quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Cabeças rolam e sangue jorra na Fórmula 1. Mas quem começou a matança?


Poucos escândalos políticos tem tantas variáveis e reviravoltas quanto a crise que a Fórmula 1 enfrenta atualmente. Quando todos pensavam que as coisas iam se acalmar após o levante das montadoras no primeiro semestre, outra bomba volta a explodir no castelo de Max Mosley e Bernie Ecclestone. O caso Nelsinho Piquet – justamente chamado de Nelsinhogate pela imprensa – ganha contornos de uma trama de Agatha Christie.

O primeiro ponto é que tudo é verdade. O segundo é que tudo pode ser mentira. Nelsinho de fato bateu de propósito, sob ordens ou conselhos (pouco importa) de Pat Symonds e Flávio Briatore. A Renault a principio se disse chantageada pelo clã Piquet, chamou Briatore para conversar em Paris, e em seguida anunciou um processo contra os brasileiros. No entanto, hoje, uma bomba explode assim que o dia amanhece no Brasil. A Renault resolveu chutar Briatore e Symonds da equipe e ainda disse que não contestará as acusações na FIA. Ou seja, admitiu sua culpa e agora barganhará uma punição menor.

Mistério resolvido? Em partes. Agora sabemos o que e como aconteceu. Mas, afinal, como isso tudo foi vazar? Quem primeiro levantou a bola foi Ivan Cappeli, blogueiro do site Grande Prêmio: as peças não se encaixam. A máscara de homem-bomba não veste o jovial e covarde rosto de Nelsinho Piquet. A informação que circula desde o começo da história é a de que foi Nelson Piquet, o pai, quem procurou Max Mosley e soltou a acusação. Imaginar que o tricampeão, dotado de uma verdadeira inteligência maquiavélica, não fosse imaginar que seu filho seria queimado vivo no processo chega a soar estupidez.

O fato agora é que a guilhotina já está pingando sangue e as cabeças de Symonds, Briatore e Nelsinho estão em uma bandeja na mesa de alguém. Quando começamos a juntar as peças, vemos que apenas uma pessoa se sairia muito bem dessa situação toda. Max Mosley, presidente da FIA, em seus últimos dias de mandato, é o maior suspeito. Dono de um ódio mortal por Briatore e as construtoras que o derrubaram, Mosley consegue ser cruel quando quer. Foi assim que ele limou o ex-dirigente da McLaren, Ron Dennis, da Fórmula 1. No entanto, enquanto Dennis foi apenas expurgado, Briatore foi massacrado.

Se não é difícil imaginar o culpado, a elaboração do plano é bem mais complexa. Onde se encaixa Nelson Piquet? Afinal o mundo da Fórmula 1 já desconfiava de toda esta armação há pelo menos 1 ano. Felipe Massa já falara sobre isso. Difícil também imaginar que o tricampeão tenha um espírito altruísta e lute pelo bem da categoria. Até onde Max Mosley iria para levar consigo para o túmulo aqueles que odeia?

Pode até ser que falar mais das confusões fora da pista do que de corridas faça mal a Fórmula 1 e ao esporte em si. No entanto, não há como negar que desvendar o que acontece nos bastidores tem sido muito mais intrigante que qualquer articulação política entre países. A Fórmula 1 e a FIA se tornaram o novo bolsão de espionagem e intrigas no mundo. Assassinato, espionagem, traição, sexo... não falta nada. A pobre Agatha Christie sentiria inveja vendo a trama que pode culminar na destruição de um apaixonante esporte.

Um comentário:

Pedro Zambarda disse...

perde-se muito do potêncial da categoria em escândalos como esse.

E pior ainda isso envolver um brasileiro. Digo, para nós.

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