quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O fim do rock com o máximo de brilho

Se você achava que o visual de David Bowie era o cúmulo da androginia, estava longe da verdadeira resposta. Se você achava que saxofones não combinavam com rock, estava muito enganado. E, por fim, se você achava que apenas os New York Dolls eram peritos em roubar roupas de mulher e usar em seus shows, definitivamente não conheceu o Hanoi Rocks. Eles continuam, até HOJE, a serem o estilo mais estravagante de rockeiros, digamos, "afeminados".

Slash, ex-guitarrista solo do Guns´n´Roses e atual Velvet Revolver, define o Hanoi Rocks em sua autobiografia (traduzida neste ano) como "uma instituição do rock and roll que não tem o devido reconhecimento". Fundados pelo vocalista e saxofonista Michael Monroe, muito mais "afetado" em palco do que um Axl Rose ou um Robert Plant, e pelo guitarrista Andy McCoy na Finlândia, em Helsinki, a banda está na ativa desde 1979. Houve uma interrupção brusca em suas carreiras entre 1985 e 2002 devido a morte de seu baterista, Razzle, em um acidente de carro.

De volta a ativa, a banda tem lançado discos que primam por um excelente trabalho nos vocais, uma mesclagem bem harmonizada de instrumentos e uma simplicidade de compôr que se reflete nas letras que tratam de temas suburbanos, tudo sem perder a pose ou o penteado com laquê. Conseguem fazer uma mistura inconcebível de blues, punk, glam rock, heavy metal e o mais puro rock.

No entanto, alegando que "levaram a banda e o estilo o mais longe que puderam", o vocalista Monroe e seu parceiro McCoy anunciaram o encerramento das atividades da banda no dia 21 de outubro deste ano, mas sem comprometer a tour deles. Dessa forma, eles farão shows até março do ano que vem, encerrando a carreira, talvez definitivamente, no Japão.

Para quem não conhece, não tenha preconceitos com a aparência extremamente feminina do vocalista, que não parou de transparecer nem quando ele envelheceu. Ouça músicas como A Day Late, Dollar Short, Tragedy e Fashion para constatar a excelente música dessas figuras.

Segue o clip de A Day Late, Dollar Short, para os leitores do Bola:

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Suicídio e Redenção?

Por Pedro Zambarda

Bandas conseguem morrer. Uma delas teve um ano de morte bem demarcado: 2003. A falecida: a banda histórica Metallica, no lançamento de St. Anger, um álbum que conquistou Grammy Award de 2004, mas que matou a essência deles assim que começou a rodar em público. Você pode dizer que esse trabalho "não foi tão ruim assim", que "apesar da ausência dos solos de guitarra, ele ainda é rock". Não adianta. Soa e parece algum industrialmente produzido, não o trabalho conjunto de pessoas que tocam aquela guitarra, aquele baixo e aquela bateria.

Muitos se vendem ao mercado fonográfico, é verdade. Mas você percebe nos sons e nas mixagem que a "venda" é consciente. Não é o caso de St. Anger. Seus antecessor, Load e Reload eram tentativas da banda de rumar por trilhas diferentes de Master of Puppets, o álbum que Ozzy Osbourne diz conter "a mais bela música do heavy metal". No entanto, o sucessor não parecia nem uma coisa e nem outra. Eram caras simplesmente posando de malvados e, literalmente, sustentados pela excelente carreira que tiveram anteriormente.

A repulsa de fãs, não da crítica, os obrigou a rever o dever de casa. Death Magnetic é o resultado dessa tarefa do lar: um álbum melhor produzido, com músicos com espírito para tocar e compor. Grande peça de setembro de 2008. Não traz novidades, é verdade, mas resgata o que há de melhor. "Um" Metallica morreu (ou suicidou-se?) em St. Anger. "Outro" está presente nesse, apesar dos clichês.

That Was Just Your Life, instrumentalmente, traz um thrash metal resgado e vigoroso com algumas pausas. O que marca a música é a letra que, invariavelmente, remete aos erros cometidos pela banda, como a exposição pública que fizeram no documentário Some Kind of Monster. Essa verdadeira "revisão" dá a humanidade que a banda precisava, sem soar como "música de bichinha".

Com um refrão e uma letra inteira que grudam no cérebro, The End of Line fala sobre limites e consegue mostrar o potencial de riffs do vocalista e guitarrista base James Hetfield, acompanhado por um solo arrebatador de Kirk Hammet, memorável mesmo (apesar de torcer o nariz de guitarristas que odeiam efeitos no instrumento). "The slave becomes the master". Música sobre superação mesmo.

Broken, Beat and Scarred lembra metal numa velocidade mais regular, mas com todo o seu peso e rigor. É uma música com excelentes viradas de baterias de Lars Urich, muito criticado pela som "caixa de fósforo" no CD St. Anger.

Eu não gostei de The Day That Never Comes. Não achava ela tão ruim quando saiu, porque pensava que o trabalho deles inteiro iria ser ruim. A grande maioria das pessoas que comentaram comigo acharam a faixa com a "calma adequada" pro ritmo frenético do Metallica. Eu achei a faixa uma cópia muito mal-feita de One e com a cara que foi produzida para agradar a MTV. De fato, virou o clipe principal do álbum, para minha infelicidade.

All Nightmare Long consegue soar com a dose certa de malícia e sem parecer babaca, como muitas bandas posers soam. Guitarras e refrão pegajoso em perfeita sincronia, enquanto a letra transborda inspiração. A velocidade, no final, como muitas pessoas disseram, chega ao cúmulo de parecer uma "hélice de helicóptero" em pleno funcionamento. É empolgante a energia de todos empregada nessa música.

Abusando de efeitos na guitarra, Cyanide começa com distorção para chegar em uma pausa que destaca o contrabaixo vigoroso e melódico de Robert Trujillo. Judas Kiss aposta em uma música em formato mais clássico, que define bem cada instrumento e a voz maleável de James Hetfield.

Essa faixa é a mais odiada antes mesmo de ser ouvida, justamente porque remete aos álbuns Load e Reload que criaram o rejeitado St. Anger. The Unforgiven III, no entanto, tem uma abertura belíssima em um piano não tão técnico, mas apenas sensível. Não é a "música de bichinha" que mencionei acima, mas bate em seus antecessores (especialmente Unforgiven II, que eu acho uma droga). A letra em si não tem atrativos e repete uma história que eu não sei se as pessoas ainda tem saco pra ouvir, mas capricharam nos instrumentos. Meus honestos parabéns.

"Façam Slayer" comentou um internauta do orkut sobre a música My Apocalypse. Ela tem exatamente esse fator: tem toda a fúria e os graves da banda que acompanhou, inclusive, as crises do Metallica. É verdade que essa música falta com originalidade na criação, mas, sem dúvida nenhuma, é bem-vinda em uma banda que praticamente esqueceu que fez história pela energia que transmitia em suas guitarras elétricas. É pra ouvir e bater a cabeça que nem maluco, sem parar.

Pulei uma música antes dessa última. É uma faixa que considero mística no contexto atual do Metallica: chama-se Suicide and Redemption. Não há vozes, há um instrumental agressivo, constante e... PROGRESSIVO! Sim, senhoras e senhores: o Metallica é mais uma banda vendida às técnicas musicais. Mas isso é bom em um grupo que recebeu críticas de todos os tipos. O guitarrista solo, Kirk Hammet, por exemplo, já foi aconselhado por seu professor (ninguém menos do que o conceituado Joe Satriani) a "se despedir" o instrumento, por falhas motoras ao tocar. Kirk dá um baile nessa música, mesmo não sendo o melhor dos melhores. O título em si é uma chuva de água fria pra quem estava desacreditado no Metallica.

Suicídio e redenção é o que eles precisavam. Agora, resta esperar o próximo trabalho, para saber se, finalmente, o "filho desse nascimento" tão conturbado dará frutos.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Alanis em turnê pelo Brasil


A cantora canadense Alanis Morissette entrou em contato com a música desde muito cedo. Com apenas sete anos aprendeu a tocar piano e a dançar balé e jazz. Pouco depois, a guitarra, a flauta e a harmônica passaram para sua lista de instrumentos dominados.

Depois de lançar dois discos no Canadá e se tornar famosa em sua terra natal, Alanis obteve a fama internacional com Jagged Little Pill. O álbum vendeu trinta milhões de cópias e levou a cantora em turnê pelo mund todo.

O sucesso de Alanis não parou por aí. Com onze discos lançados, ela ganhou sete Grammys. Também atuou em filmes e seriados e escreveu músicas para trilhas sonoras.

Agora, para promover sua mais nova criação, Flavors of Entanglement, o primeiro álbum de inéditas em quatro anos, ela está em uma grande turnê. A passagem pelo Brasil inclui Manaus, Brasília, Fortaleza, Teresina, Recife, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis e Porto Alegre.

All We Need Is Love

Quem nunca ouviu falar na música I Want To Hold Your Hand ou mesmo em Lucy In The Sky With Diamonds? Se alguém achar que não as conhece, provavelmente deve estar enganado - já teve tê-las ouvido alguma vez, pois elas pertencem ao maior fenômeno musical de todos os tempos: Os Beatles.

Pensando neles e no mundo do cinema, torna-se impossível não lembrar do recente filme "Across The Universe", lançado em 2007 e dirigido por Julie Taymor (de "Frida").

