quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O dia em que o protesto do MPL terminou em beijo na boca e a Tropa de Choque invadiu uma estação de metrô

Por Pedro Zambarda

O 3º Grande Ato do Movimento Passe Livre contra o aumento das passagens de ônibus e de metrô tinha tudo para dar errado e não deu. Começou pela decisão de sair da Praça Silvio Romero, perto da estação Tatuapé de metrô e com 35 graus de temperatura. Era a primeira mobilização no ano que ocorria numa terça-feira (20) e na zona leste de São Paulo.


A primeira coisa que se podia notar, por volta das 17hrs, é que visivelmente estavam menos pessoas do que no 2º Ato, que acabou em provocação ao prefeito Fernando Haddad e bombas gratuitas da PM do governador Geraldo Alckmin.  A Polícia Militar, no entanto, já tinha cinco viaturas em uma concessionária Honda ao lado da estação de metrô local. A Força Tática da PM chegou com suas viaturas na Silvio Romero e se pôs diante dos manifestantes que ainda preparavam cartazes. Cada esquina da praça tinha pequenos grupos policiais.


“Acho que o couro vai comer forte aqui hoje. Estou com dúvidas se realmente conseguiremos sair da praça. Quando saí de casa, aqui perto no Tatuapé, achei que fosse tomar um enquadro por conta da cor da minha camiseta, que é amarela”, me disse Tatiane, integrante do coletivo Juntos ligado ao PSOL. Outro coletivo, chamado Território Livre, também compartilhava dos mesmos temores naquele momento.


Mesmo com essa tensão no ar, idosos jogavam cartas em mesas da praça. Outro grupo também se divertia com dominó.

Dada a quantidade de pessoas, o Movimento Passe Livre iniciou sua assembléia pública para definir o trajeto e decidiu, por ampla maioria dos demais integrantes do protesto, percorrer o bairro do Tatuapé por dentro até Radial Leste. Era arriscado, mas todos os presentes tentaram mesmo assim.

Descemos a Rua Serra de Bragança e o protesto passou por uma extensa área residencial, com os poucos comércios já fechados. Passando por um condomínio de alto padrão, os moradores saíram em suas sacadas para ver a manifestação. A maioria mostrava um olhar de reprovação, mas uma senhora fez sinal de positivo e começou a cantar para que todos fossem até a rua. Um grupo de crianças que se divertia na piscina foi para a grade de outro condomínio e pegou os panfletos do MPL. Funcionários de um McDonald’s ergueram panfletos com os dizeres “Aumento Não”.


Quando nos aproximamos da Radial Leste, enorme e com um tráfego intenso de carros que liga uma metade de São Paulo com a outra, a PM deu a entender que jogaria bombas, embora a Tropa de Choque estivesse no meio da massa que protestava e não na frente. Percorri a Radial e havia poucos policiais, exceto a ROCAM e a Força Tática.

 Como a mobilização foi impedida de prosseguir, ela voltou e ficou sem roteiro muito bem definido, percorrendo ruas e fazendo pausas para tentar se decidir. O Movimento Passe Livre então puxou as pessoas de volta para a Radial Leste. Um clima de tensão se instalou. Achamos que, naquele momento, o Choque correria para frente e faria a repressão. Isso não aconteceu. E a Força Tática da PM abriu espaço para que a mobilização tomasse a pista sentido Centro da Radial.
“Achei que fosse voar bala de borracha aqui e fiquei escondida atrás desta mureta. Não to acreditando que os caras estão deixando a gente entrar na Radial! É a primeira vez que eu vejo isso acontecer”, me disse uma mulher no local.

O clima de empolgação aumentou. A polícia não tinha reprimido o protesto, os black blocs, sempre presentes, não haviam depredado nada significativo, e tudo permaneceu pacífico, embora nós não tenhamos percorrido nenhuma rua com agências bancárias.

A mobilização passou pela estação de metrô Tatuapé e prosseguiu até o Belém. Eu corri na frente e fui até o terminal de ônibus para ver o que nos aguardava mais à frente. Caminhões do Choque estavam aguardando o avanço da massa e pensei que poderia ocorrer novamente conflito. Não aconteceu e o protesto virou à esquerda, na Rua Silva Jardim, saindo da Radial Leste com sucesso. Fez o contorno e subiu pelo Viaduto Guadalajara, para estender faixas diante dos motoristas que passavam por baixo. Naquele ponto, rolou uma tensão entre alguns PMs e pessoas que estavam andando por fora da concentração da manifestação, como eu mesmo que estava na calçada e fora da rua. Mas não ocorreram brigas. Por fim, o protesto parou n Largo São José.


Ali, o 3º Grande Ato do Movimento Passe Livre estava encerrado, com muita comemoração, emoção e vibração das pessoas. Ninguém tinha tomado tiros de balas de borracha e nenhuma bomba havia sido detonada. Vi dois casais se beijando, sendo que um deles tinha uma moça que chorava sem acreditar naquela felicidade. Amigos ligavam uns para os outros para avisar que estava tudo bem. E que a manifestação tinha sido pacífica e sem repressão da PM.

