terça-feira, 30 de agosto de 2011

Retrospectiva: 5 obras primas dos games nessa geração


O tempo passou e esta geração atual de consoles já tem, acredite se quiser, cinco anos. Playstation 3, Wii e Xbox 360 já passam a conviver com as sombras de seus sucessores (no caso do Wii, já devidamente anunciado). Contudo, por mais nostálgicos que gamers sejam, e são bastante, não dá negar a qualidade extraordinária em muitos games apresentados nestes últimos anos.

Como em duas semanas começa oficialmente o semestre para os games, com o lançamento de blockbusters ininterruptamente até o fim do ano – o pontapé inicial vai ser dado pela Square Enix com seu “Deus Ex: Human Revolution” – vai abaixo uma humilde e pequena lista de 5 obras primas produzidas por esta geração*.

Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots

Até esta geração nenhuma obra nos games havia flertado tanto com o cinema como Metal Gear Solid, de Hideo Kojima, ajudando a estabelecer a cultura das cut-scenes, tratando cada batalha ou fase como sequências cinematográficas. Sendo assim, nada mais justo que um final, épico, que remetesse às grandes sagas do cinema. E foi isso a Konami entregou em 2007.

Poucas decisões na história dos games foram tão corajosas quanto a de encerrar de uma vez por todas a saga de Solid Snake. Para MGS4, Kojima envelheceu seu icônico protagonista e amarrou todas as pontas soltas resultantes de mais de 20 anos de histórias complexas e interligadas. MGS 4 foi mais que um game, foi um acontecimento para a indústria, tecnicamente perfeito para a época e livre das preocupações que normalmente acompanham grandes lançamentos, como sequências e vendas.

Kojima e a Konami criaram em Solid Snake uma versão trágica e sem esperança de James Bond, e deram a ele o final digno que o espião dos cinemas nunca teve. Mesmo se todos os outros grandes méritos gráficos não existissem, apenas isso seria o suficiente para fazer de Metal Gear Solid 4 uma obra-prima.

Super Mario Galaxy 2

Super Mario. Pronto. É tudo que um jogo precisa para ser ao menos lembrado em qualquer lista de melhores games do ano. Mas Super Mario Galaxy 2 foi além. Não apenas por ser a primeira sequência direta na série desde os idos do Super Mário Bros. para o Super NES. Nem por ser o game da série mais vendido de todos os tempos. Mas principalmente por pegar o conceito do original, e elevá-lo ao absurdo.

SMG 2 se apropria de tudo que havia no primeiro: puzzles que envolviam elementos clássicos da série misturados com uma física distorcida e uma mescla de momentos plataforma 2D e 3D. A diferença entre eles está apenas na criatividade absurda que o gênio Shigeru Miyamoto, que transforma SMG 2 não apenas no melhor game de plataforma desta geração, mas em um dos melhores da história. Talvez seja um exagero dizer que este é o melhor Super Mario já lançado. Talvez não. Mas que ele está quase lá, isso está.

Uncharted 2

Desde “Indiana Jones e a Última Cruzada” o cinema procura um sucessor para o Prof. Henry Jones Jr. Inúmeros filmes e personagens tentaram capturar o espírito que a série de George Lucas e Steven Spielberg transmitiu, mas ninguém obteve sucesso. E surpreendentemente, o único que realmente teve êxito nesta árdua tarefa, foi um game. Uncharted, lançado em 2007 trazia um versão moderna de Indiana Jones. Nathan Drake, o protagonista, era tão carismático quanto o personagem de Harrison Ford, no entanto tinha um caráter um pouco mais dúbio (em vez de professor, era um caçador de tesouros), um pouco mais violento – mas não muito – e com a fórmula do mentor/parceiro e o interesse romântico.

