A história da saga da dinastia Tudor já foi contada inúmeras vezes, seja em filmes, livros ou séries, praticamente tudo que já poderia ser contado sobre os herdeiros de Henrique VIII já foi esgotado. A ponto de começar a existir uma preocupante de transformar a história em ficção. Em “A Outra”, vemos a ascensão e queda de Ana Bolena, mãe de Elizabeth I, que teve sua cabeça decapitada por ordens do próprio marido. Isso tudo depois de ser a razão(entre outros motivos) pela qual Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e deu início à Igreja Anglicana e entregou a Inglaterra ao protestantismo. Mas o filme do diretor Justin Chadwick ignora todas as implicações politicas do caso, e resume uma das mais drásticas mudanças na história européia em uma trama de ciumes e traição.
Em vez de se focar, como é costumeiro, apenas no casal Henrique-Ana, interpretados por Eric Bana e Natalie Portman, a trama traz a irmã mais nova de Ana, Maria Bolena. Sempre tratada como coadjuvante na história, a intenção dos roteiristas Phillip Morgan e Phillipa Gregory foi mostrar a disputa entra as duas irmãs Bolena como tema central, deixando de lado toda a complexa trama política que realmente causou o rompimento inglês. O que vale dizer é que a obra tem seus pontos satisfatórios, graças a Natalie Portman, mas infelizmente se perde muito a partir da metade final.
Diretor vindo diretamente da TV, Chadwick abusa dos “vícios” televisivos. Excessivos closes nos rostos dos personagens, locações apertadas, cenas de transição repetitivas e um horroroso take superior do palácio inglês através das nuvens causa a sensação de que estamos vendo a série “Tudors” no People&Arts. Embora a fotografia exterior e os figurinos sejam competentes, em nenhum momento temos a clara impressão que aquilo tudo é da fato a corte de Henrique VIII. A escolha de certas cenas também não se justificam, como a desnecessária cena inicial e as cavalgadas noturnas das irmãs Bolena à la Paul Revier.
Apesar da fraca direção, não se pode negar que o elenco se esforça. Eric Bana se mostra um Henrique poderoso e forte enquanto o roteiro lhe permite. Natalie Portman vive aqui o que talvez seja sua primeira vilã. Com um sorriso sedutor e maléfico, uma confiança ímpar e uma ambição sem limites, ela se mostra uma Ana Bolena difícil de se resistir, mesmo se for o homem mais poderoso do mundo. Já Scarlett Johanson se mostra a cada dia que passa uma atriz mediana, e nada mais. Supostamente com o papel principal, ela é ofuscada terrivelmente por Natalie Portman e em nenhum momento expira a verdadeira dor que sua personagem deveria estar sofrendo ao ser manipulada por sua própria família. Não estranhe se você sair do cinema e achar que a outra do título é Ana, e não Maria.
Como comentado anteriormente, o filme se perde totalmente no ato final, e apesar de Justin Chadwick, a culpa cai no colo dos roteiristas. A partir de certo momento, vemos uma verdadeira correria para que o filme acabe com no máximo 120 minutos. Passagens vitais, como o rompimento com a Igreja Católica e o destino da rainha Catarina de Aragão são simplesmente citados, ou pior, ignorados. Outros furos crassos acontecem como por exemplo: O que aconteceu o primeiro marido de Maria? E seu filho? Ou é normal uma mãe só vê-lo de mês em mês? Outro ponto irritante é a queda do personagem de Eric Bana. Enquanto no começo Henrique VIII impressiona pelo seu poder e orgulho, a partir do meio acaba se tornando um otário nas mãos de Ana Bolena, que o manipula como se aquele homem fosse um fantoche, e não o rei absolutista da Inglaterra.
Enfim, apesar de um começo que possa interessar, “A Outra” acaba por se tornar um desperdício de um bom elenco e de uma boa história. Vemos um fascinante conto de traição, politica relacionamentos humanos transformado em um típico folhetim inglês, a exemplo da já citada e horrível série “Tudors”. Enfim, dos três grandes lançamentos desse fim de semana, “Hulk” se mostrou uma boa surpresa, “A Outra” uma decepção. Cabe agora a M. Night Shyamalan desempatar.
*a imagem que ilustra o post é a capa atual do livro. Como acontece muito nas edições de hoje em dia, a imagem da capa original foi substituida pelo poster do filme
43 comentários:
Pena que os fatos históricos são ignorados. Parecia ser uma boa promessa de filme.
Thiago, só uma consideração: Henrique VIII não foi o homem mais poderoso do tempo dele...
Nós dois concordamos que isso eh extremamente interpretativo certo? Pq afinal o poder bélico ingles superava o frances
A França era o de menos...
Mas nomes como Carlos V, Ivan, O terrível e Solimão, o Magnífico, não podem sr descartados...
Quem tinha mais dinheiro?