Até alguns policiais pareciam felizes, ou pelo menos sem olhares ameaçadores. No entanto, duas viaturas protegiam uma agência da Caixa Econômica Federal. O MPL estima que oito mil pessoas compareceram neste protesto. Eu estimo mais ou menos cinco mil. A Polícia Militar afirma que deslocou cerca de 650 policiais, um efetivo bem menor se comparado ao protesto que terminou em correria na frente da Prefeitura, de mil pessoas.


O Movimento Passe Livre conversou com vários jornalistas que estavam presentes. “A gente consegue fazer uma manifestação pacífica sem repressão. O que aconteceu hoje é a prova disso. A gente consegue passar uma mensagem mais claramente sem as bombas e nem as balas de borracha da polícia”, disse uma ativista depois de abraçar seus amigos com força e gritar.

“A luta pela tarifa zero parece utopia pra maioria das pessoas, mas acho que elas só aceitam tanto assim o aumento do preço das tarifas porque foram condicionadas a pensar assim. Essas revistas de hoje, como a Veja, ainda tem um puta poder sobre parte da população”, me disse um simpatizante do MPL enquanto caminhávamos na rua, retornando do ato público.

Andamos até a estação Belém de metrô. E lá ocorreu o único problema daquela noite.

Os manifestantes queriam encerrar seu protesto contra o aumento das passagens de R$ 3 para R$ 3,50 defendendo a tarifa zero. Por isso, tentaram pular as catracas. Os guardas do metrô não permitiram e a Tropa de Choque da Polícia Militar invadiu o local.


As entradas da estação foram fechadas às 21h20. Quando eu tentei ver o que estava acontecendo, mais soldados do Choque subiram e ocorreu uma confusão com manifestantes que estavam estendendo faixas nas rampas do metrô. Por pouco não estourou o primeiro tiro de bala de borracha em um espaço fechado, e com pessoas tentando entrar e saindo do metrô.

O Choque ainda arrumou briga com o grupo de primeiros-socorros que ajuda manifestantes na rua. Uma moça gritava com os policiais. “Vocês são todos uns fascistas por nos abordar desta forma!”. Os oficiais limitavam a entrada do metrô, criando um corredor lotado de “RoboCops”.

Por fim, a PM foi embora da estação Belém jogando spray de pimenta no local, o que provocou algumas lágrimas nos olhos irritados dos repórteres que ainda estavam lá. Policiais fizeram enquadramentos em áreas próximas, mas nenhuma prisão foi relatada após o protesto na zona leste de São Paulo, que desta vez não acabou em tiro, porrada ou bomba.

A sensação que tivemos com o fim do ato foi positiva e negativa: Vimos menos pessoas nas ruas, mas mesmo assim o MPL se mobilizou desta vez sem atrair violência das autoridades, sobretudo promovendo diálogo entre os coletivos ali presentes.

No protesto anterior, que terminou em tiros e muitas bombas da PM, um jovem ciclista de 22 anos levou um tiro de bala de borracha no olho direito. Os médicos ainda não sabem informar se ele ainda terá sua visão, mas sua agressão lembrou bastante os abusos policiais de 2013 ocorrendo novamente dois anos depois. Se a repressão for ainda mais violenta, teremos resultados pesados ainda em 2015.

Chegando exausto em casa, vejo uma mensagem de uma amiga: “Pela primeira vez na minha vida, tomamos a Radial Leste. Eu sou filha da zona leste e isso pra mim foi histórico. Foi trazer para a minha terra os sonhos que sonhamos coletivamente. Esse ato foi muito vitorioso. E amanhã, sem dúvida, vai ser maior!”.

domingo, 18 de janeiro de 2015

O dia em que o MPL provocou Haddad e tomou bomba de graça da PM de Alckmin

Por Pedro Zambarda
Originalmente escrito para o Diário do Centro do Mundo (DCM)

Compareci, nesta sexta-feira (16), ao 2º Grande Ato do Movimento Passe Livre contra o aumento das passagens de ônibus e de metrô em 2014. O protesto estava marcado para as 17hrs, mas cheguei a passar pela Praça do Ciclista, no fim da Avenida Paulista, horas antes, entre 15hrs e 16hrs.


Não havia nem 10 pessoas no local marcado para começar a marcha, mas já rodavam viaturas da Polícia Militar cruzando a rua para se alocar nas laterais, na Rua Bela Cintra. Amigos me avisaram pelas redes sociais que outros veículos da polícia rondavam a Sé. As autoridades vieram ainda mais preparadas para este protesto. Se antes foram estimados cerca de 800 policiais, eu acredito ter visto mil efetivos colados na manifestação, além de helicópteros e viaturas de suporte.