Ambientado na década de 1960, com locações nos EUA e na Inglaterra, o filme conta a história de amor de Jude (Jim Sturgess) e Lucy (Evan Rachel Wood, de Aos Treze), tendo como pano de fundo a Guerra do Vietnã e o movimento hippie. O grande chamariz desse musical é o fato dele ter sido inspirado e inteiramente feito só com músicas dos Beatles, interpretadas pelos próprios atores. É notável como conseguiu-se laçar as principais músicas e criar um belo enredo a partir delas. E, além das canções escolhidas, durante todo o filme são feitas referências a outras músicas da legendária banda, seja por meio de falas ou de acontecimentos em si.

O filme é bem contagiante e mesmo quem não gosta de musicais deve dar uma chance: é provável que você vá correndo procurar a trilha sonora de Across The Universe para deixá-la tocando em seu Media Player assim que o filme terminar.


Algumas curiosidades:
- Todos os nomes dos personagens (assim como o do filme) são retirados de músicas dos Beatles (como Jude, de Hey Jude, ou Prudence, de Dear Prudence).
- O filme conta com participações especiais como a do cantor Bono Vox e a da atriz Salma Hayek (que pediu para participar do longa).
- 90% (!) das canções foram gravadas no próprio set de filmagem, o que exclui a necessidade de dublagem - algo bem notável se considerarmos que é sempre mais difícil cantar músicas dos Beatles!
- Há personagens que representam notáveis figuras históricas, como Janis Joplin e Jimi Hendrix.


Conexión Chile V - E veio então a neve

¡Saludos do sul!

Bom, depois daquele bendito dia no Cruce, ontem foi um dos melhores dias da minha vida. O vulcão é uma coisa, assim, fora de série. Maravilhoso. A primeira parte do passeio a gente faz de micro ônibus, até um café ao pé da montanha. Já a segunda parte é de teleférico, com 2 estações até o topo, mesmo. Quer dizer, tooopo, topo não né? Ali, no limite que é possivel para pessoas que não escalarem e nem nada. Cara, essa viagenzinha de teleférico é terrível, com um frio que não dá para explicar.... MUITO frio, mas tudo de bom. A minha sorte (tcharam) é que um dos moços que trabalham na segunda estação teve dó da minha pessoa e me emprestou um blusão. Senão, amigos, eu tava congelada - literalmente.

A vista de lá de cima é incrível: o outro vulcão (que eu sempre esqueço o nome), a Cordilheira dos Andes e o lago. E - de quebra - eu consegui realizar algo que eu queria há muito: neve. Ver neve, pegar na neve. Ok, sem trocadilhos (se é que é possível fazer algum). Eu já tinha visto, mas era de longe, quando fui até o Aconcágua, na Argentina. Ontem eu vi de pertinho, encostei, fiz bolinhas de neve. Que felicidade, parecia que eu tinha 5 anos (hehehe). Resumindo, valeu a viagem. Foi lindo.

Hoje nós tínhamos o dia livre, porque decidimos não ir até as pinguineras por ser meio caro. Então pegamos um ônibus e fomos até Frutillar (frutilla = morango), uma cidade aqui vizinha. Bom, se eu achava que Puerto Varas era pequeno, Frutillar ganha. Não pode ser bem classificada como uma cidadezinha, já que possui 2 ruas paralelas e uma delas é a principal. Nós chegamos por volta do meio-dia e a idéia era ficar até às 6h... voltamos antes. Pode ser pequena, o que for, mas vale muito a pena. É uma graça, sempre no estilo alemão, e a praia é linda. A água é verde esmeralda escura, mas fica manchada por algumas pedras brancas que ficam mais acima do fundo. E tem os 3 vulcões daqui de perto de paisagem (Osorno, Puntiagudo e o x).

Acabei de voltar e agora tenho que esperar até às 8h30 para pegar o ônibus até Santiago e chegar no destino amanhã de manhã. Conseguimos hotel (Deus é pai!) e resolvemos assim: dia 31 vamos passar o dia em Viña del Mar e voltamos no fim da tarde. Então vamos passar a virada do ano num restaurante italiano no centro, de onde dá para ver os fogos.

Depois de 4 dias aqui em Puerto Varas, devo confessar que a cidade me conquistou, quando eu voltar ao Chile novamente, com certeza virei para cá. Se bem que o sentimento de estar deslocada é sempre presente: não é que aqui não tenha muitos turistas, o que tem de sobra, mas é que eu me descobri como uma pessoa extremamente friorenta. Eu, neste momento, estou de calça jeans, uma camiseta, um agasalho fininho e um casaco de couro. Sabe como os nativos saem por aí? De regata, chinelo, bermuda... comofas. Eu aqui, morrendo de frio, toda emcapotada, e a galera como se tivesse no Guarujá em pleno verão. Falando nisso, tem gente que entra no lago para se "refrescar". Tempertatura da água? Entre 10 e 12 graus. Normal, nem sinto frio mesmo. Aliás tá um calor aqui...

Ps: Peço desculpas pela falta de fotos, mas é que eu estou numa lan. Então o dinheiro meio que é um empecilho. Assim que tiver um tempinho em Santiago (onde reina a internet grátis) colocarei as respectivas imagens nas respectivas postagens.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Conexión Chile IV

¡Saludos!

Estou, no presente momento, em Puerto Varas, região dos lagos andinos. Na verdade é mais rio do lago Llaquihue, que tem 200km ao redor. Na verdade, também, o turismo aqui é bem centrado no lago e nas cidadezinhas banhadas por ele.

Bom, depois de 3 dias sem postar, é chegada a hora de atualizar vocês!

No dia 25 passeamos por Santiago mesmo, aproveitando o último dia. Encontramos com um casal de amigos nossos, brasileiros, e fomos para a rodoviária, deixar as malas sob custódia para poder bater perna pelo centro. A cidade estava uma várzea, não tinha quase ninguem. O bom é que, sem querer, encontramos um castelo (é, eu sei, que estranho...como se fosse a mesma coisa que encontrar uma moeda no chão né, 'olha, um castelo d 300 anos!').

Era muito lindo, do lado de uma estação de metro, e tinha jardins, pracinhas, uma graça. Não poderia ser uma despedida melhor. Se fosse, no caso, uma despedida mesmo (já explico).

Acontece que chegamos aqui em Puerto Varas dia 26 de manhã, acabadas. Bom, a cidade é um ovo. Juro, me lembra muito Campos do Jordão: frio, pequeno, com montanhas e o tipo do lugar que você vai passar as férias de inverno - e só elas porque não tem quase nada pra fazer. Mas é muito lindinha, no estilo alemão (as cidadezinhas aqui perto foram todas colonizadas por eles), e fofa, super simpática e aconchegante. Então andamos por aí e fomos pesquisar umas opções de passeios pra fazer. Tem visita às pinguineras, ao Volcán Osorno, às cidades próximas, ao Cruce de Lagos, entre outras.

Ontem fizemos 2 passeios: um até as quedas d'água de Petrohué, e a primeira etapa do Cruce de Lagos que, quando completo, leva os passageiros até Bariloche, na Argentina. Petrohué é lindo, dá para fazer rafting nas águas nervosas e de cor esmeralda que passam por ali. E o nome do Cruce não mente, pois o percurso cruza lagos mesmo e, no total, são 4 embarcaçoes, 3 onibus e 10h de viagem. A parte que nós fizemos foi até Peulla, a primeira parada. Depois de 1h40 num catamarã, a embarcação, chegamos.

Todo mundo falava que era lindo, que super valia a pena. Na verdade, a única coisa de ruim que o queridinho da agência de turismo falou foi a da existência de uns "borrachudos" que só ficam em cima de pessoas com roupas escuras por causa do calor. Ele definiu os bichos como um 'problema'. A viagem até lá é maravilhosa, o lugar é realmente bonito. Bem, agora direi exatamente quando foi que eu percebi que estava f**** (perdão pela intençao da palavra). Na verdade foi muito engraçado. Olha só: desci do barco, olhei para a esquerda, lindo, montanhas, o lago; olhei para a direita e, o que deu tempo de falar foi: "olha, mãe, vamos ali na pra-". Não, não foi nesse momento ainda que a ficha caiu. O que me fez interromper a fala foi um bicho nojento, enorme, voador que veio pra cima de mim e das pessoas ao meu redor. Foi então que eu olhei melhor para as pessoas na prainha e notei que elas faziam mesmo que eu: fugiam, tinham os punhos no rosto (estilo box, perfeito) e algumas soltavam gritinhos e xingavam. Eu, lembrando o que o fofo da agencia me disse, fui tirar o blusao preto, pensando 'ah, é só tirar que eles saem'. Óbvio não é? Bom, comecei a tirar o casaco e uma mulher desconhecida gritou: "coloca o casaco! Se cobre!". Sim, foi nesse momento em que eu percebi que eu tinha mefu (adaptando as palavras do nosso querido presidente).

