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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Projeto ensina economia doméstica para crianças

Por Valéria Dias, via Agência USP de Notícias
Creative Commons

Um ditado muito popular diz que dinheiro na mão é vendaval. Mas se depender da professora de matemática Lizlane Aparecida Trevelin, esse ditado não será válido para seus alunos. Tudo isso graças à pesquisa Economia doméstica: uma aplicação prática para alunos concluintes do ensino fundamental que ela apresentou no último dia 9 de dezembro ao Mestrado Profissional em Matemática (PROFMAT), do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, sob a orientação do professor Luiz Augusto da Costa Ladeira.


A dissertação teve o objetivo de verificar a aprendizagem da matemática por meio do ensino da economia doméstica para as crianças: elas deveriam aprender a lidar com dinheiro, aprender a fazer orçamento familiar e a controlar os gastos, e adquirir noções de consumo consciente. O projeto foi aplicado em uma escola pública de ensino fundamental da cidade de São Carlos onde Lizlane atua como docente. Participaram do projeto 108 alunos, sendo 3 turmas com 36 alunos cada, do 9° ano do ensino fundamental.

“O projeto foi um sucesso não apenas entre os alunos, mas também em algumas famílias que decidiram abraçar a iniciativa”, conta a pesquisadora. Além disso, os próprios alunos tiveram a iniciativa de criar o grupo Embaixadores da Saúde Financeira: por meio de cartazes e de outros recursos, eles transmitiram o conteúdo aprendido para os outros estudantes da escola.

A ideia de desenvolver o projeto surgiu quando a pesquisadora leu uma matéria jornalística na internet que apontava que o número de famílias endividadas havia passado de 58,3% para 62,5% entre 2012 e 2013, segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor. “Percebi que havia a necessidade de a escola trabalhar com seus alunos essa questão de uso do dinheiro e controle de gastos”, explica. Como Lizlane estava cursando o mestrado profissional, decidiu realizar o projeto de economia doméstica com seus alunos. A experiência durou cerca de um ano.

Para realizar o projeto, a pesquisadora utilizou como fonte materiais na internet que abordassem o tema economia doméstica; planilhas do Excel; textos sobre o assunto; além da ferramenta educacional WebQuest.

No WebQuest, ela criou uma página com o sugestivo nome de “Para onde vai meu rico dinheirinho” onde disponibilizou várias atividades. A professora ainda compartilhou com os alunos uma cartilha do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que ensina a calcular o Índice de Custo de Vida (IPC) das famílias.

Inicialmente os alunos precisaram assistir a um vídeo de um programa de televisão onde um economista apresentava várias dicas e estratégias sobre como lidar com dinheiro. Esse vídeo foi discutido em sala de aula com os alunos.

No vídeo, um consultor financeiro aponta para a necessidade de as pessoas terem sonhos e sempre separarem uma quantia mensal para realizá-los. Também é preciso ter sonhos de curto (1 ano), médio (1 a 5 anos) e longo prazo (acima de 5 anos). O vídeo também fala das diversas formas de pagamento (em dinheiro, débito, crédito e cheque) e dos problemas que envolvem as compras parceladas. Além de outros apontamentos sobre planejamento financeiro.

Depois de assistir ao vídeo, os alunos trabalharam com uma planilha onde era preciso preencher com os gastos ao longo de um mês, sempre com a orientação da professora Lizlane. Segundo a pesquisadora, alguns alunos tinham mesada, outros não. Por isso, em muitos casos, a planilha foi preenchida com os gastos da família e a atividade acabou por envolver todos da casa.

A anotação dos gastos foi feita durante um mês. Depois os alunos analisaram os gastos, as entradas e o saldo e, a partir dessa análise, apresentaram algumas conclusões, incluindo os gastos onde poderia haver economia.

Reflexão

Na etapa seguinte, os alunos precisaram estabelecer sonhos de médio, curto e longo prazo. Os alunos ainda tiveram que fazer uma reflexão sobre esses sonhos e de como poderiam realizá-los, e elaborar um plano de ação. “Isso fez com que os alunos percebessem a importância do planejamento e da organização para alcançar esses sonhos”, destaca a pesquisadora. No final, tiveram de realizar uma autoavaliação. Também foi feito um vídeo com alguns depoimentos dos estudantes onde eles contam o quanto foi importante aprender sobre planejamento financeiro e, principalmente, ter sonhos e lutar por eles.

A pesquisadora acredita que é possível reproduzir o trabalho em outras salas de aula. Entretanto, ela ressalta que o projeto elaborado por ela é apenas um ponto de partida e que talvez seja necessário fazer adaptações para as diferentes realidades encontradas nas escolas no que se refere aos alunos, aos próprios professores e também às próprias escolas. Parte do projeto está disponível no WebQuest neste link.

Professor Vladirmir Safatle explica a real crise da USP hoje

Por Pedro Zambarda



Há um risco real de haver mensalidades na USP? 

Sim, e isso é discutido já na universidade. Principalmente porque não há uma proposta do governo estadual de melhorar o nosso tipo de financiamento público. Mas a ideia é absurda para uma instituição pública como a USP. Os tais alunos que podem pagar essa mensalidade possuem uma renda familiar estimada em 7 mil reais. A mensalidade seria cerca de mil reais, chegando até 2 mil. Para uma família de dois filhos, com as atuais despesas com outros fins, ela seria obrigada a se endividar para educar os jovens.

Também estipularam uma taxa menor, simbólica, de 500 reais. Mas sabemos como isso funciona. Começa com 500, sobe para mil e chega até mais de 2 mil. Corre-se o risco de transformar a Universidade de São Paulo em uma PUC, onde os estudantes pagam cerca de 3 mil reais em alguns cursos.

Qual é a sua opinião sobre o congelamento salarial e a consequente greve na USP?

Não acredito que a greve acontece apenas por uma questão salarial, e sim por um esgotamento produzido pelas dificuldades da gestão da Universidade de São Paulo. Existem dois grandes modelos de gestão universitária. Um é o modelo norte-americano, com uma clara distinção entre o setor administrativo do acadêmico, com um presidente e um administrador com funções diferentes. E outro modelo é o europeu, com representantes eleitos pelo conselho universitário. Cada um dos dois possui sua racionalidade interna.

