segunda-feira, 29 de março de 2010

Falece Armando Nogueira, ícone do jornalismo brasileiro

Aos 83 anos, acreano de Xapuri, Armando Nogueira faleceu nesta manhã de segunda devido a complicações de câncer. Criador da Central Globo de Jornalismo (CGJ), junto com Alice Maria e Walter Clark, Nogueira formou o telejornalismo da maior emissora do país, com programas como Globo Repórter e Jornal Nacional. Na mídia impressa, antes de seu trabalho com TV, participou da revista O Cruzeiro, do conglomerado de Assis Chateubriand, e fez crônicas esportivas que influenciaram jornalistas de muitas gerações.

Na atual geração das pessoas que se informam pelo twitter, os primeiros a cederem essa informação foi o artista Luciano Huck (@huckluciano) e o produtor Boninho (@boninho), ambos da Rede Globo. O falecimento desse ícone foi noticiado há cerca de 1 hora e deve ser desdobrado ao longo do dia, nos noticiários da Rede Globo e em diversos outros veículos de comunicação.

domingo, 28 de março de 2010

A rotina de ver Dream Theater no Brasil


Ver Dream Theater pela terceira vez na vida torna esse acontecimento uma rotina, mas não retira a magia e a novidade dele. Eu esperava de Mike Portnoy, James LaBrie, John Petrucci, John Myung e Jordan Rudess a mesma qualidade de performances que assisto desde 2005, executando com fidelidade músicas que definiram minha adolescência e começo da fase adulta. Mesmo com um palco simples, com panos que simulavam nuvens, que os fãs acharam pobres em relação às formigas e ao farol do show de 2008, a energia tomou conta de todos em 19 de março, quando A Nightmare To Remember começou a ser executada, às 22h30.

Com tranças nas primeiras músicas, o baterista Mike Portnoy tocava com entusiasmo e força, falando constantemente com o público. Seu vocal está em plena forma, assim como suas viradas e técnica melhorada ao longo dos anos. Me decepcionei apenas pelo fim de The Prophets of War, música cantada em coro por todos com sua letra mostrada no telão, terminar com uma gravação da letra, e não com voz do batera.

John Petrucci fez um solo que abusou de bends e uma guitarra limpa logo após de A Rite of Passage. Para as pessoas que normalmente acusam o guitarrista de não possuir técnica, de "fritar" ou tocar rápido demais, seu instrumental cativou todos os presentes. O último álbum, Black Cloud & Silver Linings, mostrou sua capacidade com cordas. Ao vivo, na turnê desse trabalho, não provou ser diferente.

Jordan Rudess mostrou a diversidade de efeitos e técnica em seu teclado na improvisação após o Medley Pull Me Under/Metropolis. Nesse momento do show, próximo do final e da épica (e longa) música The Count of Tuscany, Rudess abusou dos efeitos com uma bateria extremamente rápida de Portnoy, puxando toda a banda para tocar rápido seus instrumentos. O show de guitarra, baixo, bateria e teclado não soou pretensioso, mas intenso.

Diferente desses músicos, que mantiveram sua qualidade e trouxeram novidades, James LaBrie me decepcionou um pouco. Nos últimos shows e desde o CD Octavarium, seu vocal parecia apelar menos para falsete e notas altas, ganhando uma substância na voz. Na apresentação do dia 19, sua voz sumiu em músicas calmas como Hollow Years. Seu trabalho como cantor é sempre tema de polêmica para fãs.

Por fim, John Myung estava sonoramente apagado em Black Cloud & Silver Linings, tocando músicas que não valorizam o contrabaixo. No show, além de continuar pouco notável, o baixista estava imóvel como sempre, sem chamar muito a atenção do público. Seu trabalho como músico é notável, mas ele poderia criar material que evidenciasse o baixo.

Mesmo que muitas coisas desagradem muitas pessoas, é um privilégio ver isso três vezes, de três maneiras diferentes. Pude testemunhar o crescimento da maior banda de heavy metal progressivo nestes cinco anos, e espero pelo quarto, quinto e sexto show. Vou o máximo de apresentações que puder. Este testemunho é a minha forma de demonstrar sinceridade com essa banda, e, ao mesmo tempo, estimular os fãs de rock, metal e todo o gênero musical a curtir, com carinho, seus músicos favoritos.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Festa do Eu Sozinho

Localizado na Cachoeirinha (zona norte de SP), o Centro Cultural da Juventude (CCJ) Ruth Cardoso comemora quatro anos de sua fundação no próximo sábado (dia 27). No entanto, o espaço ainda é pouco movimentado, e a data corre o risco de passar em branco.