O resto do dia foi um tédio, fiquei com muita raiva por nao poder aproveitar direito o lugar e a grana que gastamos para ir até lá. Depois de uma caminhada de 1km alternando entre gritos, correria, choros, tapas no ar, xingamentos e silêncio irado, chegamos aos 2 hotéis dali da parada. Não, não tem mais nada para fazer ali, só observar a natureza, relaxar e tirar fotos, o que eu fiz de dentro do hotel, já que era impossível expor-se a 1 metro fora do fechado sem ser atacado pelos "borrachudos". Pois bem, se aquilo era um raio de um borrachudo, aquele moço tem sérios problemas visuais. Não era bem um besouro, porque besouros são do bem, então eu classifiquei a nova espécie como um "besouro mutante do mal". Eu não estou exagerando. Todos xingavam e reclamavam.

E então chegamos onde eu me encontro agora. Numa lanhouse, esperando até às 15h, quando vamos ao Volcán Osorno. Aliás, daqui da "prainha" de Puerto Varas, dá para ver o vulcão (adormecido desde 1830 e qualquer coisa. Eu sei, não é muito) e um outro. É lindo demais.

Bom, agora temos outro problema. Daqui íamos até Pucón (onde tem outro vulcão), mas nos disseram que era muito caro, que o Osorno é mais bonito e que teríamos que ir a uma cidade vizinha para conseguir hospedagem. Entao não vamos. A complicação mesmo é que vamos voltar para Santiago de novo (por isso não foi uma despedida) e estamos esperando a confirmação do hotel. Outra coisa é que íamos também para Viña del Mar, passar o 30 e - principalmente - o 31, que dizem ser uns dos 10 fogos mais bonitos de fim de ano do mundo. Só que encontramos ontem - no meio dos besouros mutantes - um casal que disse que estava tentando há 1 mês hotel ali e não conseguiu. Então estamos vendo possibilidade de ir somente no 31 e voltar, mas ainda é complicado porque dependemos dos horários dos ônibus.

O inferno somos nós


"N´eus-je pas une fois une jeunesse aimable, héroïque, fabuleuse, à écrire sur des feuilles dór¹"

Patti Smith, Bob Dylan, Paulo Leminski, Vinicius de Morais e Henry Miller são alguns dos nomes que reverenciam e colocam a figura de Arthur Rimbaud como um ícone da rebeldia, da devassidão e da maldição. Patti chegou a declamar poesias inteiras desse artista francês em diversos shows seus, mostrando o pensamento polêmico dele.

Une saison en enfer (do francês, traduzido Uma temporada no inferno) reúne alguns de seus melhores poemas e reflexões em prosa de um poeta que encerrou suas produções, definitivamente, aos 21 anos de idade (escreveu entre 1870 e 1875, ou seja, apenas 5 anos). Mesmo assim, Rimbaud nos marca trazendo uma visão do diabo e dos pensamentos dentro da loucura sem figuras normalmente aceitas como malignas, como um besta com chifres. O Inferno de Rimbaud é um homem que observa, que se alucina e que pede clemência a Deus.

O livro é dividido em 9 partes - Uma temporada no inferno, Mau sangue, Noite no inferno, Delírios I - O esposo infernal, Delírios II - Alquimia do Verbo, O impossível, O clarão, Manhã e Adeus. Proclamando em tom de ironia, muitas vezes, o poeta fala sobre a tradição francesa que passa longe de sua personalidade. "Il m´est bien évident que toujours été race inférieure²". Em muitos trechos, ele amplia seu discurso para contrariar a razão, em seu conceito mais amplo, e não simplesmente a religião. Exalta a vida boemia, a vagabundagem, a libertinagem e a degradação. "Je ne suis pas prisonnier de ma raison. J´ai dit: Dieu. Je veux liberté dans le salut: comment la poursuivre?³".

Rimbaud foi homossexual assumido e teve um amor e uma paixão obsessiva pelo consagrado escritor Paul Verlaine. Não se sabe o quanto, e como, essa relação pessoal afetou suas poesias. Mas o valor de Uma temporada no inferno é inquestionável.

1 - "Não tive uma vez uma juventude amável, heróica, fabulosa, a ser narrada sobre folhas de ouro".
2 - "Fica evidente que fui sempre raça inferior".
3 - "Não sou prisioneiro da minha razão. Disse: Deus. Quero a liberdade na salvação: como obtê-la?".

Entre companheiros e comandos


Diretores de cinema quase sempre buscam experiências novas na arte que promovem ou tentam refletir suas próprias vivências nas grandes telas. Lúcia Murat é um exemplo do segundo caso, pois, desde Que Bom Te Ver Viva, documentário de 1989, ela busca representações da ditadura militar brasileira que a marcou com torturas e traumas.

Quase Dois Irmãos, filme de 2004, é outro exemplo claro, mas que utiliza outras vias e dá um aspecto muito mais complexo para nossa história. O enredo se separa em três partes - 1950, 1970 e o presente (que, na verdade, é por volta dos anos 2000) - e tem os mesmos traços de outros filmes da cineasta, como Doce Poderes, de 1997, no qual ela faz uma alegoria do escândalo da ascensão de Fernando Collor para a presidência da república apoiado pela Rede Globo de Televisão.

No caso desse filme, o foco é a história do Comando Vermelho, que comanda o tráfico de drogas nas favelas do Rio de Janeiro. Através da história de Jorginho, filho de um sambista e ladrão comum, e de Miguel, filho de outro sambista mais abastado e ladrão político, a autora traça uma possível relação entre a organização criminosa e presos políticos dos anos 70, principalmente porque ambos dividiram celas no presídio de Ilha Grande, cenário principal do filme e, atualmente, desativado.

Jorginho, por conhecer Miguel desde a infância, é um dos poucos presidiários pobres que consegue ter acesso privilegiado ao grupo de comunistas que estabelecem uma verdadeira organização sob a repressão do governo. Flashbacks de 1950 mostram como ambos eram ligados pelas parcerias musicais que seus pais faziam, gerando um contato entre classes sociais (e étnicas, pois Jorginho é negro) incomuns na época.

1970 acaba sendo o período histórico mais importante retratado no filme, enquanto os anos 2000 mostram um Miguel já transformado em senador que visita Jorginho no presídio de segurança máxima, em Bangu. O amigo pobre é chefe do Comando Vermelho, que está colocando risco a vida da filha do político, Juliana, assídua frequentadora de bailes funks e totalmente avessa ao pai.

Esse presente foi possível graças ao que Jorginho aprendeu na prisão com Miguel - organização, cooperativismo e ordem entre os colegas presos. Jorge apenas não tolerava a compaixão que o amigo tinha quando as pessoas cometiam erros, se mostrando agressivo e, na maioria dos casos, letal contra a pessoa que o prejudicou. O preso comum, aos poucos, começa a eliminar quem pode prejudicá-lo e gera uma dissidência dentro de Ilha Grande, criando inclusive um muro de concreto separando presidiários e os políticos.

A diretora acerta ao criar um roteiro que, diferente de outros filmes do gênero, não "endeusa" a esquerda brasileira, dando inclusive um clima de reflexão para as pessoas que investigam a fundo a história, mostrando que as relações sociais vão muito além da classe social. No entanto, a falta de linearidade entre os períodos retratados, fazendo constantes voltas sem ganchos mais claros entre as cenas dá um aspecto confuso ao filme. Falta, também, uma menção mais clara sobre o Comando Vermelho. Murat mostra as ações dos criminosos, como eles reprimem jovens com vida diferente da deles - caso de Juliana, que faz sexo com o traficante e, em seguida, é descartada -, mas resume a atuação do crime organizado ao celular de Jorginho, dando um ar superficial para a história do bandido.

Atores diferentes para cada período retratado, como Caco Ciocler na parte dos anos 1970 e Werner Schünemann para o presente, ambos no papel de Miguel, enquanto Jorginho é interpretado por Flavio Bauraqui e Antônio Pompêo, causam uma diferença gritante de interpretações. Ainda assim não compromete, realmente, a mensagem final dos personagens.

O longa foi vencedor do Prêmio do Festival de Mar Del Prata, na Argentina, em 2005. Vale uma conferida, mesmo que você não goste muito desse assunto abordado.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Sopa de Letras

Não tive árvore de Natal, nem enfeites corriqueiros. Não tive comidas tradicionais, mas a correria de sempre aumentou. Ano de produção foi esse, ano de resistência, de inovação para minha pessoa.

Isso prova que nem sempre as pessoas deixam de comemorar essa data como as outras são necessariamente revoltadas com o significado da celebração. Talvez o tempo transforme as coisas, dê outras prioridades. E quando os objetivos mudam, certas pompas também se alteram.

Sopa de Letrinhas são crônicas (que deveriam ser) publicadas às quintas-feiras.

Falam de comunicação, de protesto e contra-protesto.

Conexión Chile III - Então é Natal

Primeiramente, em nome de toda a editoria do Bola, queria desejar um Feliz Natal a todos vocês! O ano está oficialmente acabando. E eu aqui, em Santiago, aproveitando meu último dia.

Ontem o calor definitivamente se superou. Saímos do hotel de manhã e fomos (de metrô, porque nem estava assando) até o Palácio de la Moneda. Ao sair da estaçao percebi que nem tudo estava perdido: finalmente uma árvore de natal! No meio da avenida que - milagrosamente - estava enfeitada. Para ser sincera, a gente não tinha a mínima idéia do que íamos fazer ali, no sabíamos se ia dar para entrar ou qualquer outra coisa. O Palácio é muito bonito, tem troca de guarda e tudo - coisa que, infelizmente, não tive a chance de ver. Acidentalmente vimos um banner que dizia que tinha uma exposição ali mesmo, embaixo do prédio. De quem? De nossos queridos colegas latino-americanos Frida Kahlo e Diego Rivera. E o melhor de tudo: era de graça.

