reconhecimento como "escritor de seu tempo" veio muito depois de seu envolvimento como jornalista em todos os grandes acontecimentos do rock pós-Beatles. McNeil é reconhecido pela coletânea de depoimentos orais, que editou com o jornalista Gillian McCain, chamada Mate-me Por Favor: a história oral sem censura do Punk. A obra se transformou em um clássico para quem pretende se aprofundar em conhecimentos musicais e históricos do punk rock.

Legs McNeil também, como todos aqueles que se envolveram com o chamado "movimento punk", teve conhecimento da produção erótica e pornô que predominava nos subúrbios novaiorquinos de 1970 e 80. Outro livro, chamado The Other Hollywood: The Uncensored Oral History of the Porn Film Industry (ainda sem tradução), conta os bastidores desses filmes que tem um mercado expressivo, mesmo que seja velado. Jennifer Osbourne e Peter Paiva foram os co-autores que ajudaram McNeil nessa obra, em específico.

Para as pessoas que esperam encontrar histórias underground de jornalistas e sobre jornalistas, Legs McNeil é um bom autor para ser aprofundado. Não há muitas traduções dele no Brasil, mas ele é, sem dúvida alguma, um ícone norte-americano único.

1 - Referência ao The Stooges, banda de Iggy Pop, Ron Asheton e músicos que foram "avós" (predecessores dos Ramones, os "pais") do punk rock e de atitudes revoltadas em palco.

O musical está de volta!

Foi com essa frase que Hugh Jackman, o host do evento, deu início a sua apresentação musical na cerimônia do Oscar deste ano, domingo, dia 22, cantando Singing In The Rain, de Dançando na Chuva.

A performance, coreografada por Baz Lurhmann (autor de Wear Sunscreen e diretor de Austrália e Moulin Rouge), teve Jackman e Beyoncé como casal principal e Zac Efron e Vanessa Hudgens (da franquia milionária da Disney, High School Musical) e Amanda Seyfried e Domenic Cooper (de Mamma Mia!) como paralelos.

Dando um verdadeiro show, com vocais excelentes e muita dança (com direito a um telão passando as cenas originais), o mix de músicas da Broadway/Hollywood incluiu sucessos eternos como You're the One That I Want, de Grease; Maria, de West Side Story; All that Jazz, de Chicago; Lady Marmalade, de Moulin Rouge; One Night Only, de Dreamgirls; You Can't Stop the Beat, de Hairspray; High School Musical, de High School Musical 3: Senior Year; Mamma Mia!, de Mamma Mia! e, fechando com chave de ouro, Somewhere Over the Rainbow, de O Mágico de Oz.




O musical está de volta!

Spirit: as novas aventuras

Lançamentos de Spirit aqui no Brasil são muito raros. É impossível encontrar histórias em português do heroi: os importados custam os olhos da cara e a minissérie da Panini, que mostra aventuras escritas por artistas variados, está sendo lançada a conta-gotas. Por isso, assim que vi o encadernado Spirit: as novas aventuras, comprei na hora. E não me arrependi.

São oito histórias em 148 páginas, escritas por diversos artistas. As três primeiras foram feitas no molde tradicional: apenas sete páginas. As outras cinco são trabalho da dupla Paul Smith e Sérgio Aragonés, e possuem 22 páginas cada.

O emblemático personagem criado pelo gênio dos quadrinhos Will Eisner veio ao mundo em 1940, em um especial inserido dentro do jornal. Sua pequena máscara só foi adicionada graças à febre causada pelos herois mascarados que estavam surgindo (Superman, em 1938, e Batman, em 1939).

Com a estreia do filme dirigido por outro mestre dos quadrinhos (o roteirista/desenhista/diretor de cinema e ator de pequenos papéis Frank Miller) cada vez mais próxima, o encadernado chega em boa hora. Até o dia 20 de março, quando Spirit invadirá as telonas brasileiras, o leitor novato pode aproveitar para correr atrás do prejuízo. Quanto aos veteranos conhecedores do personagem, não é preciso dizer muito: corra até a banca e aproveite!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

E o Oscar foi para...

Em tempos de crise, uma festa com luzes, camêras, ação, luxo e celebridades certamente sucumbiria aos primeiros cortes, certo? No caso do Oscar deste ano, a resposta é negativa. Claro que gastos foram contidos, mas não que afetasse o glamour e as supresas da noite. A audiência aumentou em 6% e as festas pós-premiações mantiveram os seus red carpets em alto estilo.

Indicado por muitos como um dos favoritos a estatueta de melhor filme, Quem quer ser um milionário? levou a estatueta e ainda surpreendeu todos os presentes. Muito comparado ao nosso conhecido Cidade de Deus, o mix bolly-hollywood de Boyle fez muita gente voltar para casa com as mãos abanando, afinal levou oito das suas dez indicações.

Heath Ledger, morto em 2008, recebeu uma emocionante homenagem da academia, além do merecido prêmio por seu elogiado Coringa em Batman - O Caveleiro das Trevas. A Duquesa consagrou o seu figurino de época e acrescentou mais um tópico a lista que o compara ao filme Maria Antonieta de Sofia Coppola. Surpresas e uma pitada de "eu sabia!" tranformaram um Oscar amedrontado pela crise em uma festa contida, mas ainda muito glamorosa.

