Sempre quando vou escrever sobre um filme, ou se alguém me
pergunta se ele é bom ou não, tento responder a uma questão muito simples: o
filme entrega o que promete? Ele “cumpre seu papel”? Existem três respostas
diretas para isso, que podem por fim ser desenvolvidas. Sim, não e “vai além”.
Pois bem, sendo assim, sabendo o que estava esperando quando comprei os ingressos
e sentei na poltrona do cinema, Os
Vingadores não apenas entrega o que promete, mas vai além.
Não vou gastar um parágrafo explicando o que é o filme. Afinal, se você mora nesse planeta e tem acesso à internet, sabe o que é. Mas
uma coisa vale a pena ser dita: Os
Vingadores é a celebração máxima de mais de 60 anos de história da Marvel
nas HQs. E nada é mais justo que esta celebração ocorra através de um filme que
quase ninguém acreditava que pudesse ser feito e ter sucesso. E não foi nada
fácil chegar lá. Foram 5 filmes de 4 heróis diferentes, sendo dois deles
razoavelmente desconhecidos do grande público (Homem de Ferro e Thor),
construindo um universo que mistura tecnologia, magia e ficção cientifica.
Coisas que o cinema nunca viu misturadas, mas coexistem no Universo Marvel
desde a década de 60.
Tudo funciona no filme, para iniciados ou não iniciados.
Sim, espera-se que as pessoas ao menos tenham visto os filmes anteriores, mas
não se cobra delas conhecimento sobre os quadrinhos, assim como não foi feito
até aqui. Todos os elementos presentes anteriormente são trazidos de volta, sem
perder muito – ou quase nenhum – tempo em flashbacks, mas também tendo o
cuidado de fundir aqueles personagens de forma natural. E qual a forma natural
para que os personagens Marvel se unam? Brigando antes! Sim, isso está em todos
os quadrinhos e é trazido para o cinema ao pé da letra. Afinal de contas, personalidades
como a de Tony Stark, Steve Rogers, Bruce Banner ou Thor jamais coexistiriam em
paz. São opostos demais para isso. E o roteiro transpõe isso para o cinema
perfeitamente. Alguns dos melhores momentos do filme são as discussões entre
Tony Stark e Steve Rogers, homens não apenas de tempos diferentes, mas de
filosofias diferentes.
Bruce Banner surge como um homem atormentado que não é visto
pelos seus companheiros como nada além de uma bomba pronta para explodir, exceto
por Stark, que além reconhecê-lo como gênio o que é, enxerga nele uma arma
pronta para ser usada. Quanto a Thor, o homem de outro mundo mas que ama a
Terra, é o único que conhece a ameaça que os uniu: Loki. E uma coisa vale a
pena ser dita. O Universo Marvel não é exatamente
grande panteão de vilões, porém alguns se destacam, e Loki é um deles. A Marvel
Studios tomou uma atitude ousada em escalar o irmão de Thor como vilão de seu
grande evento e acertou em cheio. Se Loki era personagem shakespeariano em Thor, aqui ele surge como um vilão
clássico de quadrinhos, caricato, ameaçador e, até certo ponto, compreensível
na medida certa. Seus diálogos separados com cada um dos heróis são um ponto
alto, o momento onde cada um consegue brilhar também como personagem.
Christopher Nolan estabeleceu um noto gênero de filme de
heróis com Batman Begins, um gênero
único e maduro, mas isto não significa que seja o único. Os Vingadores é colorido, explosivo, engraçado e divertido como
alguns dos grandes quadrinhos da Marvel são. Se quiser sobriedade nesse
universo, procure os X-Men. Aqui estamos falando de diversão, uma diversão com
personagens carismáticos e fortes, mas ainda assim, diversão. E se a proposta
era entregar isto, Os Vingadores não
é apenas um bom filme. É, ao próprio modo, perfeito. A dúvida que fica agora é
qual o caminho que a Marvel Studios tomará depois que seu grande evento foi
concluído. Não sei, mas espero ansiosamente por ele.
Um comentário:
Curti sua resenha, especialmente a parte que você coloca que esse filme é um contraponto diferente ao Batman de Nolan. Análise equilibrada e muito esclarecedora :)
Eu continuo não gostando do filme xD Eu acredito que ele tem falhas estruturais. Mas, se você estiver certo, então a Marvel Studios tem uma chance na mão de fazer filmes de ação muito bons daqui pra frente.
Postar um comentário