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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Cai o número de brasileiros que joga futebol no lazer

Por Hérika Dias, da Agência USP de Notícias
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A paixão dos brasileiros pelo futebol pode ser grande, mas o número de pessoas que faz do esporte uma atividade física de lazer caiu. De 2006 a 2012, o percentual foi de 9,1% para 7,2%, uma redução de 20% em sete anos. O futebol foi ultrapassado pela musculação/ginástica (aumento de 7,9% para 11,2%) e se tornou a terceira atividade física mais praticada nas horas de folga dos brasileiros. Em primeiro está a caminhada (em torno de 18% entre 2006 e 2012).


As informações constam de um estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, baseado nos dados do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas), um inquérito produzido anualmente pelo Ministério da Saúde por meio de entrevistas por telefone com cerca de 54 mil pessoas, a partir dos 18 anos, nas capitais brasileiras e no Distrito Federal.

Os doutorandos Thiago Hérick de Sá e Leandro Martin Totaro Garcia e o pós-doutorando Rafael Moreira Claro analisaram as dados do Vigitel entre 2006 e 2012 para descrever a frequência e os principais tipos de atividade física praticados pelos adultos brasileiros no período de lazer.

De acordo com os pesquisadores, o estudo é descritivo e, portanto, não foram investigadas as possíveis causas da variação dos praticantes de futebol. “Não podemos ser taxativos de que está havendo uma substituição. O fato de o futebol estar caindo e da musculação/ginástica estarem subindo em termos populacionais, não quer dizer que as pessoas estão trocando uma coisa pela outra, pode ser que as pessoas que deixam de jogar futebol não sejam as mesmas que passaram a frequentar mais a academia”, ressalta Thiago Hérick de Sá.

Entretanto, eles formularam algumas hipóteses para explicar a queda na prática de futebol. “No Brasil, jogar futebol sempre foi muito dependente de campos públicos e muitos deles estão em terrenos baldios. Mas esses espaços têm diminuído muito por causa do mercado imobiliário, para a construção de novos prédios, novos empreendimentos, o que se dá tanto em regiões mais centrais como na periferia das cidades”, afirma o pesquisador.

Ele sugere que a diminuição dos praticantes de futebol também esteja ligada à dificuldade em se encontrar tempo e pessoas. “É preciso tempo para se fazer uma prática dessa ou mesmo para se organizar uma partida, porque jogar futebol envolve no mínimo 10 pessoas. A organização dessa atividade toma tempo e hoje vivemos em um contexto social que torna isso um pouco mais difícil.”

Academias

O crescimento dos praticantes de ginástica/musculação – passou de 7,9% em 2006 para 11,2% em 2012 – pode estar relacionado ao aumento da oferta de espaços para a prática, segundo Thiago. “O número de academias tem crescido, mesmo as academias de bairro. Há também iniciativas públicas, governamentais para oferecer esse tipo de espaço. Programas de ginástica dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), também aumentam a oferta desse tipo de atividade.”

Ele também acredita que o crescimento do poder de compra do brasileiro contribuiu para mudança. “A população brasileira teve um aumento no ganho real da sua remuneração nos últimos 10 anos, isso facilita as pessoas pagarem uma academia, por exemplo”.

Atividade física

O estudo mostra que metade dos brasileiros não faz atividades físicas no seu tempo de lazer. A outra metade que pratica alguma atividade física é composta na maioria por homens – 60%, contra 40% de mulheres. Os principais tipos de práticas em 2012 foram caminhada (18,1%), musculação/ginástica (11,2%), futebol (7,2%), corrida (3,1%), bicicleta (2%), hidroginástica (0,9%), natação (0,9%), outros (3,65).

Os pesquisadores chamam a atenção para a falta de diversidade nas atividades físicas de lazer praticadas no Brasil, 78% está baseada na caminhada, ginástica/musculação e futebol. “Isso é o reflexo da falta de uma política nacional de promoção da atividade física e do esporte. É normal que a cultura de alguns países dê mais atenção para determinados tipos de práticas, mas mesmo assim essa proporção no Brasil pareceu exagerada, precisaríamos diversificar, oferecer espaços para outras práticas, como handebol, luta, dança, yoga, etc”, alerta o pesquisador.

O trabalho dos pesquisadores do Nupens foi publicado em julho no International Journal of Public Health.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Felipão recebeu R$ 4,1 milhões de rescisão contratual com a CBF, diz Folha

Por Pedro Zambarda

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) vai gastar R$ 4,1 milhões na rescisão de contrato com o técnico Luiz Felipe Scolari, o Felipão, responsável pelo 7x1 que o Brasil sofreu contra a Alemanha na Copa do Mundo 2014 em nosso país. Informação é do jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira.



O valor total do desligamento da comissão técnica, incluindo o coordenador Carlos Alberto Parreira e o auxiliar Flavio Murtosa, passou R$ 9 milhões, de acordo com a publicação. O presidente José Maria Marin dissolveu a comissão no dia seguinte ao da final da Copa, em 14 de julho.

A seleção brasileira encerrou o torneio em quarto lugar após um final desastroso, com derrotas categóricas contra Alemanha e, depois, ao enfrentar a Holanda. A demissão foi sem justa causa para os três funcionários.

Via DCM e Terra

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Um resumo da Copa do Mundo do Brasil por quem viu todos os jogos


Por Pedro Zambarda

Acompanhei todos os 64 jogos da Copa do Mundo 2014 para fazer mais os posts do blog ao vivo do Diário do Centro do Mundo (DCM). Vi a maioria na televisão, acompanhei streamings na internet e vi até os protestos que acompanharam boa parte do mundial, até as quartas de final, antes das prisões das polícias no Brasil.



Confira um resumo de tudo.

Uma Copa recheada de grandes jogos

As melhores partidas da Copa do Mundo foram um misto de jogos equilibrados com algumas goleadas históricas. A vitória de 5x1 da Holanda sobre a Espanha foi uma humilhação, mas ela marcou pelo gol de cabeçada de Robin Van Persie, voando como um peixinho, no dia 13 de julho. No dia seguinte, a Itália de Mario Balotelli fez uma disputa equilibrada com a Inglaterra de Wayne Rooney, vencendo por 2x1.

Costa Rica foi a grande surpresa da primeira fase, das oitavas e das quartas de final, vencendo o Uruguai por 3x1 e a Itália por 1x0. Empataram com a Inglaterra no 0x0 e com a Grécia, por 1x1. O último jogo deles foi na Arena Fonte Nova, em Salvador, contra  Holanda no dia 5 de julho. Seguiram empatados no 0x0, para sofrer com o goleiro reserva holandês Tim Krul, escolhido a dedo pelo técnico Louis van Gaal nos pênaltis, perdendo por 4x3. Mesmo sem vencer o mundial, está foi a melhor Copa dos costa-riquenhos, conhecidos pelo apelido de “ticos”.


A França e os Estados Unidos foram boas surpresas na Copa. Os americanos tombaram para a Bélgica no dia 1º de julho, não sem antes resistir antes a toda poderosa Alemanha. Os franceses deram uma goleada de 5x2 na Suíça no dia 20 de junho. O muçulmano francês Karim Benzema cativou por seu futebol, apesar de não cantar a Marselhesa, o hino oficial da França, pelo massacre que ela provocou na Argélia, terra de seus pais. A França tombou para a Alemanha, no dia 4 de julho por 1x0.

As oitavas de final foram tomadas por times latino-americanos, sendo sete dos 16 classificados. Destes, só restaram o Brasil e a Argentina nas quartas, embora os esforços do Chile, do Uruguai, do México, da Colômbia e da Costa Rica foram dignos de nota. Se os hermanos argentinos superarem os alemães, será uma vitória inédita desde a Copa de 90, quando eles foram vices.

De longe, o time que mais me deu orgulho nesta Copa do Mundo foi a Argélia, resistindo bravamente aos alemães no dia 30 de junho, mas perdendo por 2x1. O goleiro M’Bolhi fez defesas espetaculares e foi considerado o homem do jogo pela Fifa, mesmo com a derrota argelina. O escritor e intelectual Albert Camus, se estivesse vivo, teria orgulho do time “pied-noir” que jogou nesta Copa brasileira.

As decepções também fizeram parte do mundial

Jogos de times como a Rússia, Coreia do Sul, Bósnia-Herzegovina, Irã, Honduras e Camarões (exceto quando perdeu para o Brasil) deram sono. Eles são países com fraca tradição no futebol, o que se reflete em jogadas monótonas ou imprudentes. Entre si, os jogos eram parados. Contra times estruturados, eles perdiam por muitos gols. A única exceção que abro foi o jogo entre Irã e Argentina, no dia 21 de junho. De tão monótono, quase tivemos a impressão que o gigante Messi ia tombar para os iranianos. Mas o craque mudou o placar no final. 

