Reportagem Relâmpago
Um turista qualquer não daria muita coisa pela Rua General Osório. Cravada no centro da cidade de São Paulo, espremida entre o Largo Gen. Osório e a Av. São João, uma das mais famosas da cidade, o endereço parece perdido entre construções antigas, camelôs, e um alvoroço de pessoas. Mas se este mesmo turista parar durante apenas um segundo para reparar na rua, verá que existe algo especial nela, e um motivo para tal desorganização. Seus quarteirões quase que temáticos concentram variadas lojas de variados produtos, e são o habitat para, na mesma rua, se encontrarem amantes da música, de eletrônicos e, principalmente, de motos.
A rua pode ser facilmente dividida em blocos. Entre o Largo Gen. Osório e a Rua Sta. Ifigênia, enfileiram-se lojas de instrumentos finos como violinos, pianos e violãocelos. No quarteirão seguinte, entre a Sta. Ifigênia e a Av. Rio Branco, um verdadeiro pólo eletro-eletrônico. Mas são os quarteirões entre a Av. Rio Branco e a Alameda Barão de Limeira que fazem a fama da Gen. Osório. É o maior pólo de venda de peças e acessórios para motos do país. São 300m de lojas que vendem os mais variados artigos para as mais variadas motos, seja uma Yamaha 125cc ou uma Harley-Davidson 1968.
Para transitar neste espaço, o melhor que o visitante pode fazer é deixar o carro em algum estacionamento na Av. Rio Branco, ou ir de Metrô, descendo na estação da Luz. Existe uma alta concentração de motos paradas e pessoas transitando pela calçada e pelo asfalto. A rua é apertada, assim como as lojas. As menores têm em media 4 ou 5 metros de largura, enquanto as outras são pouco maiores que isso, sendo comum encontrar lojas que ocupam dois ou três estabelecimentos. E estas são as que mais chamam atenção, como a Moto Center, no número 537, que ocupa três estabelecimentos além de um grande espaço interno. De todas, é uma das lojas mais variadas da região, com variados artigos, desde roupas e capacetes, até venda de peças e uma invejável coleção de escapamentos presa à parede. Um dos clientes, Edson, com aparência que gira em torno dos 40 anos e vestido com jaqueta de couro chega a comentar que costuma passar 2 ou 3 horas na loja, que costuma visitar 3 vezes por mês. Quando perguntado qual sua moto, se orgulha em dizer que é uma Kawasaky 750cc de 1998.
Outro interessante aspecto é a forma como o publico alvo das lojas se altera conforme os números aumentam. Ou seja, se uma pessoa andar no sentido Rio Branco- São João, ela primeiro terá a impressão que somente encontrará acessórios para motos básicas, de 125 e 250cc, mas se andar por mais um quarteirão, verá o foco mudar para motos esportivas e acessórios mais diferenciados, como roupas e capacetes mais caros, destinados àqueles que “andam de moto por paixão, e não profissão”, como diz a gerente da loja Moto Racer. Ela, que não quis ser identificada, ainda afirma que loja é uma das mais antigas da Gen. Osório e completa 30 anos em Julho próximo. Ela ainda diz que a loja sempre foi um negocio da família Benette, e sempre será. “Não há motivos para vender, o negócios vão muito bem, e a concorrência não nos assusta” completa ela. De fato a Moto Racer impressiona. Dona da maior loja da rua, ela se estende pelos números 595, 603 e 609. Nos dois últimos números se encontram uma loja de peças e rodas, além de uma coleção de capacetes, e uma loja que vende acessórios de marca própria, como luvas e macacões. Por fim, no número 595 se encontra a única oficina da Rua Gen. Osório. Com uma porta dupla de vidro, encoberta por centenas de adesivos de marcas e emblemas de “grupos” de motoqueiros, a oficina, segundo a gerente, é especializada em estradeiras e Choppers.
Exatamente em frente à Moto Racer, no número 604, se encontra uma pequena galeria com 7 lojas. Segundo Vera, de 28 anos e atendente da loja América Sports, todos ali são uma pequena associação que alugam o espaço em conjunto, mas não soube dizer o valor. Mas continuou dizendo que existe muita pouca concorrência entre as lojas da galeria, já que os preços são equivalentes. Mas o que realmente chama atenção na galeria sem nome, não são as lojas, mas sim seu corredor. Nele estão expostas 3 motos e duas fotos que resumem o espírito do homem apaixonado por motos. A primeira é uma Honda de 1940, com uma gaiola (compartimento lateral para passageiro) acoplada. A segunda, outra Honda, desta vez da década de 50, um modelo imortalizado pelo tempo. E por último, a personificação da palavra liberdade em duas rodas: Harley-Davidson 1968. Junto a elas as imagens de James Dean e Marlon Brando falam por si mesmas.
*peço desculpas pela falta de imagens. Se as encontrar, editarei o post
Um comentário:
Só não gostei dos 5 "mas" do último parágrafo. Gostei da matéria, dos detalhes e das curiosidades como a importância da direção das pessoas.
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