quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Os 20 anos do último sopro de rock legítimo do século XX: Nervermind, do Nirvana


As guitarras abafadas de Kurt Cobain irromperam em 1991 como um som de uma juventude que não foi o rock revolucionário dos anos 60, ou o punk de 70, ou mesmo a diversidade musical dos anos 80, com o disco e a música eletrônica. O Nirvana de Nevermind, que completou duas décadas neste mês, no dia 24, era um rock cru, um sopro de punk e uma música pessoal feita por uma banda que se destacou do cenário pop da MTV na época.

O CD abre com Smells Like Teen Spirit, que era uma música sobre a geração X, que chegava no começo da idade adulta na época. "With the lights out it's less dangerous/Here we are now entertain us" diz a letra, que mostra como os jovens da época possuíam um pensamento vazio e buscando sempre o prazer pelo prazer. O baixo de Krist Novoselic reforça o refrão até nos momentos que a guitarra entra em silêncio. Já a bateria de Dave Grohl marca as principais explosões da faixa.


In Bloom mostra mais uma tiração de sarro com o começo da juventude, que reflete inclusive no clipe: Uma sátira com as apresentações dos Beatles na televisão dos anos 60. Diferente das primeiras canções do CD, Come As You Are é um hino pela memória e pelas pessoas como elas são, com todas as suas contradições. É uma música para amigos e inimigos.

Sobre ideias plantadas, medos e falta de sentido, Breed surge como uma faixa para grudar na cabeça do ouvinte, com uma guitarra constante, praticamente punk. Os urros de Kurt se confundem com a bateria e a melodia, se tornando um grito quase único. O álbum segue para Lithium, que fala sobre doenças mentais, solidão e drogas. O tom escapista da letra combina com o instrumental que varia do acústico até a guitarra elétrica distorcida.

Polly trata menos de ideias e foi escrita sobre o assassinato de Poly Klaas nos Estados Unidos. Kurt Cobain escreveu essa música para tratar sobre estupro, abdução e assassinato. Fez a canção baseada na notícia de jornal sobre o incidente. A música é toda recheada por um violão aparentemente inofensivo, dando um ar irônico.

Territorial Pissings parece o Nirvana do primeiro CD, Bleach. Com métrica totalmente punk, em cinco acordes, a música trata sobre paranóia e é a menor do álbum, com 2 min e 2 segs. Após essa canção, a banda continua no som pesado em Drain You, uma letra sobre amor obsessivo, adicto.

Novoselic emenda o refrão no baixo que abre Lounge Act. Kurt Cobain canta uma música que fala sobre o desejo de saber a verdade, mesmo na completa loucura. Nessa parte final do CD, o contrabaixo e bateria passam a ganhar mais destaque nas composições, como a percussão fluída em Stay Away, com entradas pontuais da guitarra elétrica distorcida.

A sensação de solidão e falta de sentido dominam On a Plain, apesar da suposta felicidade do narrador. O álbum, revolucionário para o rock dos anos 90, termina com a lenta e crescente Something in The Way, com a voz arrastada de Kurt.

Em algumas cópias de Nevermind, a música Endless, Nameless surge como última faixa, explodindo com gritos, distorção desordenadas e desafinação. A faixa destoava totalmente da calmaria da última canção, mostrando como o Nirvana abordou a loucura rock'n'roll. Um CD imprevisível na história da música, que desbancou até o fenômeno Michael Jackson na época.

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