segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Levy Fidelix e Luciana Genro incendiaram o debate dos presidenciáveis

Por Pedro Zambarda

“Órgão excretor para mim não é órgão sexual. E eu prefiro perder votos de quem simpatiza com isso”, disse Levy Fidelix, na frase que marcou a noite.


O candidato do PRTB nitidamente fez uma declaração homofóbica, que despertou a fúria de muitos usuários de redes sociais que estavam assistindo ao debate dos presidenciáveis que ocorreu neste domingo (28).

No entanto, o debate já começou aquecido. Luciana Genro foi a responsável pelos primeiros ataques em formato de perguntas. Inquiriu Dilma Rousseff sobre a falta de reforma previdenciária nos últimos 12 anos do PT no governo federal. Depois, reclamou quando Eduardo Jorge insinuou que ela não poderia ser presidente e relembrou do trabalho dele ao lado de políticos camaleônicos como Gilberto Kassab, responsável por muitos atrasos na prefeitura de São Paulo mas com verba suficiente para fundar seu próprio partido.

Luciana não poupou nem Marina, cuja “nova política” foi imediatamente relacionada aos setores do agronegócio e às igrejas evangélicas, considerados pela candidata como “reacionários”.

Num tom de voz alto e nem sempre respeitando o tempo de suas próprias perguntas ou tréplicas, Luciana Genro adotou uma tática agressiva contra todos, defendendo a si própria e ao PSOL como uma esquerda autêntica.

Mas talvez nem ela esperava o que viria em sua última pergunta ao candidato Levy Fidelix.

“O Brasil é campeão de mortes na comunidade LGBT. Por que as pessoas que defendem a família se recusam a reconhecer como família quem tem o mesmo sexo?”.

A pergunta de Luciana foi a senha para que Levy Fidelix declarasse uma guerra da “maioria” – os heterossexuais – contra a “minoria” – os gays, lésbicas e transexuais. “Como presidente da República, não posso endossar isso ai não. Como pode ficar um pai de família, um avô, ficar escorado com medo de perder votos? Prefiro perdê-los”, disse o candidato, em alto e bom som.

Levy Fidelix provocou a euforia de quem assistia o debate e entende a importância de defender a causa LGBT, mesmo sem ser militante ou mesmo sem saber o quanto a comunidade gay sofre. O discurso do Pastor Everaldo, embora seja praticamente o mesmo, não foi tão agressivo ou contundente quanto o de Levy. Fora os dois, nenhum outro candidato tratou o tema com tanta insensibilidade quanto Levy.

O “homem do aerotrem” perdeu toda a sua aura de bonachão e terminou o debate numa declaração conformada de que iria perder as eleições. Terminada a discussão, Eduardo Jorge, o “rei da zoeira no Twitter”, foi o primeiro candidato a falar sobre a criminalização da homofobia como é feito em casos de racismo nas redes sociais.

Desta forma, os três principais candidatos nanicos botaram fogo e deram a tônica do debate nesta noite. Enquanto isso, Aécio Neves manteve seus ataques em cima da corrupção e da Petrobras e Marina Silva tentou justificar em diferentes momentos a tal da nova política.

E Dilma pediu o direito de resposta toda vez que mencionavam o seu governo, mesmo em perguntas de terceiros. Embora todos os candidatos a criticassem, não se viu nenhum dos presidenciáveis irem contra o Bolsa Família ou as iniciativas sociais, principais heranças do PT no governo federal.


Leia também, no DCM: De extravagância a excrescência: por que o eleitor é obrigado a conviver com Levy Fidelix

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Dilma defende combate ao racismo e à homofobia em discurso na ONU

Por Luana Lourenço, da Agência Brasil

A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem (24), em discurso na abertura da 69ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o combate ao racismo, à homofobia e às desigualdades entre homens e mulheres.


“Ao lado do desenvolvimento sustentável e da paz, a ordem internacional que buscamos construir funda-se em valores. Entre eles, destacam-se o combate a todo o tipo de discriminação e exclusão”.

Dilma disse que a promoção da igualdade racial no Brasil é uma forma de compensar os séculos de escravidão a que os negros foram submetidos e que a miscigenação é um orgulho para os brasileiros.

“O racismo, mais que um crime inafiançável, é uma mancha que não hesitamos em combater, punir e erradicar. O mesmo empenho que temos em combater a violência contra as mulheres e os negros, os afro-brasileiros, temos também contra a homofobia”, disse a presidente, ao citar decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo.

“Acreditamos firmemente na dignidade de todo ser humano e na universalidade de seus direitos fundamentais. Estes devem ser protegidos de toda seletividade e de toda politização tanto no plano interno como no plano internacional”, acrescentou.

Durante o discurso, em que falou principalmente de economia e questões internacionais, Dilma também defendeu um novo modelo de governança da internet para garantir o respeito aos direitos humanos nos mundos real e virtual.

“Em setembro de 2013, propus aqui, no debate geral, a criação de um marco civil para a governança e o uso da Internet com base nos princípios da liberdade de expressão, da privacidade, da neutralidade da rede e da diversidade cultural. Noto, com satisfação, que a comunidade internacional tem se mobilizado, desde então, para aprimorar a atual arquitetura de governança da internet”, avaliou.

Dilma também falou sobre as negociações para um novo acordo global sobre o combate às mudanças climáticas e voltou a defender um texto “equilibrado, justo e eficaz” e com graus diferentes de responsabilidades para países ricos e nações em desenvolvidos.

“Esperamos que os países desenvolvidos, que têm a obrigação não só legal, mas também política e moral de liderar pelo exemplo, demonstrem de modo inequívoco e concreto seu compromisso de combater esse mal que aflige a todos nós”, cobrou. A presidente defendeu a criação de mecanismos de desenvolvimento e transferência de tecnologias limpas, principalmente em favor dos países mais pobres.

