sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Corpo acústico

Nas minhas atuais manhãs - por volta das 11h -, eu pego o ônibus Pinheiros que desce a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, saindo da Avenida Paulista. Também pego o Terminal Capelinha, caso a outra condução atrase. Em ambos os casos o destino é o mesmo: descer a Brigadeiro até o fim, quando ela desemboca na bifurcação entre a Avenida Santo Amaro e a Avenida Joaquim Floriano, que é o começo do bairro Itaim-Bibi, onde se localiza meu estágio.

Em alguns dias abafados deste verão encontrei uma figura entre tantas nos asfaltos impiedosos de São Paulo: um homem de camisa semi aberta, barba por fazer, bóina negra acinzentada e feições sofridas. Talvez simulasse aquilo para despertar dó e ganhar alguns trocados. Talvez aquela expressão facial fosse fruto do sono ou do excesso de sol. Com um velho violão em uma correia fina, o rapaz tocava acordes cheios, insistentes, e cantava clássicos de Raul Seixas. Não dei a devida importância na primeira vez. Observei na segunda. Me indaguei na terceira vez.

Hoje, nesta sexta-feira 13, encontrei-o pegando a condução Largo São Francisco, que retorna para a Paulista. Tocava Gita e Há Dez Mil Anos Atrás. Dei-lhe R$2,00 e esta crônica. Pretendo dedicar-lhe mais coisas, se eu o encontrar em seus delírios musicais de ônibus.

Tocar 6 cordas com o embalo do transporte público não é fácil pra ninguém.

Ele não cheirava pinga, apenas suor de trabalho. Covers por trocados.

7 comentários:

MissBruno disse...

adorei^^

Pedro Zambarda disse...

sincero ^^

O que não significa que eu não aceite críticas. Mas eu achei relevante.

Anônimo disse...

"se o encontrá-lo"

Unknown disse...

corrigido, jorginho.

André Sollitto disse...

Bacana, cara, gostei mesmo.

Anônimo disse...

Bom ver que estabelecemos uma realção de amizade.

um abraço para você, pedrinho.

jorginho telles

Anônimo disse...

Mas se você descer a Brigadeiro até o fim, você vai dar na Avenida Santo Amaro, ou na Avenida Joaquim Floriano?

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