sexta-feira, 24 de julho de 2009

Projetos esportivos em escolas municipais podem alavancar a qualidade de vida dos jovens e mudar comportamentos


“Pênalti!“. Apita o professor voluntário que orienta um grupo de meninas amantes do futsal na quadra municipal da Escola Mário Covas, em Lorena, interior de São Paulo. Ana Beatriz Farias, de 12 anos, prepara-se para agarrar a bola. Com seus 1,55m de altura e 40 kg, parece sumir na imensidão do gol. Há um ano e meio praticando esportes, a jovem garota deixou de lado as bagunças, a agressividade e o baixo rendimento escolar para conseguir um lugar na seleção de futsal da cidade. “Para treinar aqui e entrar para a seleção é preciso ter bom comportamento”, explica com os olhos atentos.

Além de Ana Beatriz, cerca de 500 jovens participam diariamente do projeto “Lazer Noturno”, criado pela secretaria de Educação do município para oferecer atividades esportivas aos alunos e a comunidade em cinco escolas municipais durante a noite. Orientados por professores de Educação Física, estagiários e voluntários, os participantes aprendem também a respeitar o próximo, a construir a cidadania e a cuidar do corpo e da mente.

O coordenador do projeto, José Agustinho Boaventura, conta que a finalidade da iniciativa é retirar os jovens das ruas e mostrar-lhes um caminho que propicia qualidade de vida. “O esporte é a melhor escola da vida. Ele ensina a vencer sem que a pessoa ache que é a melhor de todas, ensina a perder sem que ache que é o fim de tudo. O esporte ainda ensina a respeitar o oponente e a manter a integração, a solidariedade e a disciplina”.

Do outro lado da cidade, Camila Jofre dos Santos também treina em quadras municipais para atingir seu sonho. Ela não conhece Ana Beatriz nem o projeto “Lazer Noturno“, mas sabe de cór as lições de cidadania que aprendeu no CSU (Centro Social Urbano), espaço da prefeitura que também disponibiliza atividades esportivas gratuitamente aos jovens. Aos 15 anos, Camila acumula treze medalhas, todas conquistadas com seu esporte preferido: o atletismo. Mesmo com a rotina pesada, na qual concilia treinos, competições e escola, não abandona nem por um minuto o bom humor. “Antes eu era muito nervosa e não sabia perder. Com o esporte, aprendi a respeitar os outros e a me conhecer melhor. Isso é uma paixão para mim, não consigo parar“, garante a jovem.

O treinador de Camila, Benedito Moisés de Oliveira, afirma que a mudança de comportamento é visível em todos os seus 40 alunos. Segundo ele, os pais dos garotos sempre vão ao CSU acompanhar os treinos dos filhos e comentam sobre a melhora na conduta dentro de casa. O professor conta com orgulho também que nenhum de seus alunos repetiu de ano depois que começaram a praticar o atletismo. “Isso é muito gratificante e prova que o esporte, por mais que alguns digam que não, é muito importante na formação do jovem”.

O Brasil é um exemplo para o resto do mundo por usar a prática esportiva como ferramenta para a inclusão social, desenvolvimento e para a paz. Por isso, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou um projeto intitulado “Esporte para o Desenvolvimento e Paz”, inspirado nos programas brasileiros, onde procura analisar a situação do esporte em âmbito mundial e assim propor aos poderes públicos ações práticas para despertar a valorização do setor na melhoria da qualidade de vida. Para a psicóloga do Esporte, Lívia Petit, a iniciativa é importante para instigar o governo a investir cada vez mais na prática esportiva, alimentando, assim, os sonhos de mais jovens, como Ana Beatriz e Camila, que mudaram o comportamento e a forma de enxergar o mundo em busca de alcançar os seus ideais.

2 comentários:

Vinícius de Melo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vinícius de Melo disse...

Gostei da matéria, principalmente do primeiro parágrafo. Foi muito bem escrito.

Só não concordei (opinião pessoal) com o Brasil incentivar a prática esportiva. Dá a impressão de que, todos os esportes, tem igual importância aqui. O que, infelizmente, não é verdade.

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