Uncharted 2 não é apenas melhor, é espetacular. Um dos jogos mais bonitos dessa geração, com cenas espetaculares, a sequencia potencializa toda a referência cinematográfica do primeiro e se torna uma espécie de fusão entre ambas as mídias. Uncharted 2 também é aquilo que Tomb Raider deveria ter sido, com sequencias de puzzles e escaladas espetaculares. Ao mesclar todas as grandes referências de aventura possíveis, seja no cinema ou nos games, a Naughty Dog pode não ter criado nada novo, mas colocou um nome na história do gênero: Uncharted.

Mass Effect 2

Como escrevi em um texto que você pode ler aqui mesmo, Mass Effect traz um universo inteiro criado a partir do zero, com suas próprias raças, planetas, história e tecnologia. Até mesmo seu único elo com o real, o planeta Terra e os humanos, ganharam um papel não tão frequente, deixando de lado a eterna posição de subjulgados ou inferiores.

Mass Effect 2 tem a coragem de se portar como uma história de ligação em um trilogia: sem começo e sem fim. A história do Comandante Shepard (que pode ser homem ou mulher) começou no primeiro game e se encerrará no terceiro, e cabe ao segundo game apenas o desenvolvimento da história. E ele se saiu muito bem.

Expandindo a dinâmica de que todas as escolhas são suas, e não do roteiro do game, Mass Effect 2 não merece classificação menor que obra-prima, levando incontáveis prêmios de Melhor do Ano. Mass Effect 2 não é apenas grandioso ou espetacular. É único nos games. Simples assim.

Red Dead Redemption

Redenção em vermelho sangue. Nada define melhor o que é Red Dead Redemption do que a tradução livre de seu título. Um western como poucos do gênero. Grandes personagens, grandes paisagens, grandes momentos e um grande final. A única diferença que é que Red Dead Redemption é um game. E esta realmente é a única diferença.

Poucas histórias nesta indústria de mais de 20 anos são mais marcantes e, por que não, que a busca de John Marston pela redenção de seus crimes e o reencontro com sua família. Alguém irá dizer que Red Dead é cheio de clichês e não inova em nada, mas o que seriam dos westerns sem seus paradigmas?

De John Ford a Sergio Leone, de John Wayne a Clint Eastwood, todos os grandes do western são homenageados pela obra-prima da Rockstar Games, e encontram em John Marston não apenas uma reprodução pálida de seus grandes momentos, mas um exemplar e um personagem digno de ser lembrado como uma das faces do velho-oeste. Red Dead Redemption não é o melhor game desta geração graças aos seus feitos técnicos, mas por se tornar o que poucos conseguem: um clássico multimídia do gênero.

Menção honrosa

Heavy Rain: a coragem de fazer algo completamente diferente, adulto e ao mesmo tempo, que ainda seja um grande jogo.

domingo, 28 de agosto de 2011

Steve Jobs sai da presidência da Apple; conheça os talentos de sua empresa


Depois de fundar a Apple em 1976, ser demitido em 1984 e retomar a empresa em 1997, Steve Jobs abandonou o cargo de CEO da companhia no dia 24 de agosto, nesta semana. Os jornais e as publicações internacionais relembraram sua carreira em uma gigante de inovação no mundo todo. Mas poucos lembraram de outros gênios, que botaram a mão na massa na criação dos gadgets da maçã.

Confira, abaixo, os gênios ocultos por trás do ex-CEO da Apple:

Steve Wozniak - Engenheiro da computação e programador, Woz foi gênio da eletrônica que criou os primeiros microcomputadores da empresa, quando a Apple ainda funcionava na garagem. Foi o responsável pelo Apple I e pela revolução que foi o Apple II, o primeiro computador com jogos eletrônicos. Até hoje, é uma espécie de guru para os novos engenheiros da companhia.


Jef Raskin - Formado em filosofia e matemática, Raskin foi o homem que deu o pontapé inicial para o projeto Macintosh, em 1979. Ele tem uma teoria sobre "egonomia da mente", que se reflete nos equipamentos da Apple, modernos e adaptados ao uso humano. A ideia do primeiro Mac era aproximar a computação das máquinas mainframes do usuário comum.


