sábado, 28 de setembro de 2013

Quais são os melhores sites de jornalismo no Brasil?

Sempre me perguntam a questão acima. Para facilitar o trabalho das pessoas, decidi montar uma lista dividida por editorias e formatos dos melhores sites de jornalismo brasileiros. A lista leva em conta os blogs de relevância no mercado, mas desconsidera blogs médios e pequenos. Espero que isso ajude estudantes de jornalismo e os leitores de imprensa online com novas referências e sites consagrados. 

Caso vocês tenham sugestões ou achem que eu esqueci alguma página, não deixem de comentar. Sugestões são sempre bem-vindas. Segue a lista.


Portais (Grandes conglomerados de sites e de notícias):

- UOL
- BOL
- Terra
- iG
- Globo.com
- R7
- POP
- Abril.com
- MSN
- Yahoo Brasil
- Uai
- EBC
- ClicRBS
- Portal Vermelho
Carta Maior

Variedades:

- Folha
- Estadão
- G1
- O Globo
- Veja
- Época
- Carta Capital
- ISTOÉ
- Band.com.br
- Brasileiros
- Zero Hora
- Jornal do Brasil
- Correio Braziliense
- Estado de Minas
- Gazeta do Povo
- Destak
- Jornal Nacional
- Catraca Livre
- Superinteressante
- Update or Die

Agências de Notícias:

- Reuters Brasil
- Agência Brasil
- Agência Estado
- AFP em português
- Agência EFE Brasil
- Bloomberg do Brasil
- Agência O Globo
- Agência Câmara
- Agência Senado
- Agência Pública
- Agência USP de Notícias

Política:

- BBC Brasil
- Brasil 24/7
- FÓRUM
- Caros Amigos
- Brasil de Fato
- Opera Mundi
- Diário do Centro do Mundo
- Implicante

Economia:

- Valor Econômico
- EXAME.com
- InfoMoney
- Brasil Econômico
- Época Negócios
- ISTOÉ Dinheiro
- Diário do Comércio, Indústria e Serviços
- Arena do Pavini
- Pequenas Empresas, Grandes Negócios
- Jornal do Comércio
- Diário do Comércio

Tecnologia:

- INFO
- Link
- Tec
- Gizmodo
- IDG Now!
- PC World
- Macworld
- Computerworld
- CIO
- Adrenaline
- TechTudo
- TecMundo
- Tecnoblog
- TechMestre
- TechGuru
- Galileu
- Canal Tech
- Baboo
- Código Fonte
- Convergência Digital
- Tudocelular
- ZTOP
- Meio Bit
- Digital Drops
- MacMagazine
- Blog do iPhone
- UOL Jogos
- Gameworld
- Nintendo World
- Nintendo Blast
- Arkade
- Finalboss
- Rock'n'Tech
- Gamehall
- GameReporter
- UltraDownloads
- iMasters
- BR-Linux
- Espírito Livre
- NoReset
- Geekness
- Bonus Stage

Esporte

- Globo Esporte
- UOL Esporte
- Terra Esportes
- Lancenet
- Gazeta Esportiva
- Yahoo Esporte Interativo
- iG Esporte
- Placar
- ESPN
- Fox Sports Brasil

Mídia

- Observatório da Imprensa
- Viomundo
- Comunique-se
- Portal Imprensa
- Meio e Mensagem

Cultura

- Folha Ilustrada
- Estadão Cultura
- Whiplash.net
- Judão
- Omelete
Jovem Nerd
- TV Cultura
- Literatortura
- Bravo! (encerrada, com acervo online)
- Digestivo Cultural
- Arte Brasileiros
- O Nerd Escritor
- VICE Brasil
- Rolling Stone Brasil
- Rock de Verdade
- Bizz

Marketing e Publicidade

- Mundo do Marketing
- Adnews
- Brainstorm9
- PropMark

Celebridades

- Ego
- Etc
- F5
- Estrelando
- O Fuxico
- iG Gente
- Quem
- Contigo
- Caras

Educação

- Nova Escola
- Educação
- Carta na Escola

Carreira

- EXAME Carreira
- Você S/A
- Administradores
- Carreira e Sucesso/Catho

Masculino

- Playboy
- Alfa (encerrada, mas com acervo online)
- Men's Health
- Club Alfa
- VIP
- Papo de Homem
- Testosterona
- El Hombre

Feminino

- CLAUDIA
- NOVA
- M de Mulher
- Marie Claire
- Lola (encerrada, edições na web)
- ELLE

Moda

- Moda para homens

Jovem

- Capricho
- Mundo Estranho
- Recreio
- Herói

Carros

- Quatro Rodas
- Webmotors
- iCarros
- Jornal do Carro
- Autoesporte
- Car and Driver Brasil

Humor

- Kibeloco
- Jacaré Banguela
- Não Salvo
- Jesus Manero
- Capinaremos
- Piauí Herald
- Sensacionalista
- Humortadela
- Charges

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O problema do plágio, em dois atos

Plágio normalmente é definido como a apropriação indevida de obras de outras pessoas. Como se trata de um ato que contraria a moral e a ética da criação de conteúdos artísticos, informativos e inventivos, não se trata de uma infração clara para todas as pessoas. Ele se encaixa como infração de direitos autorais (Copyright) se a obra da pessoa estabelece que ela não pode ser reproduzida sem autorização.

Os tempos atuais, no entanto, são da internet. Compartilhamos conteúdo e a informação normalmente foge da fonte original para terceiros. No entanto, criadores de conteúdos com ética devem saber que, mesmo se apropriando de conteúdo alheio, você deve citar a fonte.

Isto está claro na nova licença de direitos autorais chamada Creative Commons (Copyleft), adotada inclusive neste Bola da Foca. Nela, fica estabelecida a livre reprodução de obras, desde que a fonte seja devidamente citada e credenciada.

Sabendo disso, vê qual é o problema das duas imagens abaixo?



Sim, amigos, tanto Leandro Stenland (Blah Cultural) quanto Carla Tambellini (Portal Networking) fizeram um "trabalho" de plágio puro com meus textos, apenas alterando seus títulos (os originais eram "Iron Maiden: polêmica no RIR ao fazer propaganda de cerveja" e "A diferença entre publisher e criador de conteúdo"). Copiaram seus conteúdos. Leandro o fez alterando radicalmente o título utilizado na nota redigida no site Whiplash.net. No texto, eu apenas levantava questões sobre a propaganda que o cantor Bruce Dickinson (Iron Maiden) fez da cerveja de sua banda em um evento patrocinado pela Heineken (Rock in Rio). Em momento nenhum do texto eu disse que sua banda estaria banida do festival, mas questionei o clima entre o evento e o grupo musical após o show. Nem tenho informações para fazer tal afirmação.

O caso de Carla foi ainda mais grave. Ela é diretora-executiva do portal onde postou meu texto do Bola da Foca, redigiu seu currículo acima da cópia e reproduziu o texto (original de fevereiro/2013 no mês de julho/2013, chequem no Google), alterando apenas um acréscimo no final. Se não mexeu em meu texto, por que não citou o autor original ou o veículo?

A Whiplash.net é um site de grande tráfego. Portanto, casos de plágio são mais comuns na internet com os textos de lá, ainda mais os que dão audiência. No entanto, o caso do Portal Networking foi puro aproveitamento do conteúdo de um blog que é, modestamente, pequeno.

O grande problema de cópias sem autorização da internet não é simplesmente o aproveitamento do conteúdo, mas a falta de conduta do autor uma vez que é constatado o plágio. Ao descobrirem o problema no texto do Leandro, a equipe de seu site tratou de pedir desculpas e fazer a correção. O Portal Networking foi informado às 12h de ontem e não tomou nenhuma providência até o momento.

Falta de ética no jornalismo e na criação de conteúdos: Até quando? Plágio e infração de direitos autorais geram processos, vocês sabiam?

Em tempo: Sei que o plágio "pode ser uma forma de elogio", mas custa citar a origem em um texto?

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Tecnologias de informação não podem ser campo de batalha entre países, diz Dilma

Por Danilo Macedo
Da Agência Brasil, por Creative Commons.

Dilma Rousseff durante abertura do debate geral da 68ª Assembleia-geral das Nações Unidas (Roberto Suckert Filho/PR)

A presidente Dilma Rousseff propôs ontem, dia 24 de setembro, ao abrir a 68ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, o estabelecimento de um marco civil multilateral para a governança e uso da internet na proteção de dados. Segundo ela, a espionagem dos Estados Unidos – a cidadãos, ao governo e a empresas brasileiras – transcende o relacionamento entre os países, afeta a comunidade internacional e exige uma resposta.

“As tecnologias de telecomunicação e informação não podem ser um novo campo de batalha entre os Estados. Este é o momento de criarmos as condições para evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra por meio da espionagem, da sabotagem, dos ataques contra o sistema e infraestrutura de outros países”, disse Dilma. “A ONU deve desempenhar um papel de liderança no esforço de regular o comportamento dos Estados ante essas tecnologias e a importância da internet para a construção da democracia no mundo”.

Dilma disse que a revelações das atividades de espionagem provocaram indignação e repúdio na opinião pública mundial, com destaque para o Brasil, que foi alvo, incluindo informações empresariais de alto valor econômico estratégico. Dilma ressaltou que uma soberania não se pode firmar em detrimento de outra. “Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos e fundamentais dos cidadãos de outro país. Pior ainda quando empresas privadas estão sustentando essa espionagem”, disse. Segundo ela, os argumentos de que a interceptação ilegal de informações e dados destinam-se a proteger as nações contra o terrorismo não se sustentam.