Devo admitir, com muita vergonha, que não vi o filme de Frida e o que sabia sobre sua vida era sobre sua feiúra e da atuação de Salma Hayek e Diego Luna nas telas. Ou seja, nada. O andar da exposição era grande, amplo. Num extremo estava a de Frida e, no outro, de Diego. No meio tinha uns artefatos artesanais da época e, um pouco mais escondida, a sessão de audiovisual, com 5 televisores passando documentarios e entrevistas sobre os artistas.

A parte de Frida era a mais legal, metade ocupada com roupas suas. Diego dizia que ela mesma representava o país com sua vestimenta, fotos, cartas e, claro, obras. Se teve uma pessoa que teve azar nessa vida foi ela. Acidentes, doenças, cirurgias.... foi triste. Seu estilo único e eclético foi, às vezes, um pouco 'alternativo' demais para o meu gosto. Mas que a mulher tinha o talento, isso sem dúvida - e muito. Se eu tentasse desenhar uma mão, podia passar anos arrumando, que não ia chegar nem perto da que ela desenhou.

O salão de Rivera tinha as mesmas coisas que o de sua ex-atual-ex mulher (sim, a conturbada relação dos dois foi exposta.... não que fosse algum segredo, mas enfim), só que no lugar das roupas estavam mais quadros. Simpatizei bem mais com a arte de Diego, mas pareceu-me um pouco mais "fácil" do que a de Frida, se é que se pode dizer assim. Acontece que a arte de Kahlo é meio louca, desvairada. Ela pinta o que sente e pronto, não se importa com o que os outros vão achar. Já Rivera usa mais as linhas, desenha realmente. Sem tirar o mérito dele, longe de mim, mas foi essa a impressão que me deu.

Ali no Museu de la Moneda (onde está a exposição) tem uma lojinha de artesanato e coisa e tal. Entramos para conhecer um pouco mais da cultura e, para a minha surpresa, outra árvore de natal. Essa foi demais para o meu coraçãozinho. Duas árvores em um dia! Claro que era bem menor, mas mesmo assim, a energia do feriado esperado do ano prevaleceu (meio brega, eu sei, mas eu adoro o Natal).

Saindo de lá pegamos o metrô, um ônibus (novamente, agradeçam pelo que vocês têm, porque é abafado e tem poucos lugares para sentar. Prós: não existe catraca, as pessoas são civilizadas o bastante para não precisarem dela) e fomos para o Shopping de las Condes passear e procurar o raio do tenis que eu quero comprar e não acho em lugar nenhum. Aí o espírito tomou conta de mim. O mall (como dizem aqui) estava todo decorado, tinha o tal Papai Noel e suas renas e só tocava músicas natalinas. Minha alma foi renovada.

No caminho da volta para o hotel compramos as tão faladas empanadas que, sim, são deliciosas, muffins e cocas. A ceia foi no quarto mesmo, comendo na cama, cada uma com a sua garrafa e seu livro, só eu e minha mãe. Não foi nada do outro mundo, mas o que vale é a companhia, não é mesmo?

Enfim, hoje é o meu último dia aqui em Santiago e agora começa a verdadeira aventura: às 21h pegamos um ônibus até Puerto Varas, a cidade mais ao sul que veremos do Chile. Então, vai ser uma confusão, pois até o dia 31 vamos ver uma cidade por dia, subindo até Santiago novamente. Não temos hospedagem reservada ou um itinerario pronto. Nada melhor do que um bom improviso. Depois de toda essa correria dia 1 de janeiro temos que estar aqui de volta, para pegar o avião e só 4h de viagem me separaram dos solos paulistanos. Não postarei fotos agora porque já está tudo guardado (o check out deve ser feito até 12h).

Bom, como eu nãao sei nem onde eu vou dormir amanhã, não tenho como garantir que conseguirei postar até o fim da viagem. Então essa é a minha deixa oficial. Deus abençõe a internet grátis, pois só assim eu consigo escrever.

Para quaisquer efeitos, desejo um Feliz Ano Novo a todos.

¡Saludos!









"Dame ilusión, esperanza, ganas de vivir y no me olvides...." - Frida Kahlo





“Bebía porque quería ahogar mis penas, pero las malvadas aprendieron a nadar.” - Frida Kahlo

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Conexión Chile II - La poesía no habrá cantado en vano

¡Saludos!

Acabei de voltar do passeio de hoje, exausta. Eu disse que ontem estava quente? Hoje o calor parece ter duplicado e - de quebra - o ar condicionado do quarto só funciona com a cortina aberta (ou fecha a cortina e dorme com calor, ou abre a cortina, refresca e nao dorme. Acho que eu dormi com calor... ou tentei).

Saímos do hotel por volta das 11h30 e fomos para o Parque Metropolitano de Santiago, que é enorme e tem um monte de coisas para fazer, de piscina a trilhas. Lá nós pegamos o teleférico que nos deixou no topo do Cerro San Cristóbal, onde há o Sanctuário de la Imaculada Concepción e o furnicular, uma espécie de trem que desce o Cerro até a Plaza Caupolicán.

Uma das três casas de Pablo Neruda fica a 2 quarteirões dali. A casa se chama La Chascona, que significa "descabelada", apelido de Matilde Urrutia, sua mulher. Na verdade, Neruda construiu as 3 casas, mas essa foi feita especialmente para Matilde - ou melhor, para escondê-la. O preço para entrar (há um café dentro, que não cobra entrada) é de PC$ 2.500 por pessoa (PC$10.000 equivalem aproximadamente a R$40), mas a carteirinha da Cásper (\o/ - Pedro, desculpa pelo emoticon, mas esse foi necessário vai) me permitiu pagar meia, PC$1000.

Marinheiro de terra firme, como se classificava, o poeta não podia navegar no mar pois se enjoava. Logo, resolveu fazer La Chascona como se fosse o interior de um barco. A primeira parte da casa é assim, teto baixo, estreita e com bancos ao longo das paredes. Esse 1/3 corresponde a um bar, uma salinha de jantar e a sala de jantar principal. Depois, a segunda parte já é "normal": uma sala de estar, banheiro, escadas e quartos, tanto o matrimonial como o que Matilde dormia depois da morte de seu esposo. Para chegar até a última parte passamos por um bar ao ar livre - era aberto, mas por motivos de manutenção foi fechado com vidros. Então entramos na biblioteca, que teve boa parte de seus livros queimados no golpe militar - os exemplares que ele não havia doado. E logo depois da biblioteca tem a sala de leitura, onde vemos fotos, premiaçoes e publicaçoes de e sobre Neruda.

A casa tem realmente algo a mais. Logo que entrei na salinha de jantar tive a impressão de que ali morava alguém extremamente legal, descolado. E, bom, pensando no círculo de amizades de Pablo, que incluia Frida Kahlo e Diego Rivera, ele era bem a frente para seu tempo. A mistura de estilos é intensa: cubismo, new age, colagens, clássico... é só falar. La Chascona reflete o colecionador de carteirinha que o poeta era: pratos de cerâmica, copos coloridos portugueses, estátuas africanas, enfeites da Índia e por aí vai. Claro, todos os artefatos adquiridos nos milhões de cantos do mundo visitados por Neruda. São cores sem fim.

Infelizmente não é permitido tirar fotos do interior, somente do exterior, que é igualmente impressionante: um pátio une as 3 partes da construçao, interligadas por escadarias estreitas e jardins que rondam a casa. Todas as janelas têm vista com verde. É, eu mal consegui descrever. Definitivamente algo a mais. Só vendo.

Depois, seguimos para o centro da cidade (ou achamos que sim), para a Plaza de Armas, que inclui uma catedral gigantesca (estilo Catedral da Sé), museus e um calçadão enorme, cheio de lojas, padarias e restaurantes.

Eu tinha reclamado sobre a movientação natalina? Não, nada de enfeites por enquanto - o máximo que eu consegui foi ouvir canções de Natal durante o café-da-manhã, quando tentava descobrir o nome do ator famoso da Globo que estava na mesa atrás de mim. Sim, só tem brasileiro nesse hotel. Mesmo sem enfeites nesse Natal, a multidão estava lá, marcando presença com pacotes, sacolinhas e mais pacotes. Andamos, andamos, andamos até que, exaustas, chegamos a uma praça de alimentação. Comemos e voltamos de metrô (meio de transporte oficial dessa jornalista wannabe que vos fala).

São 6h14 da tarde e ainda não há planos para o jantar.
Como sempre, manterei vocês atualizados (enquanto a internet grátis operar na minha estadia).

Bombons grátis de chocolate me aguardam no quarto (já disse que eu adoro hotéis?).
Fotos abaixo.




Teleférico - vista vasta de Santiago com direito a Cordillera ao fundo. Infelizmente, por causa da poluição, não se vê tanto.















La Chascona - vista de fora












La Chascona 1/3















La Chascona 2/3















La Chascona 3/3 - à esquerda, o antigo bar ao ar livre; no meio, a biblioteca; e à direita, a sala de leitura. O café fica embaixo da sala, mal da para ver. Esse comecinho de corrimão que leva até ele.











Plaza de Armas
- na verdade, essa foto é da internet porque é perigoso demais tirar uma câmera da bolsa ali. Resolvi não arriscar.