E a USP segue qual modelo?

Nem um e nem outro. O conselho universitário é completamente opaco e não tem nenhuma representatividade. Criou-se uma casta burocrática que se tornou autônoma em relação ao restante da USP, se perpetuando de uma administração para outra. Ela é a responsável pela crise na universidade. A história que eles apresentam é que a folha de pagamento é responsável pelo patamar de 105% do orçamento. Agora, há duas questões que precisam ser levantadas com esta hipótese. A USP Leste teve uma expansão de sua infraestrutura sem uma melhoria de sua educação orçamentária.

Era óbvio que iria explodir de alguma forma, desde o início do campus leste isso era levantado. A segunda questão é que a reitoria anterior, de João Grandino Rodas, foi incapaz de apresentar uma solução. A gestão também foi completamente irresponsável nos gastos, fragilizando as finanças da universidade. Isso tudo causou um déficit de cerca de um bilhão de reais, sem que ninguém assumisse a responsabilidade de fato pela situação. Pior defeito do homem, nesses casos, é transferência de responsabilidades. Isso é a regra para os nossos gestores.

Quais foram os gastos da gestão Rodas? Por que a USP, em crise hoje, ainda está fazendo reformas estruturais que podem ser vistas no campus Butantã?

A gestão anterior fez uma série de novos prédios e escritórios absurdos em Cingapura, em Londres e até na cidade de Boston. Prédios foram comprados no centro da cidade de São Paulo, fora do campus. Bolsas também foram dadas sem uma avaliação correta sobre o impacto e a necessidade delas.

Tivemos quatro anos de descalabro administrativo inacreditável, enquanto a universidade e os universitários insistiram que a instituição precisava de mais transparência e de mais democracia.

A sociedade civil foi completamente surda para essas demandas da USP, estigmatizando os protestos. É uma universidade que custa 5 bilhões de reais, recebe ICMS do estado e não é administrada de uma maneira minimamente transparente, sendo que ela é pública.

A entrevista completa foi publicada no Diário do Centro do Mundo, o DCM.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Pesquisa mostra que “fazer contas” e dar aulas resume mal trabalho de matemático

Da Agência USP de Notícias
Creative Commons

A quantidade de oportunidades que se abrem diante de quem se forma na área da matemática pode ser comparada ao tamanho do universo dos números: infinito. Mas na hora de prestar o vestibular, esse universo se oculta diante dos olhos de muitos estudantes que gostam de matemática. Em vez de enxergar essas oportunidades, eles só são capazes de ver os mitos que assombram quem pensa em seguir por esse caminho.



O mito de que todo matemático é professor de matemática

Nem todo matemático é, necessariamente, um professor de matemática. Seguir a carreira de professor é apenas uma opção entre muitas outras que existem à disposição de quem gosta de matemática. O coordenador do Bacharelado em Matemática do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, Leandro Aurichi, assegura que faltam matemáticos no mercado de trabalho: os bancos e as agências de consultoria financeira demandam muito mais profissionais do que as universidades conseguem formar.

Um matemático pode atuar em empresas de gestão, de logística e até de marketing. A busca pelo petróleo, por exemplo, se dá por meio de métodos matemáticos: ondas são enviadas para o subsolo e os ecos são analisados matematicamente. Dependendo das características desses ecos, são identificados os indícios da existência de petróleo naquele local.

Em uma fábrica de calçados, para aproveitar ao máximo os materiais, é preciso otimizar matematicamente a disposição das peças a serem cortadas. Esse é um desafio geométrico que demanda também o desenvolvimento de programas para realizar essa atividade automaticamente.

Quem se encanta com as soluções da matemática para problemas concretos da humanidade como esses pode seguir o caminho do Bacharelado em Matemática Aplicada e Computação Científica.

Mas a vocação para o ensino acomete muitos matemáticos. Entre esses, estão os que escolhem dar aulas para o ensino médio e fundamental e, para isso, cursam Licenciatura em Matemática . Há também quem deseja se tornar um pesquisador-professor universitário. Esse nicho de mercado costuma ser ocupado pelos Bacharéis em Matemática. Quando eles não se dirigem ao mercado de trabalho, optam pela carreira acadêmica e prosseguem os estudos com a pós-graduação (mestrado e doutorado).

O mito do matemático que morreu de fome

O medo de não conseguir garantir a própria sobrevivência no futuro é outro mito recorrente que está ligado ao anterior: “todo matemático é professor de matemática”. Por isso, cogita-se que tenha se fortalecido juntamente com a disseminação da “síndrome do professor mal remunerado”.

Segundo Aurichi, apesar de ter um bom salário, os matemáticos que seguem carreira acadêmica ganham menos do que aqueles que vão para o mercado, pois a disputa acirrada por profissionais torna os salários iniciais bastante atraentes. “Nossos alunos recém-formados têm ingressado no mercado de trabalho com salários que variam de R$ 3,5 a 4 mil e com ótimas perspectivas de crescimento profissional nas empresas”, completa completa o coordenador do Bacharelado em Matemática Aplicada e Computação Científica, Gustavo Buscaglia

O mito de que todo matemático sabe fazer contas

Entre os profissionais das ciências exatas, segundo o professor Aurichi, o matemático é o que menos sabe calcular: “A matemática que os alunos encontram na universidade é completamente diferente da matéria que eles aprenderam no ensino médio e fundamental. Aqui, nós não estamos interessados em fazer contas, mas em entender como as coisas funcionam e as relações entre essas coisas. É uma busca por uma compreensão mais qualitativa que quantitativa”.

Para um matemático, muitas vezes, é suficiente saber que a reposta para uma questão existe e é passível de ser calculada. Depois de descobrir isso, ele simplesmente não precisa fazer conta.