Antes do início da sessão, Dilma se reuniu com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ele e John Ashe, presidente desta sessão da Assembleia Geral da ONU, abriram o evento antes do discurso de Dilma. A tradição de o primeiro orador na Assembleia Geral da ONU ser um brasileiro surgiu a partir de Oswaldo Aranha, então chefe da delegação do Brasil, que abriu a primeira sessão especial em 1947.

Dilma chegou ontem às 6h55 a Nova York. À noite, ela teve duas reuniões no hotel onde está hospedada. Uma com o ex-presidente norte-americano Bill Clinton e outra com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

Dilma ainda participa da primeira reunião do Fórum de Alto Nível de Desenvolvimento Sustentável, que reunirá, a partir desta sessão, ministros de Meio Ambiente anualmente e chefes de Estado a cada quadriênio. A meta é implementar as metas estabelecidas no documento final da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, intitulado O Futuro Que Queremos. Os países se comprometeram, durante a conferência do Rio de janeiro, em 2012, a definir objetivos concretos e mensuráveis para a eliminação da pobreza e da fome no mundo com desenvolvimento sustentável.

Brasil está em 14º lugar no ranking de pesquisas científicas da Reuters

Por Fernanda Cruz
Da Agência Brasil, por Creative Commons.

Cidade Universitária (Marcos Santos/USP Imagens)
Os cientistas brasileiros publicaram 46,7 mil artigos científicos em periódicos no ano passado, número que coloca o Brasil em 14º lugar como produtor mundial de pesquisas. Segundo o relatório feito pela empresa Thomson Reuters, isso equivale a 2,2% de tudo o que foi publicado no mundo, em 2012. Nos últimos 20 anos, o país subiu dez posições nesse ranking.

A China conquistou o primeiro lugar em pedidos de patentes, seguida por Estados Unidos, Japão e Europa. O trabalho foi feito em parceria com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

No Brasil, o ramo científico que mais produziu artigos foi a medicina clínica. No período de 2008 a 2012, foram produzidos quase 35 mil artigos. Em segundo lugar, ficou a ciência de plantas e animais, com 19,5 mil artigos no mesmo período. Ciências agrárias produziram 13,5 mil artigos entre 2008 e 2012. O maior crescimento foi visto nas ciências sociais e gerais, que saltaram de 1,5 mil entre 2003 e 2007 para 9,8 mil entre 2008 e 2012.

Como consequência do aumento na produção científica, o pedido de patentes no país chegou a 170 mil no período de 2003 a 2012. Segundo o presidente do Inpi, Jorge Ávila, o órgão continua lidando com o forte crescimento do número de pedidos de patentes, que foi 33,5 mil em 2012, com projeção de alcançar 40 mil este ano.

Os maiores detentores de patentes no país, revelou a pesquisa, foram a Petrobras e as universidades públicas. De 2003 a 2012, a Petrobras registrou 450 patentes. Logo atrás, veio a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com 395 patentes. Em terceiro, ficou a Universidade de São Paulo (USP), com 284 patentes. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vem logo em seguida, com 163 patentes.

De acordo com o relatório, a ausência de empresas privadas na lista dos maiores detentores de patentes reflete um aspecto negativo do país. Como a demora na tramitação do processo pode chegar a oito anos, muitas empresas desistem, pois a tecnologia pode acabar se tornando obsoleta antes de a patente sair.

domingo, 22 de setembro de 2013

Banda Gameboys tocará rock de videogame de graça em São Paulo

O grupo de rock Gameboys irá tocar temas de jogos Mario, Zelda, Sonic, Street Fighter, Final Fantasy, Chrono Trigger, Castlevania, Mega Man e Pokémon no próximo dia 3 de outubro em São Paulo. O show será gratuito no Teatro da Faculdade Santa Marcelina (FASM), a partir das 20h30.


A banda promete não só arranjos de rock nos temas, mas também influências de salsa e jazz no som. A apresentação é o primeiro evento oficial da banda desde o ingresso de Joel Bertolini, baterista que vem substituir Fernando Lima.

Os Gameboys se formaram em junho de 2007, com Fernando Lima (bateria), P.H. Mazzilli (baixo), Ricardo Marques (guitarra) e Wilson Esteves (teclados). Todos eram, na época, alunos do curso de música da Faculdade Santa Marcelina, e resolveram interpretar temas de jogos de videogame que marcaram a geração dos anos 80 e 90, em consoles como Nintendinho, Master System, Mega Drive, Super Nintendo, Playstation e Nintendo 64. Eles já abriram o evento Videogames Live (Canecão, RJ, 2009), já se apresentaram em diversos palcos em São Paulo (Teatro da FASM, PUC, Unicamp, Memorial da América Latina, etc), além de festivais em Amparo (SP). Eles também fizeram o arranjo da música First Tower, parte da trilha sonora do jogo independente Out There Somewhere, idealizado e produzido no Brasil pela MiniBoss.

Os GameBoys possuem um canal no Youtube. O último vídeo no ar é uma versão rock da música de batalha de Pokémon, lançado em julho. Confira abaixo:


Serviço
Data e horário: 3/10/2013, quinta-feira, às 20h30
Duração: 110 min.
Local: Teatro da FASM (Faculdade Santa Marcelina)
Endereço: Rua Dr. Emílio Ribas, 89 - Perdizes, São Paulo
Informações: (11) 3824-5800
Indicação Etária: LIVRE
Acessibilidade: Sim
Capacidade: 304 lugares
Entrada franca

sábado, 21 de setembro de 2013

BuzzFeed tem mais audiência do que o jornal New York Times atualmente: O que isso significa para a grande imprensa?

No dia 4 de setembro de 2013, o BuzzFeed, popular site de conteúdo viral, listas, notícias e curiosidades de Nova York, anunciou que atingiu 85 milhões de visitantes únicos no mês. O volume robusto de tráfego, segundo Jonah Peretti, fundador do negócio, é três vezes maior do que em 2012 e até oito vezes maior do que há dois anos atrás. O montante mostra que o site já ultrapassou o site do jornal também novaiorquino New York Times, que está com 29 milhões de unique visitors por mês no mesmo ano.


O que esses números revelam para a grande imprensa e para o jornalismo global na internet? Pelo menos três fatores.

O primeiro, mais óbvio, é que o BuzzFeed e o New Yotk Times são sites muito diferentes. Nunca vão atrair o mesmo tipo de público, porque o NYT ainda está atrelado à mídia impressa e o Buzz se dedica muito mais aos conteúdos que são facilmente divulgados na internet. Mesmo com essas diferenças, é possível notar, até em sites em português, uma "buzzfeedialização" das notícias: Informações organizadas em listas com vários links ou galerias de fotos, bastante conteúdo multimídia e uma mistura de jornalismo com entretenimento, que deve ser cuidadosa para manter a credibilidade do veículo que passa a adotar essa linguagem.

Com isso, chegamos ao segundo sintoma dessa competição, que é mais gritante: O modo de contar notícias está ficando superficial e coloca em cheque o tipo de conteúdo do New York Times. É fácil pensar que o BuzzFeed vai dominar a internet e que vai atrair sempre mais leitores do que o NYT, justamente pela diferença visível do volume de tráfego. Mas dá pra fazer jornalismo de boa qualidade sem a busca pelo furo, pela exclusividade e pelas boas histórias, só com dados que são virais e virtuais?

Essa denúncia revela um terceiro sintoma, aquele pouco percebido por anunciantes na publicidade que querem apenas os visitantes únicos e pageviews consolidados: As métricas que calculam a audiência e seu peso no New York Times e no BuzzFeed não podem ser e não são as mesmas. O ranking da Alexa, que é mundial, lista o NYT como o 121º maior site atualmente, com uma concentração de 2.40 visualizações de página por visitante. A mesma Alexa aponta o BuzzFeed como o 210º maior site, com 2.50 pageviews por visitante. Por qual razão o New York Times está na frente? 10 vezes mais sites fornecem links ao NYT comparados aos links que direcionam para o BuzzFeed. Essa taxa de conexões automaticamente coloca o site do jornal tradicional como um veículo mais confiável.

Isso pode mudar ainda mais? Pode. No entanto, para o BuzzFeed receber links com mais frequência, deveria trazer um conteúdo exclusivo e atraente. Atraentes seus virais divulgados já são, mas é muito difícil que o Buzz abandone as listas de tendências para investir em um jornalismo mais sisudo, com conteúdo exclusivo e não vazado para concorrência. Por esse motivo, o jornalismo pode crescer em ambos os campos, mas é muito pouco provável que a internet seja povoada apenas por "BuzzFeeds da vida". Seria o link do link do link de uma notícia, piada ou bizarrice sem uma fonte original mais trabalhada.

domingo, 15 de setembro de 2013

Salão do Jornalista Escritor discute imprensa voltada para estudantes universitários

Audálio Dantas, Domingos Meirelles, Ricardo Viveiros, Caco Barcellos e outros nomes famosos do jornalismo discutiram, entre os dias 6 e 8 de setembro, sobre a imprensa e sua atual situação de crise focados nos estudantes universitários. O Salão do Jornalista Escritor ocorreu pela primeira vez em 2007 e, nesta segunda edição de 2013, contou com apoio União Brasileira de Escritores (UBE) e da Mega Brasil Comunicação.