No entanto, a grande decepção desta Copa do Mundo aconteceu com o próprio Brasil. Os brasileiros começaram bem a campanha derrubando Croácia, Camarões e Chile. No dia 4 de julho começou o primeiro capítulo da tragédia, com a joelhada do colombiano Juan Zúñiga na coluna do jogador Neymar Jr. O jogador teve a vértebra lombar fraturada, ficando fora da Copa. Mesmo assim, o Brasil ganhou por 2x1.


A grande decepção veio no dia 8 de julho de 2014, a partir das 17hrs. O Brasil foi massacrado pela Alemanha por 7x1. Apesar de serem cotados como favoritos, a seleção do técnico Luiz Felipe Scolari chegou na semi-final desgastada, pouco treinada e com poucas substituições. A falha tática de Felipão abriu espaço para que os alemães goleassem. Só no primeiro tempo, foi 5x0. O jogador Oscar fez o único gol brasileiro da partida.

O resultado péssimo levantou o caso de corrupção dos cartolas da CBF, aumentou a pressão para a retirada de Felipão da comissão técnica. Isso ainda deve causar grandes mudanças no futebol brasileiro, endeusado há cerca de 100 anos, mas com problemas muito presentes. Nossos craques não jogam mais pelo país e são constantemente comercializados por clubes europeus. A mídia esportiva, que tratava a seleção como recreação, está se vendo obrigada a adotar uma postura crítica. A reação de tristeza dos brasileiros neste dia ficou bem evidente.

Os protestos e os abusos do Estado continuaram acontecendo no mundial

No dia 12 de junho, na abertura da Copa, os protestos com o mote “se não tiver direitos, não vai ter copa” chamaram atenção. As polícias militares agiram com a truculência desproporcional que já era empregada antes do mundial. Perto do Itaquerão, uma equipe da emissora CNN chegou a ser atingida por bombas da polícia.

O estudante e funcionário da USP, Fábio Hideki Harano, foi preso no dia 23 de junho, acusado de ser líder dos black blocs. Manifestante pacífico, Fábio estava com capacete de motoqueiro, para se proteger de balas de borracha, e portava um vinagre na bolsa. A polícia implantou um coquetel molotov e o caso de falso flagrante ganhou repercussão nas mídias sociais. Enquanto vídeos mostram ilegalidade na prisão policial, o secretário de Segurança Pública do governador tucano Geraldo Alckmin, Fernando Grella, reforçou a acusação sem ter mais provas. Fábio está preso no presídio de Tremembé até agora.


A maioria dos jogos da Copa do Mundo tiveram protestos, em maior ou menor proporção. No Rio de Janeiro, barricadas foram criadas nos arredores do Maracanã para separar o conflito entre as manifestações e a polícia da torcida dos jogos. No entanto, quem invadiu o Maracanã de verdade foram os 200 torcedores chilenos no dia 18 de junho. Enquanto rolava o jogo Espanha contra Chile, a manada de invasores destruiu a sala de imprensa do estádio. O motivo da mobilização foi a falta de ingressos.

Dois repórteres do Mídia NINJA foram presos, um no Rio de Janeiro e outra em Minas Gerais. Mesmo com as detenções, o coletivo de reportagem continuou transmitindo os protestos. 

A polícia também reprimiu as festas no bairro de classe média Vila Madalena, em São Paulo. O motivo das medidas de segurança foi o horário das festividades, que mergulharam na madrugada paulistana. O problema é quando o procedimento incluiu lançar bombas de gás lacrimogêneo contra torcedores argentinos.

E a internet foi palco de memes

Com as coisas boas e ruins, a rede foi responsável por brincadeiras sem fim. O craque holandês Arjen Robben ficou famoso por se jogar no chão para forçar faltas. A internet, sem perdão, fez montagens do jogador com uma bailarina. No dia 24 de junho, o atacante uruguaio Luis Suárez mordeu o zagueiro italiano Giorgio Chiellini e foi banido da Copa do Mundo. O mundo online transformou Suárez em um tubarão, em um cachorro louco e até em um vampiro.

A derrota brasileira humilhante também virou piada. Usuários disseram que “nunca viram a Volkswagen produzir gols tão rápido”. O jogador Fred foi comparado com um cone e com a personagem “Mulher Invisível”, do quadrinho Quarteto Fantástico. A performance pífia de Hulk também foi vítima de brincadeiras, assim como seu nome foi diretamente relacionado ao monstro verde musculoso. A coluna vertebral fraturada de Neymar e a campanha pela sua melhoria também foi debochada por muitos internautas que não são tão ufanistas.

O maior meme de todos sem dúvida foi com o cantor dos Rolling Stones, Mick Jagger. Conhecido por seu pé-frio na Copa de 2010, as apostas do artista também se mostraram furadas neste mundial. Ele apostou que Portugal venceria a Copa antes mesmo do começo. O time de Cristiano Ronaldo foi eliminado na primeira fase. Jagger torceu então pela sua amada rainha Inglaterra, que tombou junto com os portugueses. Ele também apostou na Itália, que caiu na mesma fase. Por fim, o craque estava torcendo pelo Brasil contra a Alemanha, no dia dos 7x1. Ou seja, todos os times que Mick Jagger queria ver como campeã tombaram rapidamente, exceto talvez pela seleção brasileira.



Mick também virou vítimas de montagens dos internautas, especialmente no Twitter. Todos os times odiados pelo Brasil tiveram pelo menos uma imagem envolvendo o artista. Segundo as redes sociais, Mick Jagger já foi colombiano e até argentino, sendo que o astro sequer torceu para essas equipes. A apresentadora Luciana Gimenez, sua ex-mulher, chegou a reclamar dos internautas, pelo “bullying” exercidos contra o cantor e seu filho, Lucas Jagger.

Copa do Mundo foi uma festa

O mundial foi uma diversão para quem o viveu, com estrangeiros elogiando o comportamento de brasileiros. As festas em Recife, Rio de Janeiro e São Paulo evidenciaram o lado positivo do evento. Durante os jogos, algumas reclamações ocorreram, mas as arenas conseguiram receber grandes quantidades de torcedores, chegando em uma faixa entre 40 mil e 70 mil pessoas.

Reclamações foram registradas na Arena da Baixada, em Curitiba, no Itaquerão, em São Paulo, e no Maracanã, no Rio. Técnicos reclamaram da qualidade dos gramados na semana do dia 20 de junho. Jogadores também sofreram em jogos às 13hrs em Fortaleza, horário de sol intenso. Mesmo com esses problemas pontuais, os eventos esportivos ocorreram com animação e infraestrutura.

E você, o que achou da Copa?

domingo, 6 de julho de 2014

A surpresa de David Luiz na Copa do Mundo

Por Pedro Zambarda

Não foi Neymar e nem Thiago Silva que detonaram a Colômbia, um adversário difícil na Copa do Mundo do Brasil, mas sim o zagueiro cabeludo David Luiz. Com um gol fora da área no dia 5 de julho, em um chute com barreira, ele deixou os colombianos sem defesa. O goleiro David Ospina tentou voar, mas o gol de David foi absurdamente bem colocado na rede. Foi o segundo golaço de um jogo de 2x1 que o Brasil levou com tensão contra a seleção colombiana.


O zagueiro joga atualmente no Paris Saint-Germain e vale 55 milhões de euros. Sem a pressão que Neymar sofre, David Luiz teve a liberdade de fazer dois belos gols de diferença nesta Copa do Mundo. Além do seu brilho em campo, a seleção brasileira hoje também contou com o gol do capitão Thiago Silva, feito em menos de 10 minutos de jogo.

Neymar infelizmente não mandou bem. É constantemente cobrado, é o craque da seleção e é o querido do Felipão. Não é poupado, não é substituído e está na linha de frente. Levou uma joelhada durante o jogo e caiu reclamando de dores. Foi levado para um hospital em Fortaleza, chorando fora do estádio do Castelão.

Fred, Hulk e Oscar saíram devendo. Hulk chutou bolas tortas em direção ao gol. Fred desapareceu e é o atacante ausente da nossa seleção brasileira, vítima de brincadeiras até nas redes sociais. Oscar não fez o suficiente para marcar um gol. Felipão continua errando ao insistir em alguns nomes em seu time, apesar de ter tirado Daniel Alves. O técnico vai ter que se mexer mais em uma semi-final com a Alemanha. Será um jogo difícil pro Brasil com a qualidade do time alemão, pelo que tudo indica.