Candidato petista defende reforma política para avanço de causas LGBT

Por Pedro Zambarda

O site Diário do Centro do Mundo (DCM), do portal iG, entrevistou o candidato à deputado federal Maurício Moraes, do PT de São Paulo. Maurício é gay e ex-jornalista de veículos de jornalismo como Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo e BBC. Sua candidatura foi viabilizada pelo ex-ministro da Saúde e candidato ao governo estadual paulista, Alexandre Padilha.


"É necessário fazer uma mudança para assegurar direitos. O avanço das políticas LGBT só vai ocorrer com uma reforma política. No atual formato, o Congresso só se constitui, por exemplo, de candidaturas ao cargo de deputado federal que dispõem de milhões reais de investimento. Por isso, só com a diversidade a gente consegue discutir reformas importantes, caso contrário essa bancada evangélica prevalece sobre os outros", disse Maurício Moraes ao DCM.

Maurício também disse que não se sentiu incomodado por ter trabalhado com jornalismo durante a época do escândalo do mensalão durante os dois governos do ex-presidene Lula. Confira a entrevista na íntegra.

Nível do Cantareira tem nova queda e registra 7,4% em SP

Por Fernanda Cruz, da Agência Brasil

O nível nos reservatórios do Sistema Cantareira segue em queda e atingiu hoje (25) 7,4% de sua capacidade de armazenamento, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Há um ano, o volume armazenado era 41,6%.


A Agência Nacional de Águas (ANA) informou, hoje de manhã, que ainda não recebeu o Plano Operacional dos Reservatórios, que deveria ser entregue pela Sabesp. O estudo é exigido para que a companhia seja autorizada a utilizar a segunda cota da reserva técnica do Cantareira, o chamado volume morto, que introduziria 106 bilhões de litros de água ao sistema. A Sabesp tem até sábado (27) para enviar o documento.

De acordo com a companhia, a obra para captação da segunda cota, que foi autorizada pelas agências reguladoras, está em andamento, mas só será usada se houver necessidade. Mesmo que não haja chuva, o abastecimento se sustenta até março de 2015, quando é retomada a estação chuvosa, garante a companhia.

O Cantareira, que fornece água para 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo e para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, sofre a maior falta de chuva de sua história. Em maio, teve início o uso da reserva técnica, que acrescentou 182,5 bilhões de litros de água, o equivalente a 18,5%, do volume total do sistema. 

Confira o discurso Emma Watson em evento da ONU na íntegra

Por Pedro Zambarda

A atriz Emma Watson, que já interpretou a estudante Hermione Granger na série de filmes Harry Potter, discursou no dia 22 de setembro pela campanha feminista HeForShe na ONU. Ela é embaixadora pelas mulheres da organização e fez uma bela fala convidando os homens a lutarem pela igualdade de oportunidades com as mulheres, transformando a igualdade de gêneros em uma agenda de política social.



Diz Emma: "Não existe um único país no mundo que possui a igualdade de gêneros como uma agenda".

A tradução do discurso na íntegra é do site Literatortura. Confira também um vídeo de Emma Watson na ONU.

“Hoje estamos aqui lançando a campanha HeForShe. Eu estou falando com vocês porque precisamos de ajuda. Queremos acabar com a desigualdade de gêneros – e pra fazer isso, todo mundo precisa estar envolvido.

Essa é a primeira campanha desse tipo na ONU. Precisamos mobilizar tantos homens e garotos quanto possível para a mudança. Não queremos só falar sobre isso. Queremos tentar e ter certeza que é tangível.

Eu fui apontada como embaixadora da boa vontade para a ONU Mulheres há seis meses e quanto mais eu falava sobre feminismo, mais eu me dava conta que lutar pelos direitos das mulheres muitas vezes virou sinônimo de odiar os homens. Se tem uma coisa que eu tenho certeza é que isso tem que parar.

Para registro, feminismo, por definição é a crença de que homens e mulheres devem ter oportunidades e direitos iguais. É a teoria da igualdade política, econômica e social entre os sexos.

Eu comecei a questionar as suposições baseadas em gênero quando eu tinha oito anos, fui chamada de mandona porque eu queria dirigir uma peça para nossos pais – mas os meninos não foram. Aos quatorze anos, sendo sexualizada por membros da imprensa. Com quinze anos, minhas amigas começaram a sair dos times esportivos porque não queriam parecer masculinas. Aos 18, meus amigos homens não podiam expressar seus sentimentos.

Eu decidi que eu era uma feminista. Isso não parecia complicado pra mim. Mas minhas pesquisas recentes mostraram que feminismo virou uma palavra não muito popular. Aparentemente, eu estou entre as mulheres que são vistas como muito fortes, muito agressivas, anti homens, não atraentes.

Por que essa palavra se tornou tão impopular?

Eu sou da Inglaterra e eu acho que é direito que me paguem o mesmo tanto que meus colegas de trabalho do sexo masculino. Eu acho que é direito tomar decisões sobre meu próprio corpo. Eu acho que é direito que mulheres estejam envolvidas e me representando em políticas e decisões tomadas no meu país. Eu acho que é direito que socialmente, eu receba o mesmo respeito que homens. Mas infelizmente, eu posso dizer que não existe nenhum país no mundo em que todas as mulheres possam esperar ver esses direitos.