Para tentar atrair mais público, a biblioteca inaugurou, no último sábado (dia 20), uma HQteca – biblioteca exclusiva para histórias em quadrinhos. "Percebi que quadrinhos é o que mais sai da estante, então o investimento maior tem sido nisso, por isso que veio a decisão de inaugurar uma HQteca", afirma Dolores Biruel, coordenadora da biblioteca.

Alguns eventos isolados conseguem trazer mais visitantes ao CCJ. O projeto "Diálogos", que traz um profissional renomado para contar sobre sua carreira, também é realizado na biblioteca. Um dos recordes de público foi durante a vinda do ex-jogador de futebol Raí. "A do Raí encheu bastante e foi impressionante porque foi no meio da semana", ressalta Biruel.

Um projeto que busca atrair os moradores é o "A hora e a Vez do Vestibular", uma série de palestras sobre as obras literárias exigidas pelos principais vestibulares do País. Dolores Biruel fica emocionada ao comentar o sucesso dos encontros: "A ideia era incentivar a leitura. Só que eu via necessidade de ter um professor que utilizasse a linguagem do vestibular. Deu certo, e o resultado que eu tive foi o das pessoas virem até aqui e falar: 'Passei no vestibular, entrei'".

Outros eventos não têm a mesma sorte. As sessões de cinema, que aconteciam às quartas e quintas-feiras no anfiteatro do CCJ, foram canceladas no final de 2009, por falta de público. A promessa é retornar com o "cinema". "Havia sessões com cinco, oito pessoas. Queremos continuar, desde que não sejam no anfiteatro, que é um espaço privilegiado do centro cultural. Não temos prazo, mas a ideia é voltar", afirma Marília Jahnel, assistente de redes sociais.

Jahnel também adianta os preparativos para a Virada Cultural 2010, que reúne os centros culturais espalhados pela capital paulista. Em 2008 e 2009, o cineasta Zé do Caixão participou do Cinetério, que exibiu filmes de terror de madrugada em frente ao Cemitério de Vila Nova Cachoeirinha (assista ao vídeo abaixo). O CCJ, desta vez, terá uma participação mais tímida. "O Cinetério vai continuar, mas não na Virada. Decidimos que, para a Virada, teremos RPG (Role Playing Game)", antecipa.

Para comemorar o aniversário de quatro anos, O CCJ Ruth Cardoso será transformado em picadeiro, com atrações circenses no último fim de semana de março – o dia 27 também é o Dia do Circo. Já a Virada Cultural 2010 acontece dias 15 e 16 de maio.

sábado, 20 de março de 2010

Bola que não noticia, mas que reflete

Não, este não é um texto sobre a peça Hamlet encenada pelo ator Wagner Moura. Nem pretende ser resenha. É apenas outro texto sobre este próprio blog.

Todos tem ocupações, muitos começaram suas carreiras por aqui. Prêmios nasceram do Bola da Foca. Conquistas fazem parte do percurso, mesmo que sejam as pequenas. Mas os erros permanecem aparentes, não importa o quanto.

Hoje os editores do Bola tem trabalhos profissionais. Os criadores do Blog estão guiando trabalhos de conclusão de curso em sua graduação em comunicação na Cásper Líbero. Fizemos notícias, reflexões, análises e vários trabalhos interessantes por aqui. Foram mais de 700 matérias, 50 mil pageviews contabilizados (desconsiderando o primeiro ano, que deve duplicar o valor). São apenas números, mas também valores que consideram o esforço comunitário de todos aqui.

Se não podemos noticiar, tentamos refletir sobre o cotidiano, tanto do jornalismo quanto o de nós próprios. E este blog acaba sendo não apenas um espaço de exposição de trabalho, mas de colaboração genuína, sem cobrança, sem exigência. Apesar da organização, tudo é feito de boa vontade. Caso não seja possível noticiar, refletimos juntos.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Aos novos alunos:

E também aos antigos, por que não? Para quem não me conhece, sou Ana Carolina, aluna do 1º JoC da Cásper Líbero. Desde a semana passada, quando pôsteres do Bola da Foca foram colocados nas paredes das salas de aula, notei que muitos alunos falavam sobre isso, mas todos sem muita informação: o que é? Como participar? Sobre o que escrever?