Acompanhamos duas palestras no dia 8. A primeira delas foi um debate com Moacir Assunção e Ricardo Viveiros sobre a imprensa tradicional e as mudanças com os protestos no Brasil, mediado por Assis Ângelo. Ricardo Viveiros chamou atenção tanto sobre sua carreira com 21 livros publicados quanto seu passado como repórter que foi exilado durante a Ditadura Militar. Ele contou, por exemplo, que sua própria mãe ajudou-o a recuperar sua carteira de trabalho e habilitação de jornalista ao ser anistiado no Brasil. "Mamãe recortava e guardava todas as minhas reportagens de jornal. Era uma clipadora profissional. Quando voltei, exigiram comprovantes para que eu recuperasse minha habilitação como jornalista. Meu irmão me lembrou das manias de mamãe e isso me salvou de perder o emprego. Mamãe foi uma pioneira na assessoria de imprensa", explicou o jornalista.

Moacir Assunção, Assis Ângelos e Ricardo Viveiros

Moacir e Ricardo concordaram que o novo repórter, mesmo com as novas mídias, deve ler os veículos tradicionais para entender sua lógica. "Deve-se ler a Folha, o Estadão, a revista Veja e assistir os telejornais. Não porque você concorda com os veículos, mas sim para entender a linguagem de cada um deles. Isso é muito produtivo para qualquer jornalista", disse Ricardo Viveiros.

Na palestra seguinte, Caco Barcellos, do Profissão Repórter da TV Globo, e Ivan Masiglia, do caderno Aliás do Estado de S.Paulo, discutiram sobre livro-reportagem e formação da imprensa. Caco atrasou para a palestra e Audálio Dantas, curador do evento, fez alguns comentários sobre o evento antes da chegada do repórter. O debate foi mediado por Fernando Coelho, que foi chefe de Caco Barcellos.

"Tenho reclamações a fazer, principalmente às universidades, que se tornaram verdadeiros balcões de negócio, infelizmente, e que não apoiaram este evento. Reclamo também da EBC, que manifestou apoio mas não enviou representantes. Este evento reúne grandes jornalistas e é voltado sobretudo para estudantes. Ele não pode ser tratado desta maneira", disse Audálio Dantas. O organizador foi crítico, sobretudo, às instituições privadas que são controladas pelo marketing e que, na sua opinião, estão destruindo o jornalismo mais genuíno.

Audálio Dantas, curador do Salão do Jornalista Escritor

Ivan Masiglia falou sobre sua experiência como repórter nu em uma praia de nudismo pelo Estadão, mas também aproveitou para se recordar de sua formação. "Eu fiz o Curso Abril de Jornalismo na década de 90, e fiz um trabalho voltado para a Playboy. Muito de vocês não sabem ou não se lembram, mas a revista Playboy era uma grande escola de texto. Alguns discordam e dizem que era a Veja, por exemplo, mas a redação deles contava com Eugenio Bucci, Juca Kfouri e era liderada por Ricardo Setti. Era um time e tanto", relembra o jornalista.

Já Caco Barcellos lembrou, com Fernando Coelho, da estreia de Rota 66, que foi muito criticado por oficiais da Rota da Polícia Militar de São Paulo, que chegaram a ir no lançamento para intimidar o repórter. "Felizmente, eles não foram mal-tratados, eu fiz minha denúncia e estou aqui, vivo", completou. Caco também se recordou de como começou na imprensa. "Eu era motorista de taxi e consegui um emprego no Folha da Manhã. Eu me escondia para que ninguém soubesse do meu outro emprego, mas um colega de redação me dedurou e a chefia descobriu. Ao invés de me demitir, o chefe de redação pediu que eu fizesse uma reportagem sobre o cotidiano de um taxista. Foi meu primeiro texto assinado", disse Caco Barcellos.

Caco Barcellos, Fernando Coelho e Ivan Masiglia

O II Salão do Jornalista Escritor foi um evento forte em relatos de experiências de um período que não existe mais na imprensa brasileira. Foi discutido o papel da Mídia Ninja e de novos veículos, mas os debatedores lembraram que grandes veículos como o jornal O Globo reformularam sua visão sobre a Ditadura Militar, por exemplo, se arrependendo do apoio que exerceram no passado. Tanto os velhos jornalistas quanto os novos estão vivendo, e provavelmente vão continuar a presenciar, períodos de crise na comunicação.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Vigilância: O mundo pós-Snowden

Por Pedro Antonio Dourado de Rezende
Do Observatório da Imprensa, por Creative Commons.


O tema aqui é vigilantismo global versus privacidade sob o que resta de soberania além do marco constitucional. Um tema complexo, e insistente. Para uma perspectiva adequada precisamos então de bom fôlego, o que busco com o aporte de análises geopolíticas quase sempre desprezadas pela mídia mainstream, praticamente invisíveis nela. E com uma análise semiológica dessa invisibilidade, como pano de fundo.

Entrevista original de Edward Snowden ao jornalista Glenn Greenwald (The Guardian)

A primeira ajuda vem – graças à internet – do escritor argentino Adrian Salbuchi, num artigo onde ele analisa o relatório “Riscos Globais 2013“ publicado pelo Fórum Econômico Mundial. Relatório que começa pelo óbvio: o aumento da violência social e colapso político, financeiro e monetário no Ocidente, falta de alimentos e água potável que se agrava em muitos lugares, e, o favorito das elites que ali congregam, o “terrorismo global”.

Mas o que sua análise destaca não são os riscos óbvios, e sim a artilharia de “propostas aos governos” para enfrentá-los, que faria uso de um tipo insólito de munição, ali chamada “fatores X”. Vindo de quem vem e de quem as divulga, tais propostas devem ser levadas muito a sério, diz Salbuchi. Completando que, se quisermos entender o momento atual, fará bem ler detidamente não só este, mas também outros relatórios do mesmo grupo. Com muita atenção nas entrelinhas, pois elas, lembrando Goethe, sinalizam as sombras de eventos futuros. Afinal, aqueles que são hoje os verdadeiros donos do poder global na Terra estão entre os que encomendam, escrevem ou leem com atenção esses relatórios, enquanto estão também em posição de promover e controlar tais eventos de acordo com seus desejos.

Fundado em 1971, o Fórum Econômico Mundial constitui um nó fundamental na rede dos agentes do poder global que, como observou o primeiro-ministro britânico Benjamin Disraeli, no final do século 19, administra “dos bastidores” o planeta. 

O Fórum Econômico Mundial é presidido por Klaus Schwab, diretor da Comissão Trilateral de David Rockefeller, função que lhe dá acesso direto às mais poderosas personagens da elite global: Rockefellers, Bushes, Soros, Kissinger, Brzezinski, Rothschilds, Lazards, Harrimans, Montbattens, Warburgs, Schiffs, Bourbons, Oranges... Os agentes do poder global estão na verdade executando o seu plano de impor dos bastidores um governo mundial sobre toda a humanidade, através da concepção, planejamento e execução de macromudanças que precisam ser aplicadas em todos os países, a cada um na medida necessária e no devido tempo, conforme o processo de privatização do poder avança em todo o mundo.

Respirar juntos

No relatório, esses agentes enfatizam duas mudanças fundamentais: a reengenharia dos estados nacionais, e a introdução no imaginário coletivo do que ali chamam “fatores X”. Podemos observar que esse imaginário começa a sofrer sensíveis mudanças, conducentes à dócil aceitação coletiva dos principais “fatores X” – do segundo em particular –, com os efeitos do “caso Edward Snowden”, que se desdobram desde junho de 2013. Conforme argumentaremos ao examinarmos alguns desses fatores, tais mudanças são assim conducentes num sentido ilustrado; por exemplo, pela forma como a identificação de autoria dos ataques com armas químicas em julho de 2013 na Síria vem sendo publicamente comunicada e assimilada.

A palavra “conspirar” formou-se no latim pela contração de cum (junto) e spirare (respirar), com o sentido de concordar. Depois ganhou, no direito romano, um sentido mais específico, o de concordar secretamente com outrem em fazer mal a alguém. Hoje o correspondente substantivo, além de denotar o ato de conspirar em sentido específico, serve também como senha para quem queira ignorar más notícias que não pode indolentemente verificar. Ou, para conotar desejo de ataque ou desprezo a mensageiros dessas más notícias. Devem seguir nesta leitura, então, aqueles que se excluírem dessa indolência ou desejo, pois o fio condutor deste artigo se tece de percepções de riscos desse tipo, abstraíveis do caso Snowden.

Depois da denúncia de que o vigilantismo global inclui rastreamento das comunicações da presidente do Brasil, seu ministro das Comunicações sugeriu que se expandisse o projeto de um serviço de e-mail nacional, pela empresa dos Correios, para que incluísse um sistema de criptografia, e a empresa aceitou. Mas será que os Correios vão terceirizar isso, como fez – ao estilo mãe-joana – o mesmo ministro com o Plano Nacional de Banda Larga? Porém, logo veio a denúncia seguinte, de que o vigilantismo global (via NSA americana e GCHQ britânica) coopta grandes empresas de informática para sabotarem produtos comerciais com criptografia, tornando tal técnica neles inócua contra seus métodos exclusivos. Como fica, então, nossa nação?

O futuro do Estado Nacional 

Saluchi nos contextualiza: numa publicação de 2011 intitulada Lições de todo o mundo: Conselho da Agenda Global sobre o Futuro do Governo e do Estado, o Fórum Econômico Mundial repete a receita que o diretor do Council on Foreign Relations,Richard Gardner, já ditava de Nova York há quase quarenta anos: “Erodir pouco a pouco os Estados soberanos”. Recomenda a todos os governos e estados “alinhar-se para o futuro respondendo às condições rapidamente mutantes e às expectativas dos cidadãos, construindo uma capacidade de operar efetivamente em redes complexas e interdependentes de sistemas e organizações em todos os setores público, privado e sem fins lucrativos, a fim de gerar valor público”.