Jonathan Ive - Ive é da leva de novos designers da Apple: Desenhou o PowerBook, o primeiro MacBook e grande notebook MacBook Pro. Mas o ápice do profissional foi um celular feito a pedido do próprio Steve Jobs: O iPhone. Em 99, Ive foi eleito um dos maiores inovadores de até 35 anos pela revista MIT Technology Review TR100.


Tony Fadell e Michael Dhuey - Dhuey ajudou a desenvolver o Macintosh II no final dos anos 80, mas só foi se destacar na empresa em 2001, quando desenvolveu um MP3 Player único. Ele e o jovem Tony Fadell foram os responsáveis pelo hardware do primeiro iPod. Desde então, a Apple mudou a indústria musical e popularizou o comércio digital de conteúdo. Ao lado do iPhone, os modelos de iPod fazem parte da principal linha de produção mobile da empresa.

Tony Fadell

Michael Dhuey

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Albert Camus pode ter sido morto pela KGB, diz Corriere della Sera

O escritor franco-argelino Albert Camus morreu em um acidente de carro, segundo a história oficial, em 1960. De acordo com o jornal italiano Corriere della Sera, a morte do intelectual de esquerda europeu pode ter acontecido de outra forma. Baseado em dados de um acadêmico chamado Giovanni Catelli, Camus teria sido morto por uma emboscada de soviéticos, a caminho de Paris.

A fonte do jornal italiano é um poeta e tradutor tcheco Jan Zábrana, em um trecho perdido de seu livro Celý život, que foi alterado antes de chegar na Itália. No trecho excluído, constava: "Eu ouvi algo muito estranho da boca de um homem que sabia muitas coisas e era muito bem informado. De acordo com ele, o acidente que custou a vida de Albert Camus em 1960 foi organizado por espiões soviéticos". O escritor diz que a KGB teria danificado a roda do carro em movimento, provocando o acidente.

O biógrafo de Camus e correspondente da BBC em Paris, Olivier Todd, não acredita nessa versão da história. Para ele, ninguém se beneficiaria politicamente na época com o assassinato de um escritor vencedor de prêmio Nobel.

Via Guardian

sábado, 13 de agosto de 2011

Universitários leem de um até quatro livros por ano no Brasil

Pesquisa é da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), mostrando que a média dos brasileiros no ensino superior não leem nem 10 livros por ano. Entre as universidades, a Universidade Federal do Maranhão está no topo das instituições que tem menos estudantes leitores: 23,24% deles não leem um livro sequer durante o ano.

No entanto, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostra estudantes mais viciados em leitura: 22,98% deles leem geralmente mais de dez livros por ano. Mesmo com esse dado positivo, o quadro geral de leitores é preocupante nas escolas.

Pesquisa foi feita com 19.691 estudantes de graduação de universidades federais de todo o Brasil.

Via Estadão

Alemanha relembra 50 anos de aniversário do Muro de Berlim


País relembra hoje os 50 anos desde a construção do Muro de Berlim, quando o leste fechou suas fronteiras, dividindo a cidade em dois lados durante 28 anos. A cerimônia teve leitura dos nomes de 136 berlinenses que morreram tentando cruzar o muro. A conhecida Alemanha Oriental era comunista.

O muro teve um impacto na cidade, criando a sensação de aprisionamento na capital alemã. Parentes foram isolados de outros por motivos geopolíticos, com a vinda da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.

A divisão da Alemanha foi criada em 13 de agosto de 1961.