Por isso resolvi vir aqui, esclarecer algumas dúvidas dos bixos e convidá-los a participar do projeto.
  • Aos que tem interesse em participar: basta entrar em contato com um de nosso editores pelo email boladafoca@gmail.com. Apresente-se, fale como gostaria de participar do blog, qual a sua disponibilidade de tempo. Quando eu comecei a escrever aqui, há mais de 1 ano, ainda nem era aluna da Cásper.

  • Todo mundo pode escrever sobre tudo: notícias, resenhas, contos, crônicas, entrevistas, reportagens, vídeos. O espaço é aberto e é de vocês. Dúvidas? Mandem para nós.
Por isso que digo: participem, envolvam-se! É ótimo ter um lugar onde publicar nossos textos, público para ler e funciona até mesmo como laboratório para nós, bixos, treinarmos o jornalismo que aprendemos nas aulas.

Espero ter ajudado e motivado, para que nossa equipe cresça e continuemos descobrindo trabalhos e talentos tão bons.

terça-feira, 16 de março de 2010

Musicistas Especial: Heavy Metal

O programa de música Musicistas apresenta um novo Bola da Foca podCast com o tema heavy metal. Para debater sobre o assunto, Hugo Rosso, Caio "Metal" Rufflez e Gabriel Subtil se juntam a Pedro Zambarda, falando suas experiências com rock pesado, como suas bandas favoritas e histórias particulares.

Nosso papo passa das origens do metal para bandas que cada um dos podcasters tiveram, até, por fim, chegar em seus grupos musicais favoritos. Se você gosta de Dream Theater, Black Sabbath, Metallica, Iron Maiden, Epica, Andromeda, Deep Purple e até Nightwish, este é o seu podcast.

Além deste programa dinâmico, que funciona como uma conversa, estamos estreando uma seção de e-mails para futuros podcasts do Bola. Então, se você tem alguma dúvida/comentário/elogio/xingamento de nossas gravações, não hesite em mandar e-mail para boladafoca@gmail.com

PS: Este podcast foi gravado anteriormente ao show do Metallica, dia 30 de janeiro. O motivo do atraso foram as extensas horas de gravação e as atuais ocupações do editor deste cast.

PS²: Há uma edição especial para as peripécias do caster Gabriel Subtil, e suas desventuras durante gravações.

PS³: Peripécias de Subtil segundo o próprio, nas fotos: http://twitpic.com/yzrf6 e http://twitpic.com/yzp3b

Boa audição!

domingo, 14 de março de 2010

Dave Gilmour e sua influência na guitarra

Aproveitando os 64 anos de David Gilmour completados no último dia 6, postamos aqui alguns vídeos que mostram sua habilidade como guitarrista e como, ao lado do Pink Floyd e em trabalhos, ele popularizou o uso da guitarra Stratocaster, da Fender.



Neste trecho do DVD Live in Pompeii, Gilmour mostra suas habilidades tanto tocando guitarra base e com som limpo, quanto usando distorções para solos. O ritmo inicial é ordenado e com abafamento. Essa variedade tornou-se clássica em seu rock progressivo.





Os solos acima, de Comfortably Numb e Time, refletem o lado sentimental da guitarra de Gilmour. Despreocupada com velocidade, ela dispara notas que despertam o ouvinte e evocam a beleza de seu instrumento. Os trechos foram executados em shows recentes, nos últimos cinco anos, mas mantém a magia de quando foram criados.

Falecimento de Glauco Vilas Boas e repercussão

Quatro tiros dados em cada uma das duas pessoas em Osasco fragilizaram uma família e acabaram com a carreira de um cartunista famoso. Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni foram brutalmente assassinados por sequestradores às 0h do dia 12 de março. Na manhã seguinte, o sistema de microblogs Twitter divulgou amplamente a notícia, que foi foco de telejornais como Jornal Hoje, da Globo. No dia seguinte, a Folha de S.Paulo, periódico no qual Glauco publicou muitas de suas charges, incluindo personagens como Geraldão, Geraldinho e Dona Marta, prestou uma homenagem com um especial de seis páginas com a história do desenhista.

