sábado, 25 de julho de 2009

Digitar ou tc, eis a questão!

Uso do internetês traz à tona discussão sobre formas de comunicação no mundo virtual e possível ameaça a norma padrão da escrita


“Kd vc? Vamu sai hj?”. É assim que a jovem Camila Macedo, de 18 anos, convida um de seus amigos para se divertir no sábado à noite pelo Messenger (MSN), o comunicador instantâneo da Microsoft. A estudante, assim como grande parte da geração web, utiliza-se do internetês, idioma criado para acompanhar o ritmo frenético das conversas online, a fim de se comunicar de forma mais rápida e fácil.

Usada inicialmente em chats, essa linguagem caracteriza-se pela simplificação informal da escrita com o objetivo de agilizar a digitação. Os principais recursos utilizados são abreviações e substituição de letras para diminuir o número de caracteres.

Mas o que anima os jovens preocupa alguns professores, que veem na nova linguagem uma ameaça a norma padrão da Língua Portuguesa. “As complicações começam quando o internetês transpõe as barreiras do mundo virtual e invade ambientes não apropriados, como a sala de aula”, explica Camila, que garante não ter problemas com essas variações linguísticas. “Quando preciso escrever correto, escrevo! O internetês só é usado na web, para facilitar a conversa”.

A Mestre em Linguística Aplicada e professora de Português, Neide Arruda de Oliveira, alega que essa afirmação não é verdadeira para todos os jovens. Segundo ela, principalmente entre os adolescentes que estão no Ensino Fundamental e Médio, há uma dificuldade de aceitar a língua padrão. “Eles costumam apresentar em suas redações termos oriundos do internetês como naum, mto e axou. Quando isso acontece, chamo-os e oriento-os quanto ao uso do internetês fora do mundo virtual. Digo a eles que cada linguagem tem o seu espaço adequado, assim como o vestuário”.

A principal preocupação dos estudiosos em relação ao uso indiscriminado do internetês diz respeito às dúvidas que podem surgir no futuro com relação à grafia das palavras. Entretanto, respeitados estudiosos como o inglês David Crystal, autor do livro “A linguagem e a Internet”, lembra que a invenção do telefone provocou a mesma desconfiança. Na época, acreditava-se que as pessoas perderiam a capacidade de expressão com o uso de “hã hã” e alôs e não foi o que aconteceu.

Para Neide, a solução mais viável para não gerar dúvidas nos jovens ainda em formação, bombardeados por diferentes grafias, é o incentivo a leitura. “A única saída para os jovens é melhorar o nível de leitura de obras que não utilizem o internetês”. Outra dica apontada pela professora é um acordo entre educadores e alunos. “Quando forem realizadas provas, redações, exercícios, a linguagem utilizada deve ser a padrão. Quando os alunos interagirem com os professores pelo computador (Orkut, MSN, blog ou e-mail), nesse caso, eles utilizariam a mesma linguagem virtual. Os alunos gostam quando o professor também usa o internetês. Não há nada demais nisso”, explica.

:: Leia a entrevista completa com Neide Arruda sobre o internetês

Um comentário:

Pedro Zambarda disse...

Tem pouca coisa do internetês que eu concordo. Poucas abreviações mesmo. Faço parte de uma minoria na internet que prefere escrever certo, seja por digitar rápido ou por ser meio chato com erros, hehe ^^

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