Via Agência Brasil e BBC

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

As melhores bandas canadenses de hard rock


O site BraveWords.com comemorou o aniversário do Canadá em julho, nas festividades da fundação do país, e elegeu 30 bandas de rock, hard rock e heavy metal que fazem mais sucesso no local. Confira a lista completa, logo abaixo:

#1) RUSH - Moving Pictures (Mercury - 1981)
#2) ANVIL - Metal On Metal (Attic - 1982)
#3) VOIVOD – Dimension Hatross (BMG - 1988)
#4) EXCITER - Violence & Force (Banzai - 1984)
#5) RUSH – 2112 (Anthem – 1976)
#6) ANVIL - Forged In Fire (Attic - 1983)
#7) STRAPPING YOUNG LAD – City (Century Media – 1997)
#8) RUSH – Signals (Anthem – 1982)
#9) RAZOR - Evil Invaders (Attic - 1985)
#10 MAX WEBSTER - Universal Juveniles (Anthem - 1980)
#11) RUSH – Hemispheres (Anthem – 1978)
#12) PILEDRIVER - Metal Inquisition (Cobra - 1985)
#13) ANNIHILATOR - Alice In Hell (Roadracer 1989)
#14) RUSH - A Farewell To Kings (Mercury 1977)
#15) SWORD - Metalized (Aquarius 1986)
#16) BACHMAN-TURNER OVERDRIVE - Not Fragile (Mercury - 1974)
#17) EXCITER - Heavy Metal Maniac (Shrapnel 1983)
#18) CRYPTOPSY - None So Vile (Wrong Again Records - 1996)
#19) HELIX – Walkin’ The Razor’s Edge (Capital - 1984)
#20) VOIVOD - Nothingface (Mechanic - 1989)
#21) KIM MITCHELL - Akimbo Alogo (Alert - 1984)
#22) SACRIFICE - Forward To Termination (Fringe - 1987)
#23) KILLER DWARFS – Stand Tall (1988)
#24) KICK AXE - Vices (Pasha/CBS - 1984)
#25) SLAUGHTER – Strappado (Diabolic Force – 1987)
#26) CONEY HATCH - Coney Hatch (Mercury - 1982)
#27) GORGUTS - Obscura (Olympic - 1998)
#28) WOODS OF YPRES - Against The Seasons: Cold Winter Songs From The Dead Summer Heat (Krackenhaus - 2002)
#29) INTO ETERNITY - The Scattering Of Ashes (Century Media - 2006)
#30) TRIUMPH – Allied Forces (Attic – 1981)

Da lista toda, é interessante notar: O rock progressivo de Rush domina cinco posições e um dos CDs, o pop Moving Pictures, encabeça a lista. A terra canadense, pelo visto, é do power trio Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart.

Via Whiplash

A Cultura do Medo

“Por que se sentir incomodado por um véu ou pelo carinho entre os homens? Medo de perder o privilégio de medir os demais por suas regras e de aceitar a igualdade?”
(Carta Capital nº 658, 10/08/11)







A notícia dos atentados na Noruega, no último dia 22, foi uma das mais impactantes do ano – talvez até maior do que a morte do terrorista Osama Bin Laden nos minutos finais do dia 1º de maio, após dez anos de buscas e guerra.




Por que os atos de Anders Behring Breivik, responsável pela explosão de um carro-bomba e um tiroteio que vitimaram 76 cidadãos, teriam mais força do que o assassinato do “homem mais procurado do mundo”? Que encabeçou a ação que matou 3278 pessoas pelo choque de um avião em cada uma das torres do extinto World Trade Center, um no Pentágono, e um quarto que teve fim em uma área rural, em 11 de setembro de 2001?




A Noruega é conhecida por ser um país com índices de educação e qualidade de vida no topo do ranking mundial, tomada como exemplo e modelo a ser seguido. Por isso o choque, que implantou nos espectadores a dúvida de que, quem sabe, realmente não exista nem um lugar seguro no planeta. E, quando questionado sobre os fins que justificariam o seu meio, Breivik alegou ser contrário ao “marxismo cultural” e a uma considerada “invasão” muçulmana.




Mas, acima de tudo, ele é contra a democracia. Contra pessoas que andavam nas redondezas da sede do governo, contra o encontro de jovens organizado pelo Partido Trabalhista, contra tudo e todos que não estivessem de acordo com a sua visão e crença social, de acordo com a sua cultura anti-marxista e raça não-muçulmana.