Nenhum país do mundo pode dizer ainda que alcançou igualdade de gêneros. Esses direitos são considerados direitos humanos, mas eu sou uma das sortudas. Minha vida é de puro privilégio porque meus pais não me amaram menos porque eu nasci filha. Minha escola não me limitou porque eu era menina. Meus mentores não acharam que eu poderia ir menos longe porque posso ter filhos algum dia. Essas influências são as embaixadoras na igualdade de gêneros que me fizeram quem eu sou hoje. Eles podem não saber, mas são feministas necessários no mundo de hoje. Precisamos de mais desses. Não é a palavra que é importante. É a ideia e ambição por trás dela, porque nem todas as mulheres receberam os mesmos direitos que eu. De fato, estatisticamente, muito poucas receberam.

Em 1997, Hillary Clinton fez um famoso discurso em Pequim sobre direitos das mulheres. Infelizmente, muito do que ela queria mudar ainda é verdade hoje. Mas o que me impressionou foi que menos de 30% da audiência era masculina. Como nós podemos efetivar a mudança no mundo quando apenas metade dele é convidada a participar da conversa?

Homens, eu gostaria de usar essa oportunidade para apresentar o convite formal. Igualdade de gêneros é seu problema também.

Até hoje eu vejo o papel do meu pai como pai ser menos válido na sociedade. Eu vi jovens homens sofrendo de doenças, incapazes de pedirem ajuda por medo de que isso os torne menos homens – de fato, no Reino Unido, suicídio é a maior causa de morte entre homens de 20-49 anos, superando acidentes de carro, câncer e doenças de coração. Eu vi homens frágeis e inseguros sobre o que constitui o sucesso masculino. Homens também não tem o benefício da igualdade.

Nós não queremos falar sobre homens sendo aprisionados pelos esteriótipos de gênero mas eles estão. Quando eles estiverem livres, as coisas vão mudar para as mulheres como consequência natural. Se homens não tem que ser agressivos, mulheres não serão obrigadas a serem submissas. Se homens não tem a necessidade de controlar, mulheres não precisarão ser controladas. Tanto homens quando mulheres deveriam ser livres para serem sensíveis. Tanto homens e mulheres deveriam ser livres para serem fortes.

É hora de começar a ver gênero como um espectro ao invés de dois conjuntos de ideais opostos. Deveríamos parar de nos definir pelo que não somos e começarmos a nós definir pelo que somos. Todos podemos ser mais livres e é isso que HeForShe é sobre. É sobre liberdade. Eu quero que os homens comecem essa luta para que suas filhas, irmãs e esposas possam se livrar do preconceito, mas também para que seus filhos tenham permissão para serem vulneráveis e humanos e fazendo isso, sejam uma versão mais completa de si mesmos.

Você pode pensar: Quem é essa menina de Harry Potter? O que ela está fazendo na ONU? É uma boa questão e acreditem em mim, eu tenho me perguntado a mesma coisa. Não sei se sou qualificada para estar aqui. Tudo que eu sei é que eu me importo com esse problema e eu quero melhorar isso. E tendo visto o que eu vi e sendo apresentada com a oportunidade, eu acho que é minha responsabilidade dizer algo. Edmund Burke disse: 'Tudo que é preciso para que as forças do mal triunfem é que bons homens e mulheres não façam nada'.

Cheia de nervos para esse discurso e em um momento de dúvida eu disse pra mim mesma: se não eu, quem? Se não agora, quando? Se você tem as mesmas dúvidas quando apresentado uma oportunidade, eu espero que essas palavras possam ajudar.

Porque a realidade é que se a gente não fizer nada, vai demorar 75 anos, ou até eu ter quase 100 anos antes que mulheres possam esperar receber o mesmo tanto que os homens no trabalho. 15.5 milhões de garotas vão se casar nos próximos 16 anos como crianças. E nas taxas atuais não vai ser até 2086 até que todas as crianças da África rural possam receber educação fundamental.

Se você acredita em igualdade, você pode ser um desses feministas que não sabem sobre os quais eu falei mais cedo. E por isso, eu te aplaudo.

Estamos lutando, mas a boa notícia é que temos a plataforma. É chamada HeForShe. Eu convido você a ir em frente, ser visto e se perguntar: se não eu, quem? Se não agora, quando?

Obrigada”.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Patrícia Poeta deixará o Jornal Nacional da TV Globo

Por Pedro Zambarda

A apresentadora Patrícia Poeta deixará o Jornal Nacional no dia 3 de novembro após três anos no programa, substituindo Fátima Bernardes. A jornalista fará a substituição para se dedicar a um novo projeto de entretenimento da TV Globo. Renata Vasconcelos, que atualmente apresenta o Fantástico, será a substituta. A mudança será anunciada ao vivo nesta segunda-feira (15).


Poeta está há 15 anos na Globo e se destacou no JN ao cobrir a eleição do Papa Francisco, as manifestações de junho de 2013 e a Copa do Mundo, quando apresentou direto da Granja Comary, o centro de treinamento da seleção brasileira.

A substituta de Vasconcelos no Fantástico será Poliana Abritta, que atualmente apresenta o Jornal Hoje aos sábados.

Via UOL

sábado, 13 de setembro de 2014

A USP deveria ter uma faculdade de videogames?

Por Pedro Zambarda
Texto original do Brasil Post

A coluna Geração Gamer, do site TechTudo da Globo.com, entrevistou em setembro o professor, economista e jornalista Gilson Schwartz. Blogueiro do site EXAME.com e ex-Folha e UOL, o pesquisador da ECA-USP reclamou da falta de visibilidade das pesquisas em videogames na maior universidade de São Paulo e defendeu a criação de um curso de graduação de jogos na instituição pública.