O relatório “Riscos Globais 2013” acrescenta quais seriam hoje os ingredientes necessários à receita para esse alinhar-se: um modelo de Estado mais raso, mais maleável, mais eficiente e mais tecnológico [em inglês, “flatter, agile, streamlined and tech-enabled”,o que nos dá a sigla FAST [em português, RÁPIDO]. Traduzindo esse jargão neoliberal para um português clássico desideologizado desse fundamentalismo dogmático:

>> Flatter = mais raso, o que quer dizer: com menos autoridade e menos soberania;

>> Agile = mais maleável, isto é, mais controlável por fluxos financeiros;

>> Streamlined = “eficientizado”, ou seja, com menos importância geopolítica e menos poder;

>> Tech-enabled = mais tecnológico, no sentido de mais dependente de donos, operadores e controladores dos processos de pesquisa, desenvolvimento e aplicação tecnológica e/ou de suas estratégias negociais.

Se traduzirmos também em termos práticos, o recado curto e grosso é o seguinte: cada nação deve entrar na linha, perfilando-se tipo “RÁPIDO”, na fila para o governo mundial ou se preparar para sofrer as consequências.

As funções inalienáveis de qualquer governo nacional de um Estado que se quer soberano, basicamente as de promover o bem comum para a grande maioria do povo, acima de interesses de minorias – nacionais ou não – que detêm poder excessivo e que estão agora entrincheirados em suas estruturas públicas e privadas, e de defender o interesse nacional popular dos perigos e ameaças que surgem e crescem no mundo de hoje, precisamente por causa das ações dessas minorias usurpadoras que reinam poderosas em todo lugar – as quais nossa Constituição expressa nos artigos 1º e 5º – estão portanto ameaçadas; mas, pior, gerando risco para os povos se levadas a sério por quem deveria representá-los em governo.

Os presidentes Vladimir Putin da Rússia e Xi Jinping, da China, entendem isso muito bem, e por isso pisam em ovos sem pisar na bola. Outros governantes, porém, não aprenderam essa lição fundamental, ou parecem não querer aprender, ou fingem que não a entendem, entrando na respectiva fantasia e vivendo um desses papéis de bobos da corte. Mas só enquanto essas funções decorativas forem úteis ao governo mundial – o que não deve durar muito, pois houve, entre os efeitos pós-Snowden, uma queda das luvas e máscaras de bom-mocismo na ciberguerra: não dá mais para disfarçar que tal forma de guerra está em curso, nem os interesses sombrios e hegemônicos que nela se camuflam em combate ao cibercrime ou ao terrorismo.

Truques docilizantes

Para entender essa nova modalidade de guerra, cujo único desfecho possível será a consolidação de um governo mundial tirânico, conforme essa agenda de perfilamento “RÁPIDO” controlada pelos verdadeiros donos do poder hoje na Terra, busco a ajuda de uma publicação militar em um dos países do bloco BRICs. Em 2011, dois oficiais da Academia Militar do Exército de Libertação Popular chinês assim a descrevem, em inglês: 

“(...) Assim como a guerra nuclear era a guerra estratégica da era industrial, a ciberguerra é a guerra estratégica da era da informação; e esta se tornou uma forma de batalha massivamente destrutiva, que diz respeito à vida e morte de nações... Uma forma inteiramente nova, invisível e silenciosa, e que está ativa não apenas em conflitos e guerras convencionais, mas também se deflagra em atividades diárias de natureza política, econômica, militar, cultural e científica... Os alvos da guerra psicológica na internet se expandiram da esfera militar para a esfera pública... Nenhuma nação ou força armada pode ficar passiva e se prepara para lutar a guerra da internet.”

Esta destruição começa pela privacidade, cuja escassez só vai ser valorizada pela psique coletiva quando a tirania global no mundo pós-Snowden ao final se instalar. Voltando aos “Riscos Globais 2013”, o comando desse perfilamento “RÁPIDO” prossegue, explicando os passos para sua execução: “Alinhar o sistema de administração pública com os requisitos do novo modelo de ‘governos FAST’, com base em fatores tais como a redução da força de trabalho, necessário para construir organizações enxutas e governos que possam sobreviver na Nova Ordem Mundial” (sic). Essa voz de comando também prescreve fórmulas para autoavaliação do resultado, isto é, do comportamento de cada um na fila:

“Os autores do relatório convocam os Governos para o desafio de projetar e implementar duas novas formas complementares de avaliar o desempenho de governo. O primeiro conjunto de medidas é uma abordagem holística para o desenvolvimento do governo sobre os quatro eixos do modelo FAST. A segundo conjunto de medidas se concentra em como medir o valor que essas transformações proporcionam aos cidadãos.”

Ou seja, fórmulas para autocensura orwelliana no teatro decisivo da ciberguerra, que é o front psicológico. Tudo isso mais parece vir de um relatório anual corporativo do que de uma análise geopolítica para estadistas. Porém, se traduzirmos “governo” para “corporação” e “cidadãos” para “clientes” a confusão se desfaz, ao percebemos que se trata de um plano executivo para erigir governos de fachada privatizados. Cidadãos tangidos para consumir até morrer, num mundo de competição guiado pela lógica da acumulação via redução da força de trabalho e convergência entre big government e big business. Convergência que Benito Mussolini descrevia, no albor da Segunda Guerra Mundial, como essência do fascismo.

Na verdade o “segundo conjunto de medidas” nessas fórmulas não é bem um desafio a ser projetado; ele já está prescrito em três medidas, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, por George Orwell em 1984: a) Guerra é paz; b) Liberdade é escravidão; c) Ignorância é força.

Faltam ainda os tais “fatores X”, sobre os quais Salbuchi comenta: tentando projetar mais para o futuro, a equipe do Sr. Schwab – editor do relatório “Riscos Globais 2013” – trabalhou em conjunto com a revista científica britânica Nature e conseguiram identificar uma série de “fatores X”, dos quais cinco são verdadeiramente revolucionários se tentarmos inferir o que pode estar por trás de sua importância para um tal projeto hegemônico.

>> Fator 1 – “A mudança climática descontrolada: é possível que já tenhamos passado do ponto de não-retorno e que a atmosfera da Terra esteja rapidamente se tornando inabitável?”

Este cabe como uma luva na proposta desse projeto de se impor ao mundo um imposto “sobre o carbono”. O aparato fiscal para executá-la legitimaria um proto-regime jurídico que evoluirá para o de um governo mundial, o qual servirá como ferramenta de poder consentido em instância supranacional para controle das nações. Seria uma repactuação social hobbesiana para controle de cada país, região, cidade e indivíduo, designando-lhes quotas de “crédito” de carbono com base no seu “rastro” de emissão de uma substância natural que pode ser poluente. O que permitirá a esse regime controlar em todo o mundo, acima de qualquer governo nacional, quais atividades são permitidas e quais não são.

Daí para a consolidação visível de um governo mundial fica faltando apenas, digamos, pendurar o guiso no gato: unificar o comando militar das forças armadas existentes no planeta, para a missão que a voz de comando desse perfilamento “RÁPIDO” vem chamando de “defesa global”. Unificação da qual a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em sua insaciável sanha expansionista – que em nosso continente corteja a encantada Colômbia –, ensaia-se como protótipo. Porém, como diria Mané Garrincha, falta ainda combinar com os russos e com os chineses, pelo menos. Então são necessários mais fatores para esta “agenda orwelliana”.

>> Fator 2 – “Melhoras significativas em conhecimentos e habilidades: dilemas éticos equivalentes ao doping em esportes poderão ser ampliados para a vida diária; isso pode desencadear uma espécie de ‘corrida armamentista’ rumo ao aprimoramento neuronal em tropas de combate”.

Como traduzir “aprimoramento neuronal”? Todo progresso científico e tecnológico poderia ser dominado por uma rede global de centros de pesquisa em alta tecnologia, controlados por megacorporações multinacionais. Temos já um exemplo visível no agronegócio, na colocação de sementes geneticamente modificadas por empresas como a Monsanto, associada à criminalização do comércio de sementes nativas para plantio forjada em tratados internacionais como o UPOV. Mas é no domínio das tecnologias de informação e comunicação (TIC), para o teatro da ciberguerra, que este “fator” se torna mais decisivo. Todos querem se sentir seguros, ainda mais na era da informação, mas o que é segurança?

Segurança é ao mesmo tempo um processo e um sentimento, e a experiência nos ensina que não se deve confundir esses dois planos. Temos então que separar aqui seus dois possíveis sentidos. Vejamos um exemplo, naquela denúncia de que o vigilantismo global ubiquamente viola e-mails, que acaba de alvoroçar o governo brasileiro: um sentido aí é o de que, se um sistema robusto de criptografia ponto-a-ponto for bem utilizado com e-mails, isto seja eficaz para proteger a privacidade de quem vier a usá-lo, contra ataques de quem controla os meios de transmissão; o outro, é o de que isto seja eficaz para induzir quem vier a usá-lo a crer que sua privacidade nesses e-mails estaria assim adequadamente protegida.

A ciberguerra, a meu ver, é antes uma forma de contrarrevolução digital, cujo paradigma é “como pode ser a virtualização destrutível”, e seu front decisivo é na psique coletiva. Mais precisamente no teatro da segurança, onde se encenam relações entre os dois planos desta. Na esfera virtual, onde a confiança em instituições é elemento crucial para se manipular em massa atitudes pessoais frente às TIC, e onde armas neurolinguísticas são eficazes, o teatro da segurança é facilmente confundido com o próprio processo, o que torna o front psicológico decisivo nessa nova forma de guerra. Que é global, que passa pela cooptação da mídia mainstream e dos principais fornecedores de TIC, e que parece ser invisível mas não é só. 

