quinta-feira, 29 de outubro de 2009

The Circle - Bon Jovi

Os caras de New Jersey voltam a fazer o que sabem
crítica exclusiva do Bola da Foca


Jon Bon Jovi conseguiu. Em 2007, Lost Highway se tornou o albúm mais vendido do Bon Jovi desde New Jersey, em 1988. Aproveitando o sucesso do single Who Says You Can’t Go Home – uma balada country do album Have a Nice Day – Jon percebeu um album inteiro no estilo poderia levar a banda de New Jersey de volta ao topo. E o fez. Muitos fãs chiaram, no entanto a turnê rentável de 2008 provou que ele estava certo. O Bon Jovi – que nunca viveu no ostracismo, é verdade – era provavelmente a maior banda americana do mundo.

Pois bem, com o feito alcançado não era de se estranhar que o quarteto mantivesse este caminho e continuasse a trilhar o country, no entanto a coisa não aconteceu bem assim. The Circle, 11º album de estúdio da banda, é a melhor coisa que eles fizeram no século XXI. Deixando claro que o country foi apenas um capítulo, Jon Bon Jovi e Richie Sambora voltaram a pisar fundo no rock otimista, que caminha no linear entre o rock americano clássico e o pop-rock radiofônico. Enfim, a mesma área em que sempre atuou com sucesso.

The Circle traz dois elementos fortes em sua composição: consciência do próprio amadurecimento e política. Se é estranho afirmar o primeiro fator para um quarteto formado por quarentões, o segundo é altamente positivo. Sempre que Jon – um ferrenho ativista democrata – pisou na politica em suas canções, a partir do álbum Keep The Faith em 92, ele acertou. E com The Circle não é diferente. Logo na primeira faixa, We weren’t born to follow, já somos apresentados ao clima politico-otimista que permeará todo o album. Afinal, estamos na Era Obama.

Sem frescuras, a faixa de abertura traz uma letra que não cai no patriotismo bobo – no clipe, são exibidas cenas de todo o mundo – levada por uma melodia competende. Jon traz o vocal competente de sempre, mas agora ciente do que pode fazer. Lembrando muito Bruce Springsteen, não estranhe se esbarrar com We weren’t born to follow em alguma campanha nos EUA nos próximos anos. Mas, se o cartão de visitas anima, a segunda música faz um sorriso brotar.

When we were beatiful é uma balada diferente de tudo que a banda já fez. Se a letra não traz nada demais, a melodia é construida de uma forma perfeita. A guitarra se torna o fio do condutor de uma forma que lembra a pegada que The Edge tem, e Jon tem sua interpretação mais emocionada .

E a primeira metade do álbum segue essa batida, sem errar em nenhuma vez, com músicas impecáveis. Mas Work for the Working Man, The Bullet e Superman Tonight, uma atrás da outra, são a trinca que vale o álbum. A primeira é a música que define explicitamente o amor que Jon tem pelo partido democrata, e sua esperança em Barack Obama. “Por melhor que ele seja, depende de nós” é o mote da faixa. Não é atoa que muitos em NY ou NJ chamam Jon Bon Jovi de Son of the Boss (O filho do chefe, apelido de Bruce Springsteen).

The Bullet é a mais pesada do album, e lembra muitos faixas do Keep the Faith como Fear ou If i was your mother. Richie Sambora prova que ainda é um grande guitarrista quando inspirado e Tico Torres traz uma bateria insparada como há muito tempo não se via: constante, pesada e imprevisivel. Tudo acompanhado de uma performance empolgada do vocalista.

Superman Tonight é simplesmente a primeira inovação que banda traz desde It’s my life. Uma mistura estranha de hardrock, U2 e as músicas noventistas da banda criou algo totalmente novo, em nada parecido com o que jamais foi criado pelo quarteto, mas nunca fugindo da linha do comerciável. Enfim, o útil ao agrádavel. O resto do album segue a mesma linha e o único ponto realmente fraco é a balada Live Before You Die, repetitiva e maior do que deveria ser. Fast Cars, Happy Now, Thorn in my Side e Brokenpromisseland também são daquelas que sera dificil pular.

Depois da decepção comercial (e de crítica, no segundo caso) que foi Bounce e Have a Nice Day, e o sucesso comercial mas fracasso crítico de Lost Highway, parece que o Bon Jovi achou seu caminho no fim da década. Após 25 anos de banda, o quarteto de New Jersey levantou-se, tirou das botas a poeira vinda da Nashville e voltou a fazer aquilo que sabe melhor: rock básico, de qualidade, sem dar a minima para o que um bando críticos vá escrever. Enfim, voltaram a compôr por prazer.

The Circle - Bon jovi

1. "We Weren't Born to Follow"
2. "When We Were Beautiful"
3. "Work for the Working Man"
4. "Superman Tonight"
5. "Bullet"
6. "Thorn In My Side"
7. "Live Before You Die"
8. "Broken Promiseland"
9. "Love's the Only Rule"
10. "Fast Cars"
11. "Happy Now"
12. "Learn to Love"

Bola da Vez #5 - Especial Podcast

Ainda homenageando audiocasts/podcasts brasileiros na internet, pelo Prêmio Podcast, recomendamos mais alguns.

- BARF!Cast (@metalrufflez e @dipnlik): Podcast iniciante sobre games, com notícias e mini-reviews. Tem potencial pra crescer e é voltado para o twitter.

- Pod office (@paulinhocn): Programa de Paulo Moraes sobre usos da internet, social media e tecnologia para educação. Divulga a máxima isando divulgar a cultura "a informação está comigo onde eu estiver". Vale a ouvida.

- NowLoading (@now_loading): Provavelmente o maior podcast sobre games nacional. Liderados por André 'Majin' e uma equipe composta por Fred 'Yugö', Fernando 'X', 'Slash' Rick, Diego 'GC' e Pablo 'Prime'. Qualidade impecável de edição no áudio, comparável ao Nerdcast. Semanal. Existe há apenas um ano, para o espanto de muitos. Entrevistamos eles uma vez.

- SoundTest: Um dos mais antigos podcasts de games no Brasil. Liderados por Maurício Carvalho, já participaram do Hoje é um Bom Dia Cast (HBDia Cast). É simples e com conteúdo, desde 2005.

- Metacast (@metacast): Podcast sobre podcasts. Se você pretende desenvolver e melhorar seus áudios, este é o seu lugar.

Continuaremos, em breve, com mais indicações.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Esportes desde cedo

Cresce o número das academias só para crianças

por Luma Ramiro
fotos: Luma Ramiro

Tênis, capoeira, sapateado, ginástica artística e, não poderia faltar, futebol são aulas que crianças de 1 a 12 anos têm na Bem Me Quer Sports, uma academia só para crianças – assim como a My Gym e a Steps Baby Lounge. Desde cedo elas aprendem a se socializar e, principalmente, gostar de esportes.

Alexandra Fontanelli tem dois filhos que freqüentam a academia. Apesar de praticar esportes, ela não gosta muito disso e acredita que aprender brincando desde cedo é imprescindível. E completa: “Na minha casa, tem que ir para a escola, aprender uma outra língua e praticar algum esporte”. Desde os quinze anos, ela sofre de bulimia nervosa, assunto pouco tratado nas escolas e na mídia academia.

Para quem tem aulas à tarde ou quer chegar em casa de banho tomado, barriga cheia e lição de casa feita, existe o auxílio de babás, nutricionistas e uma pedagoga.

