Rodrigo Russo estava cursando o 2º ano de jornalismo da Cásper Líbero quando teve uma oportunidade, em um acordo de intercâmbio com bolsa pela North Carolina (NC) State University, de viajar aos Estados Unidos para cobrir as eleições presidenciais norte-americanas. Após publicar matérias para o Site de Jornalismo da Cásper (ver Diário de um Casperiano na América), Rodrigo cedeu uma entrevista com exclusividade semana passada.
Por Pedro Zambarda
Bola da Foca: Rodrigo, quanto tempo você ficou nos Estados Unidos? Entre quais dias de outubro? Ficou em qual cidade da Carolina do Norte?
Rodrigo: Fiquei em Raleigh, entre os dias 26 de outubro e 8 de novembro. No dia 5 de novembro, fiz uma viagem até a capital, Washington D.C.
Bola da Foca: Como foi a recepção que deram a você lá? Não houve discriminação contigo, pelo fato de você ser latino-americano ou brasileiro?
Rodrigo: Cara, a NC State University foi bem bacana comigo, pois eles têm experiência com imigrantes e gostam de recebê-los. Ao contrário do que muita gente pensa, eles conhecem muito sobre o Brasil, pois sabem sim qual é a capital e alguns de nossos problemas. Talvez tenham uma noção errada quanto ao meio ambiente brasileiro, afirmando que nosso país é "verde". No entanto, eu era realmente reconhecido como brasileiro, e eles me perguntavam coisas. Essas boas condições, em parte, foram possíveis porque nós, naquela situação, éramos escolhidos pelo governo norte-americano para intercâmbio. Então, eles não nos trataram mal.
Rodrigo: Infra-estrutura é excelente, principalmente para o professor. Ele coordena o conteúdo, com uma biblioteca ampla e vasta, além de um computador com internet, o que não há nas salas de aula brasileiras. Também existem laboratórios com mesas redondas para os computadores, o que não causa desconforto por não estarem tão próximos uns dos outros. As lanchonetes tem uma ótima variedade. Você retorna ao Brasil questionando o ensino aqui, e isso inclui a própria Cásper. A NC está entre as 100 melhores universidades das 4.000 existentes nos Estados Unidos. Conheci uma brasileira lá que faz economia ambiental, curso que está entre os 5 melhores do país. Eles também são bons em pólos industriais, fortes principalmente no setor téxtil, além da indústria nuclear e a biotecnologia. Os 1ºs e 2ºs anos são mais fracos, pois chamam-se freshman e fazem parte do ensino undergraduate, antes da especialização nos últimos dois anos. Lá, também, as pessoas se envolvem em debates e perguntas que o próprio professor proporcionava.
Bola da Foca: O que você achou do sistema eleitoral norte-americano?
Rodrigo: O sistema tem cerca de 227 anos. Não tem muito o que contestar nele, porque eu acho que é legítimo. Nem acho que nossa urna eletrônica brasileira seja mais eficiente, pois não há recontagem aqui e provavelmente deve haver fraudes. Muito me espanta que numa campanha como a do Gabeira [no Rio de Janeiro], que perdeu por pouquíssimos votos, não tenha existido uma recontagem da votação. Lá eles sabem as propostas do candidato e tem uma câmara que os representa. Os cabos eleitorais são voluntários, enquanto aqui eles são pagos e fazem o trabalho com má vontade. Parece que houve também o anúncio de reformas políticas lá, com o rearranjamento dos distritos e de seus delegados e representantes, dando uma maior coerência com a população atual dos Estados Unidos, que cresceu muito.
Bola da Foca: Rodrigo, você foi nos comícios de Barack Obama e Sarah Palin [29 de outubro e 1º de novembro, respectivamente]. Vendo o que você viu, qual é o resumo que você pode dar dessas eleições? O Partido Democrata foi vencedor ou é mérito apenas de Obama? E a estratégia dos republicanos?
Rodrigo: A política é clara para a grande maioria: ou se é republicano, ou democrata. Os votos do centro são os que decidem. Não adianta você pensar nos norte-americanos como extremamente liberais ou conservadores, pois a vitória de Obama tem que ser analisada em cada colégio eleitoral, o que realmente constatou uma maioria esmagadora em determinados casos. No entanto, não tem sentido esperar democratas no Texas, ou mesmo republicanos no estado da Califórnia. Para mim, Barack Obama teve mérito exclusivo na vitória. Teve seu carisma, que foi fundamental, além de uma excelente campanha liderada pelo estrategista Daniel Axelrod. No entanto, sua equipe de governo, como está se revelando agora, não é muito diferente das administrações passadas, de George W. Bush e Bill Clinton. Obama também teve uma participação ativa na internet, não delegando tudo aos seus ghostwriters [colaboradores que não assinam os discursos e textos que fazem]. Por outro lado, esse ano foi péssimo para ser um republicano, diante do desempenho do candidato democrata. Qualquer candidato desse outro partido seria atrelado ao péssimo governo Bush. Sarah Palin, ao contrário do que dizem, pra mim foi uma boa alternativa deles, pois era uma desconhecida governadora do Alasca, alavancando 6% nos primeiros dias em que se tornou candidata a vice, chegando a causar empate. Infelizmente para os republicanos, por declarações inoportunas dela, o jogo voltou ao quadro anterior.
Rodrigo apoiou a candidatura de Barack Obama.
Fotos do logotipo da NC State University e de suas instalações.
Um comentário:
"Bola da Foca: Rodrigo, quanto tempo você ficou nos Estados Unidos? Entre quais dias de outubro? Ficou em qual cidade da Carolina do Norte?"
BOSTA DA FOCA!
Como pode um estudante do segundo ano de jornalismo começar uma entrevista assim?
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