Vejamos um exemplo mais concreto de operação nesse front, com manipulação massiva de atitudes pessoais frente às TIC. O imaginário coletivo sofre sensíveis mudanças com a aventura épica de um hacker traidor-herói, que arrisca a própria vida e foge para revelar ao mundo o escopo do vigilantismo global, que ele conhece por dentro. Aí não dá mais para negar, de sã consciência ou cara limpa, credibilidade ao que narra Snowden, como antes se fingia. Então, um mês depois, somos convidados a aceitar como fato uma hipótese de autoria dos ataques com armas químicas na Síria, oferecida por quem busca pretextos para anular esse Estado cujo governo teima em defender sua soberania, recusando sua vez naquela fila.

Contrariando a lógica e o instinto de sobrevivência do governo sírio, que havia sido ameaçado com uma “linha vermelha” mortal ao se por em vantagem na guerra aos rebeldes/terroristas, como conduzir a dócil aceitação coletiva de sua responsabilidade por um ataque que cruza tal linha? Com a mágica do fator 2: o vigilantismo global, como todo o mundo pós-Snowden sabe, é tão extenso e profundo que o comando para perfilamento ao governo mundial teve como saber exatamente quem lá ordenou o ataque com armas químicas – mas esse “exatamente” não pode ser revelado a incrédulos, pois isso poria em risco métodos e fontes de tão valioso e irreversível instrumento do poder atual. Seria já a “defesa global”, quem sabe? 

Na dúvida, entra em cena a mídia mainstream, a legitimar tal instrumento com truques neurolinguísticos, para uma dócil aceitação coletiva. Do exemplo da Síria temos a tosca permuta de hipótese por fato na TV Globo e na revista Veja, mas do exemplo anterior destacamos, pela sutileza didática, um desses truques docilizantes: na escolha do verbo ao intitular notícia no portal duma multinacional de telecom, na véspera do Dia da Pátria. “Brasil tenta burlar a NSA com novos cabos e satélite“. Burla pressupõe algo ilegítimo ou ilegal, aqui justo ao revés do que enquadra e exige os artigos 5º e 1º da Constituição Federal. Em sociedades adestradas para cultuar fascínio pelas TIC, essa forma de legitimação/deslegitimação tem boas chances de colar na psique coletiva. Seria a vez do Brasil naquela fila, que se aproxima?

Pé da letra

>> Fator 3 – “Desenvolvimento da geoengenharia para fins criminais. Estão em desenvolvimento tecnologias para manipular o clima que um Estado ou indivíduo poderia usar de forma unilateral.”

De forma multilateral ou para fins bélicos, pode? O projeto HAARP (sigla em inglês para Programa de Pesquisa para o Aurora Ativa de Alta Frequência) tem bases instaladas no Alasca e na Noruega, onde aparentemente estão sendo testadas certas travessuras em diferentes partes do planeta. Quem ainda não o conhece, põe-se em bom momento de conhecê-lo tendo lido até aqui. Tudo indica que as instalações do HAARP têm o potencial de gerar ondas eletromagnéticas estacionárias de alta energia que podem ser projetadas em frentes estacionárias na atmosfera sobre determinadas áreas geográficas, gerando o efeito de bloquear ou retardar o movimento natural das correntes climáticas que produzem chuva. 

Dessa forma, tais experimentos podem causar excesso de chuva na lado anterior dessas barreiras estacionárias (gerando inundações) e escassez de chuva do lado posterior dessas frentes de ondas invisíveis (gerando secas). Também, como sabem os geólogos, certas ondas eletromagnéticas de alta potência podem ser moduladas na frequência exata para produzir ressonância em placas tectônicas que estão “prestes a romper”. Assim, para quem tem os dados exatos, armas HAARP poderiam também ser usadas para precipitar terremotos e tsunamis em regiões onde tais eventos estariam prestes a ocorrer por acúmulo de tensão no contato de placas tectônicas. Para os que resistirem ao perfilamento “RÁPIDO” com o fator 2.

>> Fator 4 – “O custo da longevidade: avanços médicos estão prolongando a expectativa de vida, mas os serviços médicos geriátricos são muito caros no longo prazo. Cobrir os custos associados com a velhice será uma grande luta.”

Como seria travada essa “luta”? Para isso já existe um outro projeto que se ocupa dos detalhes, o PNAC (Project for the New American Century). No PNAC, os falcões da direita política norte-americana, os neocons, traçam linhas de ação rumo a um governo mundial, dentre as quais uma agenda de “despopulação” (sinônimo em doublespeak para genocídio), prescrita no National Security Study Memorandum nº 200 (Kissinger Report) à guisa de solução para a vindoura escassez de recursos naturais no planeta. Embora a agenda PNAC de despopulação seja conducente à atual pressão para se atacar a Síria, não sabemos até onde ela se alinharia com a agenda que, controlada dos bastidores, parece comandar o perfilamento “RÁPIDO”.

Pois na medida em que os neocons se mantêm focados em traços nacionalistas do seu ambicioso projeto hegemônico (PNAC), tornam-se alvos automáticos dos demais elitistas que também são hoje donos do poder, e que também se sentem donos do mundo e da agenda mundialista – a qual precisa ser única para ter sucesso –, devido à firme resistência neocon ao autoperfilamento “RÁPIDO”, até mesmo no fim da fila. Para entender até onde essas duas agendas mundialistas – que podemos chamar de orwelliana (mais difusa e antiga) e neocon (centrada nos EUA) – podem ou não convergir, buscarei o aporte duma outra fonte de análise geopolítica, por sua substancial interseção cognitiva com a dogmática da agenda neocon.

As poderosas elites orwelliana e neocon convergem dogmaticamente em várias frentes, inclusive quanto à importância do fator 5 (adiante), mas suas divergências existem – e turvam seu convívio – a partir de influências das doutrinas pós-tribulacionista e amilenarista de um pretenso fundamentalismo cristão no pensamento neocon.Pretenso pois tais doutrinas a meu ver são apostásicas, e portanto cristianismo falsificado, mas mesmo assim com seu papel nele profético a cumprir. Papel onde bem se encaixa a agenda PNAC de despopulação, para os que queiram tomar o (auto?)cumprimento de profecias apocalípticas em suas próprias mãos. Para o aporte semiológico final, convém antes examinarmos o fator 5. 

>> Fator 5 – “A descoberta de vida extraterrestre: evidências da existência de vida inteligente em outros lugares do universo teria profundas implicações psicológicas dos sistemas de crenças da humanidade”.

Haveria manobra mais convincente para imposição, da noite para o dia, de um governo mundial? Um truque neurolinguístico mais eficaz para dócil aceitação coletiva de uma necessária “defesa global”? Com inimigo temido de todos, pois alienígena, haverá? Já houve até balão de ensaio, soprado por um pioneiro neocon: em 1987, num discurso na ONU, o então presidente Ronald Reagan perguntou: “Quão rapidamente nossas diferenças em todo o mundo acabariam se nós enfrentamos uma ameaça alienígena de fora de nosso mundo? E eu me pergunto se uma força alienígena já não está entre nós”. Qualquer “solução” demandaria uma representação unificada, com autoridade para negociar ou comandar por toda humanidade.

Estariam os neocons jogando com “profecias” autorrealizáveis, tentando manipular com seus poderes as da única religião que há milênios nos dá, através delas, um teste que será definitivo sobre o absoluto teor de suas verdades? Pois as minuciosas profecias sobre os últimos dias desse mundo de Snowden, ou se cumprirão todas ao pé da letra, confirmando inclusive como as anteriores se cumpriram, ou não. Se o PNAC for inspirado em profetadas, ensoberbecido com teses pós-tribulacionistas ou amilenaristas, neocons e orwellianos estariam, sem saber, cumprindo também a profecia da “operação do erro” em 2º Tessalonicenses 2:8-12, se a do arrebatamento da verdadeira igreja de Cristo cumprir-se antes da Grande Tribulação e esta aí vier.

Sem volta

E os orwellianos, de sua parte, estariam acomodados ou incomodados com essa forma de influência dogmática na ideologia de poder dos neocons? Esta é uma questão delicada, que creio pertinente ao caso Snowden, para a qual uma intuição adequada pode sinalizar contornos da sombra de eventos futuros de que fala Goethe. Para abordá-la recorreremos a outros relatórios, estes produzidos por Doug Hagmann, fundador da Network Intelligence Northeast, um investigador privado nos EUA que produz o programa em áudio ”Hagmann & Hagmann Report“, na internet. Pelos anos, Hagmann cultivou várias fontes no aparelho de inteligência dos EUA, que estão, como diz, aterrorizadas com o que está por acontecer ao país.

Uma dessas fontes foi ouvida anonimamente em programas gravados pouco antes de 28 de agosto de 2013, e citada no artigo ”It’s All About the Money, Baby!“, no portal Rapture Ready, que começa lembrando uma frase de Franklin Roosevelt: em política nada acontece por acaso. O acaso aqui seria Barack Obama se preparando para atacar mais um país do Oriente Médio que nunca representou ameaça aos EUA, enquanto armas químicas são encontradas em túneis conhecidos por serem usados por rebeldes/terroristas em luta contra o governo da Síria, por soldados do governo que lá entraram à procura de provas e foram surpreendidos com produtos químicos no ar, com alguns hospitalizados devido à exposição ao gás sarin. 