O protesto começou às 17hrs completamente frágil, pouco concentrado e fraco. A Praça do Ciclista é um péssimo local para reunião de grupos. À frente da estátua do herói venezuelano Francisco de Miranda há uma sacada circular com uma visão do túnel que liga a Paulista com a Rebolças e a Doutor Arnaldo. Por isso, o grupo ficou espalhado e pouco concentrado, no mesmo tempo em que a Tropa de Choque se concentrou do lado da Paulista e mais PMs se aglomeraram na Consolação.


Naquele momento, o MPL deveria fazer uma assembléia pública para decidir o trajeto. Mas o medo da reação da polícia e a pouca concentração de pessoas atrasaram tudo, embora as baterias dos coletivos de partidos políticos e de movimentos sociais batessem com força. Eu decidi, então, passar o cordão do Choque e ver quantos policiais estavam na Avenida Paulista.

Vi algo surreal perto do Haddock Lobo: além dos microônibus e dos carros da Tropa de Choque, havia policiais militares encapuzados com armas que certamente não eram de balas de borracha. Pareciam fuzis de relance. Estavam protegendo lojas de conveniência e até o restaurante América naquele local.

Voltei para o protesto. O MPL decidiu rapidamente que seria impossível passar a barreira do Choque e ir em direção à Paulista. Mudou a rota e decidiu descer a Consolação, passando pelo mesmo lugar em que fomos encurralados na Rua Matias Aires, entre outras vias.

O começo da caminhada foi lento. Um grupo de black blocs derrubou uma cabine da PM no final da Paulista. Achávamos que aquilo causaria um confronto com a polícia, acabando com o protesto ali mesmo. As autoridades correram para filmar o grupo, mas não puxaram o Choque para reagir.

A PM chegou a afirmar em seu Twitter que apreendeu supostas garrafas de gasolina de manifestantes. A corporação se retratou em minutos, dizendo não saber o real conteúdo do recipiente. E seguiu postando nas redes sociais a sua visão sobre o que ocorreu.

O protesto foi aumentando de tamanho. De cerca de mil pessoas na Paulista, foram concentrando cinco mil na Consolação progressivamente. Mesmo assim, as pessoas se mantiveram na faixa de descida, sem entrar na contramão. Algumas poucas pessoas foram para a outra pista. Uma senhora, por exemplo, começou a berrar para os ônibus que subiam a Consolação. “É um absurdo pagar 3,50!”. Em resposta, um motoqueiro soltou: “Parem de ficar defendendo o PT!”.

A manifestação passou a estação de metrô Paulista, ultrapassou a Matias Aires e ia em direção ao Mackenzie. Lá estourou a primeira bomba de efeito moral. O Movimento Passe Livre segurou o protesto e conteve os black blocs, mesmo diante da polícia. Não aconteceu quebra-pau, ninguém se inspirou e resolveu apedrejar bancos. Por isso o protesto seguiu.


O clima acalmou tanto que eu vi um senhor passeando com dois cachorros no meio do protesto. Os black blocs andaram perto do MPL, sem pegar pedras e nem ameaçar ninguém. Chegamos ao centro pouco antes das 20hrs. Passamos pela biblioteca Mario de Andrade e pela estação Anhangabaú de metrô. Naquele trecho, vi o Movimento Passe Livre negociando com a Tropa de Choque ao longo do percurso, para evitar reações violentas. E a polícia procurou manter a calma, embora dois policiais arrumaram briga com dois roqueiros bêbados que trombaram com eles próximo dali. Rumamos para o Teatro Municipal.


Amigos meus e jornalistas acharam que as bombas e as balas de borracha iriam voar assim que chegássemos na Prefeitura de São Paulo. Misteriosamente, a PM apenas se posicionou na frente do local e permitiu a passagem do protesto. Manifestantes e imprensa ficaram felizes pela ausência de repressão até ali. O MPL resolveu então fazer uma provocação com o prefeito Fernando Haddad. Apontou uma luz em direção à Prefeitura com os seguintes dizeres: “Je Suis Catraca”. Na imagem de fundo, estava o próprio prefeito. O que o MPL queria dizer era que o petista Haddad também é conivente com o aumento das passagens, não criticando apenas o tucano Geraldo Alckmin.

Integrantes do MPL voltaram a se reunir com a PM na frente da prefeitura. Conversei com Eudes Cassio do Movimento Passe Livre. “Estou tentando negociar com a polícia para que o protesto prossiga até a Secretaria de Transportes”, ele me explicou.


Eu fui para a lateral da prefeitura, perto de alguns fotojornalistas que se sentavam para transferir imagens do protesto pacífico até aquele momento. Aconteceu então algo que nem a própria Polícia Militar explicou nas redes sociais. Do nada começaram a ser disparadas quatro bombas na frente da prefeitura. Notando a movimentação, resolvi correr, porque vieram em seguida as balas de borracha. Logo depois, consegui ouvir fogos de artifício. Foram disparados pelos manifestantes, mas só depois do ataque da PM.