“Não acho que bulimia tem a ver apenas com a aparência física, é uma doença, a compulsão, como existem pessoas compulsivas por comprar e por álcool, ou outra droga. A atividade física ensina a ser saudável e a controlar a ansiedade”, diz Alexandra. Para ela, a compulsão é uma doença com tratamento, mas sem cura porque, “diferente do que acontece com o vício por drogas, você não pode ficar sem comer”.
Júlia, 6, sua filha mais nova, faz aulas de balé e natação. Quando crescer, ela não quer ser nadadora ou modelo, como muitas meninas de sua idade. Julia quer ser Ariel, a pequena sereia. Hoje o tema da atividade foi “super heróis”: as crianças nadaram com as fantasias dos seus personagens preferidos.

O ludismo envolve muitas atividades da academia que inclui também crianças portadoras de deficiência. Primeiro é feito um desenvolvimento apenas com a criança especial. Depois, um trabalho com o grupo. E então ela começa a participar com as outras, que também aprendem a excluir o preconceito e a aceitar as diferenças.

Victor, o filho mais velho de Alexandra, foi à academia com um colega no “dia do amigo” e decidiu trocar. Pelo clube, ele conheceu o “Tio Edu”, Eduardo Perez Pinto, 44. Como sua irmã, Victor pratica atividades esportivas duas vezes por semana, jiu-jitso e também natação. Essa atividade é a mais freqüentada e essencial, segundo Marcelo Mancine, 50, idealizador e realizador da academia.

Marcelo tem uma família de esportistas, tenista desde pré-adolescente, sonha ensinar tênis a sua filha de 8 anos. No entanto, a pequena esportista “prefere o Tio Edu, o que posso fazer?”. Eduardo não tem sua fama por acaso. Sua didática notável conta com a experiência de mais de 30 anos.

“São mais de 15 atividades, a rotatividade entre elas faz a criança descobrir do que ela gosta e, aos doze anos, quando ela sai daqui, continua a praticar esportes para a vida toda” afirma Marcelo Mancine. E Alexandra reforça a importância de gostar de esportes a vida toda: “Temos que pensar no futuro. Um profissional que sai estressado do trabalho, em vez de tomar um whisky, vai correr, vai nadar, vai extravasar de outra forma.”



A academia receberá aparelhos de musculação para crianças

Bem Me Quer Sports
11 5573-6929

My Gym
11 5084-8007

Steps Baby Lounge
11 3849-8795

Erudir #2: o escritor obscuro e rockstar

Numa tacada só, já gravamos o segundo programa do primeiro videocast do Bola da Foca. Neste vídeo, Pedro Zambarda faz comentários sobre a carreira do transgressor Arthur Rimbaud, que marcou toda uma geração de intelectuais franceses libertinos do século XIX. O livro abordado é Uma temporada no inferno, já mencionado neste blog.

O videocast está sendo um excelente laboratório para trazer temas diferentes. Se você tiver alguma sugestão de escritor para o Erudir ou quiser sugerir outros programas, mande e-mail para boladafoca@gmail.com.

OBS: Final do vídeo é um trocadilho que o escritor Fábio Fernandes (@fabiofernandes) me lembrou, com o nome Rimbaud II (basta falar o nome ao invés de ler).

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Bola da Vez #4 - Especial Podcast

Em nome da conversão de mídias, e aproveitando o Prêmio Podcast que está rolando na internet, resolvemos fazer uma seleção de melhores audiocasts/podcasts da rede. Prepare os ouvidos para conferir programas variados:

- Podcumê (@cumecamao): Feito por Marcelo Salgado, Isabela Cabral e convidados do site Cumêcamão, esse podcast aborda vários assuntos, apesar de aparentemente ter o nome de comida. Faz mesas redondas de jazz até entrevistas com pessoas notáveis.

- RapaduraCast (@rapadura): Feito pelo pessoal do portal Cinema com Rapadura, liderados Jurandir Filho, os caras metem o bedelho em todos os assuntos ligados na sétima arte. Da produção até gêneros específicos de filmes, os caras fazem análises profundas. Vale cada minuto ouvindo.

- Papo de Gordo Podcast (@papodegordo): Podcast voltado para assuntos de sobrepeso, obesidade e comportamento. Feito por uma equipe fixa e convidados, com edição de Eduardo Salles, o pessoal conversa fazendo brincadeiras sobre assuntos sérios que gordos enfrentam ao longo da vida.

- Hoje é um Bom Dia Cast (@izzynobre): Comandados pelo blogueiro e twitteiro Israel (Izzy) Nobre, que mora atualmente no Canadá, o pessoal discute sobre tecnologia e games. Muitos participantes compõem uma conversa descontraída, baseada na experiência pessoal de cada um.

- Twitcast (@twitcastBR): Podcast sobre twitter. Pouco número de áudios, mas tem como ser ruim?

Boa audição para todos vocês, com essas recomendações.

Erudir #1: vamos falar sobre literatura? E sobre Ferreira Gullar?

Embora já tenha sido tema de um post neste blog, decidimos fazer um pequeno programa sobre esse famoso escritor maranhense. Erudir é uma tentativa de ser erudito (ou erodido), ou falar um pouco sobre literatura, sem parecer pretensioso (e nem sério, também). Feito pelo editor deste blog, Pedro Zambarda.



Programa faz parte do projeto Vídeos da Foca, que pretende trazer programas diferentes para os visitantes deste blog. Continuem nos visitando para conferir mais novidades.

ERRATA: Toda Poesia, de Ferreira Gullar, teve sua 15ª edição publicada em 2006. O livro em si é uma coletânea de poesias dele publicada desde 1980.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Nintendo Blast lança revista digital gratuita



Boa notícia pra quem é jornalista, pra quem curte games e pra quem acredita em conteúdo livre e acessível. O site de notícias Nintendo Blast fez uma publicação voltada para a Nintendo, sendo online totalmente free, de graça. Você pode visualizá-la clicando aqui.

O conteúdo foi elaborado tanto pela equipe do site quanto por outros, como o WiiClube, Reino do Cogumelo, Nintenerds, Console Sonoro e Ice Breaker. É uma notícia excelente para as pessoas que apóiam e desenvolvem conteúdos na internet. Você pode visualizar todo esse conteúdo clicando no vídeo acima.

domingo, 25 de outubro de 2009

Congresso para todos os iniciados

Na última quarta, quinta e sexta-feira, entre os dias 21 e 23 de outubro, ocorreu na cidade de Adamantina, interior de São Paulo, o III Congresso de Iniciação Científica (CIC) das Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI).

O evento contou com apresentações de diversas áreas, da medicina, passando por matemática e até comunicação. Os trabalhos foram avalidos por mesas separadas por área e só permitiram a exposição das pesquisas por 10 minutos, com mais 5 para perguntas da plateia e dos mediadores.

Além das apresentações de graduação e pós-graduação, o CICFAI Júnior, evento paralelo ao principal, mostrou exposições de estudantes do ensino médio, ampliando ainda mais os assuntos do congresso. Apesar de Adamantina estar a 8 horas de ônibus da capital, São Paulo, o evento foi uma excelente oportunidade para pesquisadores de inúmeros locais do país. Tais pesquisas apresentadas terão seus artigos publicados na revista OMNIA, que você pode conferir, clicando neste link.

Pedro Zambarda de Araújo esteve na CICFAI, apresentando o trabalho "O Jornalista Albert Camus".

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

“Todos juntos vamos, pra frente Brasil!”

Torcer para o país no esporte é ser patriota? Para
socióloga, patriotismo vai muito além de pintar o rosto de verde e amarelo

Camisa e boné da seleção, olhos atentos na tela do computador e mãos suando no mouse. Está era a cena que se via, no dia 2 de outubro, ao entrar no quarto do estudante Kaio Santiago, de 18 anos. O jovem, assim como grande parte da população do Brasil, aguardou aflito o resultado da escolha da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Deu Rio de Janeiro, para alegria dele e de milhões de brasileiros. “Há tempos não ficava tão nervoso com o resultado de alguma coisa. Isso é que é amor pelo país”, enfatizou com entusiasmo.