Esse não é o primeiro e nem será o último filme "histórico" a decepcionar... Quando eu vi o trailer já desanimei do título. Mas se vc parar para analisar, eles não fazem mais do que o título realmente propõe. Cada um escolhe uma abordagem, e acho que essa, por ter sido bem menos, ou quase nada explorada antes, já tem seu crédito.
Ignorar fatos históricos em filmes, ao meu ver, não tem nada demais. Um filme não é um livro didático,não tem essa obrigação da fidelidade (a não ser que ele se diga fiel) e tem toda aquela história da liberdade poética; então a ênfase tem que vir naquilo que cabe à abordagem escolhida... mesmo se tratando de fatos totalmente relevantes, como o cisma e a criação da Igreja Inglesa que vc citou... Seria legal ver umas cenas fiéis a esses episódios? sim! mas se esse não é o enfoque do filme...
Se escrever um livro de história já é complicadíssimo, passar isso para a tela tem uma chance imensa de ficar mediano ou menos. Veja como exemplo também toda a polêmica que girou em torno do filme Maria Antonieta.
É audacioso dizer que o Henrique VIII era o mais poderoso, isso é BEM relativo.
Mas fiquei com vontade de ver, só para assistir a Natalie Portman :)
ai que droga... o comentário de cima é meu! aueauehauehe
Ah claro, vc está certa. Realmente o grande pecado do fime não ignorar fatos historicos. Gladiador deturpa totalmente a historia e ainda assim eh um bom filme. O problema desta eh que ele eh ruim mesmo, no sentido cinematografico
Ô hipocrisia. Detrata a crítica cinematográfica e escreve algo nos moldes da crítica do Inácio Araujo. Até o título veicula a mesma idéia.
Retratação: a crítica é do Pedro Butcher, e não do Inácio Araujo.
Estava lendo o blog dele na hora...
Nem tenho ideia de quem vc ta falando. A crítica da grande imprensa eh uma bosta e sempre foi. Os críticos que gosto escrevem pra sites como Omelete e o Pablo Vilhaça do Cinema em Cena
Sim, sim, claro, Thiago. Coincidentemente vc e o Pedro Butcher tem as mesmas idéias. E independente disso, uma boa idéia, só é boa, se for original. A crítica dele é de dois dias antes, e mais aprofundada.
Não lê grande imprensa, mas cita o principal crítico do Estado.
E Pablo Villaça, sério? O herdeiro legítimo de Rubens Ewald Filho, um dos piores críticos do país?
Então, agora entra uma coisa mágica: Sua opinião não interessa!! (devia ver meu sorriso contido enqto escrevo isso)
É isso aí, Thiago, libera os comentários para espaço democrático e apaga os que não te interessam, que apontam suas contradições. Parece que só são permitidos comentários elogiosos, que enalteçam esses exímios focas que escrevem aqui, com todas seus textos interessantes e muito bem escritos, passionais e ainda assim didáticos.
Se depender da opinião dos editores, o blog da foca é de fato a melhor publicação virtual do país, quiçá do mundo.
Esse é o caminho, menino "muita pouca".
Ah, e eu sou chato o suficiente para repostar esse comentário as diversas vezes que vc apagá-lo.
"(devia ver meu sorriso contido enqto escrevo isso)"
ja disse que comentario não referente ao texto sera apagado. O problema eh que eu tenho que me controla pq senão entro na briga. Por isso que apaguei meus tbm. Tanto que não apaguei os seus primeiros q eram pertinentes, simples assim
Thiago, deixa o Gabriel postar o que quiser. Ao menos eu tenho culhões de ouvir se meu texto estiver uma bosta.
Gabriel, ótimo, o cara postou dias antes. Meus parabéns. Demorou quanto tempo pesquisando isso?
Aliás, uma coisa que eu notei da briga das "crianças".
Vocês sempre se valem de comparações. X é melhor que Y. Peloamordedeus, sejam homens e comecem a criticar direto o cerne de suas questões.
Se for nessa de ficar em GOSTO, saiba que, pelo menos pra quem lê isso aqui, eu desgosto. Isso sim realmente não me interessa.
Discutir, deixando claro um ponto de vista e absorvendo o do outro, é democrático. Se fechar em uma concepção, é melhor fechar logo a boca, porque a mente já se encontra emperrada mesmo.
Pedro, li o texto quando saiu na sexta. Quando li o texto do Thiago, a referência veio à tona. Não fico em busca de informação para detratar textos alheios.
E o único comentário baseado em gosto pessoal foi sobre o Pablo Villaça, e nem é o ponto principal do comentário. Qual outro comentário baseado em gosto há?
Sobre minha crônica no Sopa, sobre o seu gosto sobre Superman. Seu gosto também influi em tudo, Gabriel.
(Não significa que não deva haver gosta. Agora, isso virar referência em debate, foi zoado)
Nunca vi você elogiar alguém explícitamente. Parece que isso não pertence ao seu ser.
Do mesmo jeito que o Thiago não aceita críticas.
*gosto
Ok, mentira, vi você elogiar textos fora do Bola.