O mito de que matemática não combina com outras ciências

Cada vez mais as ciências exatas são reconhecidas como relevantes para o desenvolvimento de outras ciências. Da biologia à sociologia, é possível encontrar inúmeros exemplos de matemáticos que buscam desenvolver modelos para entender como as coisas funcionam nesses diferentes campos do saber. Quando chega a época das eleições, esse fenômeno fica ainda mais evidente com as inúmeras análises estatísticas que tentam prever o que acontecerá nos rumos políticos do país.

“Toda a ciência que tem algo a ver com a natureza e com o mundo real precisa da estatística”, diz Aurichi. O Bacharelado em Estatística é outra opção de curso oferecido pelo ICMC e quem se forma nessa área pode atuar em inúmeros setores, tendo em vista que o emprego das metodologias estatísticas tornou-se uma prática comum em bancos, seguradoras, na medicina, na biologia, na indústria de forma geral e no governo. Daí a conclusão de que a probabilidade de um estatístico ficar desempregado atualmente tende a zero.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Jovem cria “Geladeiroteca” para incentivar leitura com livros gratuitos

Por Ferraz Jr, do Serviço de Comunicação Social da Prefeitura USP do Campus de Ribeirão Preto
Via Agência USP de Notícias, Creative Commons

A população de Sertãozinho, cidade a 20 quilômetros de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), ganhou um estímulo inusitado para incentivar a leitura. O jovem Haroldo Luís Beraldo decidiu copiar uma ideia: a de customizar uma geladeira e fazer dela uma biblioteca. O resultado deu tão certo que ele montou a segunda “geladeiroteca” e estuda abrir mais três, em menos de um ano. Estudante do curso de Ciências da Informação, Documentação e Biblioteconomia, o CID, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, Beraldo se inspirou em ideias semelhantes que encontrou em Araraquara, São Paulo, e Blumenau, em Santa Catarina.

Segundo ele, a ideia de fazer a geladeiroteca surgiu da necessidade de apresentar algum projeto na “11ª Feira do Livro de Sertãozinho”, em outubro de 2013. Ele participa da Feira desde 2007 como membro da comissão organizadora e, desde 2012, com a Biblioteca Gen. Álvaro Tavares Carmo, mais conhecida como Biblioteca da Canaoeste, também em Sertãozinho, onde o projeto está ancorado. “Pesquisei a respeito de projetos que envolviam doação e repasse de livros e o que fiz foi apenas copiar uma ideia e adaptar à realidade da biblioteca e da Feira do Livro”, revela. Assim nasceu o projeto “Geladeiroteca: consuma aqui e alimente seu espírito”.

Ele inscreveu e teve o projeto aprovado em edital do Ministério da Cultura que possibilitava a uma série de municípios terem seus Pontos de Leitura. Com isso, foi contemplado com R$ 20 mil para custear a implantação do projeto. O professor de Beraldo na FFCLRP, José Eduardo Santarém Segundo, coordenador do Curso de Ciências da Informação e da Documentação e Biblioteconomia, elogia a iniciativa. “É uma satisfação ver que nossos egressos estão propondo projetos desta natureza, com uma linha empreendedora e criativa de estímulo a leitura.”

Geladeira e consumo de livros

A escolha da geladeira como local para montar uma biblioteca não foi ao acaso e ele se diverte com isso. “Como é um eletrodoméstico usado nas residências para armazenar itens que geralmente são consumidos diariamente, resolvi trabalhar, ou melhor, brincar com a noção de consumo, mas não de alimentos e sim de livros. Por isso escolhi a geladeira. Consumimos tanta coisa no nosso dia a dia e que tal seria ter uma geladeira onde se consome livros?”

O funcionamento do projeto é simples. Trata-se de uma carcaça de geladeira que é customizada para chamar a atenção de quem vê e é alimentada com livros recebidos por doação. As pessoas podem retirar, trocar e doar livros sem que haja a necessidade de um cadastro formal com qualquer biblioteca. “É uma forma simples de oferecer livros para a população de maneira desburocratizada, o oposto do que normalmente acontece em bibliotecas”, explica. Beraldo não sabe ao certo quantos livros já passaram pelo projeto. Ele calcula que na Feira do Livro de Sertãozinho do ano passado foram repassados aproximadamente 400 livros à população. Na Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto desse ano, mais de 3 mil.

A receptividade superou as expectativas iniciais de Beraldo. “As próprias pessoas que retiram livros se encarregam de devolver ou de doar outro no lugar. Isso acaba criando uma noção de pertencimento e também de colaboração que eu, particularmente, não esperava que fosse acontecer de uma forma tão natural e rápida”. Em Sertãozinho funcionam duas geladeirotecas instaladas em locais de grande fluxo de pessoas. Uma está no Centro Esportivo Mogiana, em parceria com a ABA, a Associação Amigos do Bairro Alvorada. A outra está no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC).

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Escola de SP utiliza Google Apps for Education

Por Pedro Zambarda

O Colégio Mater Dei, de São Paulo, utiliza a tecnologia Google Apps for Education, pacote de soluções voltado para escolas do mundo inteiro com produtos da marca. A solução é implantada desde 2013 e a instituição criou também um espaço para crianças de 12 anos aproveitarem dispositivos fixos e móveis com software do gigante de buscas. A ideia de toda a estrutura é instigar os alunos a pensarem com criatividade ao invés de aprender apenas com a memória.



Como seria estudar com o Google? Imagine pufes no chão, tablets, smartphones e smart TVs sendo utilizados nas aulas. Imagine ensinar utilizando a interatividade. O Colégio Mater Dei leva estudantes a visitarem o mundo com o Google Earth. Um dos professores, André Godoy, utiliza os sites do Google e o Google Glass para mover robôs com o toque dos dedos na aula de eletrônica. Instrutores de biologia estão utilizando o app Biodigital Human do Google Play para tornar a anatomia mais realista em 3D.


Todos esses recursos deixam os estudantes mais entusiasmados durante as aulas. E é bacana saber que iniciativas com alta tecnologia do Google existem de fato no Brasil, um país com alto déficit educacional.

Imagens de Milton Larsen Burgese, do setor de educação do Google Brasil.