Sua carreira foi marcada tanto pela transgressão nos anos 1970 e 80 ao lado de nomes como Angeli e Laerte, que rendeu uma edição especial do quadrinho Chiclete com Banana com a expressão "Los tres amigos". O título faz referência a amizade entre os cartunistas, que floresceu no período da ditadura militar no Brasil. O papel que a arte de Glauco tinha não era apenas de entreter, mas criticar sobriamente nosso país, mesmo através de personagens bizarros e caricatos que marcaram a cultura nacional.

Segundo o texto do jornalista Matias Suzuki Jr, no especial da Folha de S.Paulo, além da ligação de Glauco com o seguidores do Santo Daime, era notória sua anarquia dentro dos jornais, chegando em cima do horário do fechamento e refletindo muitos fatos de seu próprio cotidiano em desenhos simples e extremamente caricatos, em histórias absurdas. Glauco estreou na Folha Ilustrada em 1983. Quase trinta anos totalmente dedicados ao humor na imprensa brasileira.

sábado, 13 de março de 2010

64 anos da voz melódica do Floyd


David Jon Gilmour fez aniversário no último dia 6 deste mês. Conhecido pelos solos inspirados de Comfortably Numb e até Another Brick in The Wall Pt.2, Gilmour foi tido, tanto pelos companheiros de banda quanto outros músicos, como o lado mais musical do Pink Floyd, um dos maiores expoentes da música psicodélica e progressiva. Enquanto Rick Wright, falecido em 2008, criava harmonias ricas no teclado, ele e Roger Waters dividiam o recheio das músicas.

Gilmour também foi piloto de aviões por sua empresa, a Interprid, vendida em 2007, e produziu inúmeros grandes nomes da música internacional. Kate Bush, famosa pela música cantada em falsete Wuthering Heights, foi um dos talentos ajudados pela produção em estúdio de David Gilmour, assim como os setentista Supertramp, e as carreiras solos dos beatles Paul McCartney e Ringo Starr.

64 anos não apenas de brilho com o Pink Floyd ou sozinho, com sua guitarra Fender Stratocaster preta, mas sim ao lado dos maiores nomes artísticos do fim do século XX.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Um Mississipi

Tratando de um assunto polêmico como a adoção de adolescentes, o filme The Blind Side é delicado, assustador, e real


Baseado na história real de Michael Oher, atual jogador do Baltimore Ravens, o filme Um Sonho Possível (The Blind Side, 2009) traz um elenco brilhante, com Kathy Bates, Tim McGraw, Quinton Aaron, e Sandra Bullock - que levou o Oscar de Melhor Atriz no último domingo (07/03).

O jovem Big Mike, como é apelidado, tem quase 18 anos e vive na rua há tantos outros. Com o pai desaparecido desde seu nascimento e uma mãe viciada em crack, Michael não teve muita escolaridade, e dorme de favor na casa de um conhecido.

Apesar de seu background – e de seu tamanho -, ele tem um coração bom, puro e inocente. Em visita a uma escola católica de um condado branco e burguês dos Estados Unidos, Mike consegue uma vaga como promessa de sucesso no futebol americano. Sua posição seria como left tacle, protegendo o lado cego (em inglês, blind side) do quarterback, o jogador principal.

Não podendo mais ficar na casa onde antes dormia, Michael passa as noites na academia do colégio, e tem consigo – além da roupa no corpo - apenas uma sacola com uma camiseta extra. Com dificuldade para acompanhar a classe, Mike chama a atenção dos professores, que passam pelo dilema de empenhar-se para ajudar, ou não.

Saindo de um jogo da escola, a família Tuohy, dona de 85 lojas de redes de fast food, vê o garoto na rua e resolve levá-lo para casa. Conforme se conhecem, vão criando laços, e passam a mudar as vidas uns dos outros. Adotado legalmente, com investimentos em seus estudos, moradia, alimento, e treinos de futebol, Michael consegue bolsas de estudo em praticamente todas as faculdades do país.

O verdadeiro Michael Oher

Com vários socos no estômago, o filme de John Lee Hancock assusta pelo passado de Mike nos subúrbios, e todo o esforço que fez para chegar onde está. O exemplo da família Tuohy inspira, mostrando que – como no futebol americano - nós podemos fazer a diferença na vida dos outros, protegendo-os e dando abertura para que eles obtenham sucesso. Para isso, basta tomar iniciativa.