Para os mais curiosos, links com partes do interior da casa de Neruda:
http://www.welcomechile.com/santiago/casa-museo-la-chascona.html
http://lh6.ggpht.com/_6g59YB6KT60/RpBdjQiw5bI/AAAAAAAAAYw/LirSiVshDmA/IMG_0809.JPG
http://farm2.static.flickr.com/1308/628767200_9175721cd1.jpg?v=0
http://www.fundacionneruda.org/ing/neruda_casas/Galeria%20Casas/fotos_chascona/foto_vertical3ch.jpg
http://www.eldigoras.com/eom03/2004/2/neruda/nerimg/03LaChascona_biblioteca.jpg










"El amor supo entonces que se llamaba amor.Y cuando levanté mis ojos a tu nombre tu corazón de pronto dispuso mi camino." - Pablo Neruda

Conexión Chile

¡Saludos Chilenos!
Mariana Bruno - direto de Santiago

Para começar, essa foto foi tirada do avião (que coisa feia) e é a vista que nos é proporcionada da Cordillera de los Andes. Sim, nós a atravessamos e sim, eu morri de medo (vide acidente com jogadores de rugby uruguaios que envolveu "canibalismo").

Bom, aqui em Santiago as movimentações natalinas não são muito visíveis: não há enfeites nas ruas e o shopping aqui perto do hotel está longe da loucura de São Paulo. O calor está quase insuportável, entre 31 e 33º.... parece pouco, mas não é! Aqui é super abafado durante o dia e só começa a esfriar no fim da tarde, mas o sol ainda está presente até, pelo menos, as 8h da noite.

Ontem, depois de 4h de vôo (o fuso-horário é de 1h a menos), a única coisa que deu pra fazer foi dar uma voltinha pelos arredores do hotel e ir até a rodoviária de metrô, experiência que partilharei logo mais. Se você acha que o metrô em São Paulo é ruim, deveria agradecer pelo que tem. Aqui os vagões são apertados, há poucos bancos e poucos lugares para se segurar. Os vagões são interconectados, o que é bom, mas andam muito devagar e são extremamente abafados. Mesmo com a diferença de tamanho entre as duas cidades o tamanho da rede é o mesmo - São Paulo fica bem para trás nesse quesito.

Por enquanto é isso. Hoje vamos passear pela cidade e vamos visitar a casa de Pablo Neruda.

Mantenho vocês atualizados.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

God, save the Queen!

Depois de mais de 50 shows e 4 meses viajando pela Europa, Estados Unidos, Canadá, México, Argentina e Chile, Madonna finalmente chegou ao Brasil no último dia 12 deste mês. E após dois shows no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro e três no Estádio do Morumbi, em São Paulo, ela encerrou ontem sua turnê.
Foram noites mal dormidas de frio e muito estresse e ansiedade, muito tumulto, cambistas que misturavam-se a fãs desesperados, informações desencontradas, erros e burocracia na verdadeira maratona que foi a compra dos ingressos para os shows. Fosse na internet, telefone ou bilheterias foi unânime a dificuldade que cada fã enfrentou para estar ali. E eu digo com muita alegria que sim, eu fiz o mesmo! Passei por cada uma dessas dificuldades e posso afirmar que após o último dia 20, cada minuto valeu a pena e que se preciso, faria tudo outra vez. Porque é simplesmente inexplicável a sensação de estar em um show do seu ídolo, principalmente quando o seu ídolo trata-se de Madonna. Se antes do show eu ainda não havia caído na realidade de que iria vê-la, ainda agora, dois dias depois, não consigo ter a dimensão disso tudo. Foram duas horas de show em um universo paralelo.

Por volta das 5 da tarde foram abertos os portões do estádio. Consegui ficar nas barras de ferro que separavam a pista normal da pista VIP. Ainda a esta hora Madonna estava por ali, no palco, andando, conversando e tirando algumas fotos com seus bailarinos. Vestia calça de moletom e uma baby look preta e estava de tênis, o que denuncia seus, no máximo, 1.60 m e pouco de altura. E nem assim a mulher perde a majestade! Apenas pediu para que ninguém fotografasse e ficou ali por mais uns cinco minutos depois da entrada do público. O set do DJ Paul Oakenfold começou às 20:00h, após uma chuva leve que graças a Deus não se repetiu. Apesar de todo o seu esforço, o DJ foi bem fraco e não animou a galera que apenas chamava pelo nome da rainha. As vaias foram enormes. Com um repertório de uma hora, músicas repetidas e até mesmo Marcelo D2, às 21:00h ele recolheu seu equipamento e os enormes “M’s” que ficam um de cada lado do palco (e pasmem, são de pano!) foram acessos. Ainda assim esperamos por mais 25 minutos até que tudo fosse ajustado. As luzes do palco se apagam e a gritaria é ensurdecedora. Apesar do pouco espaço na pista, muitos gritam e já pulam sem nem mesmo Madonna ter aparecido no palco. O vídeo de abertura de “Candy Shop” começa e segundos depois surge ela: a Rainha do Pop! O choro e os gritos são gerais e quando ela começa a cantar é impossível ouvi-la, pois o público canta junto de uma forma contagiante. O famoso telão que se desfaz em fatias é realmente impressionante e, apesar de a música em si não ser das melhores, vale pela entradada da diva no palco.

Para qualquer fã, são duas horas que passam como apenas trinta minutos. Mas ainda assim, o show em si é bastante corrido, com uma música emendando em outra, sem pausa até mesmo durante as trocas de roupa de Madonna, quando os dançarinos fazem performances e vídeos distraem o público nos telões. Logo após sua entrada triunfal cantando a primeira música, ela embala a segunda, “The Beat Goes On”, com uma coreografia já conhecida e muito divulgada pelas emissoras do Brasil, onde ela conta com vários dançarinos e utiliza um carro antigo (e belíssimo!) no palco.

Agora Madonna pega sua guitarra, vai para a ponta da passarela e canta um sucesso do álbum Bedtime Stories, de 1994: “Human Nature”, com direito ao vídeo de Britney Spears no telão. Finaliza com “It’s Britney Bitch!” e todos gritam e aplaudem enquanto as batidas e trombetas de “4 minutes” anunciam que “Vogue” irá começar. Madonna coloca seu microfone no cós da calcinha e começa a coreografia maravilhosa que foi feita para esta versão mais atualizada da música. Ela dança muito, faz caras e bocas, poses, mostra toda sua boa forma e é seguida por seus bailarinos e pelo público que canta com muita empolgação o grande hit de 1990. Termina o primeiro bloco do show.

Após o remix de “Die Another Day” e da luta entre bailarinos no ringue armado na ponta da passarela, Madonna volta ao palco com um visual todo colorido, pulando corda e cantando “Into The Groove”, outro clássico lá dos anos 80. Faz pole dance em cima da picape do DJ, pula duas cordas ao mesmo tempo, canta e dança. É inacreditável o fôlego da mulher! Os gritos “Madonna, Madonna, Madonna!” começam pela milésima vez e assim permanece durante todo o show. Além de toda a tecnologia usada, o calor do público paulistano é outro ponto alto da noite, com inúmeras demonstrações de afeto à Rainha.

Começa a performance de “Heartbeat”, que não é das mais empolgantes para o público. Com uma coreografia que envolve uma luta entre ela e seus dançarinos, nada é de muito destaque além das imagens lindas que aparecem no telão.

Outra vez com a guitarra em mãos, ela volta para a ponta da passarela para cantar um de seus primeiros sucessos, “Borderline”, que como todo grande sucesso empolga demais o público, que mais uma vez chega a encobrir a voz da própria Madonna ao cantar junto com ela.

Em “She’s Not Me”, ela surge com seus óculos de coração, canta por todo o palco e passarela e no finalzinho começa a lutar com suas sósias vestidas de Material Girl, Like a Virgin, Blonde Ambition e Open Your Heart. Entre retirar o véu da Like a Virgin, torcê-la para trás e enforcar a outra com este mesmo véu, Madonna dá um beijo na boca de uma das dançarinas e xinga outra de “puta” em um português super engraçado! E alerta: “don’t fuck with me”. Alguém se atreve?

A última música desse bloco é “Music”, de 2000. Sucesso entre o público, que canta em alto e bom som com a cantora. Sem nenhuma surpresa.

Após outro “interlude” com mesma fórmula dançarinos + vídeos, inicia-se o terceiro bloco da noite. Ouve-se sons de trovão e chuva e dois círculos de LED descem do teto enquanto projeções de água são feitas neles. Esta parte dispensa explicações, fotos ou vídeos. É o momento mais bonito do show, inexplicável para quem não viu. Ainda com as projeções de água, Madonna surge dentro dos cilindros de LED com uma capa de seda preta, em cima de um piano que gira enquanto um homem toca. A música é “Devil Wouldn’t Recognize You”, de seu mais novo CD, Hard Candy, e uma das melhores do mesmo. A platéia delira e pára apenas para ver e ouvir e Madonna, como sempre, dá um show e sai do palco enxugando suas lágrimas diante do imenso carinho dos fãs.

Começam batidas flamencas e a música da vez é “Spanish Lesson”, detestada por muitos fãs e que sabe-se lá como foi parar no repertório da turnê. Porém, má escolha ou não, nada que Madonna faça desanima seus fãs, que com música boa ou ruim, desde que vindo dela, cantam e dançam junto!