Via Google Discovery

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Escolas: formará Cidadãos?

Por Maria Flaviana Carvalho , estudante do 4º semestre de Jornalismo na Fiam Faam/FMU



O novo projeto de lei coloca em questão o papel das escolas no Brasil. Será a solução ou exclusão?

A violência aumentou nos últimos anos dentro das escolas de todo país, segundo pesquisa feita da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). Só no estado de SP, 44% dos Professores da rede estadual sofreram algum tipo de agressão. A falta de segurança levaram educadores a criarem um novo projeto de lei com a intenção de diminuir as agressões verbais e física a professores da rede publica. Será acrescentado o artigo 53-A na  Lei 8.069 de julho de 1990  do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“Art. 53-A. Na condição de estudante, é dever da criança e do adolescente observar os códigos de ética e de conduta da instituição de ensino a que estiver vinculado, assim como respeitar a autoridade intelectual e moral de seus docentes.


Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput sujeitará a criança ou adolescente à suspensão por prazo determinado pela instituição de ensino e, na hipótese de reincidência grave, ao seu encaminhamento a autoridade judiciária competente.” 

Este projeto foi criado em 2011 pela deputada Cida Borghetti (PROS-Pr) e apoiado pela relatora da comissão de Educação Deputada Professora Dorinha Seabra Resende (DEM-TO).

Mas essa questão está dividindo a opinião de educadores de toda a rede. A Professora e também autora do livro “Os 4 Ps da Educação” Ely Paschoalick, em entrevista ao jornal Metro, diz  pensar “ser uma porta de exclusão a tão sofrida escola estalada no Brasil”.  

Mas há aqueles que acreditam que uma lei mais rígida será mais eficiente ao combate de todos os tipos de violências dentro das escolas no País.

O que os estudantes dizem a respeito desse novo projeto?

Em debate alunos do primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual  Republica  da Nicarágua, zona leste de São Paulo; Mateus (17), Mariana (16) e Letícia (15) disseram “ser uma boa iniciativa” . Porém, por outro lado “poderia existir uma exclusão social dentro das escolas, pois  professores poderiam usar desse beneficio como autoritarismo”. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Alunos e professores da rede pública no Brasil têm visões distintas da internet

Da Agência USP de Notícias, por Creative Commons.
De Luís Ribeiro, do Serviço de Comunicação Social do campus de Ribeirão Preto.

Estudo desenvolvido na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP evidencia a distância de compreensão que estudantes, com idade entre 15 e 18 anos, e professores da rede pública têm das finalidades do uso da internet. O autor da pesquisa, o psicólogo Fabiano Simões Corrêa, concluiu em maio o mestrado Um estudo qualitativo sobre as representações utilizadas por professores e alunos para significar o uso da internet, que levou três anos para ser desenvolvido. Mas, para o pesquisador, se o levantamento fosse feito nos dias atuais, o resultado poderia ser outro. A constatação é o reflexo da velocidade e do impacto que esse “meio de comunicação” vem causando nas relações da sociedade.



O estudo foi realizado sob a orientação do professor Sérgio Kodato, e teve o objetivo de contribuir com reflexões que auxiliem as práticas pedagógicas e didáticas capazes de subsidiar políticas públicas de inclusão digital, em instituições públicas de ensino. A pesquisa foi feita em uma escola pública da cidade de Ribeirão Preto. No local, havia mais de dois mil alunos, mas apenas 20 computadores para os estudantes e salas de aula sem acesso à internet.

Corrêa comenta que um aspecto interessante da aprendizagem para o aluno é que quando você pergunta para ele qual a diferença de aprender na escola e aprender na internet, e ele responde que na internet é tudo muito rápido, muito direto. “Ele vai na informação de uma forma prática. O aluno tem muito essa percepção, essa representação da internet, que ela é um instrumento muito bom por ser direta e rápida.”
Já os professores revelaram o lugar paradoxal em que se tornou o espaço escolar. Há um lado de discurso hegemônico de que a escola deveria se atualizar com a absorção das novas tecnologias da informação, mas que carece de investimentos concretos, e da negatividade da internet que rotula a utilização pelos alunos como “superficial”.

Certo medo da internet

Para Corrêa, o professor tem certo medo da internet, pois ninguém fala muito bem para ele como deve utilizá-la. “O medo está neste aspecto. Não acho que o professor tenha medo de ser substituído pela internet, o medo é na verdade um sentimento de impotência de não estar muito claro como é que se utiliza a internet na escola. Precisamos de mais pesquisa nessa direção, para indicar os caminhos.”

Segundo a pesquisa de Corrêa, na visão da maioria dos professores e mesmo no senso comum escolar, o estudante fica somente dedicado às redes sociais com coisas que são consideradas fúteis. Mas na prática, o uso dessas ferramentas podem ser positivas. “O aluno usa de forma predominante as redes sociais, mas por meio das redes ele consegue se comunicar, muitas vezes produzir conhecimento, produzir relações produtivas, divulgar o pensamento dele, se expressar politicamente, ajudando a construir uma inteligência coletiva.”

Observando a distância entre as visões do “estudante” e do “professor”, Corrêa destaca a reprodução do conflito entre os mundos dos adultos e dos adolescentes. “Nós, os mais adultos, tendemos a olhar a utilização da internet como superficial porque ela é diferente do que a gente conhece”, afirma. “Estávamos mais acostumados a nos relacionarmos com os veículos de comunicação de massa como o rádio e a televisão e não temos muitas vezes a capacidade de entender o que é esse fenômeno de comunicação em rede que eles, adolescentes, estão fazendo.”

Lembrando a velocidade com que os temas se multiplicam nas redes sociais, o pesquisador sugere mais estudos sobre o tema. “Não podemos ficar nesse viés do senso comum de que a internet aliena, de que não é legal, é fútil”, recomenda. “Vide o que aconteceu recentemente com as manifestações que lotaram as ruas. Grande parte dessa força, dessas manifestações foi graças à comunicação que aconteceu via internet, das redes sociais. Acho que surpreendeu muita gente.” Segundo o pesquisador, “talvez hoje, se refizéssemos essa pesquisa, os resultados seriam um pouco diferente, talvez isso já tenha mudado um pouco a representação desse senso comum que a internet é algo fútil.”