Se a TV Globo, no Fantástico, dá dois furos seguidos com Snowden via Glenn Greenwald sobre o escopo do vigilantismo global, o mais recente (domingo, 8/9) envolvendo espionagem comercial/industrial vitimando a Petrobras em seus esforços no pré-sal, enquanto segue a manada midiática alinhada à potência hegemônica, que inverte tola hipótese por fato sobre a autoria dos ataques com armas químicas na Síria, isso também não é acaso. A primeira vítima numa guerra, tal qual sombra de eventos futuros, é a verdade consistente nas notícias. A fonte de Hagmann corrobora: “...esta[mos] vendo os atos de abertura de uma guerra global, que põe em marcha a Terceira Guerra Mundial.” Chute, não? Prossigamos com ela.

A guerra começará na Síria e ninguém no planeta – os americanos em particular – será deixado intocado pelo o que está prestes a acontecer. Isso foi planejado há algum tempo e agora estamos vendo se desdobrar. Os rebeldes/terroristas na Síria, inclusive a Al-Qaeda, vinham sendo supridos por intermédio da embaixada norte-americana em Benghazi (na Líbia). Quando a embaixada foi atacada esse apoio minguou, levando os rebeldes a perder terreno para o exército sírio. Como esses rebeldes não podem sobreviver por muito tempo sem a ajuda ocidental, vinham por isso batendo-se em retirada no aguardo da próxima fase do plano. Ei-la agora em execução, disparada pela inversão midiática da tola hipótese por fato. 

O site Guerrilla Economist relatou o seguinte sobre essa fase:

“Trata-se de uma guerra dos banqueiros internacionais. Grandes bases militares dos EUA estão bem no trajeto do proposto oleoduto do Mar Cáspio [que aliviaria o Irã da pressão das sanções, permitindo à Síria vender seu petróleo no Mediterrâneo]. A receita desse oleoduto, bem como alguma proveniente do lucrativo comércio de ópio, acabarão achando seu caminho de volta aos bancos americanos que irão lavar o dinheiro, parte do qual ajudará a financiar a Unocal no projeto de construção deste oleoduto. Os bancos ganham de um jeito ou de outro” [seja com a construção do oleoduto, seja com seu impedimento por destruição do atual Estado sírio].

Um relativo deconhecido, Barack Hussein Obama, foi escolhido para concorrer à presidência dos EUA em 2008, contra John McCain. Por que ele e não Hillary Clinton? Porque os jogadores de fato, elites donas do poder nos bastidores, precisavam de alguém que tivesse ligações com a Irmandade Muçulmana para realizar o que entendem por necessário no Oriente Médio. Em seguida ocorre a Primavera Árabe, que foi planejada com anos de antecedência. Não foi ao acaso, um movimento espontâneo de pessoas oprimidas que anseiam por democracia, mas um plano da Irmandade Muçulmana sunita para retomar o controle do que por séculos, e até um passado recente (antes da Primeira Guerra Mundial), foi o Império Otomano.

Mas o plano não é simples. Síria e Irã são Estados satélites para a Rússia, e a China também tem interesses no Irã. No Oriente Médio toda grande potência tem interesses. Então, quem os EUA irão enfrentar ao final se atacarem a Síria? A Rússia. Ótima idéia! Aí, o que acontecerá? A charada vem diretamente das profecias bíblicas sobre os últimos dias desse mundo como o conhecemos, em particular daquela em Ezequiel 38. Nelas, ou no que estamos vendo, nada é para lutar contra o terrorismo ou ajudar o povo da Síria. É sobre petróleo, energia e o sistema econômico global. Para os donos do poder o conflito existe para alcançarem seu objetivo, que é a implantação de um novo sistema econômico, baseado numa cesta de moedas, o SDR (Direito Especial de Saque).

Se você nada sabe sobre o SDR, basta imaginar algo como o euro, mas numa escala global (há um artigo na Investopedia explicando isso). A guerra no Oriente Médio, particularmente na Síria, é o catalisador para sua implantação. A Síria agora é como o truque flash de um ato mágico. Uma vez iniciado este ato, não se poderá mais voltar atrás. A catalisação bélica irá interromper as operações de comércio em todo o mundo, para o início dessa conversão monetária e consequente reviravolta econômica. Nas palavras da fonte de Hagmann, “(...) e poucos vão vê-la chegando, ou saber o que foi que os atingiu. Quando a Casa Branca disparar o primeiro míssil contra a Síria, este será o dia em que o mundo como nós o conhecemos termina”.

Detalhes desconexos

O que nos traz de volta ao caso Snowden, como marco importante para este momento histórico que vivemos, como pretende o título deste artigo. Depois de examinarmos recente proposta do Fórum Econômico Mundial, dos “fatores X” como munição contra “riscos globais”, chegamos à delicada questão de até onde sua correspondente agenda mundialista, de perfilamento “RÁPIDO”, se coaduna com a agenda mundialista autocentrada dos neocons do PNAC. Delicada, pois de sucesso só haverá uma. Os neocons avessos à autodesnacionalização – leia-se: os que podem imprimir dólares com um mouseclick – estariam entre os que não vão ver a reviravolta econômica chegando? Vejamos como aí pode estar a sombra de Snowden.

Na primeira entrevista que concedi sobre os eventos que aqui chamamos “caso Snowden”, em 13 de julho, destaquei uma análise que me parecia promissora. A de um analista financeiro que é experiente inovador em táticas especulativas para pregões eletrônicos, em entrevista que ele concedeu ao portal RT. Max Keiser ali aponta para o cenário desse caso como ele o vê: a compania onde Snowden trabalhava, a Booz Allen, junto com algumas associadas são mentoras não só da privataria tucana que assolou o Brasil sob o comando de Fernando Henrique Cardoso, mas também da manipulação que ocorre em importantes mercados globais de juros e de câmbio, como o LIBOR e o FOREX, e essa manipulação é o combustível que mantém o “império militar” funcionando, supondo que Keiser se refere aí à OTAN.

A economia dos EUA por si só não consegue mais manter suas ambições militares, e para isso essas ambições precisam manipular mercados. O tipo de inteligência que Snowden pode mostrar como se agrega, é fundamental para essas manipulações. Elas podem instrumentar a Booz Allen e suas parceiras a canalizar bilhões de dólares para irrigar campanhas militares. Então, essa fúria contra Snowden em Washington e em Londres na verdade seria por causa de dinheiro, e não de segurança. Keiser prossegue lembrando-nos que a Casa Branca e a casa 10 de Downing Street sãoreféns de Wall Street, dos fundos hedge, de banqueiros corruptos e também da Booz Allen, e que as empresas parceiras no PRISM ou X-Keyscore têm incentivos financeiros para participar desse programa, além dos possíveis pedágios para acesso a dados pessoais dos seus clientes.

Os índices cobiçados são sensíveis a dados econômicos. Se a Booz Allen e certas parceiras podem manipular esses dados, podem com isso manobrar os índices que guiam os mercados. Incluindo preços de ações em pregões voláteis, inclusive das suas próprias ações. Tal como depois viriam a se queixar o New York Times e o The Guardian. Se a Booz Allen e certas parceiras coletam informações privilegiadas, outras parceiras podem, com tais informações, ganhar bilhões e bilhões de dólares para o esquema. Não só com privatarias na periferia, mas também com operações algorítmicas em pregões automatizados, que são efetuadas por software em altíssima velocidade. Estas com enormes volumes e quase sempre disparadas por diminutas variações de preços, uma novidade tecnológica ainda infiscalizável e que vira e mexe dá sérios tilts. É claro – para Keiser – que os grandes bancos de Wall Street e de Londres estão fazendo isso.

Assim, toda aquela fúria persecutória contra Snowden pode ter causa em manobras virtuais que só darão lucro – fraudulento – enquanto houver confiança coletiva em moedas sem lastro. Não é por causa do vazamento de segredos de Estado em si, já que isso ocorre a toda hora sem que os delatores sejam importunados, inclusive a respeito deste caso, ou mesmo mentindo publicamente (para contrainformação), se o efeito pretendido na grande mídia for o de maquiar a imagem do governo ou de plantar falsas incriminações contra denunciantes. Infelizmente, os EUA não têm mais dinheiro para financiar suas guerras e aí o governo precisa recorrer à manipulação de mercados via bisbilhotagem, e isso é a última coisa que quer vindo à tona de forma crível, por atos de um insider cuja fuga o torna candidato a mártir. Pois o filão secreto de ouro (de tolo) que Keiser aponta seria assim “roubado.” Eis aí o que parece um calcanhar de Aquiles nos neocons, exposto aos parceiros/concorrentes orwellianos. Seria?

Nas sete semanas transcorridas desde então, como o conta-gotas de revelações conduzidas por Greenwald parece ter se focado na utilidade do vigilantismo global para espionagens de natureza industrial, comercial, financeira e política, a análise de Keiser ganha peso e aponta para a questão das possíveis tensões internas entre parcerias e concorrências que delas se locupletam ou se vitimam. Em especial, para a mesma questão delicada a que chegamos acima. Como seriaa dinâmica interior dessas parcerias/concorrências?

Recorro novamente a Salbuchi. Ele não destaca qualquer divisão interna especial na rede de poder global regida dos bastidores por elites do planeta, como esta entre orwellianos e neocons que empiricamente aqui nomeio para clivar esse poder com o simbolismo profético, mas no artigo “Bilderberg explicado“ (24/6), ele explica: 

“A estrutura de poder global que realmente rege nosso mundo constitui uma rede complexa, que vai muito além de qualquer organização ou entidade como o Grupo Bilderberg [ou o Fórum Econômico Mundial]. Esta rede é composta de uma enormidade de nós: corporações multinacionais, bancos transnacionais, impérios midiáticos, governantes subordinados, organizações multilaterais como a ONU, Banco Mundial, FMI, grupos lobistas, grupos públicos e privados da mais variada natureza: ONGs, think-tanks, clubes, seitas e até mesmo – por que não, se eles fazem parte do poder mundial – grupos mafiosos, mercenários, terroristas, cartéis de drogas e outras organizações criminosas.”