Em época de grandes eventos esportivos, o Brasil enche-se de “patriotas”. São ruas pintadas de verde e amarelo, bandeiras do país penduradas em carros, prédios, empresas... gente chorando de alegria e de tristeza. Mas não são apenas essas características que definem uma pessoa patriota, garante a socióloga Lúcia Rangel. “Patriotismo é um dos valores que adquirimos com a cultura ao longo do tempo, no processo de educação. Torcer para o Brasil no esporte é importante, mas não é o fundamental. Ser patriota é ter amor por tudo que diz respeito ao país, como sua cultura, sua história, sua música, sua comida”.

Kaio, que diz ter “um grande amor pelo Brasil”, confessa não sabe cantar o Hino Nacional inteiro e nem conhece a história das datas cívicas do país. Questionado sobre o que se comemora no próximo dia 15 de novembro (Dia da Proclamação da República), o jovem disfarçou e voltou a falar da vitória do Rio de Janeiro, como cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. “Podemos mudar de assunto?”, brincou o estudante do 3º ano do Ensino Médio.

Essa realidade é mais comum do que se imagina. Hoje em dia, muitos jovens sequer sabem cantar a música que representa o país. Em setembro, tentando minimizar este problema, o Governo Federal criou uma lei que obriga a execução do Hino Nacional uma vez por semana, nas escolas públicas e privadas de toda a nação. Mas parece que a medida não surtiu muito efeito. Uma análise feita pelo Laboratório UniCarioca de Pesquisas Aplicadas mostra que 57% dos alunos de ensino médio não aprovam a ideia, porque acreditam que "não é assim que se desperta o amor pela pátria" (43,34%). Dos estudantes entrevistados na pesquisa, somente 26,11% concordam com a lei e acham importante cantar o hino.

Em 1942, Getúlio Vargas já ordenava que os colégios promovessem esta formalidade cívica. Em 1989, José Sarney fez a mesma determinação, por considerar a proposta uma forma de incentivo ao nacionalismo. Com o tempo, porém, o hino foi deixando de ser cantado na maioria das escolas, que se limitavam a executá-lo apenas em cerimônias e ocasiões especiais.

Em abril de 2006, a então governadora do estado do Rio, Rosinha Garotinho, sancionou um projeto da deputada Alice Tamborindeguy, obrigando todas as escolas públicas e particulares do estado a realizar “cerimônias cívicas” com a execução do Hino Nacional e hasteamento das bandeiras do Brasil, do estado do Rio e do município em que a escola se encontrava. O decreto também especificou os dias em que isso deveria acontecer: manhãs e tardes de segundas e sextas-feiras - o que, na prática, não vem acontecendo.

José Batista de Souza, de 45 anos, lembra que, na sua época de colégio, os estudantes respeitavam as datas cívicas e se interessavam pelos assuntos do país. “A gente tinha que cantar o Hino Nacional na escola, mas isto não era visto como uma obrigação. Os alunos se emocionavam, colocavam as mãos no peito e entoavam forte o ‘Ouviram do Ipiranga às margens plácidas’”, conta com os olhos atentos Souza, que considera descaso com a tradição o que os jovens fazem hoje. “É uma vergonha um país onde o futuro da nação não sabe nem quando foi descoberto o local onde vive, muito menos qual é a sua história”, desabafa.

Para a socióloga Lúcia Rangel, a lei que obriga a execução do Hino Nacional nas escolas, apesar de trazer uma resistência no começo, é válida porque incentiva os jovens a gostarem e se interessarem pela cultura brasileira. Entretanto, a estudiosa alerta que só isso não basta. “Precisa existir, junto com essa obrigação, um trabalho em sala de aula, desde o jardim de infância, que mostra de forma dinâmica e didática que o Brasil tem muito o que oferecer. O país é um legado, uma herança que se passa de uma geração para outra, por isso deve existir esse trabalho para que se possa construir uma sociedade melhor no futuro”, conclui.

Foto: Abril.com
Reportagem: Ariane Fonseca

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um pouco sobre rock nacional mais elaborado



A cantora Carol Arantes e o baixista Leco Peres formaram, em 2008, a banda e projeto Klatu. De lá pra cá, os músicos já gravaram um CD, repleto de convidados, chamado Em Busca do Rock Infinito. Acima, você pode conferir um show que foi feito em agosto do ano passado, no Centro Cultural Vergueiro, com alguns dos intérpretes originais do CD. Note como os teclados são ainda fortes na banda. Nas teclas e na guitarra base está Oliveirinha, enquanto a guitarra solo é guiada por Marcião Soul e a bateria está sob as baquetas de Roby Pontes. Mariana Arantes auxilia Carol na voz, com seus backings bem agudos. Música Vai Acabar é uma letra atual, sobre os males no meio ambiente, com um som bem progressivo e muito parecido com outras produções no cenário nacional, como o Mutantes, nos anos 70.



Agora, neste outro vídeo acima, temos outra banda: o Klatu de 2009. Kobra, o novo guitarrista solo arrasa em uma pegada mais improvisada, menos progressiva, abusando de bends e explorando as nuances de seu instrumento. Vicente Carrari, que participou de algumas faixas do primeiro CD da banda, domina bem a guitarra base nessa apresentação, feita na Livraria da Vila, em agosto deste ano. As baquetas estão frenéticas nas mãos de Rafael Reis, enquanto Bárbara Monteiro faz uma voz mais grave em relação a de Carol Arantes.

O interessante, que pode ser verificado através dessas duas apresentações gravadas em momentos diferentes, é notar a proposta da banda como rock progressivo: trazer, além de diversas influências, do soul até o blues, sonoridades totalmente diferentes com outros integrantes. Ao contrário da grande maioria da indústria fonográfica, que insiste em fórmulas saturadas, o Klatu é uma boa iniciativa no quesito originalidade, variando com o tempo e mostrando talentos nacionais.

Esperamos um novo CD com a nova formação, que consegue interpretar muito bem as primeiras músicas. Mais detalhes, visite o Myspace deles.

Trocando as bolas do sci-fi

Mesmo com suas falhas, Distrito 9 é mais nova pérola do genêro



Todo ano tem sua surpresa no cinema. Aquele filme que chegou de mansinho, ganhou fama na internet – geralmente por conta de virais – e acaba sendo mais elogiado do que devia e fazendo uma ótima bilheteria. Bom, este ano não poderia ser diferente, e o escolhido da vez foi Distrito 9. Com a benção de Peter Jackson e dirigido pelo novato Neil Blomkamp, o filme inverte todos os clichês do filmes sobre invasão alienígenas, e é um exemplo de como o sci-fi continua vivo e criativo.

No fim dos anos 80, do nada, uma nave gigantesca estaciona sobre a cidade Johanesburgo. Nada acontece. Nenhum ataque, nenhuma mensagem para os seres humanos. Nada, por dias. Até que o governo, sob os olhos do mundo, decide invadir a nave e se depara com mais de 1,5 milhão de extraterrestres que pareciam camarões humanóides. Sua nave está quebrada e eles não têm como ir embora. E mesmo se tivessem, ninguém deixaria.

O filme se passa 20 anos após a chegada dos Camarões – como são prejudicialmente chamados – que já estão estabelecidos em uma favela, com tráfico de drogas presente, miséria constante e excluídos da população humana. Com a constante pressão pública – tanto de negros quanto de brancos – para a saída dos ETs da área urbana, o governo planeja o despejo do Distrito 9. No entanto, os Camarões precisam ser avisados com 24hrs de antecedência. E a cabe Wikus ven de Werne e sua equipe da MNU (agência que os controla) avisá-los. No meio do processo, Wikus é contaminado com DNA alienígena, e começa a lentamente se transformar em um deles. Deu. Mais que isso estraga o filme.