"Eu diria que se todos os professores e alunos de pós-graduação da USP que já mexem com games se unissem, seria possível criar uma nova faculdade ou curso totalmente interdisciplinar voltado a jogos e entretenimento digital. Quem sabe um dia rola?", disse Schwartz à coluna. O número de mestrandos e doutorandos com foco em games cresceu bastante nos últimos anos, de acordo com o pesquisador. Sabendo disso, por que a USP ainda não tem uma faculdade de videogames? Ou uma pós-graduação interdisciplinar envolvendo a criação de jogos digitais entre vários cursos?

Numa busca rápida pelas principais graduações em jogos digitais no Brasil, encontramos a PUC e a Anhembi Morumbi na cidade de São Paulo; a Unisinos em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul; a UVV em Vila Velha, no Espírito Santo; a Infórium em Belo Horizonte, Minas Gerais; e a Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Além destas, que são referência, destacam-se a FMU, UnicSul e UniPaulistana. O total de faculdades gira em torno de 10 instituições, sendo que muitas ainda apostam mais em pesquisas no assunto, ao invés de formar propriamente profissionais especializados no ramo. Isso talvez explique porque o Brasil ainda tem 133 empresas nacionais empregando somente 1133 pessoas formalmente, segundo a pesquisa GEDIGames conduzida pelo Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da USP, financiado pelo BNDES.

Resumidamente, podemos entender que há pouco investimento em educação nível superior para games, o que resulta em poucas empresas e um mercado que promete muito, mas ainda entrega menos do que poderia, se ele for realmente o quarto maior do mundo.

A USP deveria ter uma faculdade de videogames? Poderia. A USP faria a diferença com um curso de mercado de videogames, sem muita teoria e bastante prática. Possivelmente, porque ainda temos poucas referências do que deveria ser uma "faculdade de jogos digitais".

Um curso acadêmico voltado para os games faria a diferença em nosso mercado? Talvez sim. Embora muitos profissionais não sejam os maiores fãs de uma formação teórica, a maior parte das profissões consolidadas no país contam com uma sólida base de pesquisas, muitas delas focadas apenas em teses e com investimento que enriquece a área de atuação.

O que a USP tem hoje, além de suas pesquisas de pós-graduação, é um curso para que iniciantes aprendam a fazer jogos. É ministrado pelo próprio Gilson Schwartz no Gelly Jams, uma extensão do programa Game and Entertainment Lab do Departamento de Cinema, Rádio e TV da ECA-USP.

Uma faculdade de videogames resulta em ganhos imediatos para quem desenvolve games por aqui? Não. Mas ajudaria a aumentar áreas interessantes para pesquisa. Um levantamento da Times Higher Education em 2013 revelou que o Brasil está em 23º lugar entre 30 nações no quesito de injeção de verba privada para pesquisas universitárias. É uma posição vergonhosa para um país que tem uma USP entre seus melhores centros de formação.

O brasileiro tende a querer retornos de curto prazo, mas a educação só pode melhorar com investimentos pensando no longo prazo. E a cena nacional de games terá uma tendência de expansão ainda mais expressiva se acreditarmos no trabalho acadêmico, mercadológico e mesclado de maneira enriquecedora e sem preconceitos.

Bons jogos no Brasil não devem ser apenas feitos, mas também analisados e disseminados para formar um público que goste e que tenha orgulho da produção de seu país. Se a USP puder colaborar pra isso, então deve sim ter uma faculdade de games.

Laboratórios desenvolvem protótipos em 3D para empresas de petróleo e gás

Por Alana Gandra, da Agência Brasil
Creative Commons

Laboratórios do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) estão sendo estruturados para desenvolver protótipos em terceira dimensão (3D). Os investimentos alcançam cerca de R$ 10 milhões, oriundos de participação especial da Petrobras em campos de exploração de petróleo com maior produtividade.


O laboratório do INT recebeu duas impressoras 3D com capacidade para imprimir peças de grandes proporções. A área de engenharia da Petrobras vai encomendar ao laboratório um modelo em polímero de navio-plataforma do tipo FPSO (Floating, Production, Storage and Offloading System) -modelo flutuante de produção, estocagem e escoamento, que permitirá testar interfaces entre o casco e as  instalações que ficam acima da linha da água da embarcação, denominada topside. Um navio desse tipo mede 400 metros.

O gerente de Tecnologia Naval e Offshore da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Jorge Bruno, destacou que a encomenda é inédita no mundo. “É um grande passo em termos de fabricação digital. Uma tendência para o futuro”, segundo ele. Jorge Bruno disse que o desenvolvimento de protótipos e o lançamento de novos equipamentos com base em novos materiais ganhou agilidade, pois “é quase  infinita a possibilidade de fabricação digital com impressão 3D”. O uso desses protótipos  é útil para outras empresas do setor de petróleo e gás, além da Petrobras, bem como para todos os demais setores, avaliou ele.

A PUC-RJ também trabalha no projeto, com impressora 3D capaz de imprimir protótipos em oito tipos de metal, e comprou  equipamentos capazes de fabricar protótipos de hardware (parte física de um computador) eletrônico e de softwares (programas). Placas de circuito impresso, que eram feitas anteriormente no exterior e demoravam vários meses para serem finalizadas, agora ficam prontas em poucas horas, comentou a assessoria de imprensa da Petrobras.

O Núcleo de Experimentação Tridimensional da PUC-Rio também tem scanners 3D (digitalizadores de imagens e textos) e impressora 3D de alta definição, além de braço robô para a confecção de componentes de grandes dimensões. O gerente da Onip observou que o protótipo do FPSO fará as análises na prática, e acrescentou que "será muito mais fácil analisar as condições de encaixe, de interligações. Isso vai facilitar muito a integração, futuramente”, além de reduzir custos.