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Isadora Faber, Diário de Classe e os reais sintomas da educação brasileira


Ela tem 13 anos. Estuda em escola pública no Brasil. Ela poderia ser mais um retrato sobre a miséria da educação nacional, da falta de investimentos do Estado. Mas Isadora Faber foi além, muito além.

Ela registrou os problemas de sua escola. Sem fazer o discurso aceito por educadores e professores, que pedem mais investimento e devem receber mais investimento, ela apontou, problema por problema, os deslizes que existem dentro das instituições. Isadora, da sua forma, foi fazendo o típo mais eficiente de crítica: A diária. E o Diário de Classe transformou-se em uma página no Facebook com 528 mil fãs, comentada por 13 mil pessoas no momento.

A iniciativa de Isadora foi criada em julho de 2012 e se tornou fonte de inúmeras reportagens. A autora, assim como seu tema polêmico, já foi vítima de professores que não aceitam a crítica. Neste último dia do ano, acho que não custa lembrar desse tipo de engajamento, que foi apontado na época como "sintomas de um novo tipo de jornalismo".

Não acho que é um novo tipo de imprensa, mas, sim, é um tipo novo e eficiente de crítica.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Vladimir Safatle e a experiência intelectual na USP

Ele é o colunista da Folha que tocava no assunto delicado da PM na USP nas terças-feiras. É o comentarista da TV Cultura que, diante das câmeras, mantinha a aura de indivíduo crítico na sociedade, mesmo acompanhado por vozes que discordavam de suas ideias.


Vladimir comparecia às aulas das noites de terça-feira sempre com um terno escuro. Em muitas semanas, ele utilizava uma gravata preta, com um visual parecido com os personagens de Quentin Tarantino no filme Cães de Aluguel. Suas aulas, desde março de 2012, eram rigorosamente registradas em texto e distribuída aos alunos. A fala na sala de aula era pausada e preenchida por preposições que remetiam ao rigor dos discursos que o professor ia abordar em sua palestra. Enquanto as palavras ecoavam, a sala com espaço para cerca de 200 alunos estava lotada e silenciosa.

Mesmo pausado em seu discurso, Vladimir Safatle trabalhava para aumentar sua voz nas palavras que marcam as teses de Gilles Deleuze, Félix Gattari e pensadores franceses do século 20. Pós-modernismo, univocidade e crítica eram termos recorrentes. "O que quero ensinar é que não existe pensamento ou pensador irracional. O que vocês vão aprender com Deleuze é que, com as leituras rigorosas, tudo é permitido para ser criado dentro da filosofia. Alguns pensadores tendem a chamar de irracional o que não compreendem".

De março até junho, as aulas de Vladimir Safatle não esvaziaram em quase nenhuma semana. O método de ensino pouco mudou na transição dentro do curso: Eventualmente o professor trouxe slides-shows, mas ele não se manteve nesse artifício. As aulas transcritas, ao invés de se tornarem uma leitura chata ao vivo, viraram um roteiro organizado do professor e dos alunos. As perguntas eram fortemente incentivadas.

Os alunos da USP perseguiam Vladimir pelos corredores, em conversas alongadas sobre as teses de Gilles Deleuze tanto em suas obras originais quanto nas monografias e estudos do autor francês sobre David Hume, Friedrich Nietzsche, Henri Bergson e Baruch Spinoza. Progressivamente, alguns estudantes notaram que Deleuze era uma metáfora sobre a própria condição daqueles que assistiam as aulas de Vladimir Safatle.

"Eu quero oferecer para vocês a experiência de formação intelectual, através das leituras de Deleuze como criação de suas próprias teses", explicou Vladimir, na última aula, justificando o curso e buscando algo além do que está dentro do Departamento de Filosofia da USP hoje. O professor citou um "vício" que existe dentro da universidade: Ler de maneira superficial as obras, sob a justificativa que a investigação das estruturas basta para entender o texto, sem tentar teses mais ousadas sobre a formação histórica e intelectual do pensador. "Filosofar é pensar contra si mesmo", afirmou o professor, mostrando a contradição que é estudar, sem aceitar as estruturas oferecidas pela escola.

Com todas as formalidades e sua organização, Vladimir Safatle deixou uma mensagem final aberta e rica com seus estudos: Ouse conectar as obras que normalmente estudamos para procurar significados novos e formadores de sua própria intelectualidade. Deleuze, segundo Vladimir, pegou emprestado o conceito de hábito em Hume, de intuição em Bergson, de eterno retorno em Nietzsche e de várias outras estruturas para criar uma crítica ordenada no livro O Anti-Édipo, além de conceitos originais em Diferença e Repetição. Vladimir então deixou sua mensagem neste semestre para os alunos da USP: Criar seus próprios Frankensteins, sem se curvar passivamente à análise estrutural imposta pela maioria dos cursos superiores e pela educação em si. Vladimir ia contra a normalidade do Departamento de  Filosofia.

sábado, 14 de abril de 2012

Segunda parte da entrevista de Edson Flosi sobre sua demissão e a crise da Cásper




Entrevista Edson Flosi - Parte 2/2 from matias lovro on Vimeo.


Na última parte da entrevista com o jornalista Edson Flosi, ex-professor da Cásper, ele explica o que precisa ser feito para a faculdade melhorar.

Veja o vídeo e tire suas conclusões.

Material é do estudante Matias Lovro.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Alunos da Cásper Líbero entrevistam Edson Flosi sobre sua demissão e a crise da Cásper




Entrevista Edson Flosi - Parte 1/2 from matias lovro on Vimeo.


Cadastrado na conta do aluno da Cásper Líbero Matias Lovro, o vídeo acima mostra críticas pesadas do professor Edson Flosi sobre a crise que a faculdade privada enfrentou com sua demissão. Flosi estava afastado da função de professor da instituição, mas atuava como advogado da instituição, mesmo com câncer.