Mas David Luiz é um suspiro de alívio em nossa seleção. O zagueiro é carismático, tem garra e é perfeccionista. Em suas tentativas de tirar a bola dos adversários, ele não causa faltas graves ou desnecessárias.

Nisso, é diferente do zagueiro Thiago Silva, que conseguiu um cartão amarelo desnecessário contra a Colômbia hoje e está fora da disputa com a Alemanha. David soube se poupar, fez o gol de diferença e pode continuar sendo nossa surpresa nesta Copa.

Ao acabar o jogo, David Luiz foi o primeiro a ir falar com o atacante James Rodríguez, o astro colombiano, responsável por levar sua seleção novata até essas quartas de final. Ele cumprimentou o adversário com muito respeito e sugeriu, de cara, para que trocassem suas camisetas. David não demonstrou egocentrismo e nenhum comportamento de estrela do futebol. Manteve o pé no chão até o fim.

No dia 15 de junho, um fã-mirim chamado Daniel Jr. invadiu um treino da seleção brasileira para ver seu ídolo David Luiz. Ao invés de tirá-lo dali, porque invadir um treino é errado, David preferiu conversar com o menino e autografar sua camiseta. O jovem chorou diante da atitude do jogador.

David Luiz é um cara muito legal.

domingo, 22 de junho de 2014

O jornalista, o sósia e os jornais

Por Sylvia Moretzsohn, do Observatório da Imprensa
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Vamos discutir isso a sério: um jornalista experiente como o Mario Sergio Conti, colunista da Folha de S.Paulo e do Globo, realiza uma entrevista com o Luiz Felipe Scolari. Os dois jornais publicam na quarta-feira (18/6) a entrevista em seus sites. Só que o Felipão não é o Felipão, é um sósia dele. 

Aí os jornais publicam um desmentido (ou um “erramos”) e tiram o texto original do ar.

A história cai na rede e provoca uma série de comentários contraditórios e especulações.

Uma jornalista recupera o texto no cache do Google e sugere que pode ter havido um erro de quem fez o título, considerando o final da entrevista, em que Conti convida o suposto Felipão para o seu programa na GloboNews e o sósia lhe entrega um cartão, identificando-se como “Vladimir Palomo – sósia de Felipão – eventos”. 

Em suma, os redatores (da Folha e do Globo) teriam se empolgado e tomado por verdade o que era fake.

Outra jornalista diz que o texto era claramente uma ironia. Faz sentido?

1. O texto inteiro é redigido como se fosse verdade. No final, o sósia se revela. Seria então uma autoironia: o jornalista entrevista um sósia achando que é o Felipão e no final revela que foi enganado. Mesmo? E qual a graça disso?

Muito mais provável seria considerar que o jornalista pensava estar entrevistando de fato o técnico da seleção e, finalmente, recebendo o cartão, teria verificado o engano. Mas isso simplesmente derrubaria a matéria.

Ou então – como sugeriram alguns, antes de saber do desfecho da história – que o jornalista tivesse pensado que o (supostamente verdadeiro) Felipão lhe entregara um cartão com o nome do sósia para fazer uma brincadeira, como a de sugerir que convidasse um sósia a seu programa de entrevistas, já que no momento estava muito ocupado com a Copa.

2. Se era uma ironia, por que Conti pediria desculpas, através da nota que tanto O Globo quanto a Folha publicaram?

E o leitor?

O caso acabou esclarecido no fim da tarde de quinta-feira, quando a Zero Hora, de Porto Alegre, publicou entrevista com o jornalista e o sósia entrevistado por ele (ver “Mario Sergio Conti: ‘Pensei realmente que era o Scolari’”). Logo depois, apareceria matéria no site da Folha e, pouco mais tarde, também no do Globo, nas quais o jornalista reconhecia o erro.

O mais relevante, entretanto, é a maneira como os jornais trataram o episódio: inicialmente, com um sucinto pedido de desculpas e a eliminação do link para o texto original, só ressuscitado depois da repercussão que o caso ganhou nas redes sociais.

Não vivem dizendo que o leitor deve tirar suas próprias conclusões? A que conclusões o leitor pode chegar (mesmo a essa de que teria sido uma ironia mal compreendida), se não tem acesso ao texto?

***

Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora de Repórter no volante. O papel dos motoristas de jornal na produção da notícia (Editora Três Estrelas, 2013) e Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O adeus de Ronaldo

O ano era 1996. Eu, uma criança que começava a acompanhar futebol pra valer, ouvia falar de um tal de Ronaldo que encantava a torcida do Barcelona. Aos poucos minha memória foi melhorando e percebi que este garoto jogou algum tempo antes no Cruzeiro, e o vi marcar alguns gols. Ele era muito bom, mas ainda não tinha ideia do quanto. Não precisava. Pois, todos os dias desde de 1996, esse garoto Ronaldo, que viria ganhar o apelido de Fenômeno, era lembrado pelos noticiários e pelos torcedores.

Hoje, 14 de fevereiro de 2011, é mais fácil lembrar de Ronaldo por seu sobrepeso nos últimos anos. Pelo fracasso na luta pela Libertadores com o Corinthians, ou até mesmo pelo escândalo com três travestis no Rio de Janeiro em 2009. Mas, daqui há algum tempo, talvez menos do que pensamos, a imagem que ficará de Ronaldo é a do maior artilheiro da história das Copas. Do cara que fazia aquilo que todos achavam impossível. Das seguidas voltas por cima quando todos – todos mesmo – acreditavam que sua carreira estava acabada.

Tendo explodido para o mundo no fim dos anos 90, Ronaldo foi também o primeiro e maior nome do “futebol midiático”. Seu rosto e seu nome extravasaram em muito a fronteira do futebol e dos cadernos de esporte. Cada movimento seu foi perseguido, fotografado e comentado nos últimos 15 anos. Não existe um buraco, um mistério na carreira de Ronaldo como existe na de Pelé ou de Puskas. Quem viu Ronaldo jogar, viu todos os seus gols, todos seus altos e baixos. E graças a isto, poucas vezes Ronaldo teve o direito ao Olimpio no qual os grandes gênios da bola possuem.

Com a vinda ao Brasil, ele se humanizou de uma vez por todas. Jogando pelo Corinthians, deixou de ser inquestionável para todos e muitos torcedores de times rivais esqueceram de tudo que ele fez. Mas agora tudo acabou. Não existe mais rivalidade clubistica. Não existe mais aquela dúvida sobre se ele dará mais uma última volta por cima. Chegou a hora do descanso de um dos maiores jogadores da história. Contudo, uma coisa é certa: Ainda ouviremos falar muito dele. E pessoalmente, só resta uma coisa a dizer depois de todos estes anos amando futebol. Muito obrigado, Ronaldo!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Os militantes de Twitter e a guerra de Dunga

E a guerra foi enfim declarada oficialmente. Depois de 3 anos e meio de birrinhas, carinhas fechadas e emburradas, finalmente Dunga e a Rede Globo entraram de vez em choque, graças a mais um cordial episódio protagonizado pelo técnico da Seleção Brasileira. Afinal, existe exemplo maior de educação do que xingar covardemente um jornalista, que apenas falava ao celular, durante a coletiva OFICIAL da FIFA após a vitória de 3 a 1 sobre a Costa do Marfim?

Foi a gota d’água que a Globo estava esperando. No mesmo dia, Tadeu Schmidt leu uma editorial criticando a postura do técnico, que “não condizia com uma carreira tão vitoriosa no esporte e um cargo tão importante”. Pois bem, em um mundo que as pessoas pensam que o Twitter é importante, logo choveram manifestações de apoio ao técnico da seleção. Um “Cala Boca Tadeu Schmidt” virou trending topic e agora foi lançada a campanha #UmDiasemGlobo. As manifestações de apoio ao nosso técnico não param por aí. Basta ler qualquer comentário nas noticias relacionadas ao tema nas páginas eletrônicas do Estadão ou da Folha.

Sempre que alguém fala algo contra a Rede Globo, surgem as viúvas das Diretas Já para soltar seus tão criativos gritos, como “O povo não é bobo, fora Rede Globo”. O que os gênios não percebem, é que as coisas mudaram. A Globo ainda é importante, mas nem sombra da influência marrom que era nos anos 80, e sua vontade de controlar tudo que ocorre neste país, inclusive o esporte, se vai aos poucos. Mas o que os gênios têm mais dificuldade em entender mesmo é o fato de que Dunga não peitou a Globo. Dunga odeia mesmo é a imprensa. Dunga odeia a essência do bom jornalismo.

