De Smells Like Teen Spirit até Radiohead: as novas expressões do rock´n´roll.Pancadas, não meras palhetadas, em uma guitarra Fender, modelo Jaguar. Uma mensagem que vai muito além de suas rimas fáceis, que clama por uma geração superficial - no melhor estilo "geração coca-cola", refrão marcante do Legião Urbana - contrasta com urros inconformados. Nem Cobain e nem o Nirvana sabiam que
Smells Like Teen Spirit faria o grito que fez em 1991, muito além do álbum em que saiu, o sucesso comercial
Nevermind. Tocada em todas as rádios, esse
rock, que chega ao peso inclusive de bandas mais antigas, lendárias nos anos 1970 e 1980, tratou de iniciar uma pequena evolução nos temas tratados nesse gênero musical. Saindo das temáticas utópicas ou dos casos de amor, vulgarmente chamadas de "músicas de dor-de-cotovelo",
Teen Spirit começou a tratar de temas urbanos, juntamente com todo o movimento grunge de Seattle, mas sem cair em formas menos agressivas.
Essa música despertou o asco de seu autor, Kurt, e aos poucos foi se perdendo na obra inteira da banda. Asco por ser comercial? Talvez sim. A verdade, bem verdade, é que o "último" Nirvana, aquele do álbum
In Utero, já não eram mais as "Pancadas" - eles se tornaram um vocalista que não cantava muito bem e tentava fazer acústico, entre uma e outra tentativa de suicídio pelos excessos da heroína, um baixista que parou no tempo e um baterista que tinha constantes brigas com o restante da banda. Virou "obra autobiográfica de Kurt Cobain", para o desespero de David Gohl.
Saindo da terra de Jimi Hendrix e indo até a pacata cidade de Oxford, Inglaterra, uma banda surgia nos moldes do grunge norte-americano. O que as pessoas não sabiam é que, dentro desse estereótipo, ela escondia muito mais coisa.
Pablo Honey do Radiohead fez um sucesso expressivo na MTV, mas ainda com uma balada melosa e excessivamente depressiva:
Creep ganhou a alcunha de "hino
loser" em 1993. A trupe de Thom Yorke foi bem mais tímida em seu começo, embora boas composições já fossem visíveis em
Anyone can play guitar, uma letra que brinca muito com Jim Morrison e cabeludos em geral, e a explosiva
You.
Por que, então, estou ligando bandas com histórias tão distintas? Porque, muito provavelmente, a inconformidade de
Smells Like Teen Spirit pode ser vista nos C

Ds seguintes de Radiohead. É uma tese sem muitos argumentos visíveis (ou até plausíveis, diriam alguns leitores desse texto), mas que talvez seja facilmente compreensível pelo significado do trabalho das duas bandas, embora uma delas tenha se perdido na proposta (o Nirvana, no caso).
Em 1995, a distorção e a microfonia do Radiohead assumiriam proporções adultas em
The Bends, com uma das mais densas "canções-para-comercial-de-TV".
Fake Plastic Trees era o nome dessa obra-prima, que coloca a vida artificial como tema principal, escondida sobre uma melodia melancólica, porém suave. Um acústico despretensioso que esconde uma letra que fere, que machuca por ser tão real. Vivemos "amores de plastico", "mundos de plástico", com um "cirurgião de garotas de 18 anos". No entanto, "a gravidade sempre vence".
Nem preciso falar de 1997. O CD
Ok Computer mereceria vários comentários e posts somente para si. De
Paranoid Android até
Fitter, Happier, a banda não dá descanso em suas críticas a uma sociedade praticamente desumana. Radiohead não trava seu processo criativo nesses trabalhos, e desagua até em uma melancolia aparentemente feliz, como em
In Rainbows, lançado no começo deste ano.
Desta forma, esta crônica só pretende mostrar algumas das novas mensagens vinculadas ao
rock. Você pode dizer que há bandas de alguns anos e meses (infelizmente o
Strokes se encaixa nessa categoria), pode dizer que há o
revival idiota do emocore (My Chemical Romance?), mas não pode negar que, muito além disso, se superou as mensagens hippies ou dos movimentos proletários dos anos 1970, ou até mesmo o mercantilhismo estravagante dos 80. Você ainda tem a opção, dentro do seu Ipod, de reviver clássicos do Black Sabbath, Van Halen ou Deep Purple, mas não pode negar que Radiohead faz o dever de casa incitando ações sociais, fazendo letras reflexivas ou combatendo os males ao meio ambiente (eles não viajam mais de avião em turnês).
Isso tudo começado em pancadas. Talvez tenha começado antes mesmo do Nirvana (e certamente começou, dos Beatles "mais caretas" até o extremo punk do Sex Pistols ou o próprio
hardcore subseqüênte). Mas o que importa, nesta crônica, é que as grandes mensagens se escondem, muitas vezes, naquilo que não gostamos tanto, contrariando Kurt ou os amantes desmiolados do
heavy metal. Talvez esteja na "má música moderninha".