Segundo ele, "aquilo que você não conseguiu prever na tela [do computador], no protótipo ao vivo e em 3D você acelera. Não perde tempo. Com o protótipo, você consegue ensaiar muito melhor do que na tela”. Salientou que isso trará ganhos também em termos de confiabilidade, compromisso do cronograma, redução de tempo de integração, “e isso tudo é dinheiro, no final das contas”.

Brasil atrai operadores e fabricantes de satélites

Por Alana Gandra, da Agência Brasil
Creative Commons

O Brasil é, hoje, alvo da atenção dos grandes operadores e fabricantes internacionais de equipamentos, tanto satélites como equipamentos de terra, além de fornecedores de serviços de todos os tipos, disse à Agência Brasil o presidente do 14º Congresso Latino-Americano de Satélites - aberto nesta quinta-feira (4), no Rio de Janeiro -, Rubens Glasberg.


Ele destacou que os investimentos na área de satélites são de longo prazo. “Não são investimentos para um ou dois anos. Um satélite dura 15 anos. Para projetar e construir, leva cinco [anos]. Então, é um negócio de 15 anos.” Segundo Glasberg, o investidor da área de satélite não pensa o Brasil em termos conjunturais, considerando a atual redução do crescimento econômico, mas projeta o Brasil para a frente, e vê muitas oportunidades.

Amanhã (5), o vice-presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Jarbas Valente, fará, pela manhã, um balanço da licitação de satélite feita neste ano, que conferiu direito de exploração de satélite brasileiro para transporte de sinais de telecomunicação, além de abordar a nova configuração do mercado e como ficarão as licitações no futuro.

Rubens Glasberg observou que no Brasil, tal como ocorre em todo o mundo, é crescente o uso de satélites para televisão. “Você  tem a alta definição, que exige cada vez mais bandas de satélite. Logo mais você vai ter a ultra-alta definição 4K, que vai exigir mais banda ainda; tem o crescimento do acesso à banda larga, e você só consegue chegar a regiões remotas via satélite”, acrescentou. A tecnologia ultra high definition (UHDTV) 4K, usada em televisão e cinema digital, contém quatro vezes mais pontos na tela do que o padrão Full HD, mais recente.

Glasberg lembrou outras aplicações para os satélites, tanto militares, de governo, como sociais, e salientou o desenvolvimento, em curso, de um satélite geoestacionário de comunicação e defesa, em parceria do Brasil com outros países. O Satélite Brasileiro de Defesa e Comunicação, segundo ele, deverá estar pronto em 2016.

Ele manifestou expectativa positiva em relação ao congreesso, porque o evento retrata, na sua opinião, o crescimento que esse setor vem tendo no Brasil. "Mesmo que atravesse momentos conjunturalmente adversos, no longo prazo, há oportunidades enormes para um país de dimensões continentais como o Brasil”, apostou.  O congresso reúne representantes das principais operadoras do mercado brasileiro e latino-americano de comunicações via satélite para falar sobre estratégias, oportunidades e futuros lançamentos.

Site resgata 66 anos de história do teatro infantojuvenil no Brasil

Por Paulo Virgílio, da Agência Brasil
Creative Commons

As mais de seis décadas de história do teatro infantojuvenil no Brasil estão amplamente documentadas em um portal lançado esta semana pelo Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude (CBTIJ). Resultado de um intenso esforço de pesquisa, o site reúne um acervo que a partir de agora pode ser facilmente acessado pelos milhares de profissionais que atuam na área em todo o país, além de ser referência para estudos acadêmicos sobre esse segmento teatral.


Desde a primeira peça infantil encenada no Brasil – O Casaco Encantado, de Lucia Benedetti, em 1948, pela Cia. Artistas Unidos, da atriz Henriette Morineau – , passando por nomes como Maria Clara Machado, Ilo Krugli, Maria Helena Kuhner e Tim Rescala, até os espetáculos mais recentes, as informações reunidas no portal estão catalogadas em 34 páginas principais, que se subdividem em mais de 2 mil páginas internas. São 141 artigos e reflexões, 778 críticas, 4.551 imagens (fotos, cartazes e programas de peças), 44 entrevistas e 772 informações sobre espetáculos.

“O site da CBTIJ já existe há quase dez anos, mas a informação que continha não era catalogada. Não tínhamos um banco de dados e um sistema de pesquisa, o que dificultava a procura”, explica o coordenador do projeto do portal, Antonio Carlos Bernardes, também conselheiro do CBTIJ. Segundo ele, a reformulação foi possível com os apoios da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e da Fundação Nacional de Arte (Funarte).

Também estão disponíveis no site 23 novos textos teatrais de autores contemporâneos como Rogério Blat, Fátima Valença, Denise Grispun e Guto Grecco. A cada 15 dias, serão publicadas entrevistas que atualizarão o portal.

Segundo Antonio Carlos Bernardes, uma das dificuldades encontradas pela equipe encarregada de reunir as informações para o portal veio dos próprios profissionais do setor. “A maior parte dos artistas não tem o seu acervo organizado e catalogado. Nós tivemos que pesquisar em vários locais para completar as lacunas”, reconhece.

Outra preocupação foi a de incluir publicações específicas para o teatro infanto-juvenil, como os 14 volumes da revista Mamulengo e os nove números da Móin Móin, editada pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Com 18 anos de existência, o CBTIJ tem associados ligados ao teatro infanto-juvenil, nas cinco regiões do Brasil. Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul são os estados onde a organização não governamental tem atuação mais forte.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Pesquisa mostra que “fazer contas” e dar aulas resume mal trabalho de matemático

Da Agência USP de Notícias
Creative Commons

A quantidade de oportunidades que se abrem diante de quem se forma na área da matemática pode ser comparada ao tamanho do universo dos números: infinito. Mas na hora de prestar o vestibular, esse universo se oculta diante dos olhos de muitos estudantes que gostam de matemática. Em vez de enxergar essas oportunidades, eles só são capazes de ver os mitos que assombram quem pensa em seguir por esse caminho.



