Se existe um tópico recorrente hoje na mídia esportiva, e de certa forma na mídia geral, é a convocação ou não de Neymar e Paulo Henrique Ganso. São dois garotos do Santos de 18 e 19 anos, respectivamente, que nunca vestiram a camisa amarela, mas que jogam tão bonito que senhores nostálgicos estão quase enfartando.
Lobby por jogador em véspera de Copa do Mundo é um passatempo nacional. Em 1998, a questão era Edmundo (para a reserva). Em 2002, até FHC pediu a convocação de Romário. 2006 foi a exceção à regra. A discussão não era quem convocar, mas se Robinho deveria ou não ser titular. A questão fica – especificamente este ano – em relação a necessidade que imprensa teve em encontrar um assunto e como Neymar e Ganso caíram dos céus para os comentaristas e ex-jogadores.
Uma simples retrospectiva revela essa necessidade. Com o Brasil se classificando na liderança da eliminatória Sul-Americana, com quatro jogos de antecedência, o povo e a imprensa caíram de amores pela então subestimada seleção de Dunga. No entanto, foi só o apito final do amistoso contra a Irlanda – o último antes da Copa – soar que ecos de discordância passaram a ser ouvidos. Ronaldinho Gaúcho, que há algum tempo havia sido esquecido por todos, graças a seu futebol patético, foi revivido nas mesas redondas. Os mesmo comentaristas que criticaram seu futebol e apoiaram Dunga quando ele boicotou o jogador do Milan, agora o reivindicavam como “alternativa” a um Kaká instável.
Pois bem, pobre Gaúcho, o lobby não durou muito. Foi só o Santos começar a fazer gols como em partidas de PES e Neymar e Ganso chutaram Gaúcho das conversas. A questão não é se Neymar, Ganso, Gaúcho ou Obina devem ir para a Copa, mas sim a necessidade que a imprensa esportiva tem de assuntos polêmicos, que agitem os programas de domingo a noite de segunda à sexta na hora do almoço.
O que não se percebe é o que isso cria. Instabilidade e insegurança crescem nos jogadores que já tem seu lugar lá, além de um clima de hostilidade que simplesmente não existia antes. Se futebol é a coisa mais importante das menos importantes, e suas conseqüências não afetam drasticamente a vida de quase ninguém, também é verdade que o mínimo de responsabilidade e coerência de alguns jornalistas são sempre bem-vindas no exercício da profissão.
Um comentário:
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