Ela volta para a ponta da passarela com seu violão e canta “Miles Away”, dedicando a canção à São Paulo. Imagens polêmicas como as de fome da África e mapas de todo o mundo são mostrados no telão. Linda!

Puxando “uh, uh!” Madonna canta agora “La Isla Bonita”, junto com os ciganos e seus bailarinos. Como aconteceu com esta mesma música na última turnê, a performance é uma verdadeira celebração para Madonna e sua equipe. Ela aparece muito livre e feliz, sorridente, cantando e dançando com todos.

Vem a parte mais chatinha do show: “Doli Doli” onde os ciganos tocam e cantam enquanto uma dançarina faz a dança das 7 saias. Madonna senta-se na ponta do palco, toma uma bebidinha, conversa com um dos ciganos, sorri e aplaude muito a performance da dançarina e também corresponde ao afeto do público.

E como se compensasse a parte chata, Madonna inicia a parte que seria a mais linda de todo o show. Senta-se e em volta dela ficam os ciganos tocando. Ela começa a interagir com o público, que não a deixa começar a música “You Must Love Me” com gritos “I love you”. Madonna sorri e agradece e conversa sobre este ser o penúltimo show da turnê, diz estar triste pelo fim, mas feliz por finalizá-la no Brasil e promete voltar em breve (aham, sei) com direito a carinha fofa e ‘buh, buh’ como quem está chorando. Todos derretem-se com tamanha fofura! Pergunta se querem que ela volte e todos respondem que sim. Ela começa a cantar. Durante a música, mais uma vez os fãs gritam seu nome e um pouco depois 70 mil pessoas gritam “we love you, we love you!” repetidamente. Madonna mal consegue cantar nesta hora e começa a chorar outra vez. Com o término da música, o incansável público continua declarando seu amor com gritos de “I love you” e Madonna pergunta: “who?” ao que todos respondem “Madonna! Madonna! Madonna!”.

O vídeo interlude de “Get Stupid”, faz uma critica às guerras, destruição ambiental, preconceitos e etc. Imagens do presidente norte-americano Barack Obama aparecem, assim como outras de desastres ambientais, guerras e fotos do ensaio que Madonna fez para a revista Vogue. Partes da letra da música “The Beat Goes On” fazem parte do vídeo.

Começa o último bloco do show, com Madonna cantando “4 minutes” com Timbaland nos telões e Justin Timberlake em telões que se movem pelo palco. Madonna esfrega-se e pendura-se neles. O figurino com ombreiras vermelhas enormes à la Power Rangers não colabora muito e é um favor a ausência delas na próxima música.

Like a Prayer” começa, um sua nova versão eletrônica. Incrivelmente, a polêmica música de 1989, é o melhor momento do show, onde o estádio parece vir a baixo! É de arrepiar e todos cantam e pulam muito com uma energia contagiante! Definitivamente o ápice de todo o show. Ponto também para as mensagens espirituais nos telões, as imagens e os efeitos de luzes. O número termina com Madonna entrando novamente dentro do cilindro de LED e queimando no fogo.

Com lasers sendo projetados, começa “Ray Of Light” que apesar de ser figurinha repetida há três turnês, ainda consegue empolgar o público, ainda que seja em sua versão com guitarra. Lindos efeitos de pontos de luzes nos telões!

Como é de costume, antes de cantar a estragada versão rock de “Hung Up”, Madonna pergunta ao público o que gostariam de ouvir. A escolha mal feita é “Express Yourself”. Nada contra a música em si, apenas a repetição da escolha, já que a mesma canção foi escolhida na grande maioria dos shows da turnê.

E vem a versão rock de “Hung Up”, que anima, mas não tanto quanto a original disco. Cenas de um tabuleiro de xadrez 3D em diversos ângulos são mostrados nos telões. Cada peça eliminada do jogo explode e vira pó. Madonna faz seu solo de guitarra e simula sexo com a mesma, como não podia deixar de ser.

Em uma das mais animadas músicas da noite e também a última do show, Madonna começa cantar "Give It 2 Me". Duas horas de show não são o bastante para fãs que não viam seu ídolo há 15 anos, e a animação continua sendo enorme! Desta vez ela não veste a camisa do Brasil como fez nos outros shows, seus dançarinos apenas seguram uma bandeira do país nas mãos e tudo vira uma grande festa no palco, onde Madonna abraça e rola no chão com seus dançarinos, canta, pula, grita e diz “thank you São Paulo”, desaparecendo atrás do telão onde aparece escrito “Game Over”.

Para fechar a noite e se despedir, “Holiday” toca nas caixas de som.

E é assim que nos despedimos da Rainha do Pop, que continua passando sua imagem de perfeição e majestade. Vemos uma Madonna mais livre e mais leve no palco, fazendo em um show não tão bonito aos olhos quanto a sua Confessions Tour, sempre soberana, mas com certeza um show onde a dona do espetáculo aparece toda simpática, fofa e engraçadinha e também se diverte mais, mostra-se mais. E um público caloroso que é um show a parte!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Wall-e: A obra máxima da Pixar

Escrever sobre Wall-e não é fácil. A prova disso é que esta resenha vem 6 meses após a estréia da animação no cinema e 2 semanas após seu lançamento em DVD. Escrever sobre o filme é tão difícil que preferi vê-lo duas vezes para ter certeza que não estava contaminado por algum tipo de empolgação ou animação exagerada. O fato é que tal animação ou empolgação nunca cessou e, pelo contrário, só aumentou após eu rever a obra da Pixar. Sendo assim, afirmo aqui, sem medo de me arrepender posteriormente, que Wall-e não é apenas a melhor coisa que a Pixar fez em sua brilhante história, mas uma das melhores animações já produzidas e o melhor filme do ano.

A história, que já deve ser conhecida de muitos, conta a solitária vida do robô Wall-e, que tem como função compactar e organizar todo o lixo deixado no planeta pelos humanos. Eles acabaram embarcando em uma infinita viagem espacial assim que a Terra se tornou inabitável em conseqüência do acumulo de lixo. A primeira cena do longa já mostra que não é uma animação comum, como as dezenas que inundam as telas todo ano. A Terra é opaca, em cores pasteis e cercada por um anel de lixo cósmico. O contraste vem na música levemente alegre, enquanto a câmera percorre figuras que, ao longe, parecem arranha-céus, mas que, na verdade, se revelam grandes construções de lixo feitas por um simpático robô. Com o passar do tempo, ele fez amizade com uma barata, guardou objetos curiosos e se apaixonou por um musical.

A primeira metade Wall-e é desprovida de falas. Tudo que temos são sons que nos remetem a uma mistura entre R2-D2 e ET. Tudo que Wall-e pensa, fala e sente pode ser expressado pelo seu corpo fantasticamente animado. O auge desta “formula comunicacional” são os “diálogos” entre Wall-e e EVA, um robô misterioso que chega a Terra a procura de qualquer forma de vida vegetal. É a partir daí que o roteiro deslancha, e começa a esbanjar genialidade em cada cena.

O diretor e roteirista Andrew Stanton cria cenas fantásticas ao longo do filme, daquelas que poderiam ser emolduradas pela sua beleza, ou apreciadas repetidas vezes pela sua sensibilidade. Tudo feito em Wall-e soa simples e natural e, exatamente por isso, soa perfeito. A crítica feita a nossa sociedade através dos humanos do filme é uma das mais explícitas, fortes e corretas dos últimos tempos. Nada de demonizar o ser humano como fazem outras produções, mas sim um alerta de que nosso conforto e felicidade acarreta um alto preço a se pagar: nosso planeta. Os humanos do filme são bons em coração, no entanto estão presos em cadeiras que reproduzem um mundo supostamente perfeito, levando-os aonde queiram ir, com telas na frente de seus rostos e publicidade pra onde quer que olhem. O resultado disso: A primeira vez que uma cadeira falha (por “culpa” de Wall-e) é também a primeira vez que uma pessoa olha diretamente nos olhos de outras em mais de 700 anos.

Eu poderia ficar aqui falando das influencias presentes em Wall-e, nos simbolismos de cada cena e na mensagem que ele deixa de uma forma prolixa e complexa. No entanto, foi esse filme que provou que a simplicidade, algumas vezes, é tudo que precisamos, sem nenhuma complicação a mais. Tudo que é necessário pode ser traduzido em uma pequena planta dentro de uma bota velha. São muitas as vezes que assistimos clássicos que foram consagrados pelo tempo, mas são raras as que vemos um filme que nasce uma obra-prima em nosso tempo, nos dando a oportunidade de escrever sobre ele, mesmo que o texto não esteja à altura da obra. Wall-e se encaixa na segunda opção.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Aranhas, criptonita e vampiros


Crepúsculo (Twilight, 2006) é a mais nova sensação adolescente mundial. Depois de High School Musical, dirigido a uma faixa etária pré-adolescente, o livro escrito por Stephenie Meyer levou os jovens à loucura. A saga - composta por 4 livros, Crepúsculo (Twilight), Lua Nova (New Moon), Eclipse e Amanhecer (Breaking Dawn) – conta a história de Isabella Swan e Edward Cullen, os mais novos Romeu e Julieta

Quando vê que sua mãe, recém-casada, se privar de viajar com o marido para ficar com ela, Bella decide mudar-se da calorosa Phoenix para a chuvosa Forks, em Washington, para viver com o pai. A infelicidade com a situação diminui quando, no primeiro dia de aula, tem o primeiro contato com Edward, um vampiro.