O mito de que todo matemático é professor de matemática

Nem todo matemático é, necessariamente, um professor de matemática. Seguir a carreira de professor é apenas uma opção entre muitas outras que existem à disposição de quem gosta de matemática. O coordenador do Bacharelado em Matemática do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, Leandro Aurichi, assegura que faltam matemáticos no mercado de trabalho: os bancos e as agências de consultoria financeira demandam muito mais profissionais do que as universidades conseguem formar.

Um matemático pode atuar em empresas de gestão, de logística e até de marketing. A busca pelo petróleo, por exemplo, se dá por meio de métodos matemáticos: ondas são enviadas para o subsolo e os ecos são analisados matematicamente. Dependendo das características desses ecos, são identificados os indícios da existência de petróleo naquele local.

Em uma fábrica de calçados, para aproveitar ao máximo os materiais, é preciso otimizar matematicamente a disposição das peças a serem cortadas. Esse é um desafio geométrico que demanda também o desenvolvimento de programas para realizar essa atividade automaticamente.

Quem se encanta com as soluções da matemática para problemas concretos da humanidade como esses pode seguir o caminho do Bacharelado em Matemática Aplicada e Computação Científica.

Mas a vocação para o ensino acomete muitos matemáticos. Entre esses, estão os que escolhem dar aulas para o ensino médio e fundamental e, para isso, cursam Licenciatura em Matemática . Há também quem deseja se tornar um pesquisador-professor universitário. Esse nicho de mercado costuma ser ocupado pelos Bacharéis em Matemática. Quando eles não se dirigem ao mercado de trabalho, optam pela carreira acadêmica e prosseguem os estudos com a pós-graduação (mestrado e doutorado).

O mito do matemático que morreu de fome

O medo de não conseguir garantir a própria sobrevivência no futuro é outro mito recorrente que está ligado ao anterior: “todo matemático é professor de matemática”. Por isso, cogita-se que tenha se fortalecido juntamente com a disseminação da “síndrome do professor mal remunerado”.

Segundo Aurichi, apesar de ter um bom salário, os matemáticos que seguem carreira acadêmica ganham menos do que aqueles que vão para o mercado, pois a disputa acirrada por profissionais torna os salários iniciais bastante atraentes. “Nossos alunos recém-formados têm ingressado no mercado de trabalho com salários que variam de R$ 3,5 a 4 mil e com ótimas perspectivas de crescimento profissional nas empresas”, completa completa o coordenador do Bacharelado em Matemática Aplicada e Computação Científica, Gustavo Buscaglia

O mito de que todo matemático sabe fazer contas

Entre os profissionais das ciências exatas, segundo o professor Aurichi, o matemático é o que menos sabe calcular: “A matemática que os alunos encontram na universidade é completamente diferente da matéria que eles aprenderam no ensino médio e fundamental. Aqui, nós não estamos interessados em fazer contas, mas em entender como as coisas funcionam e as relações entre essas coisas. É uma busca por uma compreensão mais qualitativa que quantitativa”.

Para um matemático, muitas vezes, é suficiente saber que a reposta para uma questão existe e é passível de ser calculada. Depois de descobrir isso, ele simplesmente não precisa fazer conta.

O mito de que matemática não combina com outras ciências

Cada vez mais as ciências exatas são reconhecidas como relevantes para o desenvolvimento de outras ciências. Da biologia à sociologia, é possível encontrar inúmeros exemplos de matemáticos que buscam desenvolver modelos para entender como as coisas funcionam nesses diferentes campos do saber. Quando chega a época das eleições, esse fenômeno fica ainda mais evidente com as inúmeras análises estatísticas que tentam prever o que acontecerá nos rumos políticos do país.

“Toda a ciência que tem algo a ver com a natureza e com o mundo real precisa da estatística”, diz Aurichi. O Bacharelado em Estatística é outra opção de curso oferecido pelo ICMC e quem se forma nessa área pode atuar em inúmeros setores, tendo em vista que o emprego das metodologias estatísticas tornou-se uma prática comum em bancos, seguradoras, na medicina, na biologia, na indústria de forma geral e no governo. Daí a conclusão de que a probabilidade de um estatístico ficar desempregado atualmente tende a zero.

Editora da USP participa Feira Internacional do Livro da Suécia

Por Leila Kiyomura, do Jornal da USP
Via Agência USP de Notícias, Creative Commons

Os livros da Editora da USP (Edusp) estarão, em setembro, na Feira Internacional do Livro de Gotemburgo, na Suécia. O evento, a ser realizado entre os dias 25 e 28, é reconhecido como um dos mais importantes programas literários e de negócios para os profissionais do livro na Europa. Neste ano, o foco da programação é o Brasil. Daí a Edusp ser convidada para apresentar, por intermédio do seu catálogo, a diversidade cultural brasileira. A pintura de Cândido Portinari, Lasar Segall, Aldo Bonadei e Marcello Grassmann, a origem das modinhas e do samba, a arquitetura das praças e igrejas e a literatura de Clarice Lispector estão entre os destaques.


“A Edusp irá representar o Brasil entre 50 países e, diante dessa visibilidade, selecionamos obras que revelam a nossa cultura e, ao mesmo tempo, a pesquisa desenvolvida na USP”, observa o diretor-presidente da Edusp, Plinio Martins Filho. “Pretendemos destacar também o projeto editorial e gráfico, que é uma referência para o mercado editorial acadêmico.”