O problema é que eu corri pela lateral, por trás da Tropa de Choque, e dei de cara com a Cavalaria, que fez como se fosse avançar pra cima do grupo de jornalistas. Berrei e bati no topo do capacete de skatista que comprei para não levar balas no crânio, que estava identificado com os dizeres de imprensa. Eles hesitaram, pararam e deixaram a gente passar. Na frente da prefeitura, as pessoas começaram a correr de medo.

Uma amiga tentou fugir pela estação Anhangabaú. Foi separada de suas companhias porque o metrô fechou a entrada antes que ela pudesse correr. Só conseguiu fugir pela Consolação. Outra garota levou spray de pimenta no rosto depois de desmaiar.

Os black blocs, quietos até então, se sentiram livres para depredar e revidar o ataque espontâneo da Polícia Militar, que usou até munição química no ataque. Derrubaram um orelhão, a Caixa Econômica da Rua Líbero Badaró, uma unidade do Banco do Brasil na Xavier de Toledo e um CitiBank da Rua São João.

Atacados pelo gás e pelas balas de borracha, manifestantes tentaram descer a Anhangabaú e foram agredidos por PMs que circundavam a área embaixo. Os que correram até o Teatro Municipal encontraram outra barricada do Choque e mais bombas. A manifestação se dispersou completamente.

Eu corri por fora, através do Largo de São Francisco, até o começo da Brigadeiro Luís Antônio. Exausto e na companhia de outra jornalista, entrei com sede num posto BR para beber alguma coisa. Antes disso, vi a bateria de militantes do PSOL voltando do protesto. Uma menina entre eles tossia muito e passava mal pelos efeitos do gás lacrimogêneo. Outras pessoas andavam em pequenos grupos para evitar agressões com a PM

O Choque então apareceu com lanternas procurando manifestantes na rua. Um amigo meu, fotógrafo freelancer, voltou até o Teatro Municipal para ver como ficou o local após o protesto. Foi recebido com bombas, sendo que tinha acabado de tirar o seu capacete com os dizeres de imprensa para se proteger.

Fui embora pela estação República, que estava sendo vigiada por um cordão de seguranças particulares da Linha Amarela, privatizada por Alckmin. Desviei deles e rumei pra zona norte de São Paulo. E um protesto que tinha tudo pra ser pacífico terminou em tiro, porrada e bomba. Sem que eu entenda até agora os reais motivos por trás disso.

Porradaria da PM encerra o 2º ato contra a tarifa em SP

Por Mídia NINJA
Creative Commons

Tudo ia bem. Mas a PM não se emenda. Bastou que alguns manifestantes lançassem contra os escudos da tropa de choque entrincheirada na porta da Prefeitura algumas garrafas de plástico com água e... Uma pancadaria absurda tomou o centro de São Paulo.


(Seria esse um efeito perverso do racionamento de água, só agora admitido pelo governador Geraldo Alckmin?)

Bombas de efeito moral, de gás lacrimogêneo, balas de borracha foram disparados contra tudo o que se movesse, contra manifestantes e contra pessoas que simplesmente passavam por ali, naquela hora de pânico.


Uma covardia.

No segundo ato promovido pelo Movimento Passe Livre, contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô, de R$ 3 para R$ 3,50, nesta sexta-feira, 16 de janeiro, a única guerra real que aconteceu foi a de números. O MPL dizia ter reunido 20.000 manifestantes, enquanto a PM avaliava o número de participantes em 3.000.


Até as 20h33, a manifestação vinha bem, apesar de a PM ter detido um manifestante pelo “pecado” de carregar uma rodinha de skate na mochila. Jogaram-no no chão como a um saco de lixo, imobilizaram-no. Logo ele foi solto. Também explodiu um artefato de gás lacrimogêneo na frente do Ministério do Trabalho, na rua da Consolação, 1272...


Mas a passeata seguiu firme e organizada, apesar de duas agências bancárias (uma da Caixa Econômica Federal e outra do Banco do Brasil) terem sido depredadas não se sabe nem por quem.

Era alta a tensão reinante.

Até que alguns manifestantes arremessaram as garrafinhas de água na tropa de choque.

Motivo ridículo? É, mas foi o que deflagrou a pancadaria generalizada.


“A polícia vê e entende os manifestantes como inimigos. A reação deles é desproporcional em relação aos que seguem pacificamente. Na semana passada um observador legal foi atingido com bala de borracha no pescoço. Outros três foram golpeados com cassetetes. Não há diálogo. O clima é sempre de tensão”, diagnosticou Denize Guedes, jornalista e observadora legal.

Pelo menos 1.000 PMs acompanham a marcha. Tinha de tudo. Cavalaria, Tropa de Choque, Tropa do Braço, Força Tática. Um caminhão, chamado de POE, “Plataforma de Observação Elevada”, de onde sobe um mastro cheio de câmeras, fotografava toda a manifestação.