Todos integrados em maior ou menor grau e sutileza à rede de poder global cujos agentes costumam chamar de ”a comunidade internacional.”, embora muitos acreditem que o Grupo Bilderberg seja o obscuro enclave por excelência que conspira para dirigir o destino da humanidade. Ele de fato congrega centenas de pessoas dentre as mais ricas, poderosas e influentes da Terra com objetivos e interesses em comum, as quais, claro, nele discutem a portas fechadas o que ninguém de fora sabe ao certo. E que obviamente desperta crescente curiosidade na psique coletiva desde que começou a se reunir em 1954, sempre em hotéis exclusivos que oferecem a necessária privacidade para discutirem Sua agenda em segredo.

Adeptos e estudiosos de teorias conspiratórias tendem a acusar esse grupo por todos os males desse mundo atual, mas isso é na verdade um exagero. Pois assim se tende a ver tal grupo como isolado dessa rede de poder, quando de fato ele só ganha sentido ao inserir-se no liame que realmente rege o mundo através dela. Todavia, a questão delicada aqui levantada, sobre potenciais ou reais conflitos entre orwellianos e neocons, situa-se justamente na forma como tal inserção se dá, dos bilderbergers nessa rede maior, uma vez mapeados alguns detalhes aparentemente desconexos de eventos aludidos como caso Snowden. O que nenhum estudo acadêmico de conspirações deve desprezar. Estudos que são legítimos não só na área do Direito, refletidos por exemplo em tipificações penais como estelionato, mas também na da segurança digital levada a sério.

Mente e espírito

Embora Snowden tenha fugido, já com todo o material que havia exfiltrado do aparato de vigilantismo global onde prestava serviços técnicos, em 20 de maio de 2013, quando passou a trabalhar de Hong Kong para convencer jornalistas destemidos, escolhidos a dedo, a começarem a publicar revelações sobre o escopo desse vigilantismo em seus respectivos veículos mainstream, aprimeira dessas publicações só veio à tona em 5 de junho, no jornal The Guardian. Quando então os bilderbergers puderam acompanhar, juntos, ao vivo, na total privacidade do seu encontro anual, durante todos os dias do encontro de 2013 nos arredores de Londres, os primeiros eventos e desdobramentos públicos deste caso. 

Se o caso Snowden estiver sendo na verdade o primeiro catalizador da guerra vindoura, em preparo da psique coletiva, no front psicológico da ciberguerra, para o que virá, envolvendo alguma forma de “traição” orwelliana aos neocons para dar-lhe cobertura (com Snowden sabendo ou não) em sua aventura épica, cujo rastro de destruição se concentra na credibilidade de uma moeda sem lastro que se condena ao colapso, para a fase de reviravolta econômica na transição do dólar para SDR como moeda de reserva de valor global nessa guerra, só teremos como saber ao final. E só então, se for o caso, o título deste artigo, que por enquanto se justifica pelos indícios, estará plenamente justificado. 

Entrementes, esses indícios podem continuar sendo minerados da avalancha de escombros onde ora se escondem as verdades em notícias. Para isso, como pesquisador acadêmico em segurança digital que leva a sério seu ofício, guio-me por uma bússola que alguns tomam por doentia. “Paranoia” significa, também, conflito entre mente e espírito. Em tempos dominados por consumismo utilitarista e materialismo niilista, doutrinas que confundem mente e espírito, tais conflitos parecem indicar distúrbio psicológico. Mas quem acredita que mente e espírito são coisas distintas, poderá, nessas situações, priorizar o espírito para orientar suas crenças e conduta. Como ensina o apóstolo Paulo em 2º Timóteo,4:3-5, pouco antes de morrer na carne.

***

Pedro Antonio Dourado de Rezende, ATC PhD em Matemática Aplicada pela Universidade de Berkeley, é professor de Ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB), coordenador do programa de Extensão Universitária em Criptografia e Segurança Computacional da UnB, membro do conselho do Instituto Brasileiro de Política e Direito em Informática, ex-representante da sociedade civil no Comitê Gestor da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira

Quem lucra com a espionagem digital?

Por Bruno Fonseca, Jessica Mota, Luiza Bodenmüller e Natalia Viana
Da Agência Pública, por Creative Commons.

Nova publicação traz brochuras, contratos e metadados sobre os principais atores da indústria privada da vigilância global


As revelações de que a presidenta Dilma Rousseff tornou-se um alvo direto da vigilância da NSA, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, acenderam um alerta de emergência no alto escalão do governo. Documentos vazados por Edward Snowden, ex-analista da CIA (Agência Central de Inteligência), mostram que a espionagem tem como foco números de telefone e e-mails, além do rastreamento do IPs por meio de softwares como o “DNI selectors”, capazes de fazer uma varredura por todos os dados de navegação de um usuário na internet, incluindo seus e-mails.

Mesmo depois de o vazamento de documentos secretos da NSA jogar luz sobre a espionagem massiva realizada pela agência de segurança norte-americana, continuam nas sombras as empresas que fabricam e vendem essas tecnologias de vigilância e fazem lobby para o seu uso. Não há nenhuma estimativa que mostre o tamanho desse mercado. Sabe-se que apenas a área de spyware – um software-espião instalado sorrateiramente no computador – movimenta US$ 5 bilhões, e tem potencial para crescer cerca de 20% ao ano.

Segundo levantamento do jornal The Washington Post, o “black budget”, o orçamento destinado aos serviços de inteligência do governo dos Estados Unidos, soma US$ 52,6 bilhões ao ano – mais de 68% disso vai para a CIA, a NSA e o NRO (Escritório Nacional de Reconhecimento, órgão responsável por desenvolver, construir e operar satélites de reconhecimento). O valor reservado para as áreas de inteligência e vigilância dobrou em relação a 2001. A maior parcela de gastos é com coleta, exploração e análise de dados. Apenas a CIA tem um gasto previsto de US$ 11,5 bilhões para coleta de dados em 2013. As empresas contratadas são mantidas em segredo.

QUEM LUCRA COM TANTA VIGILÂNCIA

Mas quem são as empresas que fabricam e vendem a tecnologia que permite tamanha vigilância digital e fazem lobby para o seu uso? Algumas informações vêm à luz hoje, com a nova publicação do WikiLeaks, uma continuação do “Spy Files”, publicado em 2011.

São 249 documentos de 92 empresas de vigilância, entre brochuras, contratos e metadados referentes a alguns dos principais empresários do ramo. “A publicação Spy Files 3 faz parte do nosso compromisso contínuo de jogar luz nessa indústria obscura de vigilância. E a base de dados do Spy Files continuará a crescer, tornado-se um recurso para jornalistas e cidadãos, detalhando as condições orwellianas sob as quais levamos nossas vidas supostamente privadas”, diz Julian Assange. Além da Agência Pública, outro 18 veículos internacionais são parceiros na publicação, incluindo Pagina 12, da Argentina, La Jornada, no México, e o canal RT, da Rússia.

Os documentos mostram, por exemplo, que empresas como Glimmerglass e Net Optics oferecem tecnologia para “grampear” o tráfego de dados em cabos ultramarinos de fibra ótica. Outras empresas fornecem equipamentos sofisticados de gravação e reconhecimento de voz, além de softwares que analisam diversas gravações ao mesmo tempo; outras permitem analisar diversos materiais (vídeos, fotos, gravações) simultaneamente. Há ainda empresas que se especializam em descobrir falhas em sistemas operacionais e vendem essas “dicas” a governos – eles podem, com essa informação, hackear um computador “alvo”. Outras empresas vendem tecnologias que permitem monitorar a atividade online de ativistas e manifestantes.

Muitas delas vendem tecnologia para diversos órgãos do governo americano, como a Cyveillance, pertencente à empresa QinetiQ, usada pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos para monitorar a rede 24 horas por dia. E muitas já têm forte presença no Brasil, seja vendendo tecnologia e serviços para empresas como Vale e Petrobras, seja abocanhando contratos de vigilância para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Por conta dos megaeventos – e das manifestações de junho – o Brasil tem se tornado um mercado prioritário para essas empresas de vigilância.

UMA INDÚSTRIA NAS SOMBRAS

“Confidencialidade é essencial para o negócio de segurança”, diz o site da empresa alemã Elaman, uma subsidiária do grupo Gamma Group, um dos mais famosos grupos que vendem tecnologias para vigilância digital na rede. Famoso não por iniciativa própria, mas por ter se envolvido em diversos escândalos recentes, o Gamma está sendo investigado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) por ter tido alguns dos seus softwares espiões usados contra ativistas no Bahrein.

Seu principal produto, o software-espião FinFisher, infecta computadores para capturar informações, enviadas a uma central interceptadora. Pesquisadores da Universidade de Toronto descobriram servidores de monitoramento do FinFisher em 36 países – incluindo Turquia, Paquistão, Panamá, Etiópia, Malásia, Qatar e Vietnã. Também encontraram o spyware “disfarçado” do navegador Mozilla Firefox, uma isca para levar “alvos” a fazer o download em seus computadores. 