A Feira de Gotemburgo recebe, anualmente, 150 mil visitantes, entre eles professores, bibliotecários, agentes literários e outros profissionais do mercado da literatura. “Esta é a primeira vez que um país sul-americano é convidado para ser homenageado no evento”, observa André Maciel, chefe da Divisão de Difusão Cultural do Ministério das Relações Exteriores. “Trata-se, portanto, de uma ação importante para promoção da cultura brasileira no exterior e também de uma oportunidade para adensar o diálogo com universidades suecas.”

Na avaliação de Paulo Vassily Chuc, chefe de gabinete do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores, o evento tem uma importância singular. “Além da ampla repercussão internacional, é um indicador das tendências do Prêmio Nobel, na medida em que a imprensa especializada observa a atenção dispensada a certos escritores pelos membros da Academia Sueca, que costumam comparecer.” Ele destaca que a Feira de Gotemburgo consolida o papel de destaque que o Brasil vem obtendo no cenário literário internacional e lembra as participações pontuais da Edusp na Feira Internacional do Livro de Bogotá, em 2012, e na Feira Internacional do Livro de Frankfurt, em 2013. “Além disso, pavimenta o caminho para a participação brasileira, também como país homenageado, no Salão do Livro de Paris em 2015. O convite à Edusp surgiu no âmbito da longa cooperação entre a USP e o Itamaraty, que já se mostrou profícua também em eventos como a Feira Internacional de Antropologia no México, a Feira Internacional de Guadalajara e a Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, entre outros.”

Martins ressalta que a participação da Edusp na Feira Internacional do Livro de Gotemburgo será custeada pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Departamento Cultural do Itamaraty. “Teremos um estande no pavilhão brasileiro que vai apresentar uma programação com palestras e encontros com escritores.”

No estande da Edusp, de 15 metros quadrados, os leitores terão oportunidade de perceber que a arte brasileira não tem limites. Nem fronteiras. “Nossos livros de arte surpreendem tanto pelo conteúdo da pesquisa como pelo projeto editorial e gráfico. Dão uma visibilidade para o Brasil atingindo um público formador de opinião”, afirma Martins. Por atuar na divulgação da arte brasileira, a Edusp recebeu, em maio deste ano, o prêmio de Destaque na Cultura da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).

Portinari, Bonadei, Bonomi

A Edusp selecionou 50 livros para marcar presença na Feira Internacional do Livro de Gotemburgo. Um dos destaques é a história do paulista de Brodowski Cândido Portinari (1903-1962), filho de imigrantes italianos, que Elza Ajzenberg aborda no livro Portinari – Três momentos. Nele, a crítica e professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP analisa a obra do artista, que alia arte e engajamento social, buscando a construção de uma nova consciência artística brasileira.

Outro artista também inserido no contexto artístico e histórico do século 20 é apresentado por Lisbeth Rebollo Gonçalves, também professora da ECA. Em Aldo Bonadei – Percursos estéticos, a vida e obra do artista, considerado um dos pioneiros da pesquisa abstrata no País, vão fluindo em uma análise sistematizada. Lisbeth enfatiza a constante preocupação de Bonadei em compreender o processo de criação artística, a percepção da cor e a construção do espaço pictórico.

Na seleção de livros sobre artistas contemporâneos, a Edusp destaca Maria Bonomi – Da gravura à arte pública, organizado por Mayra Laudanna, professora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP. Dividido em três partes, documenta a produção da artista ítalo-brasileira desde seu início, nos anos de 1950, até os dias atuais. As gravuras, painéis, esculturas e instalações são apresentadas em 420 páginas.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Morre Richard Kiel, o ator que fez o vilão Jaws nos filmes de James Bond

Por Pedro Zambarda



O ator americano Richard Kiel morreu aos 74 anos, três dias antes do seu aniversário, em um hospital em Fresno, na Califórnia. O falecimento ocorreu na tarde desta quarta-feira (10) por causas desconhecidas. O artista tinha quebrado uma perna poucos dias antes de ir ao hospital.


Ele ficou famoso interpretando o vilão Jaws, dentes de aço, dos filmes do agente secreto britânico 007 na fase do ator Roger Moore. O ator surpreendia pela sua altura, que chegava a 2,18 metros. O inimigo de James Bond também ficou famoso no jogo 007 Contra GoldenEye, do console Nintendo 64.

O furo foi dado pelo site TMZ, que cobre celebridades.

Via Variety

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O dia (bizarro) em que vi eu mesmo impresso em 3D

Por Pedro Zambarda

Fui retirar, hoje, um bonequinho de 12 centímetros com as minhas feições faciais e a roupa que eu utilizava no dia 14 de agosto de 2014. O boneco 3D chama-se Avatoy e foi lançado por uma startup em uma coletiva com jornalistas que puderam tirar fotos para gerar o produto. Ele foi impresso baseado em fotografias minhas registradas em 360 graus.


Como o bonequinho foi criado?



A imagem em três dimensões é registrada em um disco com cinco câmeras: uma no alto voltada para baixo, duas na altura da cabeça e do tórax e as duas últimas nas pernas. Esse círculo no chão gira duas vezes e você deve permanecer imóvel, enquanto um computador gera sua fotografia em 3D. Objetos que criam reflexo não geram uma imagem nítida, como metais e lentes de óculos. Mas bolsas e acessórios do corpo podem aparecer na sua foto, bem como a estampa da camiseta.

O Avatoy pode ser comprado em um quiosque no Shopping Morumbi, em São Paulo. A impressão é feita em três horas, em cestas com cerca de 30 a 35 bonecos.