Para se aproveitar todas as qualidades de Distrito 9, antes é necessário estar aberto para seus defeitos. O primeiro, por mais estranho que pareça, não é culpa de ninguém. O mundo todo tentou impor um contexto político em Distrito 9, estabelecendo comparações óbvias com Apartheid. De fato a relação existe, e é bem explicita em alguns momentos, e implícita em outros. No entanto, tais referências existem a tantos outros absurdos cometidos pela humanidade, em tantos momentos, que focar apenas neste ponto enfraquece a obra. Distrito 9 é acima de tudo uma ficção cientifica com uma boa história. Ponto.

Outro defeito está na escolha do “documentário ficcional” que é mostrado em vários momentos, especialmente no começo e no fim. Faria todo sentido se o filme fosse inteiramente feito assim, ou apenas pontos específicos, mas da forma como foi usado, soa totalmente perdido, embora alguns “depoimentos” sejam muito interessantes. Depois disso, começamos a enxergar algumas qualidades que realmente fazem Distrito 9 valer a pena.

Como em todo grande sci-fi, a força está nos personagens. Sharlto Copley, um surpreendente novato, entrega um Wikus fantástico. Se no começo parece um burocrata retardado, sua transformação ao longo do filme é impactante. E não me refiro a sua transformação física, mas na forma como se torna um homem forte, que é capaz de tudo para se salvar, e por fim, salvar aquilo que vale a pena ser salvo. E há também Christopher, o ET. Sua relação com seu filho é tocante, garantindo a “humanidade” a seres não-humanos, humilhados sem nenhum sentido, apenas querendo ir para casa.

Se a direção da Blomkamp peca na escolha do formato de documentário, acerta em cheio nas cenas de ação. Extremamente bem dirigidas, sem invencionices e, mais importante, sem medo de mostrar sangue. Não são poucas as vezes que vemos cabeças sendo explodidas, corpos dilacerados, entre outras coisas. Outro ponto alto é a meia hora final, onde o clímax da produção é muito bem conduzido.

Enfim, se Distrito 9 não revoluciona como muitos disseram, ele acerta em cheio no que propões. Invertendo todos os clichês possíveis, o filme é um grande exemplo de sci-fi em um ano muito bom para o gênero. E é muito bom saber que caras do porte de Peter Jackson estão com os olhos abertos para gente como Blomkamp. O bom sci-fi ainda tem muito tempo de vida.

A grande história de 2009

O título de Jenson Button ontem no GP Brasil foi algo único na Fórmula 1. E é uma pena que poucas pessoas no Brasil lembrarão do tamanho dos feitos conseguidos ontem apenas porque um brasileiro foi derrotado. Nossa síndrome de desprezar o vice ataca, novamente. Não que chegar sempre em segundo seja bom – como diria Piquet, segundo é o primeiro dos últimos –, mas Barrichelo será mais falado pela sua terceira “derrota” do que pelo fantástico ano que teve. Enfim, por mais interessante que as carreiras de Barrichelo e Button tenham se tornado este ano, a grande história responde pelo nome de Brawn GP.

Vamos voltar até janeiro deste ano. O mundo da Fórmula 1 viu a saída da Honda da categoria como um golpe definitivo nas carreiras de Button e Barrichelo, e dezenas de especulações surgiam todos os dias a respeito do espólio da equipe. Em uma operação relâmpago, o então diretor-técnico da Honda, Ross Brawn, resolveu comprar tudo aquilo que foi deixado. Reduziu a equipe em quase 70%, mudou de fábrica, e bancou a mesma dupla de pilotos. Logo a Brawn GP, nome da nova equipe, foi ganhando admiradores e torcedores. Todo mundo queria ver aquele bando de malucos ingleses colocarem o carro no grid da Austrália em março.

A Mercedes deu uma de boazinha. Resolveu fornecer motores com um preço extremamente reduzido. A FOTA (Associação das equipes) resolveu baratear a mensalidade. Bernie Ecclestone e Max Mosley, os donos da Fórmula 1, fizeram o possível e o impossível para fazer a equipe sair do papel. Seria mais uma equipe independente. Mas, vamos ser sinceros, ninguém apostava um chocolate que a Brawn GP andaria em qualquer posição além do fim do grid. Mas, no fim de fevereiro, tudo mudou.

Quando aquele carro branco com duas listras de marca texto entrou na pista de Barcelona nos últimos testes da temporada, o queixo da Fórmula 1 caiu. Invariavelmente, Barrichelo e Button faziam os melhores tempos. Oras, é truque para conseguir patrocinador, disseram muitos. Mas quando Button venceu na Austrália, seguido de Barrichelo, deu pra ver que aquilo não era engano. Quando venceu na Malásia, todo mundo já se preocupava. Quando venceu na China, “acharam” o culpado. O difusor duplo da Brawn GP. Uma jogada genial dos engenheiros, que acharam uma alternativa para as restrições no regulamento. Uma alternativa que rendia mais de 0,6s de vantagem por volta. Mas logo, todas copiaram. E nossa, a Brawn continuou voando.

Button venceu sem parar até o GP da Turquia. Na Inglaterra a Red Bull já demonstrava ter o melhor carro, mas era tarde demais. Com 6 vitórias no campeonato, uma regularidade impressionante de Button e um Barrichelo que todos sabiam que ainda iria vencer, o campeonato estava decidido. Por mais que Vettel tenha pressionado e a Red Bull como um todo tenha apertado o ritmo na segunda metade do campeonato, era impossível tirar os dois títulos da Brawn.

Foi a primeira vitória no Mundial de construtores de uma equipe fora do eixo Ferrari-McLaren, desde 2006 – com uma Renault também fora da realidade. Foi o primeiro título de uma estreante na história da Fórmula 1. O fim da Honda e o nascimento e vitória da Brawn GP é a história mais linda do esporte em um ano extremamente complicado para a categoria, envolta em um escândalo atrás do outro. “We are the Champions”, entoada por Button ainda no cock-pit nunca soou tão verdadeira quanto desta vez na Fórmula 1.

domingo, 18 de outubro de 2009

Herdeiro do Caos entrevista Bola da Foca

O jornalista Yuri Almeida, pernambucano de passagem em Salvador e dono do blog Herdeiro do Caos, entrevistou Pedro Zambarda, editor do Bola da Foca, para sua pesquisa no campo de Jornalismo Opensource e propostas colaborativas na internet.

Entrevista rolou no dia 15 deste mês, e você pode conferir neste link. Os assuntos abordados foram desde o início do Bola até o atual contexto do jornalismo que é praticado de forma online.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Pro meu peru não existe lei, ele é amigo do Sarney!

Aconteceu na tarde de hoje, no centro de São Paulo, a tradicional “Peruada” da Faculdade de Direito da USP. Mais de 2.000 estudantes participaram do que foi uma festa a fantasia com muito humor, mas também um protesto contra os últimos escândalos envolvendo a política nacional.



O ponto alto do protesto foi em frente à Câmara, onde, com um carro de som, a líder do movimento fez o seu discurso criticando o cenário político, principalmente o líder do Senado, José Sarney.





Com o lema “Pro meu peru não existe lei, ele é amigo do Sarney”, a ação também teve algumas brigas e tumultos, controlados rapidamente pela polícia, que acompanha todo o trajeto que percorrerá as principais ruas do centro da capital paulista até às 18h.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sobre a I Conferência Nacional de Comunicação

Post interessante para as pessoas que querem discutir jornalismo e mídia de uma maneira aberta para a população, sem domínio de opiniões, empresas ou qualquer tipo de controle.