“A gente tá lutando por vocês também! Vão caçar bandidos, seus covardes!”, gritava um manifestante para a PM. Ele estava irado com a repressão. Tinha visto uma faixa uma faixa estirada debaixo do Viaduto do Chá, em que se lia: “Agora é de R$ 3 pra baixo”. E se emocionou.

Uma mulher ficou desmaiada no viaduto bombardeado. Foi socorrida por manifestantes. Em frente à Prefeitura, um manifestante sangrava no chão.

O Segundo Ato contra o Aumento das Tarifas acabou sob o ataque da polícia. O centro de São Paulo ficou às moscas e restou um cenário de devastação, apesar de os manifestantes terem a intenção (frustrada) de levar o protesto pelo largo S.Francisco, a Sé, até o  Tribunal de Justiça de São Paulo.

Fechado, o  Metrô  Anhangabaú foi o palco da revolta de usuários que protestavam contra a ação policial:  "Somos cidadãos, somos cidadãos!"

Falava-se em oito detidos, que foram enviados para o 78º DP, na rua Estados Unidos, nos Jardins.

A promessa agora, é uma só: “Amanhã vai ser maior!”

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Por que eu acabei entrando no jornalismo de games?

Por Pedro Zambarda
Via Geração Gamer

Esta é uma pergunta que eu me pego fazendo diariamente, porque eu às vezes não lembro direito como começou. Só sei de uma coisa concretamente: Não era um sonho de infância. Mas acabei entrando na área e acho que estou pegando gosto em fazer jornalismo de videogame, especialmente aqui no Geração Gamer e nos demais sites em que eu colaboro.


Minha trajetória no jornalismo de games não começou na imprensa, mas sim num fórum online. Em 2004, há quase 11 anos, eu era um dos integrantes do fórum do site da Pokémon LAND, a maior comunidade do nicho no Brasil e uma das maiores do mundo. Não sabia na época, mas eu produzia depoimentos e, de uma certa forma, reportagens através de meus comentários na comunidade. Participava de torneios oficiais promovidos pela revista Pokémon Club no Brasil todo. Jogávamos Game Boy via cabo link e relatávamos as experiências.

Antes desta fase, eu tinha sido assinante da Ação Games nos anos 90 e comprador compulsivo da Nintendo World, a revista oficial da Big N no Brasil. Depois veio a minha fase de leitor da EGM Brasil. Resolvi conhecer melhor os PCs e me tornei comprador da revista INFO da editora Abril. Cogitei, quando tinha 16 anos, fazer um curso de engenharia na faculdade, por adorar computação. Em pouco tempo, descobri que tinha mais talento para escrever do que fazer cálculo.

Graça ao gosto por videogames, e por internet, recebi uma recomendação de meu pai para fazer jornalismo e fui estudar na Faculdade Cásper Líbero.

No primeiro ano do ensino superior, fiz reportagens para o site de Cultura Geral e para as revistas internas. Fui selecionado para fazer Iniciação Científica no segundo ano. Pensei, naquela época, que me tornaria ou um acadêmico ou um jornalista cultural. Abri um blog coletivo sobre comunicação chamado Bola da Foca, que edito até hoje. Chegamos a ter cerca de 30 pessoas colaborando com textos e aprendendo a fazer jornalismo online na faculdade.

Tudo mudou no final de 2008, quando fui selecionado para fazer assessoria de imprensa para uma pequena empresa chamada EDGY. Depois ela se tornaria TAXI.Labs e, por fim, Agência TAXI. Era um grupo digital focado em propaganda, mas especializado em desenvolver games. Pude trabalhar de perto com clientes grandes como Fiat, Agência Click e até o BBB da TV Globo, quando fizemos um jogo de corrida para o reality show da televisão chamado T-Race.

Sai de lá no fim de 2009. Procurei trampos até na Editora Europa focado em games, mas sem sucesso. Mas encontrei outra coisa. Trabalhei com sites e revistas da Editora MOL, especialmente uma publicação que é vendida nas drogarias Raia e se chama Sorria. Toda grana dela é revertida para atender crianças com câncer pelo GRAAC. Foram poucos meses, mas foi minha primeira experiência com redação.

Mais ou menos na mesma época, eu ouvia Nerdcast, podcast do Jovem Nerd. Conheci através deles, e de amigos em comum, o extinto NowLoading. Quando eles abriram espaço para que leitores escrevessem notícias, eu fiz o NowLoading News. Também editei e revisei as primeiras edições da revista digital da Nintendo Blast. Nessa época, sai da redação para assessorar outra empresa, a Livetouch, que é focada no desenvolvimento de aplicativos móveis. Lá eu tive a oportunidade de mexer no primeiro iPad poucos dias depois de seu lançamento, em 2010. Na mesma época, infelizmente, o NowLoading acabou - o que gerou outros excelentes sites como o Fênix Down. Também fui chamado para colaborar num site chamado Wii Are Nerds e fiz bons podcasts por lá. Originalmente o WAN abordava tecnologia num geral, mas acabei dando uma puxada maior na área de videogames.