Sempre defendi que o técnico da Seleção tem bons motivos para ter ressentimentos contra jornalistas. Foi taxado como símbolo de uma geração que fracassou em 1990, a “era Dunga”. Quando deu a volta por cima em 94, ninguém veio lhe pedir desculpas. Até aí tudo bem, é seu direito. No entanto, acho que o poder e a responsabilidade subiram a cabeça de Dunga. É claro em suas entrevistas que Dunga não vê que os jornalistas devem trazer fatos. Para o técnico, eles devem torcer, exaltar e, o mais grave, esconder tudo que há de errado.

Quando a imprensa publicou a tola discussão entre Júlio Baptista e Daniel Alves, Dunga retaliou. Fechou o treino seguinte. Todos sabiam o que se passava em sua cabeça. Copa do Mundo é época de mostrar apenas o que é bom, e esconder o que há de errado. Mas o que Dunga esquece é que foi justamente esta postura que não revelou a zona que foi a Copa de 2006. Mesmo com o grupo evidentemente controlado e trabalhando seriamente, o técnico quer mais, quer o jornalismo seja deixado de lado, e que o Brasil, como nos bons anos 70, "ame-o ou deixe-o".

Está na hora então dos corajosos e geniais militantes de Twitter pensarem um pouco mais no que representa a guerra entre Globo e Dunga, e perceberem que ela é entre Imprensa e Dunga. Se são tão a favor da liberdade de expressão, deveriam atacar é o cara que fecha treinos e faz movimentos nos bastidores para que informações não sejam publicadas, e que xinga jornalistas quando o microfone está desligado em vez de o fazer de frente ou simplesmente ignorar suas perguntas. Afinal, patrocínio paga né?

sábado, 19 de junho de 2010

Bola da Vez #11 - Copa do Mundo 2010


Achou que o Bola não ia falar sobre a Copa do Mundo na África do Sul? Ledo engano. Vamos recomendar alguns dos melhores sites pra você se manter atualizado, mesmo que a perfomance do Brasil contra a Coréia do Norte tenha sido fraca ou que a Argentina esteja ganhando os jogos.

- Copa na Africa 2010 (@copa_de_2010): Site sustentado pela estudante de jornalismo caloura da Cásper Líbero, Júlia Caldeira, com outros colaboradores tem como único foco a Copa do Mundo. Registros dos antigos campeonatos e futuros transformarão o blog, sempre informando quem for procurar esse assunto na internet. Muito recomendado!


- Especial Site de Cultura Cásper Líbero (@sitecultura): Especial feita pela integrante do Bola da Foca e editora Ana Júlia Castilho junto com repórteres da Faculdade Cásper Líbero, o especial Copa do Mundo traz curiosidades sobre a Copa de 94, filmes e todo material cultural relacionado com futebol. O site da Coordenadoria de Cultura Geral é um grande parceiro do Bola na criação de conteúdo e sempre recomendamos ele, especialmente nesta semana.

- Copa de 2010 na África do Sul (sem twitter): Blog simples sobre a Copa, com alguns detalhes da abertura. Design clean e posts diretos.

- Gazeta Esportiva.net (@gesportivanet): Site de jornalismo esportivo sustentado pela TV Gazeta e a Fundação Cásper Líbero. Com notícias 24h sobre esportes, é óbvio que a Copa do Mundo na África tem sido seu foco.

Você conhece algum site bem bacana sobre esportes na Copa? Lembre-me no seu comentário.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A necessidade do lobby

A imprensa esportiva vive de épocas, fases do ano, quase como a agricultura. Existem épocas de entre safra, quando não há muito do que se falar, exceto chatas negociações entre clubes. Porém, em ano de Copa do Mundo, como este, o calendário muda e as prioridades se invertem. E, pois bem, até dia 11 de maio, quando Dunga divulgará os 23 convocados para a Copa do Mundo, estamos em um destes períodos chatos, ao menos no que se refere à seleção. E qual a conseqüência disso? Uma irritante necessidade de assunto.

Se existe um tópico recorrente hoje na mídia esportiva, e de certa forma na mídia geral, é a convocação ou não de Neymar e Paulo Henrique Ganso. São dois garotos do Santos de 18 e 19 anos, respectivamente, que nunca vestiram a camisa amarela, mas que jogam tão bonito que senhores nostálgicos estão quase enfartando.

Lobby por jogador em véspera de Copa do Mundo é um passatempo nacional. Em 1998, a questão era Edmundo (para a reserva). Em 2002, até FHC pediu a convocação de Romário. 2006 foi a exceção à regra. A discussão não era quem convocar, mas se Robinho deveria ou não ser titular. A questão fica – especificamente este ano – em relação a necessidade que imprensa teve em encontrar um assunto e como Neymar e Ganso caíram dos céus para os comentaristas e ex-jogadores.

Uma simples retrospectiva revela essa necessidade. Com o Brasil se classificando na liderança da eliminatória Sul-Americana, com quatro jogos de antecedência, o povo e a imprensa caíram de amores pela então subestimada seleção de Dunga. No entanto, foi só o apito final do amistoso contra a Irlanda – o último antes da Copa – soar que ecos de discordância passaram a ser ouvidos. Ronaldinho Gaúcho, que há algum tempo havia sido esquecido por todos, graças a seu futebol patético, foi revivido nas mesas redondas. Os mesmo comentaristas que criticaram seu futebol e apoiaram Dunga quando ele boicotou o jogador do Milan, agora o reivindicavam como “alternativa” a um Kaká instável.

Pois bem, pobre Gaúcho, o lobby não durou muito. Foi só o Santos começar a fazer gols como em partidas de PES e Neymar e Ganso chutaram Gaúcho das conversas. A questão não é se Neymar, Ganso, Gaúcho ou Obina devem ir para a Copa, mas sim a necessidade que a imprensa esportiva tem de assuntos polêmicos, que agitem os programas de domingo a noite de segunda à sexta na hora do almoço.

O que não se percebe é o que isso cria. Instabilidade e insegurança crescem nos jogadores que já tem seu lugar lá, além de um clima de hostilidade que simplesmente não existia antes. Se futebol é a coisa mais importante das menos importantes, e suas conseqüências não afetam drasticamente a vida de quase ninguém, também é verdade que o mínimo de responsabilidade e coerência de alguns jornalistas são sempre bem-vindas no exercício da profissão.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Filme de boleiro?


A primeira vez que Gael Garcia Bernal e Diego Luna contracenaram juntos foi na novela mexicana “Vovô e Eu”, sucesso da Televisa e do SBT nos anos 90. Gael era um dos protagonistas e Diego fazia parte de sua turminha de amigos. Mas eles apenas se tornaram internacionalmente conhecidos com o lançamento do road-movie-latino-americano “E Sua Mãe Também”, premiado no Festival de Veneza em 2001.

A dupla voltou a dividir as telas esse ano em “Rudo Y Cursi”. Exibido no Festival de Sundance no começo do ano. O filme será lançado no Brasil diretamente nas locadoras, depois de exibições no Festival de Cinema Latino-Americano. O longa é a primeira produção da ChaChaCha, produtora de Guillermo Del Toro ("Labirinto do Fauno"), Alejandro González Iñárritu ("Babel") e Alfonso Cuarón ("Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban").

O filme é uma crônica diferente sobre o mundo do futebol, suas aventuras e desventuras. Tato (Luna), o "Rude", e Beto (Bernal), o "Brega", são irmãos e trabalham em uma plantação de bananas no México. Durante uma partida de futebol de várzea, chamam a atenção do olheiro Batuta (Guillermo Francella). Mas, como apenas um deles pode ser escolhido, Beto acaba se tornando uma grande estrela do futebol, mesmo tendo o sonho de se tornar cantor. Um tempo depois, Tato acaba tendo a sua chance também, mas no time rival do irmão. Máfia futebolística, "maria-chuteiras", breguisse, drogas e muitas metáforas futebolísticas completam o humor negro tradicional dos roteiros de Carlos Cuarón ("E Sua Mãe Também").

Um ponto positivo do filme, além das frases filosóficas de jogo de futebol e mesa de bar, é o trabalho de divulgação do filme. O site oficial é divertidíssimo e faz com que você entre no mundo do filme. Também foi lançado no Youtube um vídeo-clipe de Gael Garcia Bernal, caracterizado como Brega, cantando "Queiro que me queiras", mais conhecida como "I want you to love me". Para fãs ou não de futebol, humor negro e atores bonitinhos, "Rudo y Cursi" é uma ótima jogada.