Veja a lista de quem levou o Oscar para a casa:

Melhor Filme: Quem quer ser um milionário?

Melhor Diretor: Danny Boyle, de Quem quer ser um milionário?

Melhor Ator: Sean Penn, de Milk

Melhor Atriz: Kate Winslet, de O Leitor

Melhor Ator Coajuvante: Heath Ledger, de Batman - O Cavaleiro das Trevas

Melhor Atriz Coajuvante: Penélope Cruz, de Vicky Cristina Barcelona

Melhor Roteiro Adaptado: Quem quer ser um milionário?

Melhor Roteiro Original: Milk

Melhor Filme Estrangeiro: Departures, do Japão

Melhor Documentário: Man on Wire

Melhor Curta-metragem: Spielzeugland (Toyland)

Melhor Animação: Wall-E

Melhor Documentário Curta-metragem: Smile Pinki

Melhor Animação Curta-metragem: La Maison en Petits Cubes

Melhor Canção Original: "Jai Ho", de Quem quer ser um milionário?

Melhor Trilha Sonora: Quem quer ser um milionário?

Melhor Edição: Quem quer ser um milionário?

Melhor Mixagem de Som: Quem quer ser um milionário?

Melhor Edição de Som: Batman - O Cavaleiro das Trevas

Melhor Efeito Especial: O Curioso Caso de Benjamin Burton

Melhor Fotografia: Quem quer ser um milionário?

Melhor Maquiagem: O Curioso Caso de Benjamin Button

Melhor Figurino: A Duquesa

Melhor Direção de Arte: O Curioso Caso de Benjamin Button

Herói ou Vilão, tChe?

Nunca gostei de ter nascido nos tempos de hoje. Sempre pensei que deveria ter participado de passeatas, ter presenciado o surgimento fenomenal do rock, ter visto os últimos momentos dos pontas no futebol, etc. Sempre tive inveja dos que puderam fazer parte desses momentos da história, dos que viveram o que eu vejo hoje em livros e lousas.

Mas há uma vantagem em tudo isso. Quando somente se estuda fatos importantes, você acaba se apegando somente àquilo que lhe convém, acaba vendo somente o que ficou de marcante em todo o processo. Um exemplo é a figura de Ernesto "Che" Guevara.

Símbolo de liberdade, o rosto de Che paira sobre camisas de milhares de jovens. Não dá pra se afirmar que todos saibam de seus feitos, que todos tenham conhecimento de sua história, mas todos sabem o que sua imagem representa.

No dia 3 de Outubro de 2007, a revista Veja publicou uma matéria tratando Che Guevara de forma pouco comum. Referiu-se a ele como um "homem de carne e osso, com suas fraquezas, sua maníaca necessidade de matar pessoas, sua crença inabalável na violência política e a busca incessante da morte gloriosa", "um ser desprezível" e "um porco, porque não gostava de banho e tinha cheiro de rim fervido". Comentários fortes e diretos, que causaram polêmica, atingindo em cheio àquelas pessoas que sempre o imaginaram como um grande mito.

Como parte da polêmica, surgiram as críticas. Uma das principais, foi a carta de Jon Lee Anderson, o biógrafo de Che Guevara que cedeu informações à revista Veja, e que diz ter ficado supreso com a forma que trataram as informações por ele fornecidas a respeito de Che.

Na carta ele diz: "Foi justamente este tipo de reportagem hiper-editorializada, ou uma hagiografia ou – como é o seu caso – uma demonização, que me fizeram escrever a biografia de Che. Tentei pôr pele e osso na figura super-mitificada de Che para compreender que tipo de pessoa ele foi. O que foi escrito: um texto opinativo camuflado de jornalismo imparcial, coisa que evidentemente não é."

A polêmica se estendeu por dias até sair de circulação, mas ficou nos adolescentes e nos apaixonados pela figura de Ernesto a dúvida: "Acreditar no herói ou no vilão?"

Do conteúdo concreto apresentado pela polêmica revista, Jon Lee Anderson já se encarregou de esclarecer o "mal-intencionado entendido". Já, quanto às afirmações restantes, a resposta que ofereço é a seguinte: se Che tomava banho ou não durante suas guerrilhas, se é que isso era possível, pouco me importa. É incontestável a importância de se ter um símbolo de luta no mundo alienador no qual vivemos.

O rosto que vemos nas camisas dos adolescentes não tem cheiro, entretanto tem a capacidade de gerar no jovem lances de questionamento, por menores que estes possam ser. E se ter mau cheiro é sinônimo de perder credibilidade eu digo que prefiro ver políticos, advogados, juízes e diretores de revistas com mau cheiro e caráter, do que os mesmos arrumadinhos e desonestos.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Quem dera fosse uma guerra...

No dia 3 de Março nós, alunos do 1º ano de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, realizaremos no 6º andar da Av. Paulista, número 900, um jogo de futsal envolvendo os alunos do 1º Jo Turma A e do 1º Jo Turma B. A idéia do duelo entre os "Blankas" e os "E.Hondas" (personagens do famoso jogo Street Fighter) começou logo na primeira semana de aula, quando se descobriu que existe, de fato, uma quadra no 6º andar da faculdade e que os "bixos Blanka e E.Honda" foram colocados em salas diferentes (com o bixo-E.Honda a ocupar o JoA e o bixo-Blanka, o JoB). Dessa forma, os bixos inspiraram os nomes das equipes, com seus personagens a darem mais "magia" ao dérbi casperiano.
No entanto, neste post, mais do que divulgar o evento, gostaria de fazer algumas considerações que acho extremamente pertinentes.

Sempre vi no esporte uma saída para possíveis problemas, sempre vi no esporte o símbolo de competição sadia e até por isso concordei prontamente com a idéia do jogo. Afinal, nada melhor para se resolver uma rivalidade do que um jogo de futebol cujo final, muito provavelmente, se dará numa mesa de algum bar da Grandiosa Avenida, não é?

Não. Infelizmente o que eu tenho percebido de uns anos pra cá é justamente o contrário. Eu explico.

Meu primeiro exemplo se trata do amistoso de futebol envolvendo as seleções do Brasil e da Itália, que quase não ocorreu por culpa da intriga que surgiu entre os dois países graças ao refúgio político dado pelo governo brasileiro a Cesare Battisti, condenado na Itália por supostos homicídios durante um período conturbado da história do país. Por que levar ao campo um problema tão distante, sobretudo quando em campo se encontrariam diversos jogadores brasileiros cujos times são justamente da Itália? Pra que elevar o problema a esse nível? Como ficariam os jogadores quando fossem atuar por seus clubes? Como seria a reação da torcida ao ver os brasileiros? E além dos jogadores, como se tornaria a vida de todos os outros brasileiros, e não são poucos, que vivem na Itália? Ainda bem que hoje apenas reflito sobre essas questões. Seria muito triste se essas perguntas viessem a ser respondidas. Provavelmente nenhuma resposta dada a elas seria agradável.
O outro exemplo que gostaria de destacar é o de uma bomba que foi atirada durante um jogo da liga israelense de basquete. No dia 13 de Novermbro de 2007, enquanto o jogo entre Hapoel Holon e Hapoel Jerusalém acontecia, uma bomba foi atirada da arquibancada em direção ao banco de reservas do Hapoel Holon. Um segurança percebeu a ação e segurou o objeto, que explodiu em sua mão direita arrancando-lhe três dedos. Jogadores enalteceram a atitude do segurança, o qual segundo eles não fez apenas seu trabalho, mas sacrificou-se para salvar suas vidas.

É preciso se dizer que, ao contrário do que possa se pensar a princípio, a bomba não foi atirada por nenhum palestino ou por qualquer pessoa cujo país tem algum conflito com Israel. A bomba foi arremessada por um torcedor do Hapoel Jerusalém. Melhor? Pior? Não! É simplesmente desprezível!
É justamente esse tipo de ação que me leva a pensar que nós, simples e meros bixos, não estamos tão errados em marcar um jogo de futsal para nos divertirmos e de quebra decidirmos uma rivalidade, com direito a uma confraternização no final. Quem me dera isso fosse uma guerra! Quem me dera ver uma dia uma guerra ser decidida por meio do esporte! Quem me dera poder novamente dizer um dia que o esporte voltou a ser aquele símbolo simples e idealizado de uma competição sadia.

Crise Intestinal





Algumas empresas aproveitam-se do medo coletivo gerado pela "Crise Mundial".

Em tempos de crise*, a palavra "demissão" torna-se recorrente nos jornais e nas jornadas de trabalho de diversas empresas. Assim, quando alguma empresa anuncia que vai demitir funcionários, pouco se questiona e logo justifica-se: "É a Crise!"

Logo, o impera-se o medo coletivo de "ser o próximo desempregado".

Empresas como a Volkswagen aproveitam a oportunidade para lançar as demissões (voluntárias ou involuntárias). Em seguida, contratam funcionários mais jovens, com salários mais baixos e com maior carga de trabalho.

Enquanto empresas nacionais e multinacionais têm excelentes lucros, lucram ainda mais pagando menores salários. Eis a questão: Para onde vai o dinheiro?

A empresa alemã afirma em sua página oficial: "A Volkswagen do Brasil é uma empresa admirada por seus empregados, qualificados e motivados, uma parceira confiável para clientes, fornecedores e distribuidores, além de ser socialmente responsável."

No início do mês, um funcionário da Volkswagen não pôde parar a produção para ir ao banheiro. Com tantas demissões, não havia quem o subistuísse. "É humilhante! O funcionário não aguentou e cagou nas calças".

"Socialmente responsável"?

"Admirada por seus empregados"?

Para onde vão os lucros com exploração da alemã Volkswagen Brasil?

Frases:

"A crise é desumana e é uma merda!"

"A crise dá garras ao capitalismo selvagem."

"A crise é psicológica, mas torna-se psicossomática. Se todos acreditamos que estamos em crise, estamos em crise. E, então, o mercado financeiro, os investidores, as empresas, os empregados, os jornalistas agem de acordo com a crise e aí evidenciam-se seus efeitos."

*Jargão jornalístico?

Nossa Língua Brasileira

Nova Língua Portuguesa

As mudanças são sempre complicadas, principalmente se sempre acreditamos e utilizamos algo de uma única forma.

Mas esta não é a primeira mudança na "nossa língua "brasileira". Quem lembra - ou já viu em um livro de sebo ou da avó - um tal de "govêrno" ou "éla", "êle"?

Talvez há algumas décadas não fizesse sentido escrever ele e ela sem acento já que a fonética é diferente.


Foto: Luma Ramiro


Não vejo sentido em escrever "apoio" e "apóio" sem acento, se a idéia (ou melhor, ideia) é diferente. Ou escrever "heroico" sem acento e "herói" com acento agudo, como dizem as novas regras.

Talvez a próxima geração - que aprender a escrever a língua "portuguesa" - ache tão natural escrever "heroico" tanto quanto achamos escrever "governo".

Além disso, eles poderão ler livros de todos os autores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que é composta por oito países: Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Vale a pena lembrar: As mudanças serão apenas na ortografia, permanecem as pronúncias típicas de cada país.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Uma grande notável

A chuva continua matando. A crise continua despedindo. A insanidade de algumas pessoas continua degradando a imagem de nosso país no exterior. Esse é o Brasil. Apesar de começar com o pé esquerdo o ano de 2009, essa pátria tão amada ainda tem do que se orgulhar. Felizmente.

No dia 9 de fevereiro de 1909, há precisamente cem anos, Maria do Carmo Miranda da Cunha, mais aclamada como Carmen Miranda, deu a graça de aparecer no mundo para despertar sorrisos em baianas, cariocas, pernambucanas, americanas e em todos que a viam e ouviam. A baixinha de um metro e cinqüenta e poucos centímetros pode até ter nascido em Portugal, mas descobriu o real sentido da vida no Brasil.

Carmen e sua família se mudaram para o Rio de Janeiro em 1910. A pequena herdou sua linda voz de seus parentes maternos e, por isso, sempre cantarolava pelos cantos, além de tentar com todas as armas conseguir uma carreira artística. Ainda bem que ela não desistiu do sonho. Quando tinha 17 anos, acabou aparecendo nas páginas da revista Selecta, na seção de cinema, da mesma forma que hoje algumas pessoas desconhecidas saem no fundo das fotos em publicações como a Caras. Esse foi um dos passos iniciais no brilhante caminho desta cantora.

Persistente, em 1929 passou a ter aulas de canto com o professor Josué de Barros. O homem, maravilhado com o talento vocal de Carmen, passou a promovê-la em teatros e rádios. O destino queria que alguém reconhecesse o dom da jovem. E o sonho virou realidade.


No mesmo ano, a luso-brasileira, mais brasileira do que luso, gravou seu primeiro disco pela Brunswick (gravadora alemã), sempre com o apoio de seu mestre Josué. Em 1930, Carmen lançou outro LP, agora pela gravadora Victor. E nesse vaivém de músicas e discos, a revelação artística passou a cantar marchas de carnaval e continuou a se apresentar em teatros e casas de shows. Consequentemente, também começava a conquistar fãs onde soltava a voz. Ainda no mesmo ano, lançou a famosa marcha Pra Você Gostar de Mim (Taí), cantada até hoje em alguns bailes, e passou a ser reconhecida ao longo do tempo como uma grande artista por diversos periódicos brasileiros, como O País (“a maior cantora brasileira”) e A Hora ("Rainha do Broadcasting Carioca" - 1934).


Em 1932, a polêmica revista O Cruzeiro entrevistou o novo ícone da música, exatamente na mesma semana em que Carmen se apresentava com nada menos do que Noel Rosa no 2º Broadway Cocktail.

Mas a pequena notável queria ser grande. O mundo musical era apertado demais para compreender seu enorme talento. Por isso, em 1933, Carmen arriscou e estreou seu primeiro filme, intitulado A Voz do Carnaval. Um sucesso, logicamente. Isso só contribuiu para que a “cantora do it”, como também ficou apelidada, não parasse mais de gravar longas-metragens. Participou e cantou em filmes como Alô, Alô Brasil (1935) e Alô, Alô Carnaval (1936), nos quais sua irmã Aurora, também com bela voz, ajudou na cantoria. Em 1939, no longa "Banana da Terra", Carmen finalmente revelou seu jeito baiano de ser. Também no mesmo ano é que a boneca brasileira seria reconhecida no exterior. Mesmo sem saber falar absolutamente nada em inglês, Carmen e seu grupo musical “Bando da Lua” navegaram em direção aos Estados Unidos para outra fase de sucessos, tanto na música como nos cinemas.

Para variar, os novos imigrantes viraram a Broadway e a cidade de Nova York de cabeça para baixo, estreando no espetáculo Streets of Paris. A partir desse evento, Carmen começou a consolidar sua carreira fora do Brasil. Gravou dez filmes em Hollywood, divulgou sucessos como Mamãe Eu Quero e O que É que a Baiana Tem?, causou inveja nas mulheres ao se envolver com o grande ator de westerns John Wayne, se apresentou na Casa Branca para o então presidente Franklin D. Roosevelt e foi novamente apelidada, dessa vez de Brazilian Bombshell.

Mesmo sendo venerada pelos norte-americanos por sua graciosidade, beleza e afinação, as saudades bateram no coração desse fenômeno musical. Em 1940, as preces dos brasileiros, mas mais ainda dos cariocas, foram atendidas e Carmen desembarcou no Rio de Janeiro. Contudo, sua volta não foi tão bem vista assim por outras pessoas. Ao se apresentar no Cassino da Urca, o desprezo de alguns pela cantora falou mais alto. A notícia que se espalhava pelos ventos era a de que a baixinha tinha se transformado em uma americana nata. Por causa disso, acabou desabafando sua decepção em uma nova canção (Disseram que Voltei Americanizada). A partir desse momento, Carmen aprendeu que a vida artística não era o paraíso que ela imaginava e acabou conquistando a maturidade que não possuía no início de sua carreira.

A rainha das frutas voltou aos Estados Unidos. Porém, o período foi bem diferente. Continuou cantando e se apresentando ao mesmo tempo em que aumentava a sua dependência de tabaco, remédios e calmantes. Só assim aguentava a pressão dos shows e das críticas. Mas depois de alguns anos, os sintomas foram dando sinais em seu corpo e a pequena notável retornou ao Brasil em 1954, após catorze anos de “exílio”. Aqui, na terra que a recebeu de portas abertas de Portugal e que desabrochou sua carreira, Carmen fez um tratamento que durou aproximadamente um ano. Quando se sentiu um pouco melhor, viajou novamente para os Estados Unidos, onde faleceu aos 46 anos de idade por um ataque cardíaco fulminante. Sua despedida da Terra não poderia ter sido feita senão no Brasil, com uma plateia que a homenageava cantarolando seu grande sucesso Pra Você Gostar de Mim (Taí). Mesmo que ela não estivesse escutando, o público dava seu coração nesse adeus. A estrela, que nunca se naturalizou brasileira, mas que sempre teve um coração verde e amarelo, embarcava para os céus, buscando finalmente descansar. O brilho que sempre teve em seu sorriso se transformou em um ponto de luz no universo, lugar este talvez grande o suficiente para abrigar tanto talento num só corpo.

Emenda do Manual de Redação: Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Autorizado pelos países de língua portuguesa e formalizado em janeiro deste ano, o novo acordo prevê as seguintes mudanças na grafia de nosso idioma:

Alfabeto

Nova Regra

Regra Antiga

Como Será

O alfabeto é agora formado por 26 letras

O "k", "w" e "y" não eram consideradas letras do nosso alfabeto.

Essas letras serão usadas em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados. Exemplos: km, watt, Byron, byroniano


Trema

Nova Regra

Regra Antiga

Como Será

Não existe mais o trema em língua portuguesa. Apenas em casos de nomes próprios e seus derivados, por exemplo: Müller, mülleriano

agüentar, conseqüência, cinqüenta, qüinqüênio, frqüência, freqüente, eloqüência, eloqüente, argüição, delinqüir, pingüim, tranqüilo, lingüiça

aguentar, consequência, cinquenta, quinquênio, frequência, frequente, eloquência, eloquente, arguição, delinquir, pinguim, tranquilo, linguiça.


Acentuação

Nova Regra

Regra Antiga

Como Será

Ditongos abertos (ei, oi) não são mais acentuados em palavras paroxítonas

assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, panacéia, Coréia, hebréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico, paranóico

assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, panaceia, Coreia, hebreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico

obs: nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis.

obs2: o acento no ditongo aberto "eu" continua: chapéu, véu, céu, ilhéu.




Nova Regra

Regra Antiga

Como Será

O hiato "oo" não é mais acentuado

enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo, abençôo, povôo

enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo, abençoo, povoo

O hiato "ee" não é mais acentuado

crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem, revêem

creem, deem, leem, veem, descreem, releem, reveem




Nova Regra

Regra Antiga

Como Será

Não existe mais o acento diferencial em palavras homógrafas

pára (verbo), péla (substantivo e verbo), pêlo (substantivo), pêra (substantivo), péra (substantivo), pólo (substantivo)

para (verbo), pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo), pera (substantivo), pera (substantivo), polo (substantivo)

Obs: o acento diferencial ainda permanece no verbo "poder" (3ª pessoa do Pretérito Perfeito do Indicativo - "pôde") e no verbo "pôr" para diferenciar da preposição "por"




Nova Regra

Regra Antiga

Como Será

Não se acentua mais a letra "u" nas formas verbais rizotônicas, quando precedido de "g" ou "q" e antes de "e" ou "i" (gue, que, gui, qui)

argúi, apazigúe, averigúe, enxagúe, enxagúemos, obliqúe

argui, apazigue,averigue, enxague, ensaguemos, oblique

Não se acentua mais "i" e "u" tônicos em paroxítonas quando precedidos de ditongo


Hífen

Nova Regra

Regra Antiga

Como Será

O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por "r" ou "s", sendo que essas devem ser dobradas

ante-sala, ante-sacristia, auto-retrato, anti-social, anti-rugas, arqui-romântico, arqui-rivalidae, auto-regulamentação, auto-sugestão, contra-senso, contra-regra, contra-senha, extra-regimento, extra-sístole, extra-seco, infra-som, ultra-sonografia, semi-real, semi-sintético, supra-renal, supra-sensível

antessala, antessacristia, autorretrato, antissocial, antirrugas, arquirromântico, arquirrivalidade, autorregulamentação, contrassenha, extrarregimento, extrassístole, extrasseco, infrassom, inrarrenal, ultrarromântico, ultrassonografia, suprarrenal, suprassensível

obs: em prefixos terminados por "r", permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela mesma letra: hiper-realista, hiper-requintado, hiper-requisitado, inter-racial, inter-regional, inter-relação, super-racional, super-realista, super-resistente etc.




Nova Regra

Regra Antiga

Como Será

O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal

auto-afirmação, auto-ajuda, auto-aprendizagem, auto-escola, auto-estrada, auto-instrução, contra-exemplo, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-expressionista, neo-imperialista, semi-aberto, semi-árido, semi-automático, semi-embriagado, semi-obscuridade, supra-ocular, ultra-elevado

autoafirmação, autoajuda, autoaprendizabem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, contraexemplo, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiautomático, semiárido, semiembriagado, semiobscuridade, supraocular, ultraelevado.

Obs: esta nova regra vai uniformizar algumas exceções já existentes antes: antiaéreo, antiamericano, socioeconômico etc.

Obs2: esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por "h": anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, semi-herbáceo etc.




Nova Regra

Regra Antiga

Como Será

Agora utiliza-se hífen quando a palavra é formada por um prefixo (ou falso prefixo) terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal.

antiibérico, antiinflamatório, antiinflacionário, antiimperialista, arquiinimigo, arquiirmandade, microondas, microônibus, microorgânico

anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, arqui-irmandade, micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico

obs: esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal + palavra inicia com vogal diferente = não tem hífen; prefixo termina com vogal + palavra inicia com mesma vogal = com hífen

obs2: uma exceção é o prefixo "co". Mesmo se a outra palavra inicia-se com a vogal "o", NÃO se utliza hífen.







Nova Regra

Regra Antiga

Como Será

Não usamos mais hífen em compostos que, pelo uso, perdeu-se a noção de composição

manda-chuva, pára-quedas, pára-quedista, pára-lama, pára-brisa, pára-choque, pára-vento

mandachuva, paraquedas, paraquedista, paralama, parabrisa, pára-choque, paravento

Obs: o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constiui unidade sintagmática e semântica, mantendo o acento próprio, bem como naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas: ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor, erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi etc.


Observações Gerais

O uso do hífen permanece

Exemplos

Em palavras formadas por prefixos "ex", "vice", "soto"

ex-marido, vice-presidente, soto-mestre

Em palavras formadas por prefixos "circum" e "pan" + palavras iniciadas em vogal, M ou N

pan-americano, circum-navegação

Em palavras formadas com prefixos "pré", "pró" e "pós" + palavras que tem significado próprio

pré-natal, pró-desarmamento, pós-graduação

Em palavras formadas pelas palavras "além", "aquém", "recém", "sem"

além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém-nascidos, recém-casados, sem-número, sem-teto




Não existe mais hífen

Exemplos

Exceções

Em locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais)

cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cartão de visita, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de etc.

água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa

Fonte: Folha Online

O que isso vai mudar no Bola: até o final deste ano, as duas grafias, antes e após a reforma, são aceitas. À partir de 2010, os textos deverão ser corrigidos segundo o novo código. Espera-se que, até 2012, a nova ortografia esteja bem trabalhada entre nossos "focas".

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

I wanna do bad things with you


True Blood, a nova série da HBO baseada nos livros de Charlaine Harris, entrou na nova mania mundial vampiresca - mas com uma abordagem mais adulta.

Uma comparação pobre e simples pode ser feita: é o Twilight dos crescidinhos, a parte picante da história dos vampiros que todos querem saber, mas tem medo de assumir. As propagandas e a abertura já dão uma idéia do que se pode encontrar em TB: sexo selvagem, sensualidade e muito sangue, tudo isso regado a rock'n roll. Aliás, o nome da música da abertura é I wanna do bad things with you (Eu quero fazer coisas ruins/proibidas com você), de Jace Everett. Precisa dizer mais alguma coisa?

O mundo está passando por uma revolução: cientistas japoneses inventaram um sangue sintético, o Tru Blood, que trouxe os vampiros de volta para a sociedade. Claro que nem todos concordam com isso, ou aceitam. Não é o caso de Sookie Stackhouse (Anna Paquin, de X-Men), uma garçonete da cidadezinha de Bon Temps, Louisiana, dotada do poder de ler mentes. Ela logo se interessa por Bill Compton, um vampiro charmoso de 173 anos.

A série conta mais do que uma história de amor humano-imortal. Ela traz toda a discussão política, religiosa e social dessa volta dos rejeitados, como as pessoas se comportam, falam ou agem perto deles. Como eles fazem as mesmas coisas em relação aos humanos, o porquê da decisão de tomar o TB, e o que acontece quando não tomam. São as diferentes formas de vida e todo o bom complexo existencial que todos adoram.

É instigante, curioso, intenso, engraçado e sexy, completamente viciante. Apesar do bom enredo e dos bons atores, as menções e comparações com Buffy, Angel e Twilight são inevitáveis, e a principal acusação pode ser de ter se "aproveitado" da onda trazida por Stephenie Meyer, mas os fãs parecem não se importar. Ao contrário, os twilighters adoram True Blood. A série, criada por Alan Ball (Six Feet Under), estreou no Brasil esse ano e está no quinto espisódio, ainda dá tempo de acompanhar (os resumos podem ser assistidos no site oficial). O canal principal é o HBO Plus e os episódios inéditos vão ao ar aos domingos.

Buffy, Angel, Twilight, Blade ou True Blood: os vampiros estão mais em alta do que nunca.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Você é feliz?

“Você é feliz?”
A pergunta foi dispara assim, à queima-roupa. Ela olhou para o homem. Barba e bigode compridos, roupas simples, um crachá de imprensa no pescoço e dois vesgos olhos azuis perdidos em um rosto magro.
Ela pensou um pouco e respondeu: “sou”.
“Essa pergunta pega as pessoas de jeito, não? Você manja de rock?”
“Um pouco.”
“Já ouviu falar de uma banda de rock chamada The Beatles?”
“Lógico, como não?!”
“Conhece o Álbum Branco dos Beatles?”
“Conheço.”
“Nesse álbum existe uma música, Happiness is a Warm Gun. Conhece essa música? Vou cantar um pedacinho para ver se você lembra...”
“Conheço sim.”
“De rachar o melão essa música, não?”
Ele virou para a outra moça.
“Onde você comeu hoje?”
“Aqui mesmo.”
“O que você comeu de bom?”
Ela riu, mostrando o aparelho. Ele continuava sério.
“Comi arroz, feijão, berinjela...”
“Estava bem preparada, a berinjela?”
“Estava...” Ela riu mais um pouco, achando graça daquele interrogatório.
“Devia estar mesmo. Posso fazer inveja a vocês agora? Sabe onde eu comi?”
A pergunta era mais ou menos direcionada à garota de aparelho nos dentes, pois seus vesgos olhos azuis continuavam fixos nela.
“Não sei... No Viena?”
“Por que Viena? Grande merda. Comi no Bom Prato. Gastei um único real e comi muito...” Ele não teve tempo de continuar. Havíamos sido chamados. Pedimos licença, fomos embora. Antes de entrar na sala onde eu perderia duas horas de minha vida aprendendo coisas que jamais usaria de novo, olhei para trás. O homem já se dirigia para um outro grupo de pessoas, aglomeradas ali perto.

We all need a little help

Depois do enorme sucesso como Edward Cullen em Twilight/Crepúsculo (de Stephenie Meyer), o mais novo heartthrob de Hollywood, Robert Pattinson, promete mais 2 excelentes filmes - ou atuações, pelo menos.

O primeiro é Little Ashes, com Rob no papel do jovem Salvador Dalí da Madrid de 1922, à beira da revolução cultural trazida pelo jazz, Freud e avant-garde. Tudo começa na faculdade, onde Dalí fica amigo de Federico García Lorca e Luis Buñuel, formando mais tarde um trio muito habilidoso e o mais moderno da cidade.

Logo, Salvador sente-se atraído por Federico, que gosta de Magdalena, e Luis vai para Paris à procura do sucesso. Depois, Dalí vai encontrá-lo e inicia um caso com Gala, uma mulher casada, enquanto trabalha em um filme surrealista com Buñuel. Já em 1936, à beira da Guerra Civil Espanhola, o casal convida Federico (que havia ficado sozinho em Madrid) para um jantar, que termina em desastre. Quando, uma semana depois, descobre-se que Federico estava morto, Salvador cai em si e percebe, tardiamente, a profundidade do seu amor por ele. O filme é de Paul Morrison e o elenco conta ainda com Javier Beltrán (Federico), Matthew McNulty (Luis), Marina Gatell (Magdalena) e Arly Jover (Gala).


O segundo - e o mais esperado por minha parte - é How To Be, um drama/comédia que traz Pattinson também como protagonista. Arthur é um músico frustrado de 20 e poucos anos numa crise de meia-idade que foi largado pela namorada e volta a morar na casa dos pais, com quem não se dá bem.

Seus dois amigos, Ronny e Nikki querem montar uma banda, mas como Ronny tem agorafobia, eles não podem ir além do jardim do apartamento. Art apela, em certo momento, para a auto-ajuda, lendo o livro It's Not Your Fault (Não É Culpa Sua), que o leva ao Dr. Levi Ellington, o autor, que mais tarde será pago com uma herança do garoto para acompanhá-lo por todos os lugares, como um guru de vida.


O filme, que já teve algumas exibições no Brasil ano passado, estréia oficialmente nos Estados Unidos em abril e, consequentemente, aqui também - ou depois. O diretor é Oliver Irving e no elenco ainda estão Rebecca Pidgeon (mãe de Art), Jeremy Hardy (pai de Art), Powell Jones (Dr. Levi), Johnny White (Ronny) e Mike Pearce (Nikki). A trilha sonora, já disponível em alguns sites, traz novamente a voz e a música de Pattinson, muito elogiado por suas 2 participações na trilha de Twilight (nas faixas Never Think e Let Me Sign).


Sites oficiais:
http://www.littleashes-themovie.com/
http://www.howtobemovie.com/
Fonte Paralela: http://howtobe.robertpattinsonbrasil.com/?id=elenco

O escorpião rei


Esse perfil foi feito há algum tempo para o FutebolNews, quando eu era colunista desse site. Fechei minha coluna, mas acho que o perfil ainda está bacana.

O jogo não passava de um amistoso. O placar, zero a zero, não era nada empolgante. E a defesa foi totalmente desnecessária, uma vez que o jogador inglês Jamie Redknapp estava impedido. No entanto, o lance, mais tarde batizado de defesa do escorpião, garantiu ao goleiro René Higuita, El Loco, um lugar na história do futebol.

José René Higuita Zapata, colombiano nascido em 28 de agosto de 1966, em Medellín, se mostrou grande talento desde que estreou no Millionários, em 1985. Não foi só como goleiro, mas também como artilheiro: o ato de sair do gol para driblar os adversários se tornaria uma de suas marcas registradas, assim como a cobrança de pênaltis e faltas.

Em 1986, passou a defender o gol do Atlético Nacional, um time pelo qual jogaria durante anos, chegando a conquistar a taça Libertadores da América, três aos após sua entrada no clube.

Atuando como goleiro titular da seleção da Colômbia na copa de 1990, vivenciou grandes momentos em jogos contra a Alemanha, quando deu um chapéu em Rudi Voller, e contra a Iugoslávia, quando fez uma bela defesa de um pênalti cobrado por Hadžibegić, apesar de ter perdido o jogo.

Classificado para as oitavas-de-final, o time colombiano enfrentou uma revelação daquela copa, o time de Camarões. Em uma partida que reservou as maiores emoções para o final, o experiente camaronês Roger Milla marcou, na prorrogação, um a zero contra o time colombiano. Menos de três minutos depois, Higuita saiu de sua área fazendo seus dribles, mas perdeu a bola para Milla, que ampliou a diferença. A resposta colombiana demorou a chegar, e, quando finalmente marcaram um gol, já era tarde demais. O time era eliminado da copa, com a melhor seleção já reunida pelo país.

Quando retornou ao seu país, Higuita, ao contrário do que se poderia esperar, não sofreu represálias por parte de seus conterrâneos. Ele era muito querido pelo público, mas não soube retribuir esse afeto: em 1991 se envolveu em um escândalo após visitar o amigo Pablo Escobar. A ligação com Escobar, um importante contrabandista de entorpecentes, levaria o goleiro a passar sete meses na prisão, em 1993, quando foi flagrado pela polícia após participar do seqüestro da filha de Carlos Molina, outra figura importante do narcotráfico colombiano e inimigo de Pablo.

Jogando por times de seu país, como o Independiente Medellín e o Real Cartagena, ou clubes estrangeiros, como o Real Valladolid, da Espanha, o Veracruz do México e o Guaros de Lara, da Venezuela, Higuita consolidou sua fama através de seu jeito único de jogar futebol. A famosa defesa do escorpião seria apenas o ápice de uma carreira cheia de altos e baixos: talvez o mais baixo deles, em termos esportivos, foi a sumária expulsão do Aucas do Equador, em 2004, após ser flagrado em um teste antidoping, realizado logo após um jogo, como usuário de cocaína.

Antes de ser expulso do time equatoriano, o goleiro acumulou grandes feitos em sua carreira: jogou sessenta e oito vezes com a camisa da seleção da Colômbia e bateu a Argentina por cinco a zero em um jogo realizado em Buenos Aires, em 1993. Nessa partida ocorreu a despedida de Maradona aos campos.

Como o ídolo argentino, Higuita pretende apresentar um programa de televisão. Esteve em evidência nos últimos tempos após participar de alguns reality shows. O mais comentado deles, Cambio Extremo, a versão latino-americana de Extreme Makeover, rendeu-lhe uma mudança de 80% em sua aparência, após uma série de cirurgias plásticas acompanhadas de perto pela audiência colombiana. “Aceitei participar do programa por ser muito feio”, explica o jogador.

Hoje, Higuita, pai de três filhos e admirador de Hugo Chávez, atua no Deportivo Rionegro, um clube da segunda divisão do futebol colombiano. Manifesta o desejo de se tornar técnico da seleção do país, mas garante que não vai parar antes de completar quarenta e cinco anos.

“Minha vida tem sido uma novela”, garante o goleiro que, em 2004, revelou que pediria ao vencedor do prêmio Nobel de literatura Gabriel García Marquez que escrevesse sua biografia. “Seríamos amigos desde o primeiro momento”, assegura. Sempre polêmico, mas, indubitavelmente, um grande jogador.

Posts mais lidos