Informações e texto de Bia Barbosa

Do Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social


Em janeiro deste ano, após muita pressão da sociedade civil organizada, o presidente Lula anunciou a disposição do governo em convocar a I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Em abril, um decreto presidencial oficializou a iniciativa, definindo o seu tema: Comunicação: meios para a construção de direitos e cidadania na era digital. Sua etapa nacional está agendada para o período de 14 a 17 de dezembro, em Brasília.

O que é?

As Conferências Nacionais vêm consolidando-se como instrumentos fundamentais para garantir a participação da população organizada na discussão e definição de diretrizes para um determinado setor do Estado. O exemplo sempre citado é o da área da saúde. As conferências são convocadas pelo Poder Executivo Nacional e dela são convidados a participar todos os setores da sociedade civil brasileira. São processos com etapas municipais, estaduais e nacionale funcionam com base num regimento que estabelece temas e metodologias de discussão. Este regimento é construído por uma comissão organizadora, que conta com representantes do poder público e da sociedade civil.

Em cada uma das etapas da Conferência, são aprovadas propostas e eleitos delegados e delegadas para defendê-las no âmbito da federação imediatamente superior. Tudo isso até se chegar à etapa nacional, que aprova das diretrizes para as políticas públicas daquele setor. No Brasil, mais de 100 Conferências Nacionais já foram realizadas, a maioria delas depois de 2003.

Seguindo o mesmo princípio, a Confecom será um espaço em que os cidadãos e cidadãs brasileiros poderão, pela primeira vez, apresentar suas demandas e propostas para políticas públicas de comunicação. Será um momento para toda a sociedade definir as diretrizes e ações que o poder público (prefeitos, vereadores, deputados estaduais, deputados federais, ministros, presidente, juízes, promotores, etc) deve ter como prioridade no setor de Comunicação. Ou seja, a Conferência vai inaugurar um espaço público de debate sobre os temas da comunicação, historicamente tratados a portas fechadas entre governo e empresariado. Nesse sentido, será o momento tanto de afirmar objetivos gerais para um sistema de comunicações no Brasil quanto de apontar diretrizes para regulação e políticas públicas para o setor, estabelecendo referências para a construção de um novo modelo institucional para as comunicações no país.

A Conferência é presidida pelo Ministério das Comunicações, com a colaboração direta da Secretaria Geral da Presidência e da Secretaria de Comunicação Social. Na Portaria 185, de 20 de abril de 2009, foram instituídos os órgãos do poder público e as instituições da sociedade civil que compõem a Comissão Organizadora, responsável por regular todos os aspectos da Conferência, entre eles, os temas a serem debatidos.

Neste sentido, os temas da Confecom – que envolvem assuntos como concentração da mídia; produção independente e regional; políticos donos de rádios e TVs; rádios e TVs comunitárias; sistema público de comunicação; controle social; universalização da banda larga; TV digital, etc – estão divididos em três eixos estruturantes: Produção de Conteúdo; Meios de Distribuição; e Cidadania: Direitos e Deveres.

E o que tudo isso tem a ver com você?

Você está satisfeito e satisfeita com a programação da sua TV? Sabia que as concessões de rádio e TV são públicas e que você poderia participar e opinar sobre o conteúdo que elas veiculam? Acha justo e democrático que a liberdade de expressão seja um direito de oito famílias? Como ficam as emissoras públicas, educativas e comunitárias se quase 60% das verbas publicitárias são destinadas a apenas uma emissora de televisão? Você sabia que estão querendo acabar com a liberdade na internet?

Em um momento como esse, de convocação da população brasileira para participar da I Confecom, os setores progressistas da sociedade têm o papel de apresentar uma agenda e um conjunto de propostas para a Conferência que reflita essa luta pela transformação do modelo concentrado e excludente de comunicações no país, sem temer conflitos com aqueles que historicamente ajudaram a consolidar este modelo. Não há dúvidas de que os desafios são muitos e de que o tempo é curto, mas esse processo de Conferência vai mostrar a capacidade da sociedade em se organizar para defender a transformação do atual modelo de comunicações.

Esta é uma iniciativa e bandeira histórica dos movimentos que lutam pela democratização da comunicação e pela afirmação da comunicação como um direito humano – portanto, que deve ser exercido por toda a sociedade. Por isso, movimentos sociais e organizações da sociedade civil estão articuladas em todos os estados para participar deste processo. , reuniões, seminários e conferências livres se multiplicam pelo país.

Aqui em São Paulo, diversas cidades já realizaram suas etapas municipais e outras dezenas estão agendadas para as próximas semanas, em todas as regiões do estado. Nossa etapa estadual deve acontecer entre os dias 30 de outubro e 1 de novembro, mas a data ainda precisa ser confirmada pela Comissão Organizadora Estadual.

Esperamos que esta seja apenas a primeira de muitas conferências e que ela represente o início do fortalecimento definitivo do movimento pelo direito à comunicação no Brasil. Temos pela frente a tarefa histórica de retirar os cidadãos e cidadãs da posição de simples espectadores de meios e consumidores de serviços e elevá-los de fato à condição de sujeitos. Sem isso, falar em liberdade de expressão ou em sociedade democrática continuará soando como um discurso vazio.
Como acompanhar o processo no Brasil e em São Paulo

Todas as informações sobre o processo da Conferência de Comunicação podem ser obtidas no site da Comissão Nacional Pró-Conferência (www.proconferencia.org.br) e no site da Comissão Paulista Pró-Conferência (www.proconferenciasp.org). A Comissão Paulista Pró-Conferência se reúne semanalmente às quartas-feiras, às 19h, em São Paulo, e possui uma lista de discussão e organização das atividades. Para cadastrar-se, envie mensagem para contato@proconferenciasp.org.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Segunda Guerra à la Tarantino

Depois de filmes como Seven e O Estranho Caso de Benjamin Button, não esperava encontrar mais nenhuma atuação diferente de Brad Pitt nos cinemas. Pelo menos não tão cedo. Nas mãos de Quentin Tarantino, Pitt se transforma no caipira do Tennessee Aldo Raine. Os demais atores, desde o caricatural vilão do ator Christopher Waltz, até o drama vivido pela atriz Mélaine Laurent, completam essa nova obra-prima dos cinemas, que consegue reunir elementos tão originais e irônicos quanto Pulp Fiction e uma adrenalina de um Kill Bill. Tarantino está excelente em Bastardos Inglórios, como sempre foi.

Por Pedro Zambarda

O enredo visa, desde o começo, estar situado em acontecimentos históricos. Dividido em capítulos, na primeira parte, em 1941, o filme começa com uma tensão sanguinária ao apresentar Hanz Landa, oficial da SS conhecido entre seus inimigos como "O Caçador de Judeus". No cumprimento do serviço, Landa elimina toda a família judia Dreyfus, escondida no sótão de uma casa de fazendeiros franceses chamados LaPadite. A única sobrevivente do massacre é uma jovem chamada Shoshanna, poupada por falta de munição do coronel nazista.

Interrompendo bruscamente a narrativa, da maneira que Tarantino é mestre, ele parte para a história do grupo chamado "Bastardos Inglórios". Já na descrição, você já pode notar o tom nonsense do filme: são judeus sobreviventes do Holocausto e das perseguições que, recrutados por Aldo "Apache" Raine, passam a atacar nazistas, disfarçados ou em ações de guerrilha, causando terror durante a guerra. Raine estabelece como objetivo do grupo escalpelar 100 nazis por integrante, trazendo parte de seus cabelos como verdadeiros troféus, imitando a caçada de índios contra americanos na Conquista do Oeste.

Agora, pare para pensar: um bando de judeus tentando se disfarçar de alemães em plena perseguição da SS e da Guestapo. Só podia ser idéia de Quentin Tarantino, certo?