Um Mississipi.

sábado, 6 de março de 2010

Deathstars: conheça a banda de rock industrial que virá ao Brasil


Depois de trazer Primal Fear, Grave Digger, Moonspell e Tiamat, a casa paulistana Carioca Club anuncia show da banda sueca de industrial rock Deathstars. Nesta única apresentação no Brasil, o grupo promoverá o mais novo álbum Night Electric Night, lançado em janeiro do ano passado, quando completaram 8 anos de carreira.

Produzido em Estocolmo, o CD demonstra bem as diferenças de uma banda que em 1993 tocava death metal, identificando-se como Swordmaster. De lá para cá, a formação manteve-se intacta senão pela saída do guitarrista Erik Halvorsen (aka Beast X Electric). Sendo assim, Deathstars são o vocalista Andreas Bergh (aka Whiplasher Bernadotte), os guitarristas Emil Nödtveidt (aka Nightmare Industries) e Eric Bäckman (aka Cat Casino), o baixista e vocal de apoio Jonas Kangur (aka Skinny Disco) e o baterista Ole Öhman (aka Bone W. Machine).

A banda possui em sua discografia os álbuns de estúdio Synthetic Generation (2002), Termination Bliss (2006) e Night Electric Night (2009). Logo no primeiro trabalho, Deathstars definiu como hit a música Our God The Drugs, em que a voz arranhada e aguda (próxima da proposta de Dani Filth, de Cradle of Filth, banda com qual fizeram tour em 2005) se mistura a um vocal grave parecido com o de Till Lindemann (Rammstein) e ainda põe em conflito temáticas trazidas do metal com a ideologia cyberpunk presente na música industrial:

What do angels dream, do angels sleep, do demons dream of darkness deep?[…] It's our God the Drugs; It's a new world code of bliss dressed in skin.

Daí em diante, os outros dois álbuns não demonstraram o mesmo estilo de guitarra que em Synthetic Generation. Em Night Electric Night, que estava em preparação desde 2007, alguns fãs consideram que se perdeu o peso original que a Deathstars inseria em suas composições no início da carreira. A faixa que dá título ao cd muito se assemelha às músicas do grupo inglês Cradle of Filth, especificamente com a melodia de Her ghost in the fog.

No entanto, Death dies hard, que ganhou videoclipe, possui um refrão cativante por reforçar a base repetida ao longo da música. Repetindo o pessimismo na letra, esta faixa torna-se mais interessante justamente pelo vídeo, preenchido por uma estética típica da cena industrial, seja pelo cenário de uma metrópole preenchida de publicidade luminosa e prédios grandes ou pela estética dos artistas.

O figurino adotado pelos integrantes da Deathstars é típica e vastamente explorado por bandas relacionadas, como a italiana Dope Stars Inc – que até poderia ser considerada a irmã mais nova e mais pop – e Marilyn Manson, o antichrist superstar. O cap, a maquiagem, as lentes e até mesmo a farda demonstrados no clipe já são elementos explorados pelo astro grotesco em clipes como Fight Song e em alguns photoshoots dos anos 1990. Obviamente, esta combinação não é original do artista que regravou sucessos como Sweet Dreams e Tainted Love, sendo que a eslovena Laibach já adotava o estilo em 1980. As roupas e acessórios militares e fetichistas fazem parte da estética da música industrial, gênero de música eletrônica surgido nos anos 1970.

Outro aspecto visível pelo clipe de Death dies hard é o glamour evocado pelas mulheres. Esse costume vem desde o – literalmente – Glam e Hard Rock, gêneros que também abusavam das calças de couro justas, de maquiagens extravagantes e de vozes escandalosas. Afinal, os cabelos e cores vinham do Twisted Sister, a androginia de Axl Rose e de David Bowie, sendo estes dois últimos considerados galãs de uma era. Trazer as figuras femininas para a ostentação do homem recomposto é uma proposta bastante comum ao Manson que, apesar da polêmica aparência, já namorou a dançarina Dita Von Teese e as atrizes Evan Rachel Wood e Stoya.