Confesso que é difícil aceitar algumas coisas que surgem. Minha irmã mais nova, por exemplo, insiste em escutar músicas de garotos prepotentes que usam roupas fluorescentes para fixar, sem fundamento, uma filosofia vaga e vazia. Disse isso para ela, mas sem sucesso. É preciso entender que já faz parte do cotidiano da geração y¹, de sua cultura. Mudei a estratégia: Apresentei grupos excelentes, artísticos e atuais, apoiei outras bandas que ela já gostava, e esperei o resultado. Funcionou.




O medo nos torna vulneráveis. O medo de falhar, de discordar, de não ser suficiente, de, de repente, acordar em mundo que não reconhecemos, um mundo que não validamos. Vulneráveis não somente aos outros, mas em nós mesmos, propensos a sucumbir as nossas próprias resoluções e desesperos. Então devemos aprender a ponderar, a buscar alternativas sóbrias que satisfaçam os desejos de mudança.




Foi o que faltou a Breivik, o que faltou a Osama, a Hitler, a Stálin, a Bush, a Obama, e a todos que optaram pela violência - que nunca é a solução, e recompensa seu feitor com a perda da razão que já lhe era duvidosa. É provável que o norueguês fique confinado na prisão mais humana do mundo, o que representa a esperança do país que sofreu, como tantos outros, a irresponsabilidade de um dos seus.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Tá dificil. Tá muito dificil

A internet está se tornando uma gigantesca briga de bar


Postei a respeito disso no Facebook alguns dias há atrás. Mas talvez este seja um assunto que valha uma discussão um pouco mais longa: A internet está se tornando um meio absurdamente tosco!

Vamos imaginar uma cena: Um internauta aleatório, pesquisando sobre as focas da Groelândia, passa por este blog vê um post qualquer, seja de quem for, sobre um assunto qualquer, de preferência um pouco polêmico. Ele não concorda com o que lê. Até aí tudo bem, acontece sempre. Mas o internauta é tomado por um sentimento mais forte, e se sente pessoalmente ofendido porque o autor, sei lá, não concorda com o a escalação do Fernandinho na seleção, ou qualquer outra coisa. O internauta então, com seu sentimento forte, escreve um longo comentário ofendendo o autor pessoalmente, como se aquele post fosse unicamente direcionado a ele, que ama tanto o Fernandinho.

Pois bem, infelizmente isto não é mais algo incomum. Esse tipo de situação está passando a se tornar a síntese da comunidade virtual brasileira, seja no Facebook, no Twitter, por blogs ou por vlogs. Se você não gosta, você ofende. A pergunta que fiz no Facebook foi simples e direta: Foi a internet que deixou as pessoas assim, tão toscamente intolerantes com qualquer coisa, ou as pessoas já eram assim e agora tem os meios para expôr sua própria ignorância?

A coisa piora ainda mais quando o alvo é o humor. Se a linha entre o humor de bom ou mau gosto sempre foi tênue, ultimamente um outro lado da questão entrou em jogo, o politicamente correto contra o politicamente incorreto (a linha entre o último e o mau gosto é ainda mais tênue, diga-se). Recentemente, Mauricio Ricardo, autor do “Charges.com.br”, o site de humor mais acessado do país, deixou claro sua opinião em uma twitcam: Está ficando muito, mas muito difícil, fazer humor no Brasil. O problema vai além da simples falta de compreensão, ou um “analfabetismo funcional” da era digital. O problema é a simples incapacidade de aceitar a opinião alheia como algo comum e até saudável.

A revista The Economist, em artigo publicado no último mês, chamou a internet de uma nova versão das mesas de bares do século XIX, quando a notícia lida nos jornais se espalhava de boca a boca. Se formos manter a metáfora, a internet no Brasil vem se tornando uma enorme briga de bar, com garrafas e cadeiras voando em quem resolve falar um pouco mais alto ou destoando um pouco da ode ao senso comum que vêm se instalando nos últimos tempos.

