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A publicidade fracassou nessa Copa porque fala com um Brasil que não existe mais. Ela ignora todas as conquistas sociais, a mudança de mentalidade de certos setores da sociedade, a nova cara da classe C, o empoderamento estético e simbólico da mulher brasileira que agora tem dinheiro para malhar e cuidar de si e a falência de determinados meios de produção e difusão cultural.
Nessa Copa fizemos comerciais e campanhas como se ainda estívessemos nos anos 90 e com os mesmos temas batidos de sempre: a "rivalidade" com os argentinos, coxinhas fazendo graça em mesa de bar, mulheres a serem "conquistadas", a "emoção do futebol" e as bobagens de sempre.
O período era propício a uma quebra de paradigmas - como a dos comerciais da Nike e Adidas do final dos anos 90, que falavam diretamente aos screenagers da época e usavam música eletrônica e aspectos dos videogames, dos vídeos de skate e snowboard e dos filmes de ação produzidos por Jerry Bruckenheimer.
Pelo contrário. Fizemos peças e campanhas pouco inspiradas, disfarçando a falta de criatividade com o uso excessivo de hashtags que não deram em muita coisa.
Caxirola não colou, Fuleco não colou e nenhuma música "da Copa" entrou na cabeça das pessoas da maneira como "Festa", da Ivete Sangalo, ou "Canarinho", do Luis Ayrão, fizeram de maneira orgânica no passado.
Se a publicidade brasileira tivesse realmente a cara do Brasil teríamos um comercial com Valesca Popozuda, de boné John John e calça La Bella Mafia, e não Fernanda Takai e Paulo Miklos cantando sobre as mesmas imagens estilizadas de sempre. De um Brasil que só existe na cabeça dos publicitários, diga-se de passagem.
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