Afinal de contas, apesar de levantar sobrancelhas e contorcer os lábios de alguns espectadores e ouvintes, bandas como Deathstars acabam por seguir a filosofia de Patricia Morrison, ex-baixista da banda Sisters of Mercy, atualmente casada com Dave Vanian, do The Damned: “Acho que tenho um gosto bastante eclético. Gosto muito da música dos anos 60, da psicodelia. […] O glamour. Isto é o que eu sempre gostei mais. A cena gótica se divide em várias vertentes, algumas parecem mais grotescas, outras mais pesadas, mas eu gosto do glamour” (do The Tiki Nightmare DVD).

Data: 30/05/2010

Local: Carioca Club

Preço: a partir de 30 reais (pista, meia entrada)

Onde comprar: Lady Snake e Ticket Brasil


Você-mídia

Em abril de 2008 eu criei um microblog para escrever mensagens de celular. Em formato de celular, em pílula, em resumo. Naquela ocasião, criei apenas porque outros criaram. Vi piadas alheias, não as frases de humor apenas, mas piadas de pássaros, que são as mensagens resumidas em microblog. Interagindo com aquelas mini-mensagens, criei o eu-mídia em piados. O eu-mídia que se alimenta de pílulas e oferece pílulas.

Nesses pedaços minúsculos de informação, eu posso me enxergar como provedor e alimentador desse meio. Quando crio algo maior, me dissolvo na minha própria criação, dentro ou fora de internet, em qualquer suporte, em qualquer parte. Na verdade, posso tornar minha pessoa uma mídia em toda a situação, mas optei pelas informações pequenas.

E é isso o twitter: atualmente, é minha presença comunicativa, pelo menos em suporte. É o formato que eu me adaptei para transmitir o que posso pessoalmente. A questão que resta é se a minha pessoa como mídia vai migrar. Vai? E por qual motivo? Sempre existe um espaço de manifestação mais pessoal.

No entanto, mesmo com todas essas implicações, escrever menos não é escrever mais. Escrever é escrever, seja qual for o tamanho. No fim, restam as significações, os significados, as significâncias.

sexta-feira, 5 de março de 2010

"El Secreto de Sus Ojos": orgulho da identidade argentina no cinema


O homem muda de casa, de família, de religião, de trabalho e de tantas outras coisas; mas há algo que nunca troca: sua paixão. É isso que El Secreto de Sus Ojos deixa claro. O filme produzido por Juan José Campanella é a promessa argentina para o Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano. Essa é a segunda chance do portenho levar a estatueta para casa. Em 2001, sua produção El Hijo de La Novia foi indicada ao prêmio da academia, mas perdeu para No Man's Land, de múltipla nacionalidade.

El Secreto de Sus Ojos narra a história de Benjamin Esposio (Ricardo Darín), um oficial recém-aposentado que, para ocupar seu tempo vago, resolve escrever um livro contando o caso que mais marcou sua carreira. Um assassinato cheio de mistérios que afetou intensamente sua vida. Um crime, poucas verdades e fortes amores.

O longa, que tem co-produção espanhola, traz uma essência absolutamente argentina. Além da história principal, que se passa em plena ditadura militar, o enredo apresenta pequenos detalhes que, uma vez bem analisados, podem servir de método de compreensão para muito do que aconteceu na Argentina dos anos 70, como a mal-vista imigração boliviana e a corrupção da justiça. É claro que isso tudo sem deixar de lado fatores do cotidiano, como o movimentado metrô portenho e a eterna paixão argentina pelo futebol - representado pelo Racing Club de Avellaneda.

Talvez seja esse o motivo da imensa identificação do povo com o filme. Recentemente, a obra voltou a ser reproduzida nos mais tradicionais cinemas de Buenos Aires e ao entrar em uma das várias lojas da imensa e cultural avenida Corrientes, nos deparamos com grandes e chamativos cartazes indicando em qual prateleira estão os muitos DVD's do mais recente sucesso.

Depois do revolucionário Nueve Reinas (2000) - que apresentou uma Argentina sem máscaras -, a população passou a valorizar mais seu próprio cinema. Afinal, por mais problemas que sofra nosso país vizinho, uma coisa ninguém pode contestar: a paixão de um argentino por sua pátria, ainda que cheia de problemas e corrupção. E como en El Secreto de Sus Ojos, um homem nunca abandona sua paixão.

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