Em um dos trechos polêmicos, Flosi diz:

"A Fundação [Cásper Líbero] deve 30 milhões de IPTU".

Veja a entrevista e tire suas conclusões.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Por que os estudantes de faculdades privadas também protestam?


Um texto de opinião que eu não podia deixar de escrever, com os recentes acontecimentos.

No começo do mês, dia 5 de março, o professor de Técnicas Jurídicas Edson Flosi foi demitido da Faculdade Cásper Líbero, instituição em que também atuou como advogado. Sensibilizado com a situação de Flosi, Caio Túlio Costa, professor de Ética Jornalística, pediu demissão no dia 15 de março. Em sua carta, Caio Túlio alegou que a faculdade tem infraestrutura precária e ainda cometeu um abuso com a demissão do outro professor, que estava afastado da sala de aula por conta de um câncer, mas ainda exercia as atividades de consultor jurídico.

Resultado: Alunos fizeram protestos na frente da Cásper na sexta-feira, dia 16. Na segunda, 19, uma assembleia promovida pelo Centro Acadêmico Vladimir Herzog lotou o quinto andar, onde fica o curso de jornalismo. Nesse mesmo dia, Flosi deu uma entrevista à rádio CBN alegando que os espaços da faculdade estão sendo removidos para que a Fundação Cásper Líbero construa call centers e instalações para a área da TV e Rádio Gazeta, sucateando o ensino. Na opinião de Edson Flosi, a Cásper está adotando uma postura "mercenária", sem dar transparência sobre os aumentos consecutivos de mensalidade ou mesmo sobre seus investimentos.

A Cásper Líbero se arrependeu da demissão e tentou recontratar Flosi, que recusou o novo convite. O professor ainda redigiu uma carta explicando os motivos de sua recusa. E deixou uma mensagem clara para os estudantes que protestavam:

Tomei conhecimento pela Imprensa do convite da Fundação Cásper Líbero e da Faculdade Cásper Líbero para reeassumir minhas funções naquela instituição de ensino, onde lecionei por 16 anos, até ser demitido em meio a grave doença que me acometeu. Minha resposta: não volto, não posso e não d...evo voltar.

Não volto porque a manifestação estudantil não acontece apenas pela minha volta ou pela volta do Prof. Caio Túlio Costa, que se demitiu solidário à injustiça que sofri. Não volto porque a manifestação estudantil, conduzida pelo Centro Acadêmico Vladimir Herzog, tem o objetivo maior de lutar por melhores condições de ensino na Faculdade Cásper Líbero.

Comigo e o Prof. Caio Túlio dentro ou fora da Faculdade, a luta dos estudantes deve continuar até que a Mantenedora e a Faculdade se dignem a atender suas reivindicações, principalmente a transparência entre a receita das mensalidades pagas pelos alunos e outras taxas, e o valor investido no ensino. Além da solidariedade que me emprestou, a falta de estrutura na Faculdade, que reflete no ensino deficiente, foi a bandeira levantada pelo Prof. Caio Túlio na sua carta de demissão.

Os estudantes devem continuar lutando até conquistarem o que lhes é de direito. Agradeço comovido a manifestação estudantil que também acontece a meu favor e a favor do Prof. Caio Túlio. Mas o objetivo maior dessa juventude que paga mais de mil reais por mês para estudar deve ser perseguido até o fim. Qualquer manobra para esvaziar o movimento dos estudantes deve ser repudiada energicamente. A luta continua. Todo poder aos estudantes.

Poucos dias depois, dia 21 de março, estudantes da Universidade Presbiteriana Mackenzie protestaram contra o uso do Enem como vestibular. Por que os estudantes de faculdades privadas se mobilizam contra suas escolas?

Será que é por conta da precariedade do ensino, como acontece no caso da USP e de diversas instituições públicas?

Essas manifestações deveriam ser consideradas. São um sintoma que, seja escola pública ou privada, a educação não está sendo encarada de forma coesa e objetiva. E pouco interessa se os alunos dessas instituições conseguem boas posições no mercado de trabalho, se as técnicas comerciais podem ser aprendidas em uma empresa privada, sem ajuda da educação.

Na escola, a obrigação da faculdade deveria ser alimentar o estudante com conhecimentos que atraiam sua curiosidade, criando uma formação crítica sobre a sociedade em que ele vive. Criando indivíduos que podem e que se sentem capazes de mudarem o mundo em que habitam. Mudar vestibular, cobrar mensalidades caras (acima da inflação) ou oferecer uma infraestrutura precária não parecem bons caminhos nesse sentido.

Flosi parece ter resumido bem a situação da educação com sua carta sensível às mobilizações.

sábado, 13 de agosto de 2011

Universitários leem de um até quatro livros por ano no Brasil

Pesquisa é da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), mostrando que a média dos brasileiros no ensino superior não leem nem 10 livros por ano. Entre as universidades, a Universidade Federal do Maranhão está no topo das instituições que tem menos estudantes leitores: 23,24% deles não leem um livro sequer durante o ano.

No entanto, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostra estudantes mais viciados em leitura: 22,98% deles leem geralmente mais de dez livros por ano. Mesmo com esse dado positivo, o quadro geral de leitores é preocupante nas escolas.

Pesquisa foi feita com 19.691 estudantes de graduação de universidades federais de todo o Brasil.

Via Estadão

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pequenas considerações sobre a educação no Brasil

Há tempos discute-se sobre a educação pública no Brasil: melhorias, pontos fracos e soluções. É claro que ela não é modelo para nenhum país – visto que ocupa a 76ª posição entre as 129 nações avaliadas pela Unesco no que se refere à situação da educação básica. Mas, antes de investir nela, é preciso trabalhar a mentalidade daqueles que serão o futuro deste país.

Não adianta comprar os tijolos, o cimento e começar a construir, sem antes criar uma planta e fazer o alicerce da casa. Na educação, o fundamental é a colaboração e empenho do estudante. Se ele não tem consciência de suas responsabilidades, a escola cai! Eu sempre estudei em instituições do governo e, desde pequena, percebi que não adianta ter a melhor escola e os professores mais capacitados. É preciso gostar de estudar.