Na mesma época desses trabalhos para sites de games, depois de assessorar empresas, eu resolvi criar junto com meus amigos Rodrigo Pinto Ribeiro, Thiago Dias e Alexandre Facciolla o livro Geração Gamer. Foi nosso TCC, aprovado com 9,5 na banca de avaliação e recomendações para publicação. Entrevistamos 150 gamers e embaralhamos os depoimentos, para contar a história dos jogos digitais no mundo todo e no Brasil. Nunca consegui publicar o livro até agora.

Comecei a fazer freelances para o site de economia e negócios EXAME.com, da Abril. Também ajudei, na mesma época, na fundação do TechTudo da Globo.com. Fui contratado na EXAME, por fim, e trabalhei naquele site com uma grande equipe (30 pessoas) por mais de dois anos. Lá eu também tive chance de escrever sobre games, principalmente sobre a feira E3.

Saído de lá, voltei ao TechTudo e criei a coluna Geração Gamer como textos semanais de entrevistas com integrantes da cena brasileira de games. Fiz assessoria pela S2Publicom e fui convidado para participar do Bonus Stage, me tornando integrante dos vídeos deste site. Hoje me mantenho como jornalista freelancer, colaborando para sites como Diário do Centro do Mundo (DCM), El Hombre e Brasil Post. E transformei Geração Gamer neste site, que quero profissionalizar.

A questão é que o jornalismo de games não surgiu para mim como a realização de um sonho. Não queria desde quando eu era criança, embora já jogasse videogame desde os 2 anos. Já escrevi sobre cultura, literatura, música, cotidiano, economia, negócios e até tecnologia mais corporativa. Esses assuntos foram puxando uns aos outros, até que eu conseguisse oportunidades de aplicar minhas ideias para jogos digitais. Hoje Geração Gamer é um mapa da produção nacional eletrônica, mas ainda não consegui publicá-lo como livro físico, ideia que queria inicialmente.

Antes do Geração Gamer, eu nunca tive um projeto próprio para jogos. No entanto, participei de várias iniciativas interessantes. Há muitos sites originais na área dentro do nosso país, o que aumenta a competitividade.

Para quem quer começar na área, veja minha experiência. Ela revela as razões que me fazem criar jornalismo de jogos digitais hoje. Saiba que você terá sim que trabalhar de graça em alguns momentos, terá que criar portfólio e terá espaço para aplicar ideias originais. O que a imprensa brasileira mais é carente são de projetos inovadores. Em games, pode-se até criar jogos digitais para divulgar melhor sua reportagem.

Espero que este meu texto te ajude a esclarecer sobre como é a situação de um jornalista de games hoje.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Léo Maia, filho adotivo, conta sobre quem foi Tim Maia na vida real

Por Pedro Zambarda


Léo, o que você achou sobre edição da televisão ao filme de seu pai? Distorceram demais?

Cara, não foi do documentário da Globo que eu não gostei, mas achei de verdade o filme ruim. O diretor [Mauro Lima] deixou minha avó branca no filme, sendo que ela é descendente de índia! Meu avô é descendente de português, não negão. São detalhes que uma pessoa que trabalha com cinema deveria saber que são erros, fora a desorganização cronológica.

Se o Tim estivesse vivo, o que ele faria ao ver o filme, considerando o quanto ele era combativo com a Globo?

Meu pai não é vagabundo, nem porco e nem feio como esses brancos dizem no filme. O Tim Maia, por tudo o que ele fez, aceitaria ouvir a história que contaram sentado num sofá? Ele não aceitaria nada disso. Nascido e criado por ele, eu mesmo não aceito isso. Já vi ele organizar grandes festas e arrumar confusões, mas nunca vi ele arrumar uma briga sem ter as razões dele. Ele brigou para a gente ter nossa própria gravadora, nosso próprio espaço e para fazer a nossa arte. Transformaram meu pai num zé ruela, bicho. Meu pai era um amante do Brasil e de sua diversidade em todos os hábitos da sua personalidade.

Como era o Tim Maia que você conheceu?

Meu pai não era depressivo e nem tinha o olhar de morte daquele personagem do filme. Ele tocava violão e criava músicas geniais pela manhã, num clima bem tranquilo. Meu pai, pra quem conhece, era muito amoroso. Cuidava de 80 crianças e ficava rindo das coisas. Ele fez besteira e foi maluco? Foi. Mas não era só o cara dos antidepressivos. Não conheço ninguém que tenha chamado meu pai de gordo e de filho da puta. Isso tá lá no filme. Ninguém na vida teria a coragem de dizer isso… Ele foi com dois cachorros de verdade numa gravadora porque eles mexeram nos volumes das guitarras, cara!