Acontece que o Romeu e sua família (Carlisle e Esme, os “pais”; e Alice, Jasper, Rosalie e Emett, os irmãos adotivos) são vegetarianos - vivem a base de sangue animal para sobreviver. Mesmo com esse regime alimentar fixo, o cheiro de Bella não deixa de despertar instintos em Edward, que foge da garota logo depois. É com esse clima tenso que o enredo de desenvolve, com o vampiro dividido entre o amor e o controle absoluto, a natureza selvagem e o medo, e Bella no meio da confusão. O contato, tão simples e tão proibido, é tão tentador e tão letal.

A vida seria fácil sem nenhum vilão por perto. Logo, temos 3: Laurent, James e Victoria são um bando nômade, que não vivem à base de “tofu” e acabam cruzando-se com os Cullen quando a mortal está por perto. Depois de um momento tenso dá-se início ao clímax: para temor de todos, James reconhece o odor da garota e, quando tenta avançar, Edward entra no meio, atiçando os instintos briguentos do inimigo, deixando-o obcecado pela caça.

Quebrando todos os tabus de historinhas de terror – não, o sol não queima, alho e cruz não têm efeito e os vampiros não dormem (muito menos em caixões) – o livro capta a atenção do leitor de tal forma que é impossível parar de ler, pois ele realmente quer “dar com os dentes” na saga. Como Crepúsculo só virou mania neste ano, apenas os 2 primeiros números foram traduzidos para o português e o 3 não será antes de 2009. Em inglês, todos os números estão disponíveis.

Para os fãs impacientes, o tão esperado Midnight Sun (a versão de Edward de Twilight) ficará em espera por tempo indeterminado pelo rascunho ter vazado para a internet. Stephenie disse, em seu site oficial (http://www.stepheniemeyer.com/), estar muito chateada e, para não alterar nada da história, dará espaço a outros planos agora. Ela também disponibilizou o primeiro capítulo-rascunho e, claro, lembrou aos leitores que o livro oficial será diferente e muito melhor. Além do primeiro, há mais 11 capítulos circulando por aí. Os curiosos sedentos que o digam.


Leituras à parte, para provar ainda mais que Crepúsculo é sensação sim - além das camisetas, blogs e comunidades histéricas -, o filme estreou hoje nos cinemas, finalmente dando um sossego aos fãs que esperaram mais de um mês pela chegada do longa. O filme conta com a participação de Robert Pattinson (lembra dele como Cedrico, em Harry Potter e o Cálice de Fogo?) como Edward e Kristen Stewart como Bella.

Se aqui a movimentação foi grande, nos Estados Unidos o estardalhaço foi maior ainda. Com certeza atuar em Twilight foi a grande pedida do casal principal, que virou, instantaneamente, o centro das atenções de Hollywood e estima-se que ganhem 12 milhões para fazer a seqüência, cada. As gravações de Lua Nova estão marcadas para o começo de 2009, com possível estréia no final do mesmo ano, ou no começo do ano seguinte.

A tão-falada estréia provocará as mais diversas reações. Devo admitir ser leitora fiel da saga, e o longa, como a maioria das adaptações cinematográficas de livros, deixou a desejar. O livro é mil vezes melhor (mesmo assim, é impossível não derreter com os dois). Então, se você tiver a oportunidade de ler antes de assistir, faça. Perde-se muitos detalhes no filme.

Não leve a mal, foi ótimo poder, finalmente, visualizar o mundo de Forks, mas as muitas alterações acabaram mudando um pouco a história. Alterações porque ‘adaptações’ seria muito menos do que realmente fizeram. As falas continuaram as mesmas, apenas o cenário mudou – e algumas atitudes também. No filme, Edward passou por grosso, em vez de ausente e cauteloso, como é no livro. Os ataques dos nômades, a visita à estufa, a conversa na floresta ao lado da escola que nunca aconteceram.

Mas o que mais me chateou foi o fato de, no final do filme, quando James morde Bella e Edward suga o veneno de volta, Carlisle o manda parar. Isso não existe no livro, Edward para sozinho, não precisa de ajuda. E o fato de o pai ter que ter entrado em cena para impedi-lo indica coisas diferentes ao leitor/espectador: quando ele consegue sozinho, ele evolui; quando ele precisa de ajuda, ainda não chegou no estágio de evolução necessário.

No final das contas Crepúsculo vai mover milhares às salas de cinema que, apesar das mudanças, vão sair felizes - e estonteados - pelo talento de Meyer e de Catherine Hardwicke (Aos treze), a diretora. Falando em números, o filme, somente no primeiro final de semana, arrecadou o triplo de seu custo nos Estados Unidos. No Brasil as expectativas não são tão grandes, mas ainda são boas para o mais novo tão esperado blockbuster.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

"Quem tem medo do jornalismo popular?"

Eram quatro colegas da Cásper Líbero: Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Maik Rene Lima. O ano do conclusão desse trabalho de faculdade? 1999, e transformado em livro em 2002 com acréscimos. Houve agradecimentos a professores como Nanami Sato, Cláudio Arantes e Edson Flosi, que trabalhou no jornal Notícias Populares (NP), que é tema desse trabalho. Mas aquele que definiu melhor o esforço dos garotos foi Marcelo Coelho, atualmente colunista da Folha de S.Paulo e ex-professor da Cásper. Reza a lenda que ele contribuiu para o periódico sob o pseudônimo Voltaire de Souza. Medo de se expor em um veículo conhecido pelo alcance popular? Muito provavelmente.

"Basta falar no Notícias Populares que as pessoas começam a sorrir" relata Coelho, no prefácio do livro Nada mais que a verdade: A extraordinária história do jornal Notícias Populares. Realmente, não tem como não rir de manchetes como CHURRASCO DE VAGINA NO RODÍZIO DO SEXO, BROXA TORRA PÊNIS NA TOMADA, uma capa com a foto e os dizeres PAU NO CÚ DO COLLOR, AUMENTO DE MERDA NA POUPANÇA (também referente ao governo de Collor e suas reformas), BELA MOÇA DEU LUZ A UM MACACO, QUEM TEM KU-AIT TEM MEDO e a histórica NASCEU O DIABO EM SÃO PAULO, matéria totalmente inventada que deu origem a uma lenda urbana no ABC Paulista: o "bebê-diabo". Ele, na ocasião, só desapareceu dos jornais e do imaginário popular após a intervenção de Zé do Caixão, outro personagem que continua com uma fama razoável, ao usar seus rituais de ocultismo.

Os estudantes também esclareceram os segredos administrativos do jornal, desde sua consulta em bancas de jornal até os desentendimentos com o chefe Otávio Frias de Oliveira Filho, do grupo Folha, que minou, pouco a pouco, a capacidade de ir contra o "politicamente correto" dos jornalistas. São analisadas, nas páginas do trabalho, desde a liderança do romeno Jean Mellé, que iniciou o Notícias Populares associado com o político Herbert Levy para fazer uma campanha anti-comunista e completamente de direita (inclusive a favor de Carlos Lacerda) em 1963, até o editor-chefe intelectual Ebrahim Ali Ramadan nos anos 1970 e 1980, que acumulava os trabalhos de professor universitário (na Cásper, inclusive) e poeta juntamente com as notícias fantasiosas e brutais que levava ao público, dando ao periódico o apelido de "espreme que sai sangue".


Não só esses personagens estão presentes na pesquisa deles, como outros notáveis - só para citar: Roberto Carlos, João Gordo, Gugu Liberato e Sônia Abrão são algumas das personalidades e jornalistas que se promoveram às custas de notícias "popularescas".

O livro encerra com o fim melancólico do jornal: sua substituição pelo Agora São Paulo, que era a antiga e falida Folha da Tarde, além das inúmeras censuras e trocas de editores entre os anos 1990 e 2001. Casos como o da "Escola Base", com acusações de abuso sexual de menores sem provas, além das tentativas de lacrar o jornal pelo conteúdo de sexo na capa, tornam a história relatada muito mais densa do que as piadas que existiram. É um jornal que tentou uma alternativa, primeiro sendo completamente conservador e moralista (sim, mesmo colocando na capa desgraças e machetes totalmente sensacionalistas, muitas delas com erros de português do romeno Mellé, no começo), e, depois, tornando-se, de fato, uma imprensa que caminhava no extremo oposto aos manuais de redação e à ética jornalística.

Entre tantos paradoxos, esse livro sobre o Notícias Populares, feito por colegas de muitos do Bola, tornou-se referência para qualquer um que pretende entender, com mais profundidade, o difícil trabalho de ser um jornal sensacionalista, visivelmente preocupado com as classes mais baixas da sociedade brasileira.

Ebrahim Ramandan, o editor-chefe de maior carreira no NP - entre 1972 e 1988.