O diretor da Gamma – que tem sedes na Alemanha e na Inglaterra –, Martin J. Muench, reafirmou que a empresa coopera com as regulações dos dois países e que o produto teria sido roubado durante uma apresentação. Segundo o executivo, uma cópia do software foi feita no evento e, depois, o spyware foi modificado e usado em outras partes do mundo. O vazamento do WikiLeaks, porém, mostra que os executivos da Gamma teriam viajado recentemente para países com governos autoritários, como Guiné Equatorial, Turcomenistão, Malásia, Egito e Qatar. Contratos indicam ainda que a empresa negociou o fornecimento de componentes de software e hardware para Omã, num projeto que seria chamado de “sistema de monitoramento para i-proxy”, em parceria com a empresa alemã Dreamlab. A mesma Dreamlab chegou a negociar um sistema de monitoramento semelhante com o Turcomenistão.

Outras empresas de peso do setor também fornecem software para governos repressivos pelo mundo, como mostra um mapa desenvolvido pela agência de notícias Bloomberg em 2010. Mais de dois anos depois, o vazamento do WikiLeaks mostra que executivos dessas empresas continuam a visitar países do Oriente Médio, incluindo Emirados Árabes, Líbano, Qatar e Kuait.“A indústria de vigilância caminha de mãos dadas com governos de todo o mundo para permitir a espionagem ilegítima dos seus cidadãos. Com pouca fiscalização e nenhuma regulação, essa ampla rede de espionagem envolve a todos nós contra a nossa vontade e, geralmente, sem o nosso conhecimento”, explica Assange.

QUEM É QUEM

Glimmerglass e Net Optics oferecem tecnologias para “grampear” tráfego de conexões de até 10 Gbps, motitorando informação em tempo real. A principal tecnologia da Glmmerglass, do vale do Silicio, o CyberSweep (algo como “cibervarredura” em português), serve para interceptar o sinal em cabos de fibra ótica. Com isso, é capaz de selecionar, extrair e monitorar todo e qualquer tipo de dado que trafega pelos cabos, como vídeo, áudio e ligações de celular e telefone fixo, entre outros. Também consegue fazer a sondagem de conteúdo do Gmail, Yahoo!, Facebook e Twitter. Esse tipo de tecnologia é usado por agências nacionais de segurança nacional.Segundo ativistas emfavor da privacidade na rede, a Glimmerglass deve ser fornecedora de tecnologia de monitoramento para a NSA.

Mas o setor das empresas de vigilância e segurança digital não se resume à interceptação de dados. Um exemplo é a Vupen, que identifica falhas em sistemas de segurança de internet e revende essas informações para governos e grandes corporações. Como diz o próprio CEO da empresa, Chaouki Bekrar, em livreto de propaganda , as “agências policiais precisam da mais avançada pesquisa de intrusão em TI e das ferramentas de ataque mais confiáveis para secretamente e remotamente acessarem sistemas de computador. Usar vulnerabilidades de software anteriormente desconhecidas poderia ajudar os investigadores a alcançar essa tarefa com êxito”. A NSA gastou US$ 25 milhõe este ano com este tipo de serviço, segundo o levantamento do Washington Post.

A Agnitio, uma empresa privada espanhola, é líder em fornecer programas de leitura biométrica de voz a setores de diversos governos e empresas ao redor do mundo, em mais de 35 países. A tecnologia da Agnitio pode reconhecer a voz de um suspeito em tempo real, rastreando milhões de ligações e sem deixar rastros do grampo. Outra que atua na área da biometria é a Human Recognition Systems. A empresa oferece uma variedade de tipos de reconhecimento biométrico que vão desde a análise de padrões (íris, tamanho dos membros do corpo, etc) até a análise de comportamento e de padrão de veias humanas. Essas tecnologias seervem tanto para garantir a identificação de um funcionário ao acessar documentos privilegiados, até ser usada em checkpoints em locais de guerra para determinar se um habitante do país é “insurgente ou um civil inocente?”, como mostra a brochura institucional”

Algumas dessas empresas também possuem escritórios ou estão presentes no Brasil por meio de parceiras. Das que aparecem nos documentos vazados pelo WikiLeaks, 16 têm ligação com o Brasil. Dentre essas, nove têm escritórios subsidiários aqui.

É o caso da Autonomy, que em 2011 foi comprada pela gigante HP, e que, em 2010, vendeu seu programa de análise de dados IDOL para o Banco do Brasil . O IDOL monitora e rastreia vários tipos de informação coletados por uma empresa ou governo. Ao buscar uma palavra-chave, o sistema irá rastrear registros de reconhecimento facial, gravações de áudio e vídeo, todos os tipos de dados disponíveis e até a análise comportamental para produzir um monitoramento unificado.

Outras empresas, como o i2 Group, comprado por outra gigante, a IBM, possui empresas brasileiras parceiras que mediam a contratação de tecnologias. Através da Tempo Real Group, a empresa fechou contratos com a Controladoria-Geral da União, o Ministério Público Federal e organizações de segurança, como a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. A empresa desenvolve softwares de coleta e análise de informações.

CONTRA MANIFESTAÇÕES

A Cyveillance, uma subsidiária da empresa americana QinetiQ, especializa-se em monitoramento 24 horas da internet e, segundo ela mesma define em sua brochura, análises de inteligência sofisticadas para “identificar e eliminar ameaças a informações, infraestruturas e indivíduos, permitindo aos nossos clientes preservar a sua reputação, receita e a confiança dos clientes”. A empresa afirma servir a maioria das empresas mais ricas do mundo “e mais de 30 milhões de consumidores através de sua parceria com provedores que incluem AOL e Microsoft”.

A brochura da empresa, vazada pelo WikiLeaks, mostra bem o uso dessa tecnologia: uma foto traz manifestantes portando bandeiras num protesto. O texto explica: “Protestos, boicotes e ameaças contra seus empregados, oficinas e escritórios causam caos na sua organização”. Por meio de monitoramento 24 horas por dia, sete dias por semana, a empresa afirma que resolver ameaças requer incorporar inteligência à segurança. A Cyveillance garante que tem pessoas, processos e tecnologias para prover inteligência sobre as atividades relacionadas a uma empresa, “permitindo que você aja antes que um evento ocorra”. Também garante monitoramento contra vazamentos de informações por whistleblowers da empresa.

A tecnologia da Cyveillance é amplamente utilizada pelo Departamento de Segurança Interna do governo americano. Tanto que, em dezembro de 2012, o órgão publicou um relatório sobre as ameaças do uso dessa tecnologia em cidadãos americanos. “Embora o propósito inicial da Cyveillance não seja coletar informações pessoais, o conteúdo de interesse do serviço secreto coletado pela Cyveillance pode conter esses dados”, diz o texto. Informação potencialmente relevante é enviada ao serviço secreto, que determina se é necessário mais investigação para avaliar o conteúdo – e pode compartilhá-lo com outras agências do governo americano.

Gigantes da tecnologia também apostam na vigilância

O mercado em torno da análise qualificada de grandes bases de dados, o chamado big data, está em franca expansão. Para se ter ideia, analistas estimam que, em 2015, cerca de 4,4 milhões de pessoas estarão trabalhando nessa área . E um dos ramos que mais se beneficia disso é a vigilância eletrônica.

Atentas ao potencial lucrativo desse nicho de mercado, empresas como a IBM e a HP já investem na compra de empresas especializadas no desenvolvimento desse tipo de tecnologia.

Em 2011, a HP anunciou a compra da Autonomy, uma empresa inglesa líder no campo de “desenvolvimento de softwares que ajudam organizações do mundo inteiro a entenderem o significado por trás da informação” . Como? Um time de analistas varre conteúdos de emails, documentos, fotos, redes sociais e outros tipos de mídia, atrás de informações relevantes, de acordo com a demanda do cliente. Segundo o site, organizações como KPMG, Philips, Oracle e T-Mobile já utilizaram os serviços da Autonomy, além de órgãos de governo, como o Parlamento inglês, o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos e também o Banco do Brasil, que adotou o uso do software IDOL, desenvolvido pela empresa inglesa, em 2010 .

Fundada em 1996, a Autonomy está presente em três continentes, com uma lista de mais de 65 mil usuários mundo afora, além de 400 parceiros de produção e 400 parceiros de revenda de produtos, que incluem grandes empresas como Adobe e Novell. Há suspeitas de que a Autonomy tenha inflado dados de faturamento e receita para favorecer a compra pela HP .

A IBM também tem investido – e faturado – com o mercado de vigilância desde que, em 2011, anunciou a compra da i2 Limited, empresa inglesa de análise dados de segurança . A i2, que foi fundada em 1990, diz ter colaborado diretamente com a localização de Saddam Hussein, em 2003: as forças americanas utilizaram um dos seus softwares para rastrear o paradeiro do ex-ditador iraquiano.

Com mais de 4.500 clientes em cerca de 150 países, a i2 oferece tecnologia para “combater insurgência e terrorismo, e garantir a segurança nacional” . Organizações como a Interpol, FBI e OTAN utilizam os softwares da subsidiária da IBM para rastrear grandes quantidades de dados provenientes da internet, chamadas telefônicas e dados bancários e “coletar, integrar, analisar, visualizar e distribuir informações” a fim de interceptar indícios de atividade criminosa.


No Brasil, a Tempo Real Group, uma das distribuidoras da i2, presta serviços para diversos clientes, como Agência Nacional de Petróleo (ANP), Banco do Brasil, Bradesco, Controladoria-Geral da União, Ministério Público Federal, Ministérios Públicos do Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, Polícias Civis do Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo, Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e Receita Federal. O produto? Softwares de rastreamento e processamento de dados para fins diversos, que vão do combate à corrupção e investigação de fraudes à interceptação de crimes que coloquem em risco a segurança nacional.

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