Tim Maia não levava desaforo pra casa. O diretor do filme levou a liberdade poética ao extremo e não se ateve aos fatos. Tá tudo errado no filme, tá errado do começo ao fim. Tá mal interpretado e não procuraram as pessoas para saber a verdade de todos os fatos. Só alguns amigos do meu pai foram para a versão da TV Globo e defenderam meu pai. A edição deu uma melhorada no desastre que é o filme.

Essas coisas me revoltaram como filho e fica essa molecada vendo isso sem saber a verdade. Os autores fizeram uma pseudopesquisa sobre ele e não retrataram nada sobre a genialidade que existia ali. Tim Maia, por exemplo, tirava o instrumento de quem não sabia tocar e só estava enrolando. E mandava um papo reto. Ele era assim.

A entrevista completa foi publicada no Diário do Centro do Mundo, o DCM.

O dia que a PM nos encurralou na Matias Aires, travessa da Consolação

Por Pedro Zambarda
Originalmente escrito para o Diário do Centro do Mundo (DCM)

Ainda lembro de dois barulhos de bombas na mesma rua, os outros três que ouvi na Consolação e do desespero das quatro mulheres que correram comigo até uma garagem de um sobrado que estava aberta na Rua Matias Aires. Era 19 hrs e ficamos escondidos ali por mais de meia hora, falando em voz baixa e com medo que a Tropa de Choque da PM invadisse o local.


Uma amiga minha conseguiu ter um azar pior. Conversávamos antes dos disparos de bala de borracha e das bombas de efeito moral. Sentíamos que o clima estava pesando quando vimos rapazes black blocs indo depredar um banco. Só não imaginávamos que a reação seria naquela proporção.

Ela fugiu para uma padaria na mesma rua, esquina da Matias com a Rua Augusta. O problema é que a polícia foi atrás e invadiu o local. E ela se escondeu atrás de uma geladeira, num local onde “jamais imaginou que caberia”.


Antes de correr para a padaria, minha amiga Cecília chegou a ver um PM apontando uma arma de bala de borracha contra seu rosto e teve uma bomba jogada próxima dos seus pés, mas conseguiu evitar o estouro se movimentando a tempo.

Minha história com o protesto ocorrido no dia 9 de janeiro, contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô de R$ 3 para R$ 3,50, não aconteceu apenas quando fomos encurralados na Matias Aires. Começou algumas horas antes.

Eu cheguei uma hora antes do horário oficial dos protestos, às 16hrs. Conversei com integrantes do movimento Território Livre no Teatro Municipal e vi cartazes dizendo que às 17hrs ocorreria uma assembléia pública do Movimento Passe Livre  para definir o percurso da mobilização. Aproveitei o tempo livre para descobrir onde estava a polícia e vi que tudo ainda estava muito vazio.


Às 16h30, vi que a lateral direita da prefeitura encheu de viaturas da Força Tática e da Tropa de Choque. Poucos guardas municipais estavam no local e um grupo menor de manifestantes estava montando cartazes por ali, separados da turma do Municipal.

Às 17hrs, os grupos de manifestantes se reuniram. Ao mesmo tempo, a PM girou com suas vitaduras para interditar a rua de acesso à prefeitura, lotando de carros. A Tropa de Choque chegou pela lateral e se fixou na frente das Casas Bahia, antigo Mappin. Na assembléia, a PM filmou a decisão dos manifestantes, ouviu toda a rota e conversou com algumas lideranças, informando que acompanharia a mobilização. Alguns oficiais do Choque possuíam câmeras GoPro presas no torso de suas armaduras “estilo RoboCop”.


Até um grupo de petistas protestava contra o prefeito Fernando Haddad, sem fazer alusão ao governador Geraldo Alckmin que era “homenageado” em outros cartazes. O grupo pequeno de filiados do PT, cerca de 10 pessoas, pedia revogamento da tarifa de ônibus. Um homem chamado Alexandre me explicou que eles são de fato militantes.

Às 17h30, a Polícia Militar cercou completamente o protesto. Achei que teríamos  problemas para sair dali. Um senhor visivelmente bêbado começou a xingar as viaturas que impediam nosso deslocamento. “Estou aqui lutando pelos meus direitos e não por este Estado merda”, gritou, xingando os PMs na cara deles.

No mesmo local, um pouco adiante, o blogueiro do UOL Leonardo Sakamoto preenchia papéis. Tirei sarro no Facebook afirmando que ele estava recebendo autógrafos de fãs. “Não, estava só assinando a papelada de direitos de imagem que pedem em protestos”, ele me explicou, quando começamos a andar.

Não se via só bandeiras tradicionais, do PSOL, do PSTU, dos black blocs e do Movimento Passe Livre. Havia integrantes do RUA, um movimento anticapitalista, e até do Partido Pirata, que prega ciberativismo e estava fazendo streaming no local junto com outro grupo conhecido, o Mídia NINJA. Ou seja, a impressão que se tinha é que as Jornadas de Junho e 2013 aumentaram muito as vertentes de mobilizações que desejam a tarifa zero ou uma redução drástica dos custos em transporte público.