O politicamente correto exacerbado. A polida concordância e conformismo ante a opinião própria. A forma como a palavra “discussão” perdeu sua conotação positiva, de argumentação, e vem ganhando pontos em sua conotação negativa, a de briga. Realmente, está difícil, está muito difícil. O mundo não está mais chato, como alguns gostam de dizer. Nós estamos. Ou sempre fomos. E sendo bem sincero e pessoal neste momento: Ser considerado chato por este mar de chatos, para mim, é um elogio muito bem vindo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Mass Effect - O "Star Wars dos games"

Isto não é um review, afinal, não se faz o review de um game lançado há mais de um ano. Então, talvez isto aqui não seja nada muito além de uma reflexão pessoal a respeito de um game que eu acabei de terminar, Mass Effect 2. Sendo assim, vou direto ao ponto e afirmo: A série Mass Effect é hoje uma das mais importantes narrativas sendo desenvolvidas no mundo dos games.

Não me entenda mal, não estou dizendo que Mass Effect tem a maior história já feita nos games, longe disso, embora ele conte uma grande história. No entanto seu grande mérito está justamente em replicar o que já foi feito à perfeição no cinema, TV, literatura e quadrinhos: Mass Effect é um grande e complexo universo de ficção, que pode existir além de sua própria mídia.

A comparação com Star Wars ou Stark Trek é inevitável. Mass Effect se passa no Século XXII, quando a humanidade descobriu as propriedades do “mass effect”, uma tecnologia alienígena que permite viagens interestelares. A partir disso, a humanidade descobre e se insere numa sociedade galática diversificada e estruturada há séculos entre as raças das mais diversas partes do universo. O ser humano é o novato que rapidamente ascende e se torna objeto tanto de fascinação quanto de desconfiança.

Até Mass Effect 2, a Bioware já criou mais 20 raças de aliens para o universo da série. Cada raça tem toda sua biologia, sistema político, hierarquia, tendências e história detalhados no jogo. Guerras, conflitos, animosidades e alianças, tudo é detalhado à exaustão. Então, de certo ponto de vista, não é nenhum exagero afirmar que este universo criado acaba por ser mais completo (embora não necessariamente mais complexo) que o de Star Wars, Star Trek. Na verdade, quando falamos de tal nível detalhe, a lembrança mais próxima vem da literatura, mais especificamente da década de 50: Senhor dos Anéis. Se o processo de criação de ambos os universos é oposto (Tolkien primeiro criou sua Terra Média antes de criar sua história), a precisão e coerência é semelhante.

Mass Effect 3 será lançado em março de 2012, e a BioWare já cofirmou que será o fim da trilogia do Comandante Shepard e de sua luta contra os Reapers. No entanto, é dificil imaginar que essa será a última história contada nesse universo. Se já é da própria cultura dos games estender suas séries em continuações e reboots interminavéis, Mass Effect apresenta uma possibilidade que se não é inédita, é no minimo empolgante: a trilogia de Shepard se encerrará, mas inúmeras histórias ainda poderão ser contadas, sem que algo seja reinventado ou alterado. Seja nos games, no cinema, nos quadrinhos ou em qualquer outro meio. Hoje, 34 anos depois da estréia de Star Wars: Uma Nova Esperança ainda se produz material inédito baseado na obra de George Lucas. Se existe algum candidato a fazer o mesmo hoje em dia, esse candidato é Mass Effect.

You Don't Know Jack - Sobre a eutanásia

Estava flipando a esmo pela televisão quando me deparei com o filme You Don’t Know Jack (2010) já começado. A sinopse falava sobre a história de um médico que defende e praticou a eutanásia e o suicídio assistido. No elenco, Al Pacino como protagonista, Susan Sarandon e John Goodman. O filme merecia uma chance. Foi aquela sorte ocasional: apesar de não assistir desde o início, consegui pegar de uma parte que não me deixou perdida. Depois de 10 minutos já não consegui mudar de canal.



