domingo, 12 de agosto de 2012

A poesia beat cinematográfica do On the Road de Walter Salles



Eu não li On the Road, o clássico beat de Jack Kerouac que mudou a literatura dos Estados Unidos nos anos 50. No entanto, o brasileiro Walter Salles me conquistou com os versos de Sal Paradise, interpretado pela voz rouca e pela presença na tela de Sam Riley (o roqueiro Ian Curtis do filme Control), intercalados com o jazz, o bebop e a música frenética dos negros na estrada de jovens sem destino.

Para quem não entende o sentimento de viagem desses jovens após a Segunda Guerra Mundial, tentando descobrir seu próprio país, não consegue entender o filme e tampouco seus personagens. Sal acompanha um jovem chamado Dean Moriarty, ex-presidiário que tem uma fome de liberdade insaciável, tão libertina quanto sua vontade de ficar viajando de um canto até outro, sem destino. Sal Paradise está tentando colocar no papel todas essas impressões, enquanto Dean vive um romance estável com a esposa Camille, que ele logo abandona para viajar, e uma paixão louca por Marylou, uma garota menor de idade que personifica os próprios desejos de liberdade dele.

Sal, Dean, Marylou e seus amigos vão de leste à oeste, do norte ao sul. Chegam até o México. São perseguidos pela polícia por excesso de velocidade. Fazem sexo pelo simples impulso. Interpretada por Kristen Stewart, a Bella da saga Crepúsculo, a Marylou criada pelo diretor Walter Salles é uma personagem que imediatamente chama atenção por seu desprendimento e desprezo por tudo o que é considerado moralmente correto. Suas cenas de sexo a três chamam atenção nas telas, mas o filme não seria completo sem o protagonista literário que é Sal Paradise - e que tenta transmitir o sentimento de um tempo que não existe mais nos Estados Unidos, quando ainda estava começando o rock´n´roll e a contracultura.

Alguns personagens se perdem no roteiro de Salles. O Old Bull Lee de Viggo Mortensen (o Aragorn de Senhor dos Anéis), não é mencionado em momento nenhum como o escritor William S. Burroughs, que criaria a literatura beat com Jack Kerouac (Sal Paradise). Ele meramente é apresentado como alguém que conhece e compreende Dean. 

Muitos fãs do livro não gostaram do filme - com suas razões, principalmente nas incoerências do roteiro. Mas, mesmo assim, On the Road merece ser assistido para entender uma juventude americana libertina que não existe mais, que foi transformada pela cultura pop. E pela excelente fotografia de um Estados Unidos gigantesco que ainda existe.

Posts mais lidos