quarta-feira, 18 de junho de 2008

Mesmo com falhas, Megadeth marca o thrash em São Paulo

Banda tem som desregulado e abandona o palco para ajustes técnicos. Mesmo assim o público agita sem parar em seus verdadeiros “hinos”, durante apresentação no Credicard Hall, dia 6 de junho de 2006.

Por Pedro Zambarda de Araújo. Originalmente pra Whiplash.net.

Quando os integrantes do Metallica deixaram Dave Mustaine em um ônibus para Los Angeles, jamais poderiam imaginar que ele formaria o Megadeth e criticaria tanto a antiga banda quanto a política mundial. Não imaginariam que um guitarrista genioso como Marty Friedman criaria riffs como os do álbum Rust in Peace e nem que essa banda rival continuaria com álbuns mais consistentes que a trupe de Lars Ulrich e James Hetfield, pelo menos comparado ao fracassado St. Anger.

No entanto, o show do grupo de Mustaine foi confuso. O refrão de Sleepwalker, primeira música apresentada, do United Abominations, lançado ano passado, foi cantado por Dave Mustaine para um público já se encontrava em insano e pulando sem parar. Apesar da empolgação, a voz e a guitarra do frontman, foram totalmente abafadas pelas batidas destrutivas da bateria de Shawn Dover, embolada também pela guitarra ágil e precisa de Chris Broderick e o contrabaixo sempre presente de James Lomenzo.

As dificuldades técnicas do começo do espetáculo – frutos de testes sonoros não suficientes – irritaram os fãs. O thrash metal não estava soando sujo e agressivo como todos queriam, mas apenas barulhento. O pessoal que se encontrava na grade, em frente ao palco, suportou constantes bate cabeças e mosh, mantendo a animação e não cedendo aos problemas da banda. Mesmo assim, o fato do grupo sair do palco por 20 minutos gerou ainda mais revolta de fãs, já desgastados por quatro faixas executadas em volume alterado - Sleepwalker, Wake up Dead, Take no Prisioners e Kick the Chair - e querendo um show de qualidade.

Apesar dessas situações, nada agradáveis naquele momento, o show recuperou parte de seu fôlego com o pedido de desculpas de Dave Mustaine, sempre falando pelo resto do grupo, apesar de permanecer imóvel no palco, e a execução fiel de muitos clássicos da banda. Hangar 18 em Symphony of Destruction foram explosões de músicas de peso, músicas que o Megadeth costuma repetir em todos os shows, mas que conservam a essência do heavy metal com elementos do hardcore e do punk – ou seja, thrash – sempre atraindo mais apreciadores do estilo.

Ex-guitarrista da banda Nevermore, que mistura o rock progressivo ao thrash, Chris Broderick solou com sua guitarra mostrando talento e conhecimento das técnicas complexas e melódicas de clássicos do Megadeth. Chris foi aplaudido pelo público, que, após tantas trocas de integrantes no grupo de Dave Mustaine, aprovou o músico.


A Tout Le Monde foi a balada de descanso para o momento em que o público já estava mais desgastado da agitação e dos problemas iniciais. Gravada originalmente pela guitarra marcante de Friedman no álbum Youthanasia, em 1994, a melodia foi revisitada em United Abominations com participação da vocalista da banda Lacuna Coil, Cristina Scabbia. Executada durante o show, os espectadores cantaram em uníssono a letra que mistura francês e inglês, tanto a parte de Cristina quanto a de Mustaine.

Bastante agitado durante todas as músicas, o baixo de James Lomenzo tocou bem ritmado no começo de Peace Sells, chamando atenção do público para o modo como era receptivo com os fãs, sorrindo e se movimentando pelo palco.

Holy Wars fechou a noite e deveria ter sido o momento no qual o público seria realmente agressivo, seja pelo peso da música, seja pelo tipo de fã que gosta de Megadeth. No entanto, o público pareceu estar cansado e, ao contrário do que se esperava, todos apenas viram a boa execução da banda.

O Megadeth mostrou qualidade com seus equipamentos devidamente ajustados, somadas a uma iluminação exemplar (que ficava amarelada, dando um efeito de “explosão nuclear” com a fumaça, ou azul e vermelha, simbolizando as cores dos Estados Unidos). Mas o transtorno do começo do show realmente deixou alguns presentes insatisfeitos. Foi cômico alguém do público atirar um tênis no palco durante a ausência da banda, na interrupção de Kick the Chair, apesar da decepção de todos com aquela situação.

As fotos acima, de Dave Mustaine e Chris Broderick, são apenas reproduções, não imagens do show.

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