E o absurdo não pára por aí: os alvos poupados por Raine e seu grupo são marcados, na testa, com o desenho da suástica nazista, para que sejam para sempre identificados. As ações desse grupo de milícia incitam a ira do próprio Adolf Hitler em pessoa, interpretado pelo ator Martin Wuttke. É cômica e, ao mesmo tempo, sanguinária a empreitada do filme ao ilustrar a guerra.

Com o desenrolar dos anos, as duas pontas da história se encontram. Em 1944, Shoshanna, a judia sobrevivente das perseguições de Hanz Landa, assumiu o nome de Emmanuelle Mimieux e é dona de um cinema em Paris. Encontra-se com ela um veterano nazista chamado Friedrick Zoller, interpretado pelo ator Daniel Brühl, que consegue transformá-lo no personagem inorportuno que deve ser. Zoller teve suas proezas de guerras gravadas pelo ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels (Sylvester Groth). O filme, a pedido do soldado, vai ter sua estréia no cinema de Shoshanna. Nessa oportunidade, ela pretende incendiar o espetáculo e matar todos os líderes nazistas responsáveis pela morte de seus pais, incluindo Hitler, Goebbels e o temível Hans.

Por outros lado, os Bastardos de Aldo recebem a missão chamada Operação KINO, com a ajuda da atriz Bridget von Hammersmark, interpretada por Diane Kruger. A cena em que os americanos tentam se disfarçar de nazistas para conseguir os ingressos para o espetáculo está para ser registrada como um dos tiroteios mais tensos dos filmes de Tarantino.

Hans "Caçador de Judeus": um personagem irônico com um enorme cachimbo

A exibição do filme amarra bem a história, marca pela cena ridícula de Aldo Apache tentando falar italiano e, por fim, é a fez de Hanz do ator Christopher Waltz roubar a cena, sendo um dos vilões mais bizarros que Tarantino imaginou. Sem revelar mais segredos do enredo, o filme vale por sua ambientação no período da Segunda Guerra, mesmo que o intuito seja mostrar violência gratuíta e uma milícia que nunca existiu historicamente.

Por fim, não devo deixar de mencionar a excelente a atuação de Eli Roth como o "Urso Judeu" Donny Donowitz, que assassina nazistas com um taco de beisebol, além da pequena participação de Mike Myers como o general britânico Ed Fenech, líder da ação KINO.

Um bom filme pra quem quer ver porrada entre figuras histórias, sem levar a sério o excesso de sangue e cabeças escalpeladas pela guerra dos Bastardos Inglórios.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Teorias da Comunicação, Multimídia e Literatura no Intercom 2009

Há cerca de um mês ocorreu em Curitiba, no Paraná, o maior evento acadêmico e de pesquisas em comunicação. O XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, o Intercom 2009, reuniu diversos trabalhos em nível nacional na Universidade Positivo curitibana. Mesmo com atraso de um mês para redigir uma matéria neste blog, o Bola da Foca fez uma cobertura ao vivo exclusiva pelo twitter na época do evento, que você ainda pode conferir aqui.

Como abertura, no dia 4 de setembro, sexta-feira, o evento contou com a presença do intelectual Dominique Wolton, doutor em sociologia na França. Sua palestra, que resumiu uma vida inteira de pesquisas, voltou para o tema principal do congresso: "comunicação, educação e cultura na Era Digital". O pesquisador apontou a internet e a quebra de monopólios como a televisão fundamentais para uma mídia que funcione com a sociedade. "Para mim, comunicação é sublime, como o amor em si". A palestra foi feita em francês, com tradução simultânea e uma plateia que lotou o anfiteatro da Universidade Positivo.

A partir do dia 5 de setembro, os núcleos de pesquisa e os grand prix de comunicação começaram suas programações de apresentações nos prédios coloridos do campus. Acompanhamos, no edifício vermelho, o núcleo de pesquisa de Teorias da Comunicação, mediado pelo professor Luiz Claudio Martino, da Universidade de Brasília (UnB). Primeira palestra apresentada por Luís Mauro Sá Martino, da Faculdade Cásper Líbero, Quatro Ambivalências na Teoria da Comunicação, abordou diretamente os principais assuntos do núcleo de pesquisa. às 9h, Luís Mauro questionou o fato da área não possuir um conhecimento específico e depender quase sempre de outras disciplinas para sustentar seus estudos. A discussão foi estendida pela apresentação seguinte, Problemas e Desafios da Pesquisa no Domínio de "Discurso e Media", do pesquisador Giovandro Marcus Ferreira, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A conversa permaneceu entre a instabilidade de estudar comunicação e o domínio de grandes empresas no Brasil.

Mesa de discussão do núcleo de pesquisa Teorias da Comunicação.

Dimas Antônio Künsch, pesquisador também pela Cásper Líbero, fez a palestra Mais interrogações e vírgulas, menos pontos finais, apontando problemas do pensamento ocidental no comunicar. "Um único Deus, uma única ciência, uma única verdade. Esse tipo de pensamento é o que nos domina hoje". Por fim, o professor sugeriu que uma nova perspectiva de pensamento deve ser aberta para futuros profissionais, oferencendo outros pontos de vista.

Vindo diretamente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o jovem mestrando Celso Francisco Gayoso apresentou o trabalho A Formação do Campo Científico da Comunicação na América Latina. Abordando nomes de destaque como Jésus Martín-Barbero, Guilhermo Orozco Gomes e pesquisadores de recepção do nosso continente, o pesquisador fez uma comparação dessas correntes de pensamento com a perspectiva do francês Pierre Bordieu, que considera o contexto latino-americano para sua produção de conteúdo, no caso, o científico. A pesquisa trouxe para todos os presentes a pesquisa que é feita no nosso continente, que tem um ponto de vista diferente da Europa e dos EUA, do mundo desenvolvido.

Encerrando o núcleo de Teorias da Comunicação, Osvando Morais, da Uniso, discutiu televisão digital no trabalho A Dinâmica das Teorias da Comunicação. Para o professor, a mudança que a internet traz, além das mudanças nas mídias que temos hoje, demandam novas teorizações. "Mas não se iludam: a televisão digital, considerando o país que vivemos, demorará cerca de 15 anos até ser completamente implantada" afirmou, sem tender para a interpretação mais deslumbrada sobre novas tecnologias.

Depois de cerca de 1h de almoço, das 12h até 13h, retornamos em outro evento do Intercom, no Intercom Júnior, voltado para trabalhos de iniciação científica e graduação, sendo alguns em grupo. Na área de Comunicação Multimídia, vimos a apresentação de Karla Patriota, Laryssa Farias, Julia Rossiter e Daniele Freitas, todas da Universidade Federal de Pernambuco, chamada Convergência de mídias, públicidade e webdesign. O trabalho das meninas surpreendeu por não se fechar apenas em websites, mas no uso de games e mídias sociais para publicizar produtos.

Ariane Fonseca, colaboradora do Bola da Foca, e Lívia Fernandes, ambas da FATEA de Lorena, apresentaram o trabalho Convergência Midiática no Portal Canção Nova. Pesquisando o portal da maior emissora católica do país, as meninas detectaram as vantagens que a internet oferece para esse segmento de público e os problemas dos dogmas religiosos em contato com a comunicação, que são um extenso tema de discussão.

No final do dia, às 18h, Pedro Zambarda, editor deste blog, também apresentou o trabalho O Escritor Albert Camus pela parte de Jornalismo e Literatura da Intercom Júnior. Essas foram algumas das palestras que ocorreram no dia 5.

Dia 6, também às 9h, no núcleo de Teorias da Comunicação, Liráucio Girardi Jr, professor pela Cásper Líbero, apresentou o trabalho As novas tecnologias, o "infocentrismo" e as teorias da comunicação. Liráucio, que tem formação como sociólogo, inseriu o discurso tecnológico de hoje para tentar estudar como a população reage com todo o aparato disponível no mercado. O trabalho vai até a cultura que se desenvolve por meio da tecnologia, e vê a comunicação como elemento fundamental nesse processo.

