segunda-feira, 15 de junho de 2009

Seleção de Dunga é um bom time. E este é o grande problema.

A seleção de Dunga está para completar 3 anos de idade. Uma data que merece ser comemorada pelo treinador , aquele que muitos duvidavam que chegaria a um ano. Começou cheio de desconfiança, chamando atenção pelas suas camisas espalhafatosas, desenhadas pela sua filha, e pela reserva imposta a Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Dizia-se que Dunga colocaria ordem na zona em que Parreira deixou a seleção. Nada como o tempo para mudar as coisas.

As camisas de Dunga foram embora, proibidas pela CBF. A zona de fato acabou, dando lugar ao quartel que se tornou a concentração na Granja Comary. Ronaldinho Gaúcho voltou, se tornou imprescindível nas Olimpíadas, foi embora nas Eliminatórias, voltou de novo, e agora parece que se foi de vez. Já Kaká... esse Dunga aparentemente teve que engolir na seleção. Se o técnico realmente gostasse do jogador, já teria lhe dado a faixa de capitão.

Dunga de fato se mostrou uma surpresa após este tempo. É um técnico melhor do que muitos previam, embora os conselhos de seu assessor Serginho pesem tanto quanto suas decisões. Errou e acertou ao apostar em alguns nomes desconhecidos (Afonso Alves e Felipe Melo respectivamente), assim como errou e acertou ao bancar jogadores conhecidos apenas na seleção hoje, e perdidos em alguns clubes do mundo (Gilberto Silva e Elano). No entanto, suas escalações ficaram mais conhecidas por barrar jogadores que qualquer um chamaria, as opções óbvias para setores deficientes, como Fábio Aurélio, que Dunga parece desconhecer.

Mas o grande mérito de Dunga é ter finalmente dado uma cara a seu time. Este também é seu maior erro. Com exceção de dois ou três jogadores, o time base que Dunga hoje escala a seleção seria o mesmo de muita gente. O treinador fez do Brasil um time que jamais é brilhante, que raramente dá espetáculo, cujas grandes jogadas existem apenas em lampejos individuais de alguns grandes jogadores - leia-se Kaká. Dribles viraram malabarismos nos pés de Robinho, que raramente tem alguma objetividade quando toca na bola. Enfim, um prato cheio para seus milhões de críticos no Brasil. Contudo, o problema para estes críticos é que o time de Dunga é eficiente como poucos.

Mesmo que ocorra de uma forma oportunista, ou até mesmo sortuda, o fato é que o Brasil eventualmente fará pelo menos um gol em cada adversário. São raríssimas as partidas que o time termina sem marcar. O Brasil, capaz de partidas maravilhosas (contra a Itália) e sofríveis (como contra o Equador), geralmente é apenas um time que joga um futebol mediano, porém eficiente.
A cara do Brasil é de uma seleção com apenas um craque acima da média, um centro-avante eficiente e um goleiro fenomenal. O resto do time soa mediano: competente em alguns setores, mas capenga em outros. O resultado disso é uma seleção cujo time é bom, e apenas isso. Muito pouco para o Brasil. Muito pouco para alguém que ressalta orgulhosamente ser pentacampeão mundial. Seríamos apenas um time respeitável, mas esquecível, se não fossem por estas 5 estrelas em nosso peito.

Um comentário:

Ariane Fonseca disse...

Embora não concorde com você que o time de Dunga seja eficiente, gostei do post porque traz uma reflexão que eu sempre adorei. O que é melhor: o resultado ou o futebol arte?

Acredito que o brasileiro deixou de ser fanático porque não tem mais motivo para torcer. A garra e o amor ficou para os times regionais, enquanto a seleção estacionou nos anos 70, 80.

Escrevi um post sobre isso no meu blog, se puder, dá uma olhadinha: http://www.arianefonseca.com/o-dia-em-que-o-tempo-parou.

=)

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