A massa de pessoas aumentou de cerca de mil para cinco mil a medida que contornamos o Teatro Municipal e pegamos as ruas em direção à Ipiranga. De lá, o protesto estava determinado a tomar a Consolação. Fraquejamos num momento, no cruzamento da São Luís, quando a PM tentou conter o avanço. Um princípio de confusão começou entre black blocs e o cordão de isolamento da polícia, mas foi suprimido. A Tropa de Choque deixou o povo avançar e os manifestantes formaram seu próprio cordão de união, enquanto gritavam e pulavam mesmo num calor de cerca de 35 graus. “Mais um aumento eu não aguento!”.


Subimos a Consolação com relativa calma no começo. O protesto tomou a pista em direção à Avenida Paulista. Progressivamente, a massa tomou a via na contramão. O problema é que, conforme expandíamos de tamanho, as pessoas ficavam cada vez mais dispersas e menos concentradas. Os blocs então assumiram a dianteira.

Começaram então palavras de ordem contra a PM. “Tem que ser dismilitarizada! Fascistas! Fascistões!”.

O clima começou a pesar cada vez mais. Os blocs então correram ainda mais à frente e depredaram uma agência bancária. O Choque não perdoou essa e contraatacou. Eu estava com Cecília naquele instante.

Perto dali, vi a jornalista Eliane Brum entrevistando um homem de rua sobre as impressões dele sobre o protesto.

Foi neste momento, da ponta da Consolação até a Rua Matias Aires, que nós fomos encurralados com três bombas de efeito moral. Quem ficou na avenida ainda teve que topar com balas de borracha.

Eu corri e entrei na primeira porta aberta que vi na Matias. Era uma garagem e eu estava com quatro mulheres e um homem que eu sequer conhecia. Ficamos escondidos agachados atrás de um carro e em silêncio. Ouvi mais duas bombas na rua, sendo uma delas ao lado da casa. Chequei no Twitter e vi que estávamos sendo perseguidos e presos, independente de ser black bloc ou não.

Ficamos mais de meia hora juntos e não esquecerei do pânico daquelas pessoas naquele protesto.

Os donos da casa foram conversar conosco. Eram evangélicos e iam começar o culto poucos minutos depois, quando foram interrompidos pelo ataque da PM. Nos ofereceram água assim que nos sentimos mais à vontade.

Eu fui olhar pela janela. Quando vi que o Choque havia saído dos bares e estava conversando com a imprensa, decidi que talvez fosse o momento de sair. Estava certo. Perguntei cordialmente a um PM como eu deveria sair dali. Ele, percebendo que eu estava no protesto, respeitosamente não respondeu minha pergunta. E pediu água mineral para o mesmo dono da residência onde eu estava.

Pensei em ir embora, mas acabei pensando em fazer uma rota segura. Subi pela Bela Cintra até a Paulista. De lá eu vi as pessoas sendo detidas pelo Choque e pela Cavalaria da Polícia Militar que blindaram a Paulista. O objetivo era que não chegássemos até ali.

O blindado que o governo estadual divulgou que atiraria água em manifestantes foi visto circulando e transportando policiais da Tropa de Choque, mas não atirou jatos na população. O protesto chegou perto do Center 3,com black blocs avançando em algumas poucas agências bancárias, mas foi contido.

Eu fui andando à frente e vi uma Avenida Paulista dividida. Até o Masp, tudo estava fechado e as pessoas estavam com medo do quebra-quebra. Mais adiante, a vida estava normal, os trabalhadores bebiam sua cervejinha e donos de cães passeavam.


Cinco viaturas protegiam uma agência do banco HSBC. A Polícia Militar ocupou a Paulista e dava voltas de carro.

Os números da manifestação são confusos, mas o Movimento Passe Livre disse que haviam 30 mil pessoas. Eu chuto em torno de 15 mil e a PM diz que haviam 5 mil. Cerca de 50 pessoas foram presas. O fato é que, conforme éramos encurralados, o movimento perdeu completamente sua força e repetiu as primeiras mobilizações de 2013, quando boa parte dos ricos e da classe média não dava a devida atenção.

2015, pelo visto, promete ser outro ano de protestos pesados contra os governos brasileiros.

Em 2013, o colunista Elio Gaspari foi aos protestos e descreveu na Folha que a batalha da Polícia Militar começou na Maria Antonia, local conhecido pela luta entre estudantes do Mackenzie e da USP durante a ditadura. Eu sinto que outro momento histórico aconteceu quando fomos encurralados há poucos metros do mesmo local, na Rua Matias Aires.

E vou lembrar das pessoas que sentiram medo comigo. É dose ouvir bomba de efeito moral bem de perto e ser obrigado a se esconder atrás de um carro.

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