O Dr. Jack Kevorkian (1928-2011), mais conhecido como Dr. Death nos Estados Unidos, chamava a atenção desde a época da faculdade, quando formulou uma teoria de análise das pupilas dos mortos para definir mais precisamente a hora da morte. Já nos anos 70, trabalhando num hospital de Detroit, foi demitido após fazer transfusão de sangue de cadávares para voluntários (incluindo ele mesmo), infectando um deles com hepatite. A ideia surgiu depois de ler que o exército soviético fez o mesmo na Segunda Guerra.


A fama – e o apelido nada carinhoso – foram conquistados devido a suas polêmicas ações e opiniões sobre a eutanásia e o suicídio assistido. Ele apoia completamente os dois temas e considera como serviços médicos que deveriam ser prestados para todos. Seu argumento (e crença) é que temos o direito de decidir o que fazemos com nossas vidas.


A primeira a ser “auxiliada" foi Janet Adkins. Ela tinha Alzheimer e morreu em junho de 1990, num furgão Wolkswagen, no meio de um parque. No início, os pacientes apertavam um botão que liberava cloreto de potássio em suas veias. Depois, com a licença médica suspensa e, portanto, impedido de comprar as substâncias letais, o procedimento consistiu em um butijão de monóxido de carbono ligado à uma máscara por um tubo de plástico. Uma presilha, puxada pelo paciente, liberava a mangueira de gás. Mais tarde a técnica avançaria para o ‘Mercitron’ ou ‘Thanatron’ (imagem).





Em Oregon, cidade de atuação de Kevorkian, a prática de receitar remédios letais é legal. Depois de uma série de processos sem sucesso, um julgamento o mandou para a prisão, em 1999, considerando o médico culpado pelas mortes de cerca de 130 pacientes. O processo aconteceu depois de sua aparição no programa 60 Minutes, onde foi exposto o vídeo da morte de um de seus pacientes que recebeu, depois de consentir, uma injeção letal do doutor.

O médico gravou todas as consultas que deu – inclusive filmou os momentos finais de alguns de seus casos. O motivo maior foi a defesa em caso de processo judicial, e o mais interessante é que as fitas originais foram utilizadas no longa. O filme também mostra o cuidado dele na escolha dos pacientes, principalmente com os depressivos e os deprimidos - ele alega que rejeitava de 97% a 98% dos que o procuravam. Todos os assistidos por ele eram pacientes em estado terminal.



Além da obviedade do assunto, que já é polêmico por si só, o que é altamente questionado (e questionável) é justamente essa avaliação dos pacientes. Muitos defendem que, apesar de terminais e sob grande sofrimento e dor, eles poderiam continuar com os tratamentos e viver mais anos, ou que a família de Janet, por exemplo, estava dividida sobre a decisão. É verdade que quem diz a última palavra é o maior interessado, mas e sobre uma segunda opinião? Para Kevorkian, ela deve, sim, ser procurada.



Quando acusado de brincar de ser Deus, o médico afirma que o sofrimento vem por vontade divina e que qualquer colega de profissão que interfira em qualquer processo natural, mesmo que seja dar uma aspirina, está brincando também.



Al Pacino recebeu os prêmios Golden Globe e Emmy pela sua performance no filme.





Mais informações:


http://ac360.blogs.cnn.com/2010/04/16/video-conversation-with-dr-jack-kevorkian/




http://www.deathwithdignity.org/historyfacts/oregontimeline/



http://www.nytimes.com/1995/05/21/us/in-one-doctor-s-way-of-life-a-way-of-death.html?ref=jackkevorkian



http://www.nytimes.com/1990/06/07/opinion/dying-dr-kevorkian-s-way.html?ref=jackkevorkian



http://www.nytimes.com/2011/06/04/us/04kevorkian.html?pagewanted=all


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