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O prazer em ser diferente

Como diria um famoso comercial de TV, "existem coisas que o dinheiro não compra". A principal delas é a paixão, o fanatismo, o amor. E em alguns casos, especialmente no futebol, o dinheiro além de não comprar, pode atrapalhar muito. Em uma deliciosa reportagem publicada no New York Times na última terça feira, o cronista esportivo Rob Hughes descreve isso com perfeição.

Correspondente de futebol na Inglaterra, Rob foi até Manchester investigar a sensação de abandono que os torcedores do Manchester City vêm sentindo. Alguma coisa estava errada no time: ele estranhamente havia se tornado rico. Adquirido por um sheik milionário, o clube inglês está completamente distorcido. Faz contratações milionárias, oferece rios de dinheiro para jogadores de todos os cantos do mundo e até, vejam só, ameaça fazer um bom campeonato. Seria tudo ótimo, se este não fosse o papel do rival Manchester United nos últimos... 60 anos.

Ao ler a reportagem, imediatamente me veio à mente uma relação muito parecida, porém não idêntica. Se a relação entre United e City sempre foi a de um irmão rico e outro pobre, a de Corinthians e São Paulo sempre esteve mais para primos. Aquela rivalidade acirrada, onde um insiste em desmerecer o outro, nunca admitindo a necessidade da existência mutua. De um lado, o primo pobre, porém mais fanático, com uma torcida que o segue até a série B (só para lembrar, o City chegou a ser rebaixado para a série C, daí a comparação). Do outro, o primo rico, arrogante, ostentador, com uma torcida que só liga para títulos.

Quando o Corinthians fechou uma obscura parceria com o “fundo de investimentos” MSI em 2004 e fez contratações milionárias em 2005, lembro exatamente do comportamento de boa parte da torcida em relação a isso. Enquanto a torcida jovem e de meia idade bradava aos quatro cantos a nova fase da equipe, que capengava desde 2001, os torcedores mais velhos olhavam desconfiados em relação àquilo. “Isto não está certo. Este negocio de jogar dinheiro pro alto é coisa pra são-paulino” disse um amigo do meu pai na época. E não é que foi justamente nesta época que o São Paulo resolveu apertar os cintos, contratar menos, e começou a ganhar tudo que disputou? Algo parecido com a fase de um tal Manchester United atualmente?

É claro que o título desde texto é um exagero. Mas um exagero não tão grande assim. As paixões de corinthianos e “citienses” e suas contraposições com são-paulinos e “unitedenses” é de uma simetria impar. E mostra também a beleza de uma irracionalidade que se torna deliciosamente racional. De um lado os torcedores reclamam de suas riquezas e dizem que títulos não importam, de outro, reclama de sua torcida estar se tornando “convencional” demais, popular demais, e que o time não ganha como antes. Oras, estou louco em ver uma complementaridade aí?

O ponto é que mais que simplesmente ganhar, o que importa para uma torcida é obviamente sua identidade. Mesmo se United ou São Paulo começarem a ganhar ininterruptamente se desviando se suas características, muitos irão reclamar. Ou qual será o motivo de o titulo de 2005 não ser tão comemorado pelos corinthianos? E é justamente esta identificação, essa cara definida, que fazem a relação destes times ser algo tão especial, tão único. Me perdoem os corinthianos, mas vocês não seriam nada sem nós são-paulinos. E me perdoem meus companheiros tricolores, mas eu não seria tão apaixonado pelo meu time sem nossos primos da zona leste. E tenho a impressão que os torcedores dos times azuis e vermelhos de Manchester sentem (mas não admitem) a mesma coisa.

Leia a matéria de Rob Hughes, em inglês a seguir: http://tinyurl.com/mz5s4x

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Taça Brasil e Roberto Gomes Pedrosa: os Campeonatos Nacionais de 1959 a 1970

Entre os anos de 1959 e 1970 foram disputadas a Taça Brasil, 1959 até 1968, e a Roberto Gomes Pedrosa, também conhecida como "Robertão" ou "Taça de Prata", entre os anos de 1967 e 1970. As duas competições nacionais foram organizadas pela extinta CBD (Confederação Brasileira de Desportos) em consequência da criação da Taça Libertadores da América em 1960. Bahia (1959), Palmeiras (1960 e 1967), Santos (de 1961 a 1965), Cruzeiro (1966) e Botafogo (1968) foram os campeões da Taça Brasil. O Roberto Gomes Pedrosa foi conquistado por Palmeiras (1967 e 1969), Santos (1968) e Fluminense (1970).

Apesar de terem a mesma função - eleger os clubes brasileiros representantes para a Libertadores -, a Taça Brasil e o Roberto Gomes Pedrosa tinham diferentes regulamentos. O primeiro tinha características semelhantes as da atual Copa do Brasil, enquanto o "Robertão" pode ser considerado o pai do Campeonato Brasileiro. Eles chegaram a ser disputados simultaneamente em 1967 e 1968.

Até o ano de 1959 não existiam competições de nível nacional ou interestadual no Brasil, exceto o torneio Rio-São Paulo, que foi disputado pela primeira vez em 1933 e depois foi organizado regularmente de 1950 até 1966. No ano de 1967, 15 clubes de cinco estados disputaram o primeiro Robertão, vencido pelo Palmeiras. Com as mudanças e a inclusão de clubes de outros estados, o novo torneio foi batizado de Roberto Gomes Pedrosa, homenagem ao ex-goleiro Pedrosa, do São Paulo e da Seleção Brasileira na copa de 1934 e presidente da Federação Paulista de Futebol, falecido em 1954. De 1968 a 1970, aumentou o número para 17 participantes de sete estados, divididos em dois grupos e com jogos de ida e volta. Em 1971, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa foi substituído pelo Campeonato Brasileiro.

Primeira competição de nível nacional, a Taça Brasil começou a ser disputada em 1959 e teve o Bahia como primeiro campeão. A fórmula de disputa era semelhante a da Copa do Brasil: os campeões e alguns vices dos campeonatos estaduais disputavam partidas eliminatórias de ida e volta no sistema conhecido como mata-mata. Cariocas e paulistas entravam na disputa somente nas semifinais exceto nos anos de 64 e 68, quando entraram nas quartas de final. Nos anos em que foi disputada, o número de participantes girava em torno de 20 times e em várias edições, contaram com uma fase de grupos dividida de acordo com as regiões.

A transição da era Taça Brasil para a Roberto Gomes Pedrosa foi circunstancial. No ano de 1968, os clubes paulistas decidiram participar somente da "Taça de Prata", esvaziando assim, a última edição da Taça Brasil, vencida pelo Botafogo.

Embora a Taça Brasil e o Roberto Gomes Pedrosa fossem organizados em caráter oficial pela CBD, que então era responsável por todos os esportes no Brasil, a CBF não a reconhece como oficial. Em março de 2009, os seis clubes vencedores - Bahia, Botafogo, Santos, Cruzeiro, Palmeiras e Fluminense - se reuniram em São Paulo e fizeram um dossiê para pleitear o reconhecimento de campeões brasileiros junto a CBF. Para a CBF, o primeiro campeão é o Atlético Mineiro, vencedor do primeiro Campeonato Brasileiro organizado pela entidade. A luta continua e espera-se que a justiça seja feita ao reconhecer os títulos já que, assim como os campeões nacionais pós-1971, os times desfrutaram do mesmo prestígio e o privilégio de disputar a Libertadores. Vale ressaltar que para o Santos sagrar-se bicampeão Mundial e da Libertadores, teve que disputar e ser campeão da Taça Brasil.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Um Século de Grenal


No linguajar futebolístico, um "derby" é quando duas equipes rivais de uma mesma cidade se enfrentam. Enquanto no Brasil, o nome mais usado para esse tipo de confronto é "clássico", no exterior esse termo caracteriza um confronto entre duas equipes arquirrivais de cidades diferentes, como no caso de Real Madrid e Barcelona. No Brasil cada cidade grande tem o seu, mas há de convir que não há rivalidade maior que a de Grêmio e Internacional, que completou neste mês um século de história.

Em um século de existência, foram 376 confrontos, com 141 vitórias coloradas, 118 gremistas e 117 empates. Ambos são campeões nacionais (o Inter tem três nacionais e uma Copa do Brasil enquanto o Grêmio tem dois nacionais e quatro copas), da Libertadores e até um Mundial Interclubes pra cada lado. O primeiro confronto ocorreu no extinto Estádio da Baixada em Porto Alegre no dia 18 de julho de 1909, com o placar apontando uma goleada de 10 a zero do Grêmio em cima do Internacional.

