quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

"Quem tem medo do jornalismo popular?"

Eram quatro colegas da Cásper Líbero: Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Maik Rene Lima. O ano do conclusão desse trabalho de faculdade? 1999, e transformado em livro em 2002 com acréscimos. Houve agradecimentos a professores como Nanami Sato, Cláudio Arantes e Edson Flosi, que trabalhou no jornal Notícias Populares (NP), que é tema desse trabalho. Mas aquele que definiu melhor o esforço dos garotos foi Marcelo Coelho, atualmente colunista da Folha de S.Paulo e ex-professor da Cásper. Reza a lenda que ele contribuiu para o periódico sob o pseudônimo Voltaire de Souza. Medo de se expor em um veículo conhecido pelo alcance popular? Muito provavelmente.

"Basta falar no Notícias Populares que as pessoas começam a sorrir" relata Coelho, no prefácio do livro Nada mais que a verdade: A extraordinária história do jornal Notícias Populares. Realmente, não tem como não rir de manchetes como CHURRASCO DE VAGINA NO RODÍZIO DO SEXO, BROXA TORRA PÊNIS NA TOMADA, uma capa com a foto e os dizeres PAU NO CÚ DO COLLOR, AUMENTO DE MERDA NA POUPANÇA (também referente ao governo de Collor e suas reformas), BELA MOÇA DEU LUZ A UM MACACO, QUEM TEM KU-AIT TEM MEDO e a histórica NASCEU O DIABO EM SÃO PAULO, matéria totalmente inventada que deu origem a uma lenda urbana no ABC Paulista: o "bebê-diabo". Ele, na ocasião, só desapareceu dos jornais e do imaginário popular após a intervenção de Zé do Caixão, outro personagem que continua com uma fama razoável, ao usar seus rituais de ocultismo.

Os estudantes também esclareceram os segredos administrativos do jornal, desde sua consulta em bancas de jornal até os desentendimentos com o chefe Otávio Frias de Oliveira Filho, do grupo Folha, que minou, pouco a pouco, a capacidade de ir contra o "politicamente correto" dos jornalistas. São analisadas, nas páginas do trabalho, desde a liderança do romeno Jean Mellé, que iniciou o Notícias Populares associado com o político Herbert Levy para fazer uma campanha anti-comunista e completamente de direita (inclusive a favor de Carlos Lacerda) em 1963, até o editor-chefe intelectual Ebrahim Ali Ramadan nos anos 1970 e 1980, que acumulava os trabalhos de professor universitário (na Cásper, inclusive) e poeta juntamente com as notícias fantasiosas e brutais que levava ao público, dando ao periódico o apelido de "espreme que sai sangue".


Não só esses personagens estão presentes na pesquisa deles, como outros notáveis - só para citar: Roberto Carlos, João Gordo, Gugu Liberato e Sônia Abrão são algumas das personalidades e jornalistas que se promoveram às custas de notícias "popularescas".

O livro encerra com o fim melancólico do jornal: sua substituição pelo Agora São Paulo, que era a antiga e falida Folha da Tarde, além das inúmeras censuras e trocas de editores entre os anos 1990 e 2001. Casos como o da "Escola Base", com acusações de abuso sexual de menores sem provas, além das tentativas de lacrar o jornal pelo conteúdo de sexo na capa, tornam a história relatada muito mais densa do que as piadas que existiram. É um jornal que tentou uma alternativa, primeiro sendo completamente conservador e moralista (sim, mesmo colocando na capa desgraças e machetes totalmente sensacionalistas, muitas delas com erros de português do romeno Mellé, no começo), e, depois, tornando-se, de fato, uma imprensa que caminhava no extremo oposto aos manuais de redação e à ética jornalística.

Entre tantos paradoxos, esse livro sobre o Notícias Populares, feito por colegas de muitos do Bola, tornou-se referência para qualquer um que pretende entender, com mais profundidade, o difícil trabalho de ser um jornal sensacionalista, visivelmente preocupado com as classes mais baixas da sociedade brasileira.

Ebrahim Ramandan, o editor-chefe de maior carreira no NP - entre 1972 e 1988.


O título desta resenha foi baseada na campanha de estágios que Ebrahim Ramadan fez em 1988, antes de sair do NP. Dentre outras frases de efeito famosas, uma delas era "Você sabia que antes de ser líder da União Soviética Lênin trabalhou em um jornal popular?". Dessa forma, mesmo falando de alguns assuntos tão triviais, existia uma certa "cultura" nesse tipo específico de imprensa.

6 comentários:

Aldrin Iglesias disse...

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Unknown disse...

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