Há três opções básicas de bonequinhos: 10 cm de altura por R$ 150, 12 cm por R$ 200 e 14 cm por R$ 250. Outros modelos são para casais, sendo os de 10 cm por R$ 220, 12 cm por R$ 300 e 14 cm por R$ 350. Infelizmente, crianças abaixo de seis anos e animais não podem ser fotografados, porque tendem a se movimentar no registro das imagens. A tinta do Avatoy é colocada assim que ele é impresso, sem retoques manuais.


Assustador, não é?

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Se eleita, candidata Luciana Genro do PSOL promete combater a homofobia e a transfobia

Por Pedro Zambarda

A candidata esquerdista Luciana Genro, do PSOL, prometeu combater a homofobia e a transfobia caso seja eleita presidente da República nas eleições de outubro deste ano. Declaração foi dada em uma entrevista ao site Diário do Centro do Mundo, o DCM. Ela tem entre 0,3% e 1% das intenções de voto segundo institutos como Datafolha e Ibope.


"Pretendo dar apoio presidencial ao casamento civil igualitário, além de equiparar o crime de homofobia ao racismo e implementar um projeto de 'Escola Sem Homofobia'. A ideia é combater o bullying escolar para desenvolver uma educação com respeito à diversidade. Essas serão as primeiras medidas que tomaremos no Planalto, contra a homofobia e a transfobia", disse Luciana ao DCM.

Quer conferir a entrevista completa? Clique aqui.

Transporte público deve ser prioridade no Brasil, dizem pesquisadores

Por Camila Maciel, da Agência Brasil

Os deslocamentos urbanos ganharam destaque na agenda do país sobretudo com os protestos de rua que reuniram milhares de pessoas em junho de 2013. As manifestações evidenciaram um cenário comum nas grandes cidades: o alto custo da passagem, os longos deslocamentos diários, a superlotação de ônibus e metrôs e a crescente opção pelo transporte individual, aumentando os congestionamentos. “O investimento no transporte individual motorizado é de oito a dez vezes maior do que no coletivo. Ao longo dos anos, isso desenhou cidades para favorecer o automóvel. A médio e longo prazo, isso é insustentável”, aponta a socióloga Renata Florentino, pesquisadora do Observatório das Metrópoles.


Quase 85% dos brasileiros vivem em ambiente urbano, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a taxa de urbanização do país deva chegar a 90% nos próximos cinco anos. Com tanta gente vivendo nas cidades, é preciso articular políticas públicas que possibilitem uma convivência harmônica e igualitária nesse espaço. Um dos desafios cotidianos das cidades é o de garantir o direito de ir e vir de tantas pessoas.

Diante desse contexto, especialistas e ativistas entrevistados pela Agência Brasil são unânimes em destacar a necessidade de priorizar o transporte coletivo. “Não adianta aumentar a infraestrutura tradicional. É papel dos governos se antecipar, perceber a dinâmica que estamos vivendo e investir em alternativas”, propõe o economista Pérsio Davison, conselheiro da organização Rodas da Paz, de Brasília. Ele acredita que é preciso melhorar a qualidade do serviço, que favoreça a opção pelo transporte público, além de investir em diferentes modais, incluindo o metroferroviário. Balanço da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) mostra que 30% dos brasileiros deixaram de usar ônibus de 1995 a 2013.

A assessora jurídica da organização Terra de Direitos, Luana Xavier, entidade que integra a Plataforma Dhesca (Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais), defende que as políticas federais nesse âmbito devem convergir para que não haja uma indução contrária do que propõe a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei Federal de 2012). “Pela primeira vez, estão colocados os objetivos de priorizar o transporte coletivo. Por outro lado, tem-se uma política de incentivo à aquisição do carro por meio do IPI [Imposto sobre Produto Industrializado] reduzido”, criticou. O número de automóveis passou de 25,5 milhões, em junho 2005, para 46,6 milhões no mesmo período deste ano, segundo dados do Ministério das Cidades.

O presidente da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), Paulo Pausin, aposta no investimento em transporte de passageiros sobre trilhos. “As grandes cidades estão congestionadas e não há mais como se investir em transporte individual ou mesmo no transporte coletivo sobre rodas”, defende. A federação propõe que sejam investidos 2% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas pelo país, no transporte sobre trilhos. Segundo a entidade, apenas sete capitais brasileiras têm metrô: Brasília, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza.

Além de investir em infraestrutura, as entidades destacam que os recursos, mesmo de grande montante, serão insuficientes, se não for revisto o “atual modelo segregador de cidade”. “Isso não garante que a pessoa vai ter direito à cidade, de se apropriar do espaço urbano. Se a pessoa não tiver dinheiro para pagar, ela não vai poder se deslocar livremente”, aponta Lucas Monteiro, integrante do Movimento Passe Livre (MPL), organização que esteve à frente dos protestos de 2013 pela redução da tarifa.

Luana, da Terra de Direitos, avalia que é preciso questionar o motivo de as pessoas estarem se deslocando mais atualmente. “A classe trabalhadora está sendo expulsa dos centros urbanos e indo morar nas periferias das cidades. Há um fluxo muito grande para as regiões metropolitanas, que é onde custo da moradia é mais acessível”, analisa.

Renata Florentino, do Observatório das Metrópoles, acredita que a discussão de mobilidade urbana não pode estar dissociada do tema planejamento urbano. “A discussão tem que ser levar o trabalho para perto da pessoa e favorecer a construção de moradia popular nos grandes centros, que é onde se concentra a maior parte dos postos de trabalho”, propõe.

Na mesma linha, Luana Xavier defende que o Estado exerça o controle do preço da terra para evitar que comunidades sejam expulsas de áreas que venham a se valorizar. “Regiões próximas de metrô em São Paulo são muito valorizadas. É preciso conciliar o investimento em mobilidade e o controle do preço da terra para garantir que as populações ocupem aquele espaço”, destaca.

Posts mais lidos