Outros trabalhos foram apresentados, nas áreas de Relações Públicas e Publicidade. Temas como Cibercultura e Novas Tecnologias tiveram as presenças ilustres de André Lemos e Sérgio Amadeu Silveira, nomes importantes no estudo comunicacional. Intercom é, com toda a certeza, um congresso nacional fundamental para acadêmicos, além de uma aproximação coerente com mercado, seja explorando grandes conglomerados de mídia ou lançando críticas aos trabalhos já consolidados.

Universidade Positivo, Curitiba - local do Intercom 2009.

sábado, 10 de outubro de 2009

Quando a diplomacia briga com a História



Há algumas semanas os jornais noticiaram que os presidentes da Turquia e da Armênia se encontrariam para restabelecer relações diplomáticas em breve. Esse acordo, teoricamente, colocaria fim a um século de hostilidades entre as duas nações. As relações entre os dois países são conturbadas desde 1915, quando o governo turco-otomano, em um ato deliberado, iniciou uma série de ofensivas a população armênia que vivia na região. Tais atitudes resultaram em um milhão e meio de mortos e na deportação de outros milhões. O Genocídio Armênio foi o primeiro genocídio do século XX e, apesar de já ter se passado quase 95 anos, não foi ainda reconhecido.

O presidente da Armênia, Serj Sarksyan, e o presidente da Turquia, Abdullah Gül, estão tendo as suas conversas intermediadas pela Suíça. O plano de reconciliação quer, primeiramente, abrir a fronteira que separa os dois países, fechada pela última vez em 1993. Abrir a fronteira e estabelecer relações positivas com a Armênia, claramente melhoraria a imagem da Turquia e ajudaria nos esforços do herdeiro direto do império truco-otomano a entrar na União Européia. No entanto, o reconhecimento do genocídio não foi nem sequer citado nos tais protocolos.

Tendo em vista que esse reconhecimento não será pauta de nenhuma das reuniões dos chefes de Estado, a atitude de "diplomaticamente" reconciliar quase um século de injustiça é quase tentar curar uma grave doença com uma aspirina. Reabrir a fronteira e ampliar a relação entre os dois países é uma atitude muito importante, mas torna ainda mais difícil o reconhecimento do massacre ocorrido a 95 anos. Mas, como diria Hitler, "quem, depois de tudo, ainda fala sobre os armênios?".



Jovem protesta na cidade norte-americana de Los Angeles

Em protesto ao esquecimento da inclusão do reconhecimento da morte de um milhão e meio de armênios em tais protocolos, milhares de pessoas pertencentes a comunidades armênias pelo mundo fizeram, no decorrer desta semana, manifestações contra esse protocolo que tenta se sobrepor a eventos históricos inegáveis. Eles afirmam que não se pode "vender o histórico de um país por meros interesses econômicos". Com cartazes acusando o presidente de trair as suas origens armênias, dizendo que não se negocia a história de um país e que essa atitude apenas visa os interesses da Turquia.

O ato de reconhecimento do genocídio armênio não é apenas um mero pedido de desculpas, mas um ato de justiça. Mas, se interesses econômicos começarem a se sobrepor aos interesses históricos e sociais, o reconhecimento se tornará cada dia mais inviável. No Brasil, a comunidade armênia protestou na Avenida Paulista no dia 7, quarta-feira. Apesar de serem poucos, os transeuntes que passavam pela manifestação mostravam grande curiosidade ao que estava sendo expresso nos cartazes. No dia 10, sábado, é esperada uma grande movimentação da comunidade armênia espalhada pelo mundo, pois é a data prevista para a discussão final dos protocolos.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

57 anos de barras com novidades

Ontem era esta a imagem no lugar do logotipo da página do Google Search. Comemorando o aniversário do famoso código que identifica produtos em supermercados e lojas, novidades também foram divulgadas.

Segundo o site português IOL Diário, o atual código de barras, que é o EAN13 (European Article Number) possui apenas 13 algarismos nas barras. Ele vai ser substituído nesta sexta-feira, dia 9 de outubro, pelo GS1 DataBar, que vai permitir o rastreamento do produto. Ele vai ser padronizado pra valer somente a partir de Janeiro de 2010. O novo código será oficial mundialmente até 2014, segundo o comunicado da GS1 Portugal, da Associação Portuguesa de Identificação e Codificação de Produtos (CODIPOR).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nerds triunfam no VMB 2009 da MTV

Jovem Nerd ganhou na categoria blog do Video Music Brasil 2009 (VMB), promovido pela MTV Brasileira, no último dia 1. Um prêmio inédito para eles e para muitos da internet.



Vencedores de um concurso de blogs que contou com Brainstorm 9, do publicitário Carlos Merigo; Blog do comentarista esportivo Juca Kfouri; Papel Pop; e Sedentário e Hiperativo, o Jovem Nerd conseguiu um feito totalmente distinto para a história deles. Vencedores do iBest de 2008 e do Best of Blogs de 2007, anteriormente, o blog feito pelo designer Alexandre Ottoni,o Jovem Nerd, e seu sócio Deize Pazos, o Azaghâl, está cada vez mais popular graças ao Nerdcast, podcast semanal que é sucesso de público com 200 comentários em média cada,e à loja virtual montada pela dupla, a Nerdstore, que vende artigos considerados nerds.

O espantoso da vitória deles é que o blog aborda diversos assuntos pelo ponto de vista das pessoas que estudam muito ou são aficcionadas por determinados assuntos, os chamados nerds. Há cerca de dez anos atrás, esse rótulo era atribuído de maneira negativa para meninos e meninas na idade escolar. Hoje em dia, com o crescimento da internet, parece que o chamado "nerdismo" é uma coisa boa, sendo uma característica apreciada por inúmeras pessoas.

No entanto, não devemos tirar o mérito: Jovem Nerd e Azaghâl fazem o blog desde 2002. O Nerdcast existe desde 2006 e é considerado um dos mais bem editados e influentes podcasts brasileiros. A Nerdstore já é uma empresa regularizada, que entrega pela rede. Alguém tem alguma dúvida que dá pra levar a internet a sério? O prêmio da MTV parece que mostra uma conquista sólida desses caras.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Gamer

Bem vindo aos anos 90!


Era uma vez, há um tempo atrás, uma época na qual o cinema de ação era feito basicamente de sangue. Nesse mundo lúdico, músculos e balas eram o que importavam, e os heróis eram caras carismaticos com braços do tamanho de toras. De vez em quando, o roteiro ainda era preenchido com alguma substância. Quando isso acontecia, criaram-se os “clássicos da ação”. True Lies, Rambo I, Vingador do Futuro e, o maior de todos, Exterminador do Futuro 2 são alguns exemplos. Pois bem, não é que no fim da década de 2000 surge algo parecido de novo no cinema? Gamer, que estreou na última sexta-feira, não faz feio diante de nenhum desses filmes.

Com uma forte pegada sci-fi que caracterizou o genêro no começo da década de 90, Gamer fala sobre um jogo com seres humanos reais. Condenados a morte são controlados por pessoas comuns em uma especie de “Call of Duty” ultra-realista. A recompensa: quem chegar vivo à 24º batalha, ganha a liberdade. O homem que chegou mais próximo disso é Kable. É alguém que, por um acaso, tem algum mistério com Castle, o criador do jogo. Entram também no meio da trama a mulher e a filha de Kable, um grupo de hacker que é acha que a tecnologia de Castle é escravidão e o adolescente que controla o herói.

