“Órgão excretor para mim não é órgão sexual. E eu prefiro perder votos de quem simpatiza com isso”, disse Levy Fidelix, na frase que marcou a noite.
O candidato do PRTB nitidamente fez uma declaração homofóbica, que despertou a fúria de muitos usuários de redes sociais que estavam assistindo ao debate dos presidenciáveis que ocorreu neste domingo (28).
No entanto, o debate já começou aquecido. Luciana Genro foi a responsável pelos primeiros ataques em formato de perguntas. Inquiriu Dilma Rousseff sobre a falta de reforma previdenciária nos últimos 12 anos do PT no governo federal. Depois, reclamou quando Eduardo Jorge insinuou que ela não poderia ser presidente e relembrou do trabalho dele ao lado de políticos camaleônicos como Gilberto Kassab, responsável por muitos atrasos na prefeitura de São Paulo mas com verba suficiente para fundar seu próprio partido.
Luciana não poupou nem Marina, cuja “nova política” foi imediatamente relacionada aos setores do agronegócio e às igrejas evangélicas, considerados pela candidata como “reacionários”.
Num tom de voz alto e nem sempre respeitando o tempo de suas próprias perguntas ou tréplicas, Luciana Genro adotou uma tática agressiva contra todos, defendendo a si própria e ao PSOL como uma esquerda autêntica.
Mas talvez nem ela esperava o que viria em sua última pergunta ao candidato Levy Fidelix.
“O Brasil é campeão de mortes na comunidade LGBT. Por que as pessoas que defendem a família se recusam a reconhecer como família quem tem o mesmo sexo?”.
A pergunta de Luciana foi a senha para que Levy Fidelix declarasse uma guerra da “maioria” – os heterossexuais – contra a “minoria” – os gays, lésbicas e transexuais. “Como presidente da República, não posso endossar isso ai não. Como pode ficar um pai de família, um avô, ficar escorado com medo de perder votos? Prefiro perdê-los”, disse o candidato, em alto e bom som.
Levy Fidelix provocou a euforia de quem assistia o debate e entende a importância de defender a causa LGBT, mesmo sem ser militante ou mesmo sem saber o quanto a comunidade gay sofre. O discurso do Pastor Everaldo, embora seja praticamente o mesmo, não foi tão agressivo ou contundente quanto o de Levy. Fora os dois, nenhum outro candidato tratou o tema com tanta insensibilidade quanto Levy.
O “homem do aerotrem” perdeu toda a sua aura de bonachão e terminou o debate numa declaração conformada de que iria perder as eleições. Terminada a discussão, Eduardo Jorge, o “rei da zoeira no Twitter”, foi o primeiro candidato a falar sobre a criminalização da homofobia como é feito em casos de racismo nas redes sociais.
Desta forma, os três principais candidatos nanicos botaram fogo e deram a tônica do debate nesta noite. Enquanto isso, Aécio Neves manteve seus ataques em cima da corrupção e da Petrobras e Marina Silva tentou justificar em diferentes momentos a tal da nova política.
E Dilma pediu o direito de resposta toda vez que mencionavam o seu governo, mesmo em perguntas de terceiros. Embora todos os candidatos a criticassem, não se viu nenhum dos presidenciáveis irem contra o Bolsa Família ou as iniciativas sociais, principais heranças do PT no governo federal.
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