Essa mentalidade ficou mais evidente no ensino fundamental, quando estava entrando na adolescência. Minhas amigas só sabiam fofocar sobre os gatinhos e, os meninos, jogar futebol e tacar papel nos professores. Tínhamos o cimento e os tijolos nas mãos, mas, como para muitos faltava a planta com o alicerce, não existia pedreiro que fizesse a obra render.

Sempre fui CDF. Gostava de aprender e compartilhar conhecimentos. Mas isso só se tornou uma vantagem quando consegui uma bolsa no Prouni (Programa Universidade para Todos) e ingressei numa instituição de ensino superior privada. Até então, sofria o preconceito dos meus amigos que me consideravam careta e sem graça. Para os meninos, eu não passava de uma garotinha sem jeito que adorava devorar os livros, ao invés de fazer isso com eles. Pobre mentalidade!

O ensino fundamental acabou e veio o médio – a última etapa da educação básica. Minha escola era considerada a melhor da região em infraestrutura e conteúdo, mas quanto aos alunos... Era uns 1,2 mil estudantes nos três períodos, sendo que destes dava para contar no dedo aqueles que realmente queriam aprender alguma coisa.

Se na pré-adolescência o foco era admirar os gatinhos para as meninas; e zoar os professores para os meninos; nessa fase a moda era usar drogas e promover orgias. A farra era tanta que três amigas ficaram grávidas com 16 anos, sem contar dois colegas presos por tráfico de entorpecentes. Ir a escola era só uma desculpa para sair de casa e colocar o papo em dia – visto que grande parte dos pais desses amigos colocavam-os de castigo depois do horário das aulas para ver se eles criavam juízo.

Enquanto eles discutiam futilidades, eu e alguns raros gatos pingados discutíamos fórmulas, teorias e ideias. Resultado: o Ensino Médio acabou com 17, dos 50 alunos que começaram a caminhada, e eu e mais alguns esforçados colegas ingressamos no Ensino Superior. E os outros? Bem, os outros estão colhendo os frutos que plantaram na adolescência. Quiseram aproveitar demais e se esqueceram que a Educação Básica é apenas o primeiro passo nessa longa caminhada que é a vida.

A culpa é da escola? Não, porque se fosse, eu, que tive a mesma educação, não estaria onde estou hoje – cursando o 3 ano de Jornalismo, na melhor faculdade da área da minha região, tendo os meus estudos pagos pelo governo e ainda trabalhando numa das maiores empresas de comunicação do Vale do Paraíba. A diferença é que eu levei a sério a escola e, além disso, busquei conhecimento em casa, além do que me era cobrado. Posso até ter perdido minha adolescência em alguns aspectos, mas agora já estou prestes a concluir a lage da minha casa, enquanto a maioria nem começou a levantar as paredes.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Qual o verdadeiro peso de uma universidade pública?

No Brasil, o segundo semestre é marcado pelos maiores vestibulares do país, resultando em aulas extras e correria nos cursinhos pré-vestibulares. Também não é nenhuma novidade que os professores incentivam os estudantes sempre com o intuito de vê-los sendo aprovados em uma universidade pública, seja pela crença de que as mesmas sejam melhores que as particulares ou pela propaganda criada com as aprovações. A realidade, porém, às vezes se encontra muito distante do sonho da boa educação gratuita, principalmente nos cursos de Comunicação Social.

A Universidade Estadual de Londrina, a qual eu frequento, não foge disso. O CECA (Centro de Educação, Comunicação e Artes) sofre por falta de equipamentos, salas adequadas e, infelizmente, professores. Contratações tardias e concursos públicos que nem sempre selecionam os mais bem preparados são problemas que aparecem com frequência no dia-a-dia dos estudantes, que perdem aulas por falta de professores. Em algumas matérias, os alunos são obrigados a se dirigir a outros centros por falta de salas.

O descaso com os cursos de Comunicação Social, porém, não se restringe ao Paraná. A Universidade Estadual Paulista, por exemplo, abriga o curso de Jornalismo na cidade de Bauru, interior do estado, que é o maior campus da universitário do local. Infelizmente, o departamento não conta com computadores sequer razoáveis e a carência de professores é ainda maior, o que causa revolta no estudantes que se prendem a greves constantes como tentativa de resolver o problema.

Deixar na mãos dos estudantes e Centros Acadêmicos a responsabilidade de buscar melhorias em seus cursos é uma realidade no mínimo irônica. Após enfrentar a concorrência elevada, provas de assuntos que nada inteferem no desenvolvimento acadêmico da comunicação em si e gastos muitas vezes maiores do que a mensalidade de uma Universidade particular, ainda é necessário brigar por uma formação de qualidade? Teoricamente, essa obrigação não estaria nas mãos do Ministério da Educação agora? Será que já não basta o não reconhecimento do nosso diploma? O revoltante aqui é a diferença de tratamento entre os cursos, principalmente se compararmos com os mais tradicionais, como Direito e Medicina, que contam com maior parcela de rescursos e atenção das reitorias responsáveis.

Assim, fica difícil encontrar o verdadeiro peso e valor a ser pago por uma formação acadêmica satisfatória, que divide e afasta ainda mais a educação pública e particular, causando um claro déficit na qualidade dos profissionais da área.

sábado, 25 de julho de 2009

Digitar ou tc, eis a questão!

Uso do internetês traz à tona discussão sobre formas de comunicação no mundo virtual e possível ameaça a norma padrão da escrita


“Kd vc? Vamu sai hj?”. É assim que a jovem Camila Macedo, de 18 anos, convida um de seus amigos para se divertir no sábado à noite pelo Messenger (MSN), o comunicador instantâneo da Microsoft. A estudante, assim como grande parte da geração web, utiliza-se do internetês, idioma criado para acompanhar o ritmo frenético das conversas online, a fim de se comunicar de forma mais rápida e fácil.