O título desta resenha foi baseada na campanha de estágios que Ebrahim Ramadan fez em 1988, antes de sair do NP. Dentre outras frases de efeito famosas, uma delas era "Você sabia que antes de ser líder da União Soviética Lênin trabalhou em um jornal popular?". Dessa forma, mesmo falando de alguns assuntos tão triviais, existia uma certa "cultura" nesse tipo específico de imprensa.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Tortura musical

Além de espancamentos e choques, outra modalidade de tortura inferniza a vida de prisioneiros afegãs, iraquianos e detentos de Guantánamo: a tortura musical. Durante horas, as mais variadas canções são tocadas nas celas em alto volume. AC/DC, Metallica, Rage Against the Machine, Queen, Drowing Pool e até mesmo a trilha sonora da Vila Sésamo fazem parte do setlist dos torturadores.

Alguns músicos resolveram protestar contra a utilização de suas músicas em torturas. A iniciativa "Zero dB" consiste em vários minutos de silêncio durante os shows. Rage Against the Machine e Massive Attack são algumas das bandas que aderiram ao protesto.

Outros, no entanto, vêem com orgulho suas músicas usadas para enlouquecer internos: Steve Benton, baixista do Drowning Pool, banda de metal americana, afirmou à revista "Spin" que se sente "honrado em pensar que uma canção minha possa suprimir ataques como o 11 de setembro".

De volta às telonas


O longa "Batman - O Cavaleiro das Trevas" estará novamente em cartaz nos cinemas brasileiros a partir de fevereiro.

A iniciativa visa ao aumento dos lucros obtidos em bilheterias: a meta é superar US$ 1 bilhão em faturamento.

Apenas "Titanic", "O Senhor dos Anéis: o Retorno do Rei" e "Piratas do Caribe: o Baú da Morte" alcançaram a marca pretendida pela Warner. "Batman" é a segunda maior bilheteria dos Estados Unidos em todos os tempos, atrás apenas de "Titanic".

Nos EUA, o filme, dirigido por Christopher Nolan e que conta com um elenco de estrelas como Heath Ledger, Christian Bale, Gary Oldman e Aaron Eckhart, estará em cartaz a partir de 23 de janeiro, um ano após a morte de Ledger.

Jornalismo opinativo com dois sapatos

O nome dele: Muntazer al-Zaidi. Jornalista televisivo, iraquiano e provavelmente ligado aos interesses reais de seu país. A arma: um par de sapatos. Alvo: George Walker Bush, atual presidente dos Estados Unidos.

Data: 14 de dezembro de 2008. Evento: discurso "surpresa" do líder norte-americano com o atual governante do Iraque, o primeiro-ministro Nouri al-Maliki. Falavam sobre a "eficiência" da Guerra do Iraque, travada desde 2003 e com pilhas de cadáveres de ambos os lados.

Houve um intervalo entre um sapato atirado e outro, enquanto Muntazer berrava "cachorro". Bush desviou dos "projéteis" no melhor estilo bullet time do filme Matrix. Teve a ajuda de Nouri na defensiva do segundo calçado. Muitos encaram esse ato como selvageria, simples revolta, indignação. Eu digo mais: enquanto ele atirava os sapatos, talvez Muntazer seja um exemplo ímpar de jornalismo opinativo, sem abrir a boca para dizer uma palavra sequer.

O evento resultou em outro mico geral da administração Bush, milhares de visitas ao Youtube para rir das sapatadas do jornalista e, acima de tudo, a consolidação da nova administração Obama.

Então, para imortalizar esse "jornalismo opinativo" e essa nova era aos norte-americanos, fica fixo aqui no Bola um vídeo do evento que, de longe, causa risadas e é sério, politicamente dizendo. Não é uma vergonha nenhuma ao jornalismo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Lentidão e coerência

1 - Preocupou só a mim a demora do Serviço Secreto americano em invadir a sala onde estava sendo feita a coletiva de imprensa do presidente George W. Bush? Para um órgão de segurança que se orgulha de sua eficiência, a demora foi grande, dando ao jornalista iraquiano que arremessou os sapatos no presidente tempo o bastante para tirar os dois pés do calçado. Ou isso reflete uma falha estrutural séria, ou fé cega na imprensa. De qualquer maneira, algo deve ser revisto.

2 - Mais uma vez Obama tomou uma decisão que pode gerar dividendos favoráveis à sua popularidade. Ao decidir por uma festa de posse "sem glamour excessivo" (como noticiou o Estado de S. Paulo), o presidente eleito demonstrou muita coerência com a crise econômica. Ao contrário de Than Shwe, integrante da junta militar de Myanmar que organizou uma festa de casamento para sua filha orçada em US$300.000, Obama sabe que tempos de recessão anunciada pedem comemorações sem excessos.

Das janelas de Stalingrado aos anais da História


A bala, projetada para perfurar a blindagem de um tanque, voava a uma velocidade de 750 metros por segundo. Aproximadamente um segundo e meio depois de ter sido disparada, atravessou o capacete de metal, produzido por trabalho escravo francês, do soldado alemão.

Na janela do que restava de um prédio, seriamente danificado pelo constante fogo de artilharia germânica, segurando seu rifle Mosin-Nagant, Vasily acabara de acertar outro soldado inimigo. O russo puxou a alavanca de seu rifle e a cápsula vazia que acabara de ser usada foi jogada para fora, sendo substituída por uma nova. Ele apoiou o cotovelo na janela, olhou através da mira telescópica e atirou de novo. Outro alemão caiu.

Vasily Grygorievich Zaitsev, um fazendeiro, neto de um caçador de lobos, aprendeu a atirar muito cedo: com cinco anos já manejava uma antiga espingarda e saia com o avô para caçar em sua gelada cidade natal, Eliniski.

Voluntariamente, Vasily foi para o front, chegando a Stalingrado em 20 de fevereiro de 1942, com a 284ª Divisão de Fuzileiros. Sem um rifle. Como o armamento era escasso, duplas de soldados partiam juntas: um portava um rifle e o outro segurava um pacote de munição. Quando um morria, o outro se apossava de seu equipamento.

No entanto, assim que conseguiu sua arma, não parou de derrubar soldados – e oficiais – alemães. Em apenas dez dias, mais de quarenta oficiais haviam sido abatidos graças à sua mira precisa.

Seus feitos logo o levaram a dirigir uma escola de franco-atiradores, instalada em uma das muitas fábricas da cidade industrial de Stalingrado. Historiadores acreditam que ele, junto com seus alunos, matou em média três mil alemães. Sua contagem oficial particular é de 242 mortos, mas o número real pode chegar a quinhentos.

Sua atividade continuou até que, em um momento de distração, ele quase pisou em uma mina terrestre. De qualquer maneira, ela explodiu, cegando-o. Sua visão estaria para sempre perdida, se não fosse o trabalho meticuloso do professor Vladimir Filatov, um experiente oftalmologista conhecido pelos avanços no estudo dos olhos e de suas doenças.

Enxergando novamente, Zaitsev voltou à guerra e matou mais alguns alemães. Quando o conflito terminou, ele viajou até Berlim e se encontrou com antigos companheiros de serviço.

Foi condecorado Herói da União Soviética, honra máxima para qualquer soldado. Veterano de guerra, foi realizar seu sonho, trabalhando em uma fábrica de automóveis em Kiev, na Ucrânia, até sua morte, em 15 de dezembro de 1991, há exatos 17 anos.

Mosin-Nagant de Zaitsev.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ato AMANHÃ - UniSantana - Vestibular da Cásper

Endereço da UniSantana: Rua Voluntários da Pátria, 257
Próximo ao metrô Tietê
Dia e horário da Manfiestação: 14 de dezembro, 12hrs
Organização: Centro Acadêmico Vladmir Herzog

--

Não poderei comparecer, mas é contra o aumento abusivo da Faculdade.
Todo apoio é válido.

Editorial #8

É chegada a hora de passar a tocha, a função de editor para frente, e manter a iniciativa Bola da Foca viva em novos calouros de jornalismo, ou até em pessoas que eu acredito que podem e devem se dedicar.

Quero me despedir, com muito carinho, das edições que Lidiane Ferreira fez, durante a segunda metade de 2008. Seu entusiasmo e bom humor contribuíram para que a administração e a edição de textos desse blog não ficasse muito sisuda e chata nas mãos minhas, eu, o Pedro, ou do Thiago.

E quero anunciar, com muito orgulho e respeito, a entrada de José Edgar de Matos e Fernando Gonzalez, ambos atualmente do 1º ano de jornalismo turma A, grandes destaques nas áreas de esporte e política, respectivamente, e merecedores do cargo de editor, tanto por sua competência quanto pelas suas iniciativas. André Sollitto e Mariana Bruno, do 1º JoB, também farão parte da nova equipe, por terem se candidatado com igual empolgação.

Dessa forma, fica claro que, diferente do que poderia parecer para alguns, nós fazemos sim uma renovação e uma auto-crítica com nós mesmos. Somos jornalistas, pretensos jornalistas, pseudo-jornalistas. Tentamos tornar essa prática, controversa para muitos dos que nos lêem e muitos que assistem o jornalismo de fora, autêntica, sincera, com algum fundamento em sua criação e desenvolvimento. Somos jovens e temos problemas, cada um da sua maneira, mas estamos unidos em prol de um objetivo abrangente.

Os editores antigos dão as boas vindas e só pedem três coisas:

POSTEM,
seguindo pautas ou criando suas próprias matérias.

DIVULGUEM,
procurem pessoas dentro e fora da Cásper que vocês sabem que têm potencial.

ESTIMULEM-SE,
o Bola da Foca é sempre aberto a sugestões.

Posts mais lidos