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Tudo ia bem. Mas a PM não se emenda. Bastou que alguns manifestantes lançassem contra os escudos da tropa de choque entrincheirada na porta da Prefeitura algumas garrafas de plástico com água e... Uma pancadaria absurda tomou o centro de São Paulo.
(Seria esse um efeito perverso do racionamento de água, só agora admitido pelo governador Geraldo Alckmin?)
Bombas de efeito moral, de gás lacrimogêneo, balas de borracha foram disparados contra tudo o que se movesse, contra manifestantes e contra pessoas que simplesmente passavam por ali, naquela hora de pânico.
Uma covardia.
No segundo ato promovido pelo Movimento Passe Livre, contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô, de R$ 3 para R$ 3,50, nesta sexta-feira, 16 de janeiro, a única guerra real que aconteceu foi a de números. O MPL dizia ter reunido 20.000 manifestantes, enquanto a PM avaliava o número de participantes em 3.000.
Até as 20h33, a manifestação vinha bem, apesar de a PM ter detido um manifestante pelo “pecado” de carregar uma rodinha de skate na mochila. Jogaram-no no chão como a um saco de lixo, imobilizaram-no. Logo ele foi solto. Também explodiu um artefato de gás lacrimogêneo na frente do Ministério do Trabalho, na rua da Consolação, 1272...
Mas a passeata seguiu firme e organizada, apesar de duas agências bancárias (uma da Caixa Econômica Federal e outra do Banco do Brasil) terem sido depredadas não se sabe nem por quem.
Era alta a tensão reinante.
Até que alguns manifestantes arremessaram as garrafinhas de água na tropa de choque.
Motivo ridículo? É, mas foi o que deflagrou a pancadaria generalizada.
“A polícia vê e entende os manifestantes como inimigos. A reação deles é desproporcional em relação aos que seguem pacificamente. Na semana passada um observador legal foi atingido com bala de borracha no pescoço. Outros três foram golpeados com cassetetes. Não há diálogo. O clima é sempre de tensão”, diagnosticou Denize Guedes, jornalista e observadora legal.
Pelo menos 1.000 PMs acompanham a marcha. Tinha de tudo. Cavalaria, Tropa de Choque, Tropa do Braço, Força Tática. Um caminhão, chamado de POE, “Plataforma de Observação Elevada”, de onde sobe um mastro cheio de câmeras, fotografava toda a manifestação.
“A gente tá lutando por vocês também! Vão caçar bandidos, seus covardes!”, gritava um manifestante para a PM. Ele estava irado com a repressão. Tinha visto uma faixa uma faixa estirada debaixo do Viaduto do Chá, em que se lia: “Agora é de R$ 3 pra baixo”. E se emocionou.
Uma mulher ficou desmaiada no viaduto bombardeado. Foi socorrida por manifestantes. Em frente à Prefeitura, um manifestante sangrava no chão.
O Segundo Ato contra o Aumento das Tarifas acabou sob o ataque da polícia. O centro de São Paulo ficou às moscas e restou um cenário de devastação, apesar de os manifestantes terem a intenção (frustrada) de levar o protesto pelo largo S.Francisco, a Sé, até o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Fechado, o Metrô Anhangabaú foi o palco da revolta de usuários que protestavam contra a ação policial: "Somos cidadãos, somos cidadãos!"
Falava-se em oito detidos, que foram enviados para o 78º DP, na rua Estados Unidos, nos Jardins.
A promessa agora, é uma só: “Amanhã vai ser maior!”
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