segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Santa Maria, uma tragédia que ceifou 233 vidas com cobertura exemplar da imprensa

Aproximadamente 233 jovens morreram na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013 na Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. O local sofreu um incêndio durante um show que teve efeitos pirotécnicos. As pessoas tentaram sair da boate com o aumento do fogo, mas somente uma das saídas estava liberada. Muitas vítimas morreram asfixiadas e pisoteadas durante a correria. Mais de 100 corpos foram encontrados no banheiro pelo corpo dos bombeiros durante os trabalhos de resgate.


A festa na Kiss era direcionada para os alunos dos cursos de agronomia, medicina veterinária, pedagogia, zootecnia, técnico em agronegócio e técnico em alimentos. Os ingressos custaram R$ 15 e a balada começou às 23h.

A jornalista Bruna Scirea, do jornal Zero Hora, explicou no blog da redação os bastidores da cobertura da tragédia com jovens. Disse que deu o furo às 4h. As mortes comoveram o Brasil e mobilizaram a presidente Dilma Rousseff, que estava no Chile e viajou até Santa Maria. A notícia estampou o jornal New York Times e a revista Time.

Scirea explica que essa notícia "é dos furos que nenhum jornalista quer dar. É das notícias que nenhum repórter se orgulha em narrar. São números que têm rosto. E que vão deixar saudade". Ela era a "foca" que estava de plantão no Zero Hora.

Confira alguns trechos da narrativa de Bruna Scirea e reflita sobre o desastre que afetou Rio Grande do Sul, o Brasil e o mundo.
"Na Redação, os telefones tocavam sem parar, vários ao mesmo tempo. As informações chegavam e, ainda que atropeladas, queriam dimensionar a tragédia. As vítimas haviam se empilhado dentro do banheiro, acreditando que aquela era a porta de saída. Do lado de fora, os que se salvaram usavam marretas tentando abrir buracos de fuga nas paredes do estabelecimento.

O que se viu e teve de ser engolido com lágrimas foi uma sequência de erros graves, entre os quais estavam dois inadmissíveis. O primeiro deles foi a causa: o show pirotécnico da banda, cujas faíscas associadas à espuma de isolamento acústico, no teto, causaram o fogo. A segunda é ainda mais lamentável: a casa noturna tinha o plano de prevenção de acidentes vencido e contava com apenas uma saída de emergência para um público estimado em mais de mil pessoas.

A notícia acordou o mundo. Virou manchete e capa de jornal dos veículos mais distantes que se possa imaginar. Mas de todas as páginas de impressos, sites, telas de TV e timelines de redes sociais que estampou, a mancha maior é aquela que se reflete na ausência dos que se foram. Na dor afogada no sentimento vazio dos que ficaram."
 Via Blog do Editor - A Vida na Redação

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