O filme tem dois grandes trunfos: a direção impecável da dupla Mark Neveldine e Brian Tayor e o elenco recheado de nomes semi-conhecidos. Você não verá nenhuma frescura em Gamer. Aqui é ação nua e crua. Tiros que arrancam pernas, braços sendo quebrados, pescoços torcidos. Tudo retratado de maneira clara, sem pegar leve em nudez e nem nada do tipo. Daí sai a censura de 18 anos.

Mas apesar de todos os méritos da direção e do roteiro transloucado mas atraente, a impressão que fica é que o filme afundaria sem a dupla protagonista. Gerard Butler mosta que não tem pra The Rock, Vin Diesel ou Daniel Craig. Ele é o cara da ação hoje em dia. Um interprete competente nas cenas dramáticas e uma montanha de músculos nos momentos de ação. É facil crer na invencibilidade de Kable quando vemos Butler. Entretanto o show é de Michael C. Hall. Quem já viu Dexter sabe da capacidade do rapaz, e aqui ele entrega um multibilionário maníaco extremamente cativante. A cena da pancadaria entre Butler e os capangas de Hall, enquanto ele dança e canta Frank Sinatra, é clássica.

Enfim, Gamer não é do tipo de ação que se faz hoje em dia. Poderia ser facilmente um filmes do meio dos anos 90, e aí está seu mérito. As vezes é isto que precisamos. Um roteiro extremamente divertido, com atuações bacanas e direção impecável. Para que mais? Deixe isso para os Bournes da vida, que já tem suas inúmeras cópias. O negócio aqui é tiro, sangue e carne. Mas é claro, com aquele toque sci-fi que tanto adoramos.

Antes que digam que não falei

Pois bem, o Rio ganhou. A capital carioca sediará as Olimpíadas de 2016. Foi uma vitória que, ao mesmo tempo, foi previsível e surpreendente. Previsível diante do favoritismo do Rio e surpreendente porque vencer uma disputa como esta, contra grandes potências, é sempre um espanto.

Se você leu o post que escrevi há alguns dias – está logo ai abaixo – vai perceber que torci severamente contra a candidatura do Rio. Obviamente fui chamado de até de reacionário por alguns amigos, e ouvi alguns lacônicos “in your face” quando a cidade foi anunciada. Tenho que admitir, minha torcida foi inútil.

No entanto, a partir de agora é tempo de ver o lado positivo da coisa. Por mais que esse papo soe hipócrita, uma saída honrada para o perdedor é que ele é verdadeiro na maioria dos casos. O Pan-07 não foi um bom exemplo para o Rio de Janeiro, e, até agora, a Copa do Mundo ainda não tem sinais de vida. No entanto, diferente de ambos, o projeto olímpico brasileiro foi trabalhado a exaustão. A concorrência era forte, e era justamente isto que faltou ao Pan e a Copa.

O sucesso ou não das Olimpíadas estará diretamente ligado ao sucesso da Copa do Mundo dois anos antes. Serão ao menos 4 anos – de 2013 a 2016 – que o mundo só terá olhos para o Brasil. Aos 509 anos de idade, o Brasil ganha sua derradeira chance de se tornar uma potência global. Se o país tiver êxito em ambos, será enxergado com um respeito nunca antes visto. Uma confirmação da euforia internacional ao nosso redor que existe hoje.

Para que tudo isto dê certo, a responsabilidade é diretamente da população. Sim, é chover no molhado adotar este discurso, mas é necessário. Para uma população que apoiou tanto a Copa e os Jogos, está na hora de cobrarmos de forma proporcional. Mostrarmos que queremos as coisas bem feitas, com organização, agilidade e sobriedade. É hora de mostrarmos que queremos ficar com algo que queremos e que estes eventos sejam de fato um divisor de águas não apenas para o país lá fora, mas para as pessoas que vivem nele. Como isto será feito? Confesso que estou pagando para ver, mas depois das comemorações de sexta-feira, um pequeno e irracional raio de otimismo tomou-me conta.

Por fim, é necessário falar do maior vencedor de sexta: Luiz Inácio Lula da Silva. Pode-se falar o que quiser de Lula, mas o seu carisma é inquestionável. Seu discurso em Compenhague foi impecável, e venceu de longe a disputa pessoal com Barack Obama. Em um mesmo mandato, Lula conseguiu – de forma quase pessoal - os dois maiores eventos do mundo, que o país perseguia a décadas. Se governo pode até ter tido inúmeras falhas, tanto éticas quanto administrativas, é por estes feitos que Lula entrará na história.

ps: A imagem reflete minha opinião sobre o possível mascote dos Jogos. BLANKA. Foi amplamente divulgada no twitter.

domingo, 4 de outubro de 2009

Por que Bola da Foca? Somos bola

Nesses dias, estava conversando com um colega na Cásper sobre problemas profissionais e o ego de muitos jornalistas. E ele atentou para um detalhe neste blog: "cara, não pode ser 'Bola da Foca'. Foca, no nosso jargão, é novato de redação. Nem todo mundo está trabalhando ali".

A observação foi muito bem fundamentada, mas expliquei pra ele que o blog se refere à Bola, não à Foca, embora muitos daqui se identifiquem como focas, sendo que alguns são de fato. Somos um exercício do jornalismo, mesmo amador, creio. Não é que ninguém leve com seriedade os textos deste site, mas ele é construído em uma coletividade voluntária que não envolve dinheiro, apenas admiração pela imprensa ou simples curiosidade.

Por isso sempre seremos bola das foquinhas, e não animais que brincam com ela. Alguns que perseguirem trabalhos, começando por aqui, serão focas e, mais pra frente, veteranos, especialmente com sucesso. No fundo de toda essa questão, eu só criei o nome com o Thiago Dias porque a rima ridícula soava boa, e é bem simples para memorizar.

Cásper quatro estrelas em 2009

Depois de conquistar o primeiro lugar no ranking de faculdades de jornalismo do Portal Imprensa, a Faculdade Cásper Líbero conseguiu quatro estrelas no Guia do Estudante da editora Abril nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Rádio e Televisão. Relações Públicas permaneceu com a pontuação do ano passado, três estrelas.

Em um ano de polêmicas sobre a não obrigatoriedade do diploma, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal em junho deste ano, essa talvez seja uma boa notícia para os estudantes dessa instituição paulistana.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vencedores do Prêmio CBN de Jornalismo Universitário 2009

Matéria cedida por Karina Gomes e Paulo Scheuer

Os alunos Karina Gomes e Paulo Scheuer, do 3º ano de ano do curso de jornalismo matutino da Faculdade Cásper Líbero, foram os vencedores da primeira edição do Prêmio CBN de Jornalismo Universitário. A reportagem, produzida pelos estudantes nos estúdios da FCL, foi transmitida hoje pela rádio, no programa CBN Total, entre as 14h e 17h, com transmissão ao vivo pelo endereço www.cbn.com.br ou nas frequências 90,5 FM / 750AM.

A Casa de Acolhida Nossa Senhora Aparecida foi o tema do trabalho dos estudantes. É uma entidade que abriga refugiadas e ex-detentas estrangeiras egressas do tráfico internacional de drogas, no bairro da Liberdade, em São Paulo. A pauta foi sugerida pelo professor Pedro Vaz, coordenador da Rádio Gazeta AM.

O concurso da rádio CBN recebeu mais de 250 trabalhos de estudantes de todo o país sobre meio ambiente, diversidade cultural e inclusão social. Como prêmio, os alunos farão um estágio de três dias no estúdio da CBN em São Paulo para acompanhar a programação e o funcionamento da rádio, além de ganhar troféu e certificado de participação.

Além da reportagem, está na internet uma entrevista com Karina e Paulo sobre os bastidores e a experiência da produção da matéria. Você pode conferir todos os detalhes da matéria e dos estudantes aqui e aqui.

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