Usada inicialmente em chats, essa linguagem caracteriza-se pela simplificação informal da escrita com o objetivo de agilizar a digitação. Os principais recursos utilizados são abreviações e substituição de letras para diminuir o número de caracteres.

Mas o que anima os jovens preocupa alguns professores, que veem na nova linguagem uma ameaça a norma padrão da Língua Portuguesa. “As complicações começam quando o internetês transpõe as barreiras do mundo virtual e invade ambientes não apropriados, como a sala de aula”, explica Camila, que garante não ter problemas com essas variações linguísticas. “Quando preciso escrever correto, escrevo! O internetês só é usado na web, para facilitar a conversa”.

A Mestre em Linguística Aplicada e professora de Português, Neide Arruda de Oliveira, alega que essa afirmação não é verdadeira para todos os jovens. Segundo ela, principalmente entre os adolescentes que estão no Ensino Fundamental e Médio, há uma dificuldade de aceitar a língua padrão. “Eles costumam apresentar em suas redações termos oriundos do internetês como naum, mto e axou. Quando isso acontece, chamo-os e oriento-os quanto ao uso do internetês fora do mundo virtual. Digo a eles que cada linguagem tem o seu espaço adequado, assim como o vestuário”.

A principal preocupação dos estudiosos em relação ao uso indiscriminado do internetês diz respeito às dúvidas que podem surgir no futuro com relação à grafia das palavras. Entretanto, respeitados estudiosos como o inglês David Crystal, autor do livro “A linguagem e a Internet”, lembra que a invenção do telefone provocou a mesma desconfiança. Na época, acreditava-se que as pessoas perderiam a capacidade de expressão com o uso de “hã hã” e alôs e não foi o que aconteceu.

Para Neide, a solução mais viável para não gerar dúvidas nos jovens ainda em formação, bombardeados por diferentes grafias, é o incentivo a leitura. “A única saída para os jovens é melhorar o nível de leitura de obras que não utilizem o internetês”. Outra dica apontada pela professora é um acordo entre educadores e alunos. “Quando forem realizadas provas, redações, exercícios, a linguagem utilizada deve ser a padrão. Quando os alunos interagirem com os professores pelo computador (Orkut, MSN, blog ou e-mail), nesse caso, eles utilizariam a mesma linguagem virtual. Os alunos gostam quando o professor também usa o internetês. Não há nada demais nisso”, explica.

:: Leia a entrevista completa com Neide Arruda sobre o internetês

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Projetos esportivos em escolas municipais podem alavancar a qualidade de vida dos jovens e mudar comportamentos


“Pênalti!“. Apita o professor voluntário que orienta um grupo de meninas amantes do futsal na quadra municipal da Escola Mário Covas, em Lorena, interior de São Paulo. Ana Beatriz Farias, de 12 anos, prepara-se para agarrar a bola. Com seus 1,55m de altura e 40 kg, parece sumir na imensidão do gol. Há um ano e meio praticando esportes, a jovem garota deixou de lado as bagunças, a agressividade e o baixo rendimento escolar para conseguir um lugar na seleção de futsal da cidade. “Para treinar aqui e entrar para a seleção é preciso ter bom comportamento”, explica com os olhos atentos.

Além de Ana Beatriz, cerca de 500 jovens participam diariamente do projeto “Lazer Noturno”, criado pela secretaria de Educação do município para oferecer atividades esportivas aos alunos e a comunidade em cinco escolas municipais durante a noite. Orientados por professores de Educação Física, estagiários e voluntários, os participantes aprendem também a respeitar o próximo, a construir a cidadania e a cuidar do corpo e da mente.

O coordenador do projeto, José Agustinho Boaventura, conta que a finalidade da iniciativa é retirar os jovens das ruas e mostrar-lhes um caminho que propicia qualidade de vida. “O esporte é a melhor escola da vida. Ele ensina a vencer sem que a pessoa ache que é a melhor de todas, ensina a perder sem que ache que é o fim de tudo. O esporte ainda ensina a respeitar o oponente e a manter a integração, a solidariedade e a disciplina”.

Do outro lado da cidade, Camila Jofre dos Santos também treina em quadras municipais para atingir seu sonho. Ela não conhece Ana Beatriz nem o projeto “Lazer Noturno“, mas sabe de cór as lições de cidadania que aprendeu no CSU (Centro Social Urbano), espaço da prefeitura que também disponibiliza atividades esportivas gratuitamente aos jovens. Aos 15 anos, Camila acumula treze medalhas, todas conquistadas com seu esporte preferido: o atletismo. Mesmo com a rotina pesada, na qual concilia treinos, competições e escola, não abandona nem por um minuto o bom humor. “Antes eu era muito nervosa e não sabia perder. Com o esporte, aprendi a respeitar os outros e a me conhecer melhor. Isso é uma paixão para mim, não consigo parar“, garante a jovem.

O treinador de Camila, Benedito Moisés de Oliveira, afirma que a mudança de comportamento é visível em todos os seus 40 alunos. Segundo ele, os pais dos garotos sempre vão ao CSU acompanhar os treinos dos filhos e comentam sobre a melhora na conduta dentro de casa. O professor conta com orgulho também que nenhum de seus alunos repetiu de ano depois que começaram a praticar o atletismo. “Isso é muito gratificante e prova que o esporte, por mais que alguns digam que não, é muito importante na formação do jovem”.

O Brasil é um exemplo para o resto do mundo por usar a prática esportiva como ferramenta para a inclusão social, desenvolvimento e para a paz. Por isso, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou um projeto intitulado “Esporte para o Desenvolvimento e Paz”, inspirado nos programas brasileiros, onde procura analisar a situação do esporte em âmbito mundial e assim propor aos poderes públicos ações práticas para despertar a valorização do setor na melhoria da qualidade de vida. Para a psicóloga do Esporte, Lívia Petit, a iniciativa é importante para instigar o governo a investir cada vez mais na prática esportiva, alimentando, assim, os sonhos de mais jovens, como Ana Beatriz e Camila, que mudaram o comportamento e a forma de enxergar o mundo em busca de alcançar os seus ideais.

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