Aqui parece que é sua arena de "caça ao Thiago", hahahahahahaha.
É cômico, pra não dizer trágico.
(Texto da Lara foi elogiado, conforme me lembraram aqui)
Ok, depois de tantos comentários seguidos, uma conclusão menos arbitrária.
Você deveria pegar leve com o Thiago, Gabriel. Isso não significa não alertá-lo de problemas no texto, ou nas referências. Agora, achar que o argumento foi ridículo porque UM veículo publicou o que o Thiago falou, foi sem-noção.
Tudo bem, isso poderia ter sido posto como crítica, mas não como algo ridicularizador.
Thiago, sem comentários pra sua atitude de apagar comentários. Não digo que é vital pra minha permanência no blog, mas se você fizer algo semelhante nos textos, isso vai me ofender gravemente.
Não tenho nada a dizer a não ser que vc está certo Pedro. De fato minha atitude foi imatura e ditatorial, e peço desculpas a TODOS que leem e escrevem no Bola. Prometo que não se repetira.
Bom... não vou retomar a discussão. Acho que já foi suficiente né? Mas, como integrante deste grupo acredito que não deva me omitir.
Sim, o que fazemos aqui é um exercício. Eu, pelo menos, não estou preocupada em fazer deste blog o melhor blog do Brasil quisá do mundo. Acho que a intenção de cada um aqui é tornar este espaço um lugar livre para expressão e opinião. Todos temos os mesmos direitos aqui no Bola. Observações, correçoes, etc etc são sempre muito bem vindas, aliás, são esses pequenos detalhes que nos fazem querer melhorar, não é mesmo? Chega de presunção gente! Sempre há o que se questionar, melhorar, editar, criticar. E isso não se aplica somente ao jornalismo, não é?
Vamos aos fatos: Gabriel, menos ok? Ninguém aqui é exper, muito menos você. Você sabe o quanto é entendido do assunto, nós todos sabemos, inclusive das "briguinhas" entre vc e Thiago, que ante sme irritavam muito, ams agora, me divirto com elas. Mas tudo tem limite! Você sabe que o espaço do Bola está aberto para você, não só criticar (no sentido positivo da plavra) como também para escrever. Por que não publica algum texto? Thiago, faço das minhas palavras as do Pedro. Sem mais! It´s enough....i guess! Ah! só mais uma coisa: toda essa "discussão" é mais um motivo para acreditar que este espaço está atingindo seu objetivo (mesmo que aos trancos e barrancos e salvo algumas coisas lamentáveis): um espaço democrático, de livre expressão, comunicacção e, principalmente,de exercício.
Estamos no caminho.
E haja cascudo! hahahahahaha
Lidi, só não respondo como gostaria, pq gosto muito de você. E acreditee, vc é uma das pessoas das quais importo-me de magoar. E fique claro que é por isso que não respondo.
Até apaguei um comentário que poderia ser mal interpretado.
E de novo. Não venho aqui criticar pelo bel prazer. Quando gosto do texto, eu o elogio. Os da Lari, não tem nem mais graça. Ela é a melhor escriba da Foca e ponto. Já até recomendei que ela buscasse outras mídias...
Não critico também porque quero fazer parte do grupo. E não faço parte do grupo porque realmente não tenho tempo. Mal tenho tempo para levar a Zingu! Quando faço outros textos que não para Zingu!, acabo publicando no site de Cultura... E mesmo assim, seria basicamente o que a Laís faz aqui: publica textos feitos para faculdade.
Aliás, nessa ou na próxima semana, minha resenha de Hiroshima deve ser publicada no site de Cultura. :o)
E parabéns pelo post mais comentado da história do blog.
Aproveitando o marketing, meu texto do Megadeth deve sair essa semana no site de Cultura, também!
Gabriel, perdoe-me a ignorância, mas não entendi (direito) essa parte:
"Não critico também porque quero fazer parte do grupo. E não faço parte do grupo porque realmente não tenho tempo."
Não critica quem? A Lidi?
Aaaiii Gaaaab!!!!!!!! to esperando sua resposta no e-mail!!!!
Coomo disse, sei que vc nao critica por criticar e sei tbm que vc e Thiago adoram criar uma polêmica, né?! E, de novo, agora isso já ficou até engraçado!
Ah, o que seria do nosso Bola sem VOCÊS!
SUCESSO!
Pedro: "critico" - ação de criticar em geral
Lidi: faz um tempo já que respondi seu email.
só que o verbo criticar está flexionado. Se refere a quem?
quero dizer que: eu não critico qualquer coisa que seja para...
gab, nao recebi ainda! Pra qual vc mandou?
meninos: agora eu que não entendi. Sera que da pra ser mais claro?
Gab, manda again, please
mandei para o do msn, eu simplesmente respondi o email, não escolhi nenhum não. mandei de novo.
nao recebi. Problemas... manda pro gmail? lididf@gmail.com
thanks
mandei de novo para os dois.
Muito bem.
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