Esse perfil foi feito há algum tempo para o FutebolNews, quando eu era colunista desse site. Fechei minha coluna, mas acho que o perfil ainda está bacana.
O jogo não passava de um amistoso. O placar, zero a zero, não era nada empolgante. E a defesa foi totalmente desnecessária, uma vez que o jogador inglês Jamie Redknapp estava impedido. No entanto, o lance, mais tarde batizado de defesa do escorpião, garantiu ao goleiro René Higuita, El Loco, um lugar na história do futebol.
José René Higuita Zapata, colombiano nascido em 28 de agosto de 1966, em Medellín, se mostrou grande talento desde que estreou no Millionários, em 1985. Não foi só como goleiro, mas também como artilheiro: o ato de sair do gol para driblar os adversários se tornaria uma de suas marcas registradas, assim como a cobrança de pênaltis e faltas.
Em 1986, passou a defender o gol do Atlético Nacional, um time pelo qual jogaria durante anos, chegando a conquistar a taça Libertadores da América, três aos após sua entrada no clube.
Atuando como goleiro titular da seleção da Colômbia na copa de 1990, vivenciou grandes momentos em jogos contra a Alemanha, quando deu um chapéu em Rudi Voller, e contra a Iugoslávia, quando fez uma bela defesa de um pênalti cobrado por Hadžibegić, apesar de ter perdido o jogo.
Classificado para as oitavas-de-final, o time colombiano enfrentou uma revelação daquela copa, o time de Camarões. Em uma partida que reservou as maiores emoções para o final, o experiente camaronês Roger Milla marcou, na prorrogação, um a zero contra o time colombiano. Menos de três minutos depois, Higuita saiu de sua área fazendo seus dribles, mas perdeu a bola para Milla, que ampliou a diferença. A resposta colombiana demorou a chegar, e, quando finalmente marcaram um gol, já era tarde demais. O time era eliminado da copa, com a melhor seleção já reunida pelo país.
Quando retornou ao seu país, Higuita, ao contrário do que se poderia esperar, não sofreu represálias por parte de seus conterrâneos. Ele era muito querido pelo público, mas não soube retribuir esse afeto: em 1991 se envolveu em um escândalo após visitar o amigo Pablo Escobar. A ligação com Escobar, um importante contrabandista de entorpecentes, levaria o goleiro a passar sete meses na prisão, em 1993, quando foi flagrado pela polícia após participar do seqüestro da filha de Carlos Molina, outra figura importante do narcotráfico colombiano e inimigo de Pablo.
Jogando por times de seu país, como o Independiente Medellín e o Real Cartagena, ou clubes estrangeiros, como o Real Valladolid, da Espanha, o Veracruz do México e o Guaros de Lara, da Venezuela, Higuita consolidou sua fama através de seu jeito único de jogar futebol. A famosa defesa do escorpião seria apenas o ápice de uma carreira cheia de altos e baixos: talvez o mais baixo deles, em termos esportivos, foi a sumária expulsão do Aucas do Equador, em 2004, após ser flagrado em um teste antidoping, realizado logo após um jogo, como usuário de cocaína.
Antes de ser expulso do time equatoriano, o goleiro acumulou grandes feitos em sua carreira: jogou sessenta e oito vezes com a camisa da seleção da Colômbia e bateu a Argentina por cinco a zero em um jogo realizado em Buenos Aires, em 1993. Nessa partida ocorreu a despedida de Maradona aos campos.
Como o ídolo argentino, Higuita pretende apresentar um programa de televisão. Esteve em evidência nos últimos tempos após participar de alguns reality shows. O mais comentado deles, Cambio Extremo, a versão latino-americana de Extreme Makeover, rendeu-lhe uma mudança de 80% em sua aparência, após uma série de cirurgias plásticas acompanhadas de perto pela audiência colombiana. “Aceitei participar do programa por ser muito feio”, explica o jogador.
Hoje, Higuita, pai de três filhos e admirador de Hugo Chávez, atua no Deportivo Rionegro, um clube da segunda divisão do futebol colombiano. Manifesta o desejo de se tornar técnico da seleção do país, mas garante que não vai parar antes de completar quarenta e cinco anos.
“Minha vida tem sido uma novela”, garante o goleiro que, em 2004, revelou que pediria ao vencedor do prêmio Nobel de literatura Gabriel García Marquez que escrevesse sua biografia. “Seríamos amigos desde o primeiro momento”, assegura. Sempre polêmico, mas, indubitavelmente, um grande jogador.
8 comentários:
Adorei o apelido dele..hauahuahauhauah
Aliás, "Hadžibegić"...comofala? hauahuahahuaua
Nossa, não sei... Eu tive que copiar do site pois não tinha esse circunflexo ao avesso aí... Hahahaha
Mari, estou fazendo umas outras propagandas pro Bola, focadas em cada editoria...
Real Valladolid
Corrigido!
Higuita é algo peculiar na história do futebol. Achei perfeito o título de 'Escorpião Rei'. Seu carisma foi maior do que sua capacidade dentro de campo. Texto bem escrito, que retrata o que representou este colombiano.
Valeu cara!
Por estar me aventurando em um terreno que não conheço tão bem, fico ainda mais feliz com seu aval!
Na boa..o Higuita foi um goleiro tão razoavel, que sua carreira em si, foi uma surpresa. No entanto uma coisa precisa ser dita: é de personagens como ele que o futebol sente falta hj. Caras que atraiam a atenção do público, que falem mais do que o "discurso ensaiado" e tudo mais.
Muito legal o perfil André
Como assim Deh? Propagandas? boiei...hauhauahuahua
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