Apesar de ser o terror das crianças no ensino fundamental brasileiro, eu sempre gostei de conjugação verbal. Sempre gostei do pretérito perfeito e do imperfeito, dando aquele tom definitivo e não definitivo para as ações. Também sempre achei curioso, embora não entenda direito, o pretérito mais-que-perfeito, que é antes do antes, que faz a gente andar pelo próprio tempo. Brinco que é uma espécie de esquizofrenia cronológica, andando sem sair do lugar. Gosto também dessa mesma variação aplicada nos tempos futuros. Gosto de gerúndio bem aplicado, nada estadunidense. E de particípios, com duas formas que representam o ato concreto, realizado. Gosto até dos autoritários imperativos.
Essas sinuosidades verbais do português me são atraentes porque são sonoras. Não é como a aglutinação de palavras no francês, que suprime alguns termos da oração. Você sente, na língua portuguesa, cada palavra no encadeamento do falar e do escrever. E de todas elas, os verbos são os mais demarcados, enfáticos. Acredito no português como uma língua de ação.
E não sou só eu que possuo esse gosto verborrágico. Grandes autores da poesia como Décio Pignatari e os irmãos Haroldo e Augusto de Campos criaram o movimento concretista e deram para os verbos aspectos visuais que foram até veiculados com famosas propagandas e anúncios publicitários, formas diretas de comunicação. Essa paixão pelo verbo, que liga sujeitos e suas predicações, é como uma carícia num encontro amoroso e até uma história de relacionamento inteiro, sendo memória afetiva de trocas, de relações que fazemos. E vejo o valor dessas palavras que sugerem ações especialmente quando estudo outras línguas, quando saio do universo lusófono e vejo essa mesma relação em outros pensamentos sobre a linguagem.
Esse apreço pelos termos em língua portuguesa que sugerem atos reflete a minha própria vontade de escrever. Posso não dimensionar a idéia do texto, os personagens, a trama, o objetivo da dissertação ou mesmo a natureza do comentário. Posso não ter a menor idéia de quais referências buscar para compor, mas sei que a relação de qualquer coisa com outra começa por uma determinada atitude, e uma palavra que significa esse ato.
A gente não escolhe língua materna, nacionalidade e, às vezes, nem temos tanta liberdade em nossos textos, mas podemos escolher os verbos empregados. A palavra tecer é muito mais curta e tem um som mais aveludado do que fazer. Empregar me parece mais explícito e abrupto do que influenciar. As palavras jogadas, sem que nada as uma, perdem qualquer sentido. Por isso, pra mim, há sempre uma conexão do português com a beleza de seus termos verbais.
2 comentários:
PORRA CASPER!!! MANÍACO SEXUAL!! SEU DOENTE DO CARALHO!!
puma shoes
cheap air max
burberry outlet online
polo ralph lauren
true religion jeans
hollister clothing store
ray ban sunglasses
bottega veneta
christian louboutin uk
vans shoes
tory burch outlet online
timberland shoes
nike huarache black
nike air max
michael kors outlet clearance
louis vuitton outlet online
ray ban sunglasses
ugg outlet
nike free flyknit 3.0
discount oakley sunglasses
ghd flat iron
buy red bottoms
tiffany jewelry outlet
nike free flyknit 5.0
louis vuitton handbags
adidas nmd white
adidas supercolor
nba jerseys wholesale
tiffany jewelry
louis vuitton uk
oakley sunglasses wholesale
asics shoes
2016601yuanyuan
Postar um comentário