Ambos não figuram entre as maiores torcidas do país e estão longe demais das capitais. Por que é a maior rivalidade do país? Há uma série de fatores. Uns apontam o equilíbrio e a intensidade da disputa dentro e fora do campo, embora isso faça parte do confronto entre rivais em vários lugares. O diferencial pode estar no fato do clássico dividir severamente ao meio o Rio Grande do Sul, já que em outros lugares há mais de dois times grandes e tradicionais. Apesar de alguns estados terem dois times grandes rivais como no Rio Grande do Sul, muitos de seus habitantes preferem torcer pra times de outras regiões, coisa rara na terra do gre-nal.

Um sempre leva a vantagem no outro em algum quesito. Se um tem, o outro se mobiliza e corre atrás pra conquistar também. Não importa se é uma taça ou até mesmo um projeto de modernização de seus estádios, visando a copa de 2014. No Sul, ou você está de um lado ou de outro e isso se aprende desde cedo, ou, como diz o colorado Luís Fernando Veríssimo, a escolha acontece no exato momento em que você pisa no aeroporto.

Essa dicotomia tão radical foi capaz até mesmo de mudar atitudes de empresas patrocinadoras. Basta ter como exemplo uma marca de refrigerantes que teve de mudar a placa de publicidade no Olímpico só por ter as cores do Inter. Houve casos em que o patrocinador - principalmente se tiver sede em Porto Alegre - teve de ser o mesmo para os dois times, pra evitar perda de clientes e consumidores. Outro exemplo que ilustra bem o teor da rivalidade são os documentários. O Grêmio produziu um contando a saga da "Batalha dos Aflitos", quando o time voltou à primeira divisão e em resposta, o Inter fez outro documentário tendo como tema a conquista do Mundial de Clubes no Japão.

Uma típica rivalidade tem em seus ingredientes disputa acirrada: revanchismo eterno, provocações e relações de amor e ódio. No caso gre-nal, as coisas são mais profundas e dificilmente um jogador que teve identificação com um lado terá com o outro. Os que chegam aos clubes imediatamente são tomados pela rivalidade. É justamente essa intensidade capaz de derrubar imparcialidades que faz a diferença. Quando se fala em grenal, a coisa tende a passar dos limites.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O Berlusconi brasileiro?

Comparar o esdrúxulo Silvio Berlusconi com o presidente Lula parece ser uma loucura somente cometida por radicais do DEM. No entanto, desde ontem a noite surgiram indícios que favorecem tal comparação. Se Lula não é presidente do Brasil e do Corinthians da forma que Berlusconi é premier e dono do Milan, ao mesmo tempo, parece que suas relações vão muito além do que a de um simples torcedor.

Segundo Ronaldo, o novo CT do Corinthians será construído a partir de 2010. E será o mais moderno do país, tão bom quanto o de qualquer clube europeu. Foi simplesmente a primeira notícia boa sobre o assunto nos últimos... 15 anos?

Quando perguntado a forma como o CT iria ser construído, Ronaldo revelou a real participação que Lula tem no clube paulistano. O presidente, que é membro vitalício do conselho há muito tempo, vem constantemente se interando sobre a situação econômica e política do clube desde o ano do rebaixamento. Lula teve participação significativa na reviravolta que o clube sofreu nos últimos 18 anos, se tornando o melhor do país.

Segundo Ronaldo, Lula teria passado para Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, alguns contatos de empreiteiras que poderiam “ajudar” o mandatário corinthiano a conseguir seu CT, o que seria seu maior legado como presidente, além de ter trazido o próprio Ronaldo. Tudo estaria pronto para o ano do centenário, a um custo significativamente menor que o habitual.

O sonho da construção de um novo estádio para cidade de São Paulo em virtude da Copa de 2014 parece ter sido enterrado. A obra, que seria repassada ao Corinthians no mesmo ano, se mostrou um rombo orçamentário que ninguém está disposto a bancar, nem a iniciativa privada, e muito menos o Estado de São Paulo. Kassab quer o Morumbi. Serra também, embora seu coração palmeirense torça pelo inviável Palestra Itália e Lula já mandou Ricardo Teixeira abaixar a bola em sua implicância com o São Paulo F.C. O CT surge como uma espécie de prêmio de consolo ao Corinthians, dado pelo presidente que vetou a arena.

Não que exista algum problema Lula ser conselheiro vitalício do Corinthians, ou clamar a todo mundo sua paixão pelo time. Obama o faz com os Chicaco Bulls. Mas o problema é quando sua influência é usada para ajudar o time. Lula não está fazendo nada ilegal até o momento, no entanto a questão ética foi seriamente comprometida. Qualquer favorecimento ao Corinthians em aspectos legais será posto em dúvida a partir da agora. Ronaldo, que é gênio só com a bola, pode ter mais prejudicado que ajudado seu time na noite de ontem. Quanto à ajuda de Lula, nada de mal pode sair daí. Para o Corinthians.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Seleção de Dunga é um bom time. E este é o grande problema.

A seleção de Dunga está para completar 3 anos de idade. Uma data que merece ser comemorada pelo treinador , aquele que muitos duvidavam que chegaria a um ano. Começou cheio de desconfiança, chamando atenção pelas suas camisas espalhafatosas, desenhadas pela sua filha, e pela reserva imposta a Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Dizia-se que Dunga colocaria ordem na zona em que Parreira deixou a seleção. Nada como o tempo para mudar as coisas.

As camisas de Dunga foram embora, proibidas pela CBF. A zona de fato acabou, dando lugar ao quartel que se tornou a concentração na Granja Comary. Ronaldinho Gaúcho voltou, se tornou imprescindível nas Olimpíadas, foi embora nas Eliminatórias, voltou de novo, e agora parece que se foi de vez. Já Kaká... esse Dunga aparentemente teve que engolir na seleção. Se o técnico realmente gostasse do jogador, já teria lhe dado a faixa de capitão.

Dunga de fato se mostrou uma surpresa após este tempo. É um técnico melhor do que muitos previam, embora os conselhos de seu assessor Serginho pesem tanto quanto suas decisões. Errou e acertou ao apostar em alguns nomes desconhecidos (Afonso Alves e Felipe Melo respectivamente), assim como errou e acertou ao bancar jogadores conhecidos apenas na seleção hoje, e perdidos em alguns clubes do mundo (Gilberto Silva e Elano). No entanto, suas escalações ficaram mais conhecidas por barrar jogadores que qualquer um chamaria, as opções óbvias para setores deficientes, como Fábio Aurélio, que Dunga parece desconhecer.

Mas o grande mérito de Dunga é ter finalmente dado uma cara a seu time. Este também é seu maior erro. Com exceção de dois ou três jogadores, o time base que Dunga hoje escala a seleção seria o mesmo de muita gente. O treinador fez do Brasil um time que jamais é brilhante, que raramente dá espetáculo, cujas grandes jogadas existem apenas em lampejos individuais de alguns grandes jogadores - leia-se Kaká. Dribles viraram malabarismos nos pés de Robinho, que raramente tem alguma objetividade quando toca na bola. Enfim, um prato cheio para seus milhões de críticos no Brasil. Contudo, o problema para estes críticos é que o time de Dunga é eficiente como poucos.

Mesmo que ocorra de uma forma oportunista, ou até mesmo sortuda, o fato é que o Brasil eventualmente fará pelo menos um gol em cada adversário. São raríssimas as partidas que o time termina sem marcar. O Brasil, capaz de partidas maravilhosas (contra a Itália) e sofríveis (como contra o Equador), geralmente é apenas um time que joga um futebol mediano, porém eficiente.
A cara do Brasil é de uma seleção com apenas um craque acima da média, um centro-avante eficiente e um goleiro fenomenal. O resto do time soa mediano: competente em alguns setores, mas capenga em outros. O resultado disso é uma seleção cujo time é bom, e apenas isso. Muito pouco para o Brasil. Muito pouco para alguém que ressalta orgulhosamente ser pentacampeão mundial. Seríamos apenas um time respeitável, mas esquecível, se não fossem por estas 5 estrelas em nosso peito.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Como não torcer para esse time?

Nunca simpatizei muito com o Barcelona. Na Europa, desde 1999 meu time é o Manchester United, após aquela vitória histórica contra o Bayer de Munique. Na Espanha, sempre torci para o Real Madrid. Culpa de um tal de Zidane. Ou seja, tinha todos os motivos do mundo para torcer contra o Barcelona na final de ontem contra o (meu) Manchester. No entanto, toda esta torcida que já encontrava uma tremenda dificuldade para se manter em pé, foi derrubada. Derrubada ao mesmo tempo em que eu me erguia para aplaudir o time de Josep Guardiola.
Como resistir a um time que tem como filosófia de jogo o ataque puro e simples? Bola no chão, passando de pé em pé, até encontrar algum espaço na defesa adversária. Como resistir a um time que, numa época onde a posição mais valorizada pelos técnicos é o volante, joga com apenas um? Como resistir a um time que joga 61 partidas no ano e marca 157 gols, média de 2,57?
O que ocorreu ontem foi o duelo entre a melhor defesa do mundo, armada como um muro intransponível por Alex Ferguson, e que encontra nas figuras de Cristiano Ronaldo e Rooney sua válvula de escape para o ataque, contra o melhor ataque do mundo, um time armado de forma que 90% dos técnicos atuais considerariam suicida, baseada não apenas no talento sobrenatural de Messi, mas também na genialidade de Iniesta, na eficiência de Eto’o e na experiência de um Henry que nunca deixou de ser encantador. Atrás, uma defesa que era considerada inconstante, que encontra apenas em Puyol uma âncora sustentável.
O Barcelona da temporada 2008/09 entrou para a história como o Barcelona mais vitorioso da história, conquistando a tríplice coroa, e vencendo mais que qualquer outro. E tal fato é emblemático. Numa época em que até mesmo Brasil e Argentina vêem adotando o futebol pragmático e retranqueiro, a esperança vem da Espanha, que mostra ainda ser possível sim vencer jogando um futebol ofensivo, leve e, até mesmo, bonito.

Se a seleção espanhola havia espantado o mundo no ano passado com a conquista invicta da EuroCopa, o Barcelona deste ano, com um time primordialmente montado com jogadores formados pelo próprio clube, nos dá a adorável esperança -quem sabe ilusão – de que o futebol é cíclico, e esta falta de criatividade crônica seja apenas temporária.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um time pequeno contra um fenômeno.

Ronaldo não jogou absurdamente ontem. Não fez arrancadas maravilhosas, não abriu para receber a bola sempre que pode. Tentou vários dribles e não conseguiu realizar pelo menos metade deles. Se algum leigo em futebol, que passou os últimos 15 anos em Marte – ou nos Estados Unidos – visse aquele jogador razoavelmente rechonchudo em campo, diria que ele era um fardo para o time. No entanto, sempre existe um porém quando o assunto é Ronaldo.

Costuma-se dizer no futebol que devemos pensar duas ou três vezes antes de tirar um goleador de campo. Por mais que não esteja jogando bem, ele sempre pode decidir. Ronaldo potencializa esta frase. Não estava jogando mal, nem bem, mas o destino quis que uma bola perdida caísse em seus pés, e, de lá, ele, Ronaldo, quis que ela passasse milimetricamente entre Fábio Costa e o chão, indo parar no fundo da rede. Esse foi o segundo gol do Corinthians contra o Santos. O primeiro havia sido marcado pela barreira que desviou a cobrança de falta de Chicão.

Dizem os jornalistas esportivos que o Santos chegou heroicamente na final do paulista. Dizem que o Santos deu vexame na Copa do Brasil, obviamente o torneio mais importante, diante do desconhecido CSA de Alagoas. Ambas as afirmações eram verdadeiras. No entanto, eram dois Santos distintos. A dúvida era: qual irá enfrentar o Corinthians? O "Santos do paulista" – sim, com letra minúscula – ou o "Santos da Copa do Brasil"?

O Santos do paulista jogou bem, muito bem até. Dominou o Corinthians, marcou bem, atacou sempre que pôde e exigiu muito do bom Felipe. Mesmo após o gol de Chicão – ou da barreira - o time do paulista até que tentou chegar lá. Mas aí entrou em campo o time da Copa do Brasil. Era o atacante da Copa do Brasil: o pobre Kleber Pereira, que esqueceu como se finaliza, como se corta um zagueiro, como se tira um goleiro da jogada. Foi aí que Ronaldo, o atacante do outro time, o ensinou, na história previamente contada. O Santos do paulista então resolveu seguir seu atacante e se tornou de uma vez por todas o Santos da Copa do Brasil. O time pequeno que se acovarda diante do adversário. O time que mesmo diminuindo a vantagem não agride, não cria, se acovarda e se apequena.

Mas então o outro camisa 9 mostrou como se agigantar. Faltava algo ainda nesta sua volta, algo que pudesse coroar de uma vez por todas seu renascimento. Algo que realmente valesse a pena, e não comerciais de cerveja. Faltava uma final, nem que fosse no paulista. Pois Ronaldo resolveu fazer isso sobre um time que se tornou pequeno. O destino novamente quis que a bola caísse em seus pés, uma bola novamente perdida em campo. Mas foi Ronaldo que quis fazer um corte seco no pobre zagueiro santista. E foi o Fenômeno, e não mais Ronaldo, que quis que a bola cobrisse Fábio Costa e caísse dentro do gol. E assim o Fenômeno teve sua volta coroada. Coroada pela única pessoa que pode coroar alguém no futebol. “Ele fez um gol de Pelé” afirmou... Pelé.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Um pouquinho de futebol..

O homem que fez o Brasil chorar...duas vezes!

Quando o assunto é futebol, não existe ninguém superior ao Brasil. Ninguém superior em talento, quantidade de gênios e, principalmente, ninguém superior em arrogância. E tal arrogância é justificada, afinal somos a única seleção que se classificou para todas as Copas do Mundo, somos recordistas em títulos, 5, e em finais, 7. Ou seja, quando somos derrotados não são méritos do adversário e sim defeitos e falhas nossas. E não existe nada mais sintomático que os desastres ocorridos em 1998 e em 2006, quando o Brasil foi humilhado mundialmente por uma seleção que não chamava muita atenção desde a década de 80: a França, quando ela própria eliminou uma seleção brasileira espetacular liderada por Zico. E por que 2006 e, especialmente, 1998 foram mais traumatizantes? Por causa de um homem: Zinedine Zidane.

Zidane nasceu em 23 de Junho de 1972 em Septème-les-Vallons, filho de imigrantes argelinos. Seu primeiro contrato como jogador foi como amador em 1982 com o US Saint-Henry. Depois de jogar no amadorismo, Zidane chamou a atenção AS Cannes que o contratou com apenas 15 anos de idade. Foi um inicio extremamente prematuro para a época. Sua estréia no time principal foi aos 17 anos, em 20 de maio de 1989, há exatos 19 anos. Em 92 ele se transferiu para o seu primeiro grande time, o Bordeaux. Logo na primeira temporada ele marcou 10 gols, um número impressionante para um meia na França. Depois de algumas temporadas de extremo sucesso, onde Zidane e o atacante Lizarasu levaram o time à final da Copa de UEFA em 96, iniciou-se um leilão pelo passe do já considerado craque. Quem levou a "sensação francesa" foi o Juventus de Turim, por 35 milhões de francos. E Zidane não poderia ter tido um começo melhor no Calccio (campeonato italiano). Logo de cara, na temporada 96/97 foram conquistados o campeonato italiano, a Copa da Itália, Supercopa de Europa e o Mundial de Clubes. Muitos já especulavam sobre a Copa de 98, e o provável encontro entre os dois maiores jogadores do mundo: Ronaldo e Zidane.

Bom, como a média da idade dos leitores deste texto gira em torno de 20 anos pra baixo, todos deveriam ter em média 10 anos de idade. Mas me lembro exatamente de cada jogo daquela Copa de 98. Não só os jogos do Brasil, mas também os jogos de uma França que ao poucos começavam a espantar o mundo com sua campanha em casa. O Brasil fazia jogos épicos, como a lendária semifinal contra a Holanda. A França fez jogos burocráticos, mas se classificou com a única pontuação máxima de 9 pontos na primeira fase. Mas Zidane fazia milagres, sendo a espinha dorsal de um time limitado, armava jogadas geniais e driblava com uma elegância ímpar. Até que o esperado embate chegou: Brasil versus França na final da Copa da França. Brasil era favorito, liderado por um fenomenal Ronaldo. Só que Ronaldo não jogou naquela partida, por motivos que não entrarei no mérito nesse texto. E o que se viu não foi apenas um Brasil que jogou mal, foi um Zidane que fez mágica. Fez o mundo se espantar com lances tão elegantes que só se imaginaria ver em imagens resgatadas de Franz Beckenbauer, ou em uma música de Frank Sinatra. O que se viu foi o nascimento definitivo de um dos maiores gênios da historia do futebol. E, por mais que se diga que o Brasil estava estranho naquele dia, não há como negar que houve um verdadeiro espetáculo no estádio Saint Denny naquela noite de domingo de 1998. Resultado: França campeã mundial pela primeira vez na historia e Zidane eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa.

Não pretendo me estender contando os últimos 6 anos da carreira de Zinedine Zidane. Até porque, tais anos já são passível de memória dos leitores. Tudo o que resta é lembrar de como gênios sempre ressurgem quando mais são necessários. Como Michael Schumacher em sua última corrida, como Michael Jordan na final da NBA em 98, ou seja como Ronaldo na Copa de 2002, Zidane ressurgiu das cinzas para brilhar pela última vez na Copa de 2006. E tal ressurgimento tinha que ser contra o Brasil. Tinha ser justamente contra a seleção que o alçou a categoria de gênio. O Brasil chorou naquela quarta-de-final em Julho de 2006. Chorou a má atuação do time, chorou a humilhação sofrida por um esquadrão até então imbatível. Mas o que ficou pra mim foi a despedida do maior jogador que já vi tocar numa bola de futebol. Hoje, em 2008 posso dizer que não vi Pelé, não vi Maradona, mas vi sim Zinedine Zidane.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Como destruir um ídolo

Ronaldo Nazário tem 30 anos, e nasceu no Rio de Janeiro. Começou a jogar bola desde cedo, como toda a criança neste país, mas ele acabou se destacando nas categorias de base do Flamengo, até seu passe comprado pelo Cruzeiro. Foi lá que Ronaldo, aos 16 anos começou a se destacar no futebol nacional, indo para a Copa do Mundo de 1994 com apenas 18 anos de idade. Um trajetória muito parecida com a de um certo jogador conhecido por Pelé.

Esta apresentação vem a ser necessária para que possamos lembrar do profissional que está coluna abordará, um profissional que o brasileiro vem fazendo questão de esquecer. Aqui vão alguns números dele: 2 dois mundiais interclubes. 2 Liga dos campeões da Europa, 2 Copas do Mundo, 12 gols marcados em Copa (maior artilheiro da historia), eleito 3 vezes o melhor jogador do mundo pela FIFA. Pouca coisa? Seu apelido é Fenômeno, recebido em 1996 enquanto jogava pela Inter de Milão. Apelido este usado até hoje, já que nunca surgiu outro como ele no futebol desde então (Sim, estou levando em conta Ronaldinho Gaúcho).

A carreira de Ronaldo nunca foi fácil. Foram pelo menos três graves contusões contando com a atual, uma controvérsia na final de Copa do Mundo em 1998 e muitas voltas por cima. E a imprensa sempre teve uma relação de amor e ódio com o craque. Ao mesmo tempo em que seu futebol nunca foi menos que genial, suas fases ruins coincidiam com romances com modelos e noitadas pelos centros europeus. Enfim, a fama de Ronaldo para a imprensa mundial acabou transcendendo o futebol e ele acabou se tornando uma “celebridade”, no melhor estilo possível. E a gota d’água para esta imprensa pegar de vez no pé do atacante foi o episodio do programa com os travestis.

Não vou me dar ao trabalho de explicar o caso, mas o que houve com a imagem de Ronaldo nos últimos dias foi um verdadeiro bombardeio público. Com direito a entrevistas em programas sensacionalistas e especulações sobre sua sexualidade, rapidamente houve quem dissesse que não existiria mais Ronaldo no futebol. Sua entrevista no Fantástico acabou se tornando alvo de chacota, sendo que nela mesmo o jogador tomou uma postura serena, apesar de ter feito algumas racionalizações que não fizeram muito sentido para ninguém. O ápice foi a capa da Veja na ultima semana com os dizeres “Ele poderia ter se tornado um Pelé, mas sua imagem se aproxima de Maradona”. Dentro da revista, uma matéria sensacionalista que não respeita em nada o que Ronaldo já fez pelo esporte deste país. País que não faz questão alguma de cultivar seus próprios ídolos. Pode-se dizer tranquilamente que o único ídolo levado a serio neste país é Ayrton Senna, isso porque ainda existe um certo culto mórbido a sua personalidade. Sim, por que Pelé, é idolatrado por muitos e esquecido por outros tantos, que não relutam em apontar Messis e Cristiano Ronaldos como superiores.

Chega a ser revoltante a recusa brasileira em respeitar seus ídolos. Em uma comparação com um país que adoramos criticar por seu patriotismo que recusamos a ter, os EUA, vemos o abismo que nos separa. Lá, não se pode pensar em falar mal de Muhammed Ali, ou brincar com os feitos de Michael Jordan e Brett Favre, pode-se sim brincar com suas figuras, mas com o limite do respeito. Não pretendo aqui fazer uma análise da necessidade de um ídolo a uma nação, mas tem algo estranho em um povo que têm síndrome de se sentir inferior e ao mesmo tempo nega aqueles que conseguem se superar em algo. Fazemos questão de desmoralizá-los, talvez como forma de trazê-los para perto de nós, pois eles estão errados em atingir o Olimpo, e não nós por não querermos sair do tártaro da normalidade. Já que tais homens chegaram ao Olimpo, que ajam como deuses e não tenham defeitos, por que se os tiverem, nós nos encarregaremos agarrá-los e transformá-los em pecados imperdoáveis. A não ser é claro, que eles partam enquanto ainda exercem seus milagres.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O "quase-gol" salvou o Corinthians !

Apesar da noite fria na cidade de São Paulo, o torcedor corintiano mais uma vez compareceu em peso para incentivar o time - 46.219 pagantes - e saiu satisfeito pela atuação da equipe.
O São Caetano, conhecido por ser uma “pedra no sapato” do Timão, iniciou melhor a partida. Fechado na defesa e explorando os contra-ataques, o Azulão dava trabalho devido a rapidez de seus homens de frente, Rafinha e Luan. Ainda para ajudar o time de Pintado, o Corinthians errava muitos passes, principalmente com Perdigão.
Apesar do susto inicial, o Corinthians equilibrou o jogo após os primeiros 15 minutos, e reclamou. Herrera criou uma jogada pela linha de fundo, e no cruzamento a bola desviou na mão do zagueiro Leonardo, pênalti não assinalado pelo árbitro Rodrigo Bragheto.
Insinuante pelas jogadas laterais, principalmente com Lulinha e Dentinho, o Timão pendurava os jogadores do Azulão. Até que aos 34 minutos do primeiro tempo, o Corinthians ficou em vantagem numérica. Em uma jogada individual pela ponta esquerda, o jovem Dentinho sofreu uma falta dura de Wilton Goiano, como o lateral do São Caetano já tinha o cartão amarelo, foi presenteado com a expulsão, prejudicando demasiadamente a sua equipe.
Com a vantagem numérica o jogou mudou completamente. O Corinthians passou a pressionar o adversário. Com a marcação adiantada, obrigava o time do ABC a utilizar a ligação direta, praticamente devolvendo a bola ao alvinegro, que iniciava uma nova jogada de ataque.
No retorno do intervalo, o técnico Mano Menezes resolveu mudar o time. Sacou o criticado Perdigão e o meio-campo Diogo Rincón , e colocou o estreante Eduardo Ramos, oriundo do Anápolis, e o “lula-molusco” Acosta.
Mais ofensivo, o Corinthians não permitia ao São Caetano sequer respirar. Exigindo muitas defesas do goleiro Luis, o time paulistano era melhor e já merecia o gol.
De tanto insistir, ele veio. Após uma roubada de bola de Lulinha, o camisa 19 cruzou na cabeça do argentino Herrera, que contando com uma falha do arqueiro do Azulão abriu o marcador.
Com a vantagem no placar, o Corinthians continuou a pressão, principalmente nos escanteios e bolas paradas. O goleiro Luis fez defesas fantásticas, e graças a sua atuação o time do ABC não sofreu um massacre.
E novamente aquele jargão tão tradicional no futebol, “quem não faz toma”, apareceu. De tanto pressionar, o Corinthians abdicou da defesa, e foi castigado aos 38 da segunda etapa. Em um contra-ataque mortal, Luan venceu o zagueiro Willian na velocidade e empatou o jogo para o São Caetano, um banho de água fria no alvinegro. O Morumbi se calava.
Porém, o gol de Luan não pode nem ser comemorado por muito tempo. Dentinho cruzou na cabeça de Herrera, que pela segunda vez balançou as redes e incendiou os “loucos por ti Corinhians”. O argentino, conhecido no seu país por ser "quase gol", desencantou e fez a alegria da Fiel Torcida.
Gol fundamental nas pretensões do alvinegro, que conquistou a vantagem no confronto. Com a vitória, o Corinthians jogará na próxima terça feira, no estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, necessitando de um simples empate para garantir a vaga nas semifinais da Copa do Brasil. Mas antes disso, o Corinthians recebe o CRB, no Pacaembu, pela rodada de abertura da Série B. E acompanharemos de perto a campanha corintiana rumo ao lugar de que nunca deveria ter saído, a Série A.

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