Nas minhas atuais manhãs - por volta das 11h -, eu pego o ônibus Pinheiros que desce a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, saindo da Avenida Paulista. Também pego o Terminal Capelinha, caso a outra condução atrase. Em ambos os casos o destino é o mesmo: descer a Brigadeiro até o fim, quando ela desemboca na bifurcação entre a Avenida Santo Amaro e a Avenida Joaquim Floriano, que é o começo do bairro Itaim-Bibi, onde se localiza meu estágio.
Em alguns dias abafados deste verão encontrei uma figura entre tantas nos asfaltos impiedosos de São Paulo: um homem de camisa semi aberta, barba por fazer, bóina negra acinzentada e feições sofridas. Talvez simulasse aquilo para despertar dó e ganhar alguns trocados. Talvez aquela expressão facial fosse fruto do sono ou do excesso de sol. Com um velho violão em uma correia fina, o rapaz tocava acordes cheios, insistentes, e cantava clássicos de Raul Seixas. Não dei a devida importância na primeira vez. Observei na segunda. Me indaguei na terceira vez.
Hoje, nesta sexta-feira 13, encontrei-o pegando a condução Largo São Francisco, que retorna para a Paulista. Tocava Gita e Há Dez Mil Anos Atrás. Dei-lhe R$2,00 e esta crônica. Pretendo dedicar-lhe mais coisas, se eu o encontrar em seus delírios musicais de ônibus.
Tocar 6 cordas com o embalo do transporte público não é fácil pra ninguém.
Ele não cheirava pinga, apenas suor de trabalho. Covers por trocados.
7 comentários:
adorei^^
sincero ^^
O que não significa que eu não aceite críticas. Mas eu achei relevante.
"se o encontrá-lo"
corrigido, jorginho.
Bacana, cara, gostei mesmo.
Bom ver que estabelecemos uma realção de amizade.
um abraço para você, pedrinho.
jorginho telles
Mas se você descer a Brigadeiro até o fim, você vai dar na Avenida Santo Amaro